Eu não me lembro desde quando passei a ter raiva de Eduardo, mas também não poderia deixar ele fazer tudo comigo e sair limpo. Não consigo entender porque os meus pais foram comprar justamente uma casa perto da dele.
Assim que saí daquele quarto, lá estava eu, naquele corredor, com uma certa preocupação e um sentimento de medo. E se fosse assim o restante do ano? Perguntas assim invadiam a minha mente. Resolvi descer as escadas e acabei encontrando Carmem e a pequena Viviane na sala.
— Vocês não iam fazer um trabalho de escola, querido? — Carmem perguntou.
— Resolvemos deixar para depois, mas já acertamos quando será. — Respondi.
— Ah sim, querido. — Falou.
— Gab, brinca comigo? — Perguntou Viviane feliz.
— Hoje não posso, pequena. — Respondi.
No momento em que terminei de falar, Eduardo aparece descendo as escadas e fala:
— Ah, Bibi, vamos brincar com a minha irmã, vai? — Ele olhou com deboche para a minha cara e em seguida continuou. — Ou você vai querer deixar a pequena triste por você não aceitar um convite tão especial?
Respirei fundo, pois sabia que Eduardo estava tentando tirar a minha paciência. Depois ele me paga por ter feito isso. Às vezes esqueço o quanto ele é insuportável, mas aceitei.
— Tá bom, eu brinco só um pouco. — Respondi sorrindo.
Carmem já tinha saído da sala e começamos a brincar. O dia foi escurecendo e eu também demorei mais do que o necessário naquela casa… foi legal passar o fim da tarde com aqueles dois, brincamos e assistimos.
— Pessoal, tenho que ir para casa. Os meus pais já devem ter chegado. — Respondi.
— Espera aí! — Interrompeu Eduardo. — Os seus pais já não estavam em casa naquela hora? — finalizou.
— Não. — Respondi.
Me despedi da Viviane e saí rumo a minha casa. Jantei e em seguida fui tomar banho para deitar, hoje o dia tinha sido muito agitado e eu estava cansado. Exausto!
Desde quando cheguei na cidade, conheci poucos lugares, quando estava indo para a escola e a outra até o parque. Só isso.
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Ouvi os pássaros cantar, aos poucos fui abrindo os meus olhos. Meu celular indicava 06:00, o sol ainda estava acordando. Digamos que ele estava muito tímido naquela manhã.
Levantei-me da cama e fui até a sacada para abrir as cortinas, junto com a janela. Após feito isso, entrei no banheiro para fazer a minha higiene matinal.
Tomei um bom banho quente e vesti o meu uniforme escolar. Desci as escadas e fiquei ali preparando alguma coisa para tomar café… caminhei até a geladeira e peguei uma garrafa de leite, depois caminhei até o armário e peguei um pacote de biscoito.
Após terminar, fiquei ali esperando o tempo passar um pouco o tempo para partir… Caminhei até a porta de entrada e a destranquei, o vento frio tocava completamente o meu rosto. Era uma sensação boa, uma sensação de paz.
Cheguei na escola e logo encontrei Yasmin e mais outras pessoas ao seu redor. Resolvi ir até lá e falar com ela. Caminhei apressadamente até o seu encontro:
— Bom dia! — Respondi
— Bom dia, amigo!! — Respondeu Yasmin.
Um garoto loiro, magro, não muito alto dos olhos verdes também respondeu, juntamente de uma garota de cabelos cacheados preto, dos olhos castanhos. Fiquei ali parado ouvindo as conversas dele, descobri que os dois se chamavam Augusto e a outra Michele.
— Gabriel, por que você veio para cá? — Perguntou Augusto curioso.
— Os meus pais vieram a trabalho, então eu também com com eles. — Respondi.
— E como você está? Se adaptando bem? — Perguntou novamente.
— Está sendo um pouco difícil. — continuei. — Mas nada que eu possa aguentar, pois não é nada fácil se acostumar rapidamente com algo novo, ainda mais eu. — finalizei soltando uma risada amarela.
Ele parou por alguns segundos, procurando, talvez, palavras. Mas o sinal tocou e resolvemos todos entrar para a sala de aula.
As aulas se passaram demoradamente. Conheci alguns novos professores naquele dia… Estávamos no refeitório com Augusto, Michele e Yasmin. Era impressionante como todos ali eram amigos e divertidos.
Eduardo e sua turma estavam em uma mesa mais afastada do refeitório. As risadas de sua mesa eram nítidas de todo o ambiente, talvez alguém estivesse sendo feito de palhaço ou eles deveriam está falando de qualquer outra pessoa.
A tarde ontem foi muito prazerosa, apesar de está com um inimigo, que eu sequer imaginava ser. As aulas foram se passando, veio quarto, quinto e sexto horários. Não trocamos nenhuma palavra, às vezes eu pegava Eduardo me olhando, mas quando eu percebia, ele disfarçava rapidamente.
Era esquisito a família dele ser bastante gentil e ele o contrário de tudo o que eu vi. Me lembrei do jantar na casa de sua família, como eu arrumei amizade fácil com a sua irmã. Mas eu sempre fui muito apegado com crianças, são fofas e carinhosas muitas vezes.
Fui para casa quando a aula terminou, os meus pais já estavam em casa hoje. Ontem foi muito trabalho para ficar tudo pronto o mais rápido possível, os meus pais sempre se esforçaram muito para me dar o melhor que existisse e sempre estavam ao meu lado. Me deram apoio quando eu passei por momentos difíceis ou quando me assumi gay para eles.