O meu melhor amigo tem onlyfans - 11

Um conto erótico de Joca
Categoria: Gay
Contém 2020 palavras
Data: 07/03/2023 18:35:30
Última revisão: 07/03/2023 18:50:05

CAPÍTULO XI

Dona Janete saiu do quarto com o passo largo parou diante de nós, eu com os braços em volta da cintura de Felipe. Ela nos olhou de cima abaixo e grunhiu. Jackson pôs a cabeça para fora, segurava a porta.

- Ele acordou, - disse.

A perna direita de Ian estava com faixas e um gesso, pendurado por ataduras ao teto em uma espécie de gancho, a esquerda estirada na cama. No braço um fio ligava-o ao soro e a outra bolsa ao lado. Ele ergueu os lábios e o sorriso era a cópia do Coringa.

Felipe sempre tivera reação alegre para todas as situações mas dessa vez, embora eu esperasse que ele de alguma forma animasse o ambiente, ficou catatônico, olhando o Ian.

- Oi, - eu disse. - Sente dor?

Ele fechou os olhos e os abriu novamente a sua voz e as palavras saiam distorcidas e não era possível compreender o que dizia. Felipe saiu de mansinho e Jackson o seguiu. Eu segurei a mão livre de Ian, ele moveu os dedos.

Eu me aproximei, acariciei seu rosto, os hematomas espalhavam-se por toda a têmpora esquerda e parte do queixo e pescoço. Uma liga de ataduras apertavam o alto de sua cabeça.

Ian dormiu, segurava minha mão. Só então, leve como um esguicho de perfume, o alivio cobriu meu peito. Quando ele relaxou a palma da mão na minha, sentei-me na cadeira ao lado da cama.

O golpe do sono me acertou em cheio abaixei a cabeça sobre a curva do meu braço esquerdo.

- Eu me recuso, me recuso a isso, não farei, - dizia dona Janete. - Tenho mais o que fazer agora que ele já está bom, não corre riscos.

Ergui a cabeça do sono acumulado no meu rosto. Dona Janete olhou-me de cima e voltou a encarar a enfermeira que virou-se para mim num aceno.

- Olá, - ela disse. - Você é o acompanhante?

- Ah com certeza, - disse dona Janete. - Bom, estou indo, não sou necessária aqui.

"A fala de uma mãe não deveria ser mais amável?" pensei comigo mesmo, Ian dormia.

- Sou João Carlos...

- O rapaz de fora, - a enfermeira disse. - Felipe Costa Sodré, colocou seu nome e o dele na lista de acompanhantes. As refeições são para o paciente e uma a um dos acompanhantes. Precisamos dos nomes.

A mulher conferiu o soro, escreveu alguma coisa na prancheta, conferiu também uma bolsa de plástico embaixo da cama, cujo canudo passava por baixo dos lençóis sobre Ian.

- Moça, ele ainda vai precisar passar por outra cirurgia? - perguntei.

- No prontuário de agora não tem atualização. A junta médica passa pela manhã e no final da tarde. Eles fazem as atualizações.

Ela respondeu e saiu do quarto. Eu levantei alongando meus braços e pernas, enfim tomadas, no quarto havia mais de uma. Para um hospital público "até que está bom".

Minha mãe encheu minha caixa de chamadas, no zap, no telegram, no instagram.

No final do dia as técnicas de enfermagem entraram para fazer a limpeza da bolsa de Ian embaixo da cama mas foram categóricas.

- Quem faz a limpeza diária dele são os acompanhantes, - falou. - Nós podemos dar uma bacia, e alguns recursos mas são com vocês, nesse estado ele não pode se locomover ainda.

Felipe olhou de canto e sorriu. Soquei seu braço na altura do peito. Ele continuou com os cantos da boca para cima, movendo as sobrancelhas.

Eu peguei a bácia, a esponja, um saco plástico onde para forrar a bacia e em uma torneira de um lavabo no corredor, enchi com água. Felipe veio me encontrar nessa situação.

- Vou indo nessa com Jackson, eu vou trazer suas roupas - ele disse. - Ninguém perguntou nossa idade, ainda bem, pensei que isso fosse criar um problema.

- Minha mãe vai encher o saco estou imaginando, - respondi. - Sobre o dinheiro para o tratamento dele... acho que estou tendo uma ideia... se bem que, não sei qual é a chance de dar certo mas.

Felipe tomou a bacia com água das minhas mãos e seguimos pelo corredor até o quarto onde Ian estava, passávamos na passagem por outros quartos, alguns de portas fechadas.

