ENTRE NóS - MATHIAS DURANTE A TORMENTA
Um silêncio angustiante tomou conta da sala e de todos nós. Meus lábios estavam secos e meu estômago revirava.
Aquela mulher estava falando que tinha um filho com o Davi? Com o meu Davi?
- O que você tá falando Amanda - perguntou Davi, tão surpreso quanto eu.
- O Bernardo tem cinco anos, é um menino meigo... Amável e é a sua cara.
- A gente pode ir pra parte que você fala que tem um filho do meu irmão por favor? - me intrometi. Minha garganta estava seca e se já via problemas na Amanda antes, agora sim ela era que nem tornado pronta pra virar a minha vida do avesso e estava conseguindo.
- Acho mesmo que essa conversa tem que ser em particular- Amanda olhava diretamente pra mim mais Davi não fez nada.
- Já falei... Eu não tenho segredos com o Mathias. Pode falar.
É... Pode falar - me intrometi e dessa vez Davi olhou para mim como advertência.
- Foi só uma noite... Uma única noite de álcool na cabeça e uma única transa. Éramos tão jovens. Você me conhece; não sou do tipo que transa com todo mundo. Descobri que estava grávida dois meses depois.
- Você sumiu - recordou Davi.
- Eu fiquei apavorada! Se coloca no meu lugar. Você descobre que uma única noite de sexo e álcool rendeu em uma criança. - Amanda desabou a chorar e por um instante tive pena dela.
- Porque você não me procurou? Eu não sou nenhum santo mais não deixaria um filho meu por aí largado.
- Davi... Você nunca quis nada com a vida. Sempre foi mulherengo e bancado pelos pais. Sem falar que usava drogas. Eu não faço ideia de como anda a sua vida agora mais antes eu tinha pra mim que você iria rir da minha cara.
- Sério que você via um monstro em mim? Alguém insensível o suficiente pra deixar uma criança sem pai?
- Não estou aqui pelo o que eu achava ou não.
- Porque Amanda? Porque depois de seis anos você me procurou então? - Amanda voltou a chorar.
- Porque é difícil ver um filho perguntar por um pai; é complicado quando chega o dia dos pais e enquanto ele vê os amiguinhos comprarem presentes, ele não ter a porra de um pai pra dar um presente! Ele não tem um pai para levá-lo pra jogar bola nos fins de semana, pra jogar sei lá... Uma partida de videogame. Eu não tenho mais argumentos pra falar pra ele que não dá pra ele ver o próprio pai... Pra mim a gota d'água foi quando o peguei chorando no escuro do quarto e quando fui questionar do porquê chorava sabe o que ele me respondeu? Que o pai dele não quis saber dele. Porém o pai dele nem se quer sabia que ele existia. Até agora.
- Eu não sabia... - começou Davi - Agora você sabe... Olha Davi eu não quero tirar você da sua boa vida de solteiro mais por favor... Em nome da amizade que a gente tinha. Não ignora o meu filho - Amanda agora olhava diretamente pra mim - O Bernado vai gostar de saber que tem um tio. Sou filha única - ela pegou a bolsa e a acompanhei até a porta ainda em choque. Davi não tinha reação.
- O que você acha de tudo isso? - perguntou por fim.
- Eu não tenho que achar nada... Está muito claro o que tá acontecendo.
- Eu vou fazer um exame de DNA pra ter certeza.
- Davi acho difícil não ser seu filho, ela estava em planto.
- Vira essa boca pra lá Mathias... Você acha mesmo que tô em busca de um filho?
- Não... Mais com certeza o Bernardo tá em busca de um pai.
- Esse pai não sou eu... - ele socou a parede - não pode ser eu.
- Me desculpa... - comecei -... Mais você está agindo de forma bastante imatura - ele se virou pra mim.
- Mathias não se mete na minha vida - aquilo fez o chão sobre os meus pés cair.
- NÃO ME METER? EU PENSEI QUE A GENTE TINHA UMA VIDA JUNTOS MAIS PELO VISTO EU TÔ BASTANTE ENGANADO.
- Sem show. Quer que o prédio inteiro ousa?
- Está bem... Eu vou encerrar o meu show - peguei as minhas chaves.
- Onde você vai? - ele perguntou - CONTINUAR O MEU SHOW BEM LONGE DAQUI - respondi, batendo com força a porta atrás de mim. Davi foi até o elevador me impedir e pegou no meu braço.
- Vamos conversar... - me soltei dele - NÃO TEMOS ABSOLUTAMENTE NADA PRA CONVERSAR! VOCÊ FOI BASTANTE CLARO QUANDO DISSE QUE NÃO DEVO ME METER NA SUA VIDA, ENTÃO FAÇA O FAVOR DE NÃO SE METER NA MINHA. - o elevador chegou e entrei deixando Davi parado ali.
Andei pelas ruas sem rumo e assim que me sentei no banco de uma praça que as lágrimas vieram. O que me feriu não foi saber que Davi tinha um filho e sim a forma que ele me tratou. Nós estávamos morando juntos a três anos e passamos por tanta coisa pra do nada ele virar pra mim e falar que não devo me meter na sua vida?! E todas as vezes que prometemos fidelidade e sinceridade um ao outro? Todas as vezes que juramos amor? Faço o que? Jogo pelo ralo? Agora é um por si, é isso que ele quis dizer?
Com a chegada do crepúsculo sequei as últimas lágrimas e fui pra casa, se é que ainda tinha um lar.
Ao adentrar a escuridão do apartamento percebo na solidão de cada cômodo que estou sozinho. Davi não está mais. Será que foi embora para sempre? será que de alguma forma fui rude por exigir o mínimo que um relacionamento precisa?
