Negócio Arriscado 3 – Manhã de Tortura

Um conto erótico de Kamila Teles
Categoria: Heterossexual
Contém 1643 palavras
Data: 07/10/2019 18:36:42

Estava arrependida de ter aceitado aquele trabalho, queria afastar-me daquele lugar e do cadáver o quanto antes. Liguei para o Maciel (o concierge) e falei sobre o cara morto ao meu lado. Ele não acreditou, disse que poderia ser o efeito das drogas e o homem estaria apenas desmaiado com suas funções vitais reduzidas. Pediu para eu examinar o cara.

Era sinistro olhar para aquela cara fúnebre de olhos arregalados, mas tive que verificar se o coração batia… “Nem um ‘Tum’. Esse cara já era”. Falei comigo mesma.

— Ele também não respira e o corpo está tão duro que foi difícil tirá-lo de cima de mim — falei para o Maciel — O cara tá morto, porra! — vou sair fora.

Ele respondeu em tom de ameaça: era para eu agir de acordo com o combinado, ou o parceiro dele não perdoaria minha falha e aquele poderia ser meu último trabalho. Fiquei com medo, senti firmeza nas palavras dele. Fui juntando tudo que me mandava pegar. Além da chave, controle remoto, ticket do estacionamento e os documentos do veículo. Claro que também levei toda a grana e tudo que encontrei, que fosse ouro ou joia. Já estava envolvida até o pescoço naquela treta, então dei um foda-se.

Minutos depois, na rua, dentro do carro com os dois, entreguei os itens que me pediram. Fui surpreendida com uma mudança de planos; teria que acompanhá-los até um estacionamento situado ali mesmo no centro de Campinas. Disseram que precisavam de mim para conduzir um dos carros. “Isso está ficando complexo e estranho demais.” Pensei, depois recusei, porém a minha recusa não foi aceita e ainda fui ameaçada veladamente.

— Nós temos as imagens de uma garota de programa entrando e saindo do quarto do nosso empresário defunto. Poderíamos conseguir um bom dinheiro por elas.

— Filhos da puta! — falei com raiva.

Apesar do uso de um disfarce, eu poderia ser identificada e localizada por policiais da banda pobre da corporação.

Eles partiram para a tática de instigar o meu interesse com um incentivo financeiro. Disseram que além dos valores retirados do quarto, ainda me dariam vinte mil reais para que eu retirasse (roubasse, na verdade) o Audi do falecido em um estacionamento. O veículo era muito importante para eles, disse o meu parceiro, e a grana era bem razoável. Ainda assim ouvi o anjinho do bem que dizia para eu sair fora, pois estaria entrando em um ninho de serpentes. Meu anjinho do mal dizia para eu aceitar, teria o suficiente para sair de circulação da cidade e começar em outro lugar.

Seria o caos ter um vídeo circulando ligando-me àquela morte. Por outro lado, estava achando aquele lance arriscado demais e até abriria mão de tudo para sair fora naquele instante.

Discretamente o desconhecido sinistro, vestido inteiramente de preto, inclusive de óculos escuros, levantou a camisa exibindo um revólver e falou de forma pausada, todavia ameaçadora:

— Colabore e continuaremos todos unidos e vivos.

Gelei, o cara pardo, aparentando ser nordestino do sertão, era muito frio, de jeitão cruel e desprovido de emoções. Pela expressão do meu parceiro, entendi que aquele desconhecido era bandidão e era melhor eu colaborar, ou não viveria para contar aquela história. Percebi que vacilei e havia me metido na pior roubada da minha vida. Não era nada garantido que eu continuasse viva mesmo depois de atender o pedido do cara, pensei. Tentaria ganhar tempo enquanto pensava em alguma saída.

Chegamos ao estacionamento, entrei sozinha dizendo que era filha do industrial. Depois de apresentar o ticket, também os documentos do Audi e pagar pela estadia, sai dirigindo sob os olhares e comentários irônicos dos dois funcionários:

— Filha o cacete, o coroa é chegado em uma novinha. — deu para ler nos lábios do manobrista, murmurando para o colega ao lado.

