Oi gente! Desculpem a demora para postar este capítulo mas a minha vida está meio corrida ultimamente. Muito obrigada pelas mensagens de apoio do último capítulo! Espero sempre corresponder as expectativas...
Anos Incríveis | Capítulo 7: A investigação
Acordei no Domingo de manhã às 9 horas. Eu podia ver mais claramente o organizado quarto de Heloísa pois os raios de sol iluminavam o local. Logo já me veio à cabeça as lembranças da maravilhosa noite de sexo com ela. Eu me sentia diferente, parecia que eu já pertencia totalmente ao universo feminino. Eu me sentia amada, desejada e correspondida no amor e estava feliz.
Heloísa ainda dormia tranquilamente e mantinha seu braço esquerdo sobre mim, me abraçando por trás como se dissesse, inconscientemente: “Você é minha”. Virei meu corpo, fiquei de frente para ela e comecei a admirá-la. Ela realmente era muito bonita, não era à toa que ela era desejada por muitos meninos na escola. Eu mesma sempre a quis para mim mas, como eramos amigos, a coisa se complicava. Além disso, os rapazes da escola nem me consideravam uma adversária digna na disputa pelo seu amor. Diziam que era mais fácil eu ser só amiga dela e pedir conselhos para arrumar homem. É claro que faziam comentários maldosos para me pertubar mas não sabiam nada sobre a nossa relação.
A história ficava mais engraçada porque parecia que, na verdade, era ela quem tinha me conquistado. Durante os poucos meses do nosso namoro, ela sempre fez o papel do homem na relação. Ela me elogiava, dizendo que eu era bonita, me convidava para sair, me ligava para conversarmos antes de dormir e me protegia na escola. Ela era uma perfeita “cavalheira”, e eu já podia me gabar de estarmos namorando, de um jeito “um pouco” diferente de um casal normal, digamos assim.
Conforme eu me lembrava de tudo que acontecera comigo em pouco menos de um ano, pensava cada vez mais sobre o quão longe nossa relação poderia chegar. Quer dizer, estava claro para mim que Heloísa gostava de mulheres e eu também a amava. Entretanto, eu não era uma mulher de verdade. É claro que eu me sentia mulher por dentro e já parecia mais feminina que a maioria das mulheres que conhecia mas o que será que a Heloísa realmente pensava sobre isso? Comecei a me imaginar uma mulher de verdade, com vagina ao invés de pênis. Será que ela me amaria do mesmo jeito? Parece uma pergunta óbvia e fácil de responder mas a nossa relação era estranha demais para se chegar a conclusões simples.
Fiquei a fitando por mais algum tempo até que ela acordou.
Heloísa: Huuuuááaa... Bom dia amor, está fazendo o quê, olhando para mim assim? – Disse, com voz rouca de sono.
Flávia: Nada, nada... só estou aqui te admirando..
Heloísa: Huuumm... me admirando é? Quem admira aqui sou eu.. – Disse com seu sorriso encantador.
Flávia: É que.... é que você é tão bonita..
Heloísa: E quem elogia aqui também sou eu. Você é que é linda... – Heloísa já se preparou para me beijar.
Nos beijamos de um jeito bem carinhoso. A Heloísa segurava a minha nuca durante o beijo e afastava meu cabelo. Paramos para respirar.
Heloísa: Sabe, ontem foi incrível. Você gostou mesmo? – Perguntou, me fazendo carinhos no rosto.
Flávia: Claro que sim, estava tudo muito bom.
Heloísa: Oba, isso quer dizer que ganhei desconto para o próximo ingresso? – Heloísa já fazia cara de tarada.
Flávia: N-não sei, vai depender de você. – Fiquei levemente corada.
Heloísa: Depender do quê, mocinha?
Flávia: Se você me tratar com carinho... se você me amar.. me beijar.. – Eu falava e olhava para ela igual a uma namoradinha inocente mesmo, para provocá-la.
Mal acabei de falar e a Heloísa já me agarrou para um novo beijo, desta vez mais forte. Ela foi me beijando e me dominando, igual à noite anterior, e logo já estávamos excitadas e ofegantes. Heloísa se posicionou sobre mim e começou a avançar em meus pontos fracos. Ela desviou seus beijos para meu pescoço e aquilo para era fatal para mim: eu facilmente já me derretia em seus braços. Suas mãos rápidas me seguraram pela cintura e me empurraram para mais perto ainda, ao mesmo tempo que seus beijos se alternavam entre meu pescoço e minhas orelhas, me torturando. Heloísa parou seus beijos por um instante.
Heloísa: Sabe amor, eu estou com vontade de te fazer minha menininha de novo, o que acha? Você me olha e faz essa carinha de inocente... eu acho que você quer repetir a noite passada né? – Ela disse com um olhar predador, destes que uma leoa expressa quando avista sua presa.
Flávia: N-não sei, amor, eu.... eu... – Eu já me sentia dominada e queria muito que a Heloísa me fodesse de novo, como na noite anterior.
Heloísa: Não seja bobinha, eu sei que você quer. Cada vez que eu te pegar de jeito menos você vai querer voltar a ser o Robson.
Flávia: M-mas eu não quero mais ser o Robson mesmo...
Heloísa: Então é mais fácil ainda! – Heloísa disse baixinho, já se preparando para me agarrar de novo.
Neste instante, ouvimos um barulho de carro se aproximando da garagem da casa e paramos o que fazíamos para ouvir. Logo também escutamos o portão principal se abrindo e algumas pessoas conversando e entrando na casa. Fiquei em pânico. Heloísa dissera que não haveria ninguém no final de semana, então