Ouso o toque do meu celular e vou correndo em sua direção; espero que Davi esteja do outro lado, mais no visor vejo que é o Rodrigo.
Ele me falou que tinha uma grande novidade, um babado daquele jeito empolgado que consegue me deixar tão animado quanto; mais logo ele percebeu o meu estado, aquela tristeza que de repente dominou tudo e escureceu a minha alma. Falei o que tinha acontecido, contei sobre a discussão e quando finalmente íamos falar sobre o tal babado o interfone toca, não faria sentido ser o Davi. Será que a Amanda retornou com mais alguma bomba capaz de estraçalhar tudo ao seu redor?... enquanto Rodrigo esperava fui atender ao interfone e ouso a voz grave do nosso porteiro, o seu Jomilson: - Seu Mathias? tem um rapaz aqui falando que precisa falar com o senhor... o nome dele é Dimas. Posso deixá-lo subir? ele disse ser urgente.
- Pode deixar ele subir sim - falei e o ouvi pedir para que Dimas subisse.
Fui até o celular e falei para o Rodrigo que precisava desligar pois era urgente mais depois queria saber de cada detalhe.
Fui abrir a porta e lá estava Dimas.
- Está sozinho? - ele perguntou.
- Claro... entra.
- Valeu - ele agradeceu e entrou.
- Aconteceu alguma coisa? - Dimas me fitou, seus olhos castanhos brilhavam.
- Pelo visto vim na hora certa... tá sozinho né? - ele perguntou.
- Sim - respondi e ele sorriu de forma discreta.
- Então Mathias eu vou direto ao ponto... a gente se conhece a menos de um mês, só que é tempo o suficiente pra não te tirar da cabeça; eu sei o que você tá pensando mais eu precisava me livrar desse meu tormento. Eu quero você... eu desejo você... Mathias eu preciso de você - logo em seguida ele se aproximou muito e sussurrou - E eu vou ter você - e me beijou.
Dimas me pegou de surpresa, eu não esperava aquele beijo e fiquei totalmente sem reação após aquilo e retribuí: talvez tudo que houve naquele dia contribuiu com o que houve a seguir; mais ele começou a abaixar o meu shorts e deixei, somente quando ele ia abaixar a minha cueca que a lucidez voltou; o empurrei para longe.
- Não dá... me desculpa mais não dá - comecei a levantar meu shorts - Porque? o seu namorado nem tá aqui.
- Desculpa Dimas... mais isso é errado. Eu não posso. - Dimas sorriu - Porra Mathias... estava tão gostoso. Você vai negar o que você sente?
- Dimas eu não sinto nada. Me desculpe. - Dimas me olhou com desdém - Você ainda vai implorar pra gente ficar.
- Isso não vai acontecer - afirmei e Dimas sorriu.
- Meu amor. Isso sempre acontece... e quando acontecer eu estarei aqui. Pode deixar que eu sei o caminho.
Ele deixou o apartamento e o meu sentimento de culpa ficou ainda pior. Isso não podia ter acontecido.
As lágrimas voltaram de forma frenética e eu não conseguia nem respirar, num instante pensei que fosse morrer, eu precisava de algo que me acalmasse, algo que desse um fim nisso, corri até o banheiro, abri o armário e peguei um vidro de remédios; abri a tampa, pus um comprimido na boca, seguido de outro, outro, outro, outro e outro...
CONTINUA...
Comentários
Isso e furacão nivel 7
O capítulo quatro já está disponível. Espero que gostem.
Amo o Rodrigo e é foda esse negocio de esconder. Do filho o pai e o pai do filho. A criança e todos têm o direito de saber a verdade, como cada um vai assumir é outra história. Mas as duas famílias têm q saber pq a criança tem o direito de ter tds, pai e mãe, tios, avós, primos das duas partes!
Penso que a narrativa acelerou demais e acabou perdendo a qualidade. Sugiro que vá mais devagar com os fatos para que não se atropelem. É apenas uma sugestão.
Agora concordo com o Valtessó
ME POUPE. QUANTO DRAMA. VAMOS LÁ. PRIMEIRO DE FATO FAZER UM DNA. A GRAVIDEZ DE AMANDA FOI ANTERIOR AO RELACIONAMENTO DOS IRMÃOS ENTÃO NÃO HÁ O QUE RECLAMAR, NEM FAZER DRAMA NEM DAR PITI. COMO DISSE ANTERIORMENTE, DAVI TEM OBRIGAÇÕES COM O FILHO E NÃO COM A MÃE DA CRIANÇA. E QUANDO UMA CRISE SE INSTALA, SEMPRE É BOM O DIÁLOGO E NÃO DISCUSSÕES QUE NÃO LEVAM A NADA. PUTA QUE PARIU COMO DIMAS É SAFADO, ESPERO QUE SE DÊ MUITO MAL NA VIDA. E QUASE VC CAI NA DELE. ELE SABIA QUE VC ESTAVA SÓ? SEM CONTAR QUE COMO ELE MESMO DISSE FAZ APENAS UM MÊS QUE VOCÊS SE CONHECEM, NINGUÉM SE APAIXONA OU AMA EM TÃO POUCO TEMPO. ISSO É APENAS SEXO POR SEXO. MANDA ESSE CARA SE FERRAR. DAVI SAIR DE CASA É EXTREMAMENTE INFANTIL. TEM QUE ENCARAR A VERDADE COM O IRMÃO. SE DE FATO EXISTE AMOR ENTRE OS DOIS NADA E NINGUÉM CONSEGUE DESTRUIR E SEPARAR. PENSEM NISSO.