Assim que deixei o estacionamento, pensei em sair rasgando para fugir deles, abandonaria o carro em algum lugar e depois avisaria os caras dando a localização. Era uma tentativa desesperada para que me deixassem em paz, depois desapareceria da cidade… Não deu tempo para nada disso, saí à direita e alguns metros depois, na esquina, fui fechada por um Honda Cívic que bloqueou minha passagem. Os dois homens, meus parceiros, desceram daquele veículo e entraram no Audi sentando um ao meu lado e o outro atrás.

— Bom trabalho — disse o estranho.

Na sequência fui dominada e dopada pelos dois, um lenço embebido com formol foi colocado em meu rosto.

O nordestino conduziu o Audi com a garota inconsciente ao seu lado, no banco do passageiro, e o concierge o Honda. Seguiram pela estrada até saírem da área urbana da cidade, pararam e fizeram a troca: a garota foi colocada no banco de trás do carro roubado e, duas malas que estavam no bagageiro, foram transferidas para o porta-malas do Honda, que passou a ser pilotado pelo homem de preto. Ele acelerou estrada afora em direção à Cidade Universitária, seguido de perto pelo Maciel no outro veículo. Os homens haviam planejado empurrar o Audi para dentro de uma lagoa situada mais à frente, e com a moça dentro.

Em um trecho do caminho um imprevisto mudaria os planos dos comparsas, foram surpreendidos com uma blitz da polícia militar. Todos os carros estavam sendo parados e verificados. O homem de preto reduziu a marcha ao se aproximar e fez menção de parar ao receber o sinal do policial, mas quando estava a menos de dez metros ele aumentou o torque acelerando. Cantou os pneus e saiu no gás passando pelo comando. O Maciel vinha no vácuo e sabia que ia se foder se parasse com aquele carro roubado, ainda mais com uma moça inconsciente em seu interior. Seu reflexo foi mais lento, mas também acelerou para fugir do flagrante. Os policiais atiraram acertando o segundo veículo, um dos tiros atingiu o ombro direito do Maciel. Ele perdeu ligeiramente o controle da máquina, mas conseguiu estabilizar e seguiu em alta velocidade.

Mesmo ferido ele levava uma vantagem por já estar em movimento quando furou o bloqueio, e também por ter uma boa dianteira e uma máquina superior ao dos policiais que saíram em sua perseguição.

Alguns quilômetros à frente os homens da lei encontraram o Audi, havia saído da estrada e batido em uma árvore. No interior do carro acidentado estava uma moça desacordada e sem ferimentos aparentes.

Acordei somente algumas horas mais tarde, e quase me afoguei em razão do balde de água fria que jogaram sobre mim. Estava nua e amarrada em uma cadeira. Meu coração quase parou ao ver o homem que morreu em meus braços no hotel, ele estava vivo, e bem na minha frente me lançando um olhar maligno. Achei tudo aquilo muito bizarro, estava tendo um pesadelo ou aquilo era um fantasma? Só desejei acordar logo.

Infelizmente, descobri não tratar-se de um sonho, vivia um drama real, confuso e dolorido.

O homem não havia morrido, ele sofreu um ataque de catalepsia patológica e "reviveu" horas depois.

Fui torturada com tapas no rosto e agressões pelo meu corpo todo. Enquanto era humilhada expliquei um monte de vezes que não conhecia o outro cara, e que minha parceria era somente com o concierge.

— Fui usada e enganada por eles para aplicar o golpe e levar seus pertences do quarto, mas algo deu errado — expliquei falando com dificuldade por causa dos ferimentos em minha boca e rosto.

— Você morreu durante a nossa transa, foi seu coração, né?

E toma mais porrada, sabiam que fui eu quem retirou o carro do estacionamento, queriam o dinheiro que estava no porta-malas.