- Vou pedir a uma pessoa, - Felipe disse. - Você sabe, ele é policial federal, com certeza tem...

Eu o segurei já na porta do quarto.

- Será Felipe? Eu acho isso meio errado. Posso falar com Hilda.

Felipe sacodiu a cabeça de um lado para o outro me beijou no rosto e entregou a bacia.

- Fiquem bem.

O rosto de Ian ganhou uma cor diferente quando me viu entrando com aquela coisa toda nas mãos.

- Não... é... justo... - ele disse pausadamente. - Eu... não... vou... poder... corres...ponder...

- Safado, - falei.

Mesmo com uma prótese entre as pernas, Ian conseguiu ficar ereto, conforme eu passava a bucha úmida por seus braço livre, o direito, ele ainda não conseguia apoiar o cotovelo sozinho e tremia inteiro esforçando-se para conseguir movê-lo.

- Isso... é... humi...lhante....

Solfejou mordendo os lábios para conseguir dizer.

Entre a região do abdômen e o peitoral esquerdo havia uma massa de gesso que o mantinha inamovível naquela parte, eu passava a bucha úmida com um pouco de sabão.

O cheiro doce de hortelã e os risos de Ian deixaram tudo menos denso. Nós ainda éramos amigos, e eu esperava que ele ainda desejasse ser meu em todos os sentidos, embora reconhecesse o tamanho da minha estupidez.

Eu o secava na região do abdômen próximo ao seu pênis, a sonda saia de dentro do buraco por onde sai a urina. Ian contorcia-se a medida que eu passava a esponja, tarefa tanto constrangedora, quando safado por causa dele.

- Se controla homem, - brinquei. - Desculpe...

- Pelo... me...nos... is..so... fun...cio...na... ain...da...

Ele falava com esforço e fechava os olhos para recuperar as forças, sim, quem pagava para vê-lo, tinha excelente por gosto, todo quebrado, ainda era um puta gostoso.

Ouvimos o toque de batidas na porta, sequei entre suas pernas e o cobri, ele olhava com os olhos arregalados. Um homem de testa aumentada pela calvície no alto da cabeça, entrou, o jaleco cheirava a malbec.

Mãos finas com uma aliança grossa no anelar direito. Ele avaliou a mim com as mãos molhadas, a bacia, viu o lençol meio desajeitado, e sorriu.

- O que tínhamos que fazer, na parte cirúrgica já foi feita, - disse. - E vejo que os reflexos neurológicos estão evoluindo bem?

Ele ergueu uma pontinha do lençol eu quase caiu para trás vi as bochechas de Ian ficarem rubras como sangue.

- Ele vai ter alta?

- Agora vai depender da melhora dessa perna e de em quanto tempo, o Ian vai conseguir ficar de pé novamente, pode me acompanhar um minuto.

- Por...que... do..ou..tor? - Ian quis saber.

- Oh, nada demais, apenas alguns detalhes, descanse sim, e sem estripulias veja lá.

A luz do corredor o médico ficou ainda mais alvo como o tecido que vinha trajando sobre as roupas. Um outro homem mais jovem de barba cerrada aproximou-se. Os dois traziam nos bolsos do jaleco o Dr.

- Algum problema? - perguntei.

- Sou o neurologista que está acompanhando o caso do Ian, - se apresentou o mais jovem. - Os procedimentos que o hospital podiam realizar já foram concluídos até aqui e com sucesso mas...

Os dois se entreolharam e o médico mais velho prosseguiu mais seguro.

- Se o paciente não realizar um procedimento cirúrgico, - se interrompeu. - É uma vergonha isso mas, não podemos prosseguir sem o aval do hospital, sinto muito, esse procedimento precisa ser realizado em uma unidade particular.

- O administrativo deve informá-los, ao que nós cabe, seria de extrema importância que isso acontecesse tão logo o paciente ficasse em pé. Os ossos já estarão mais fortes...

- É muito caro? - perguntei.

- Infelizmente. Nós não podemos, por ética, indicar um lugar. A administração fará tudo isso, nos próximos quinze dias avaliamos que o paciente já vai estar mais forte e poderá realizar essa cirurgia.

- Veja, converse com os familiares, - disse o médico mais velho. - Sem esse procedimento, a fala, a coordenação motora, a motricidade fina, e mesmo em alguns momentos o reflexo ficarão comprometidos. E isso preciso ser feito logo.

