Com todo o respeito, mas estou cada vez mais excitado lendo seus contos.
Queria ver, obrigada!
... , aquela noite eu não consegui dormir, entre a emoção com papai e por que não estava me acomodando direito na cama. Na segunda iria falar pra mamãe.
Continuando...
Cada noite eu ousava mais no vestir a calcinha, mas ficava ridículo com as roupas de menino, numa das noites ousei, desci ate o atelier e não só busquei o soutien par da calcinha como trouxe uma bermuda justa e uma babylook que estava no pacote doação.
Imaginava que se retirasse dali não iriam notar, mesmo por que só remexíamos nos outros três sacos e ultimamente só no de vendas.
Fui cada noite ousando mais, como disse, mas agora com roupas completas, não via a hora de ir dormir para trancar a porta, ligar um som num volume razoável e me montar, já havia pesquisado algumas coisas, ainda não sabia bem ao certo o que eu era ou queria, mas sabia o que me deixava feliz e realizada, era vestir-me com roupas de mulher.
Incrível, como peguei roupas velhas, elas eram também mais antigas, menores em relação ao tamanho das atuais que minha irmã usava, em mim pareciam fazer-se sob medida. Aconteceu que viciei em dormir de lingerie, a cada três dias levava pro banho, lavava e simulando secar os cabelos secavam elas com o secador, e já guardava para usar a noite.
Meu corpo ou as roupas, na verdade ambos estavam feitos um para o outro, fui percebendo que meu corpo estava diferente de alguns meninos, diferentes das meninas e só parecia igual a um ou outro menino na escola, entre eles o Matheus, era incrível como estávamos crescendo juntos e com as mesmas diferenças.
Ricardo ainda era um grande amigo, mas ele agia diferente com nos dois, comparado também aos colegas de classe. As meninas sempre foram outro universo, inatingível, mas parecia que agora recebíamos alguns olhares desconfiados.
Por varias vezes troquei as roupas "emprestadas" da doação acabei por experimentar todas, aquilo era viciante, não havia agora noite que não me transformava. O corpo estava sensível às roupas e eu sensível ao sentir-se diferente, não me via um viadinho, via que eu era realmente uma menina, meu corpo dava estes sinais e minha cabeça no quarto me fazia sentir menina, fora dele estava perdido, no atelier, estávamos vivendo no automático, com Matheus eu tinha alguns desentendimentos, estávamos ambos sensíveis e emotivos, mas estávamos próximo a ponto de eu sentir algo por ele acima da amizade, mas tinha medo.
Numa destas noites, fui pro banho levando as lingeries, estava me vendo no espelho quando olhei no cesto jogado um batom, era vermelho, já bem usado acho que não tinha mais que 1/4, na hora pensei e catei, passei nos lábios e fui me olhar, parecia outra pessoa, com dois elásticos que tinha ali fiz dois rabinhos de cavalo e fiquei impressionado, definitivamente eu estava uma menina, de corpo inteiro, pois meu Piu-Piu era pequeno, bem escondido. Aquilo me fez começar a chorar, para não dar bandeira, fui ao chuveiro, sem lavar o rosto e chorei me vendo no espelhinho de barbear que meus irmãos usavam ali.
Eu tinha que falar com alguém, precisava saber o que estava acontecendo, por que os desejos, por que quis por o batom e por final por que eu amava este universo feminino, lavei por ultimo o rosto, dando adeus à menina que estava ali, devolvi os elásticos pro armário da pia, mas levei comigo o batom, afinal ele agora era o divisor definitivo de que eu estava sendo nem menino, nem menina.
Não sei o que o Universo definiu, mas mamãe no dia seguinte foi ao Atelier, depois de muitas perguntas e conversar e a noite tive pesadelos principalmente por que mamãe queria conversar conosco no dia seguinte, primeiro com minha irmã e depois comigo, os últimos minutos naquela noite no atelier foram terríveis, os resmungos de minha irmã e as perguntas minhas sem respostas me deixaram apavorada, é eu já me considerava mais menina do que menino, já me via falando comigo no feminino, usando mais o artigo feminino do que o masculino quando me refera a mim. Eu já me sentia menina, só não tinha ainda me assumido pra todos, ainda era um menino diferente aos olhos de todos, só Matheus novamente, Matheus que agia e eu sentia ser algo diferente. Precisava falar com ele antes que nossa amizade se perdesse em alguma confusão.
Fui dormir só pus a lingerie, uma camiseta apertada, e sentia meus bicos furando o tecido, num misto de alegria, admiração e preocupação, o que será de mim.
Continua...
Com todo o respeito, mas estou cada vez mais excitado lendo seus contos.
Queria ver, obrigada!