Jurei em prantos que fui ameaçada de morte pelos bandidos para retirar o Audi, eu não tinha ideia do que se tratava ou o que continha em seu interior. Assim que saí do estacionamento, fui fechada por outro veículo na primeira esquina, os dois homens entraram e de imediato fui dominada, dopada e apaguei. Não fiquei com nada do golpe.

Os homens cruéis continuaram me torturando, eles queriam saber para onde eu iria com os meus comparsas. Eu não tinha a menor ideia, já havia confessado tudo que sabia sobre o golpe e sobre os canalhas que me traíram. Até meu nome verdadeiro já havia revelado. Falei que sabia onde eles poderiam encontrar o concierge, não tinha o endereço, pois era uma área rural fora da cidade. Disse que os levaria até lá.

Jessie (a golpista) não sabia que a roubada em que se meteu era muito maior do que pensava; crimes do colarinho branco e policiais bandidos. A vida humana de nada valia para essa gente, somente o poder e o dinheiro significava algo.

Durante a fuga, na noite anterior, o Maciel, que havia sido baleado, perdeu novamente o controle do veículo, saiu da estrada e bateu em uma árvore. O carro ficou sem condições de rodar. Ele fugiu do local se embrenhando em um parque, pois seu comparsa não estava mais à vista e a polícia chegaria logo.

Quando os policiais encontraram o Audi com a garota dentro, o oficial trocou mensagens via celular com algum superior. Minutos depois chegou um carro com os seguranças do industrial que levaram a moça golpista. Um guincho levou o veículo batido.

O industrial teria que sair para um encontro, mas deixaria seus capangas torturando a ladra. Ela o ouviu falando ao telefone a respeito de uma reunião onde ele se explicaria sobre o atraso em uma entrega.

Antes do ex-morto sair, ele pediu para os três brutamontes arrancarem de mim as informações necessárias e depois saírem no encalço dos outros caras. E aqueles monstros gostavam daquele trabalho, já que continuaram a humilhar-me e a agredir-me sem piedade. Ainda fui cruelmente estuprada pelos três.

Após judiarem muito de mim, rasgando e sangrando minha boceta e ânus, saíram comigo em um utilitário. Com as minhas informações eles iriam atrás do Maciel e também do dinheiro que eu nem tinha o menor conhecimento.

Continua…


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Foto de perfil de KamilaTelesKamilaTelesContos: 174Seguidores: 108Seguindo: 0Mensagem É prazeroso ter você aqui, a sua presença é o mais importante e será sempre muito bem-vinda. Meu nome é Kamila, e para os mais próximos apenas Mila, 26 anos. Sobrevivi a uma relação complicada e vivo cada dia como se fosse o último e sem ficar pensando no futuro, apesar de ter alguns sonhos. Mais de duas décadas de emoções com recordações boas e ruins vividas em períodos de ebulição em quase sua totalidade, visto que pessoas passaram por minha vida causando estragos e tiveram papéis marcantes como antagonistas: meu pai e meu padrasto, por exemplo. Travei com eles batalhas de paixão e de ódio onde não houve vencedores e nem vencidos. Fiz coisas que hoje eu não faria e arrependo-me de algumas delas. Trago em minhas lembranças, primeiramente os momentos de curtição, já os dissabores serviram como aprendizado e de maneira alguma considero-me uma vítima, pois desde cedo tinha a consciência de que não era um anjo e entrei no jogo porque quis e já conhecendo as regras. Algumas outras pessoas estiveram envolvidas em minha vida nos últimos anos, e tiveram um maior ou menor grau de relevância ensinando-me as artimanhas de uma relação a dois e a portar-me como uma dama, contudo, sem exigirem que perdesse o meu lado moleca e a minha irreverência. Então gente, é isso aí, vivi anos agitados da puberdade até agora, não lembro de nenhum período de calmaria que possa ser considerado como significativo. Bola pra frente que ainda há muito que viver.

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