Eu não tive tempo de me recuperar das palavras do médico. O mais velho disse que pela manhã havia comunicado o fato a dona Janete que fizera ouvidos moucos, segundo ela "era a vontade de deus" mas o procedimento era seguro, eficaz.

Nesses casos havia mais de noventa e cinco por cento de chance de todas as capacidades do paciente se reintregarem. Ao entrar no quarto tive que controlar a situação, e apenas disse ao Ian que teríamos que pagar por um procedimento.

Não revelei o quanto custaria pois também só tinha incertezas quanto a isso, nem a importância daquilo para a vida dele.

A água do chuveiro caiu gélida sobre mim "se eu... utilizasse o olnyfans... ou outros recursos..." mas eu não tenho a mesma beleza dele, "quem pagaria por isso?". Essa ideia foi tomando força durante a noite.

Ian comia com facilidade, eu erguia o alimento até a boca dele que mastigava e engolia.

- A...a...a...a...a...a...a...a - ele começou. - A...a...a...a...a...a...

Foi desesperador, sufocante vê-lo tentar falar e não conseguir, seus olhos encheram de lágrimas. Ele virou o rosto abria e fechava a boca.

- Calma cara, - falei. - Ei, ei, vai ficar tudo bem...

Ele fechou os olhos e recolheu a mão para junto do corpo sem querer mais contato nenhum. Aquela cirurgia precisava acontecer. Ian adormeceu enquanto eu trocava mensagens com Felipe:

Ele: o cara disse que não tem...

Eu: tive uma ideia... amanhã você vem?

Ele: o chato não quer me levar...

Eu: por favor, vem, preciso conversar contigo...

Ele: Lu disse que vai. Meu pai encrencou aqui. Mas ela leva tuas roupas. E eu vou dar um jeito de estar aí também.

Adormeci com o celular na mão conversando e discutindo com minha mãe que não aceitava o fato de eu interromper alguns dias a "minha vida" para estar ali, mal sabia ela o quanto dessa "minha vida" estava ligada ao Ian.

Luana foi pontual e após eu auxiliar o Ian a escovar os dentes, ele disse:

- Descul...pe...por...on...tem...

Ele não percebeu mas enquanto falava com um esforço seu olho esquerdo mexia-se trêmulo. Luana entrou no quarto junto a enfermeira e uma técnica, eu fui encaminhado para a sala do administrativo, e quase adormeci no banco confortável.

Haviam outras pessoas aguardando. Uma moça de rosto fino, cabelos lisos sobre os ombros, me entregou a documentação que descrevia o caso clínico do Ian, e um maço de papeis e ultras para o tal "procedimento".

Luana veio me encontrar no corredor enquanto eu tomava fôlego. Uma parte do valor o saldo do Ian ia conseguir custear, mas como os rascunhos que deram ao Felipe mostravam, seria preciso mais dinheiro.

Quando Luana se sentou ao meu lado, me lembrei do que ela havia dito sobre ser usuária do onlyfans:

- Como funciona o Onlyfans? Dá mesmo tanto dinheiro?

Ele moveu as sobrancelhas engoliu saliva antes de suspirar.

- Sim. Se souber como usar...

- Você sabe?

Luana foi sincera:

- Para falar a verdade quem apresentou esse universo para o Ian fui eu. E no caso dele, em uma semana, já estava lucrando mais que eu...

Talvez não fosse preciso eu tentar a sorte, além do que meu corpo, minhas proporções medianas, não agradariam... "que situação", pensava comigo mesmo. Mas se a Luana pudesse ajudar, talvez quem sabe ela pudesse.

- Veja, esse é o orçamento - mostrei.

Luana assobiou pelos lábios e coçou a têmpora esquerda.

- Eu posso ajudar com uma parte...

Ela se coçou para alcançar o celular que tocava no bolso direito da calça, e o levou a orelha. Mexia no celular enquanto estava com o papel do orçamento entre os dedos.

- Você acha... - comecei. - Que a Hilda poderia emprestar a outra parte?

- Menino, pelo que estou vendo aqui, Hildinha vai se divorciar - falou olhando para o celular. - Felipe é um filho da puta hein?

Quando as constelações resolvem que as coisas em torno de nós darão errado, não há onde esconder-se, uma desgraça puxa pelo pé da outra, é uma cascata de dominó enfileirados.

Luana me mostrou a tela do celular.


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Comentários

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Capítulo bom! Espero que o próximo seja o último do Ian no hospital. Sei que isso serve pra construir melhor a narrativa, e também desconstruir o Preconceito do Joca com o onlyfans, mas já tá ficando muito longo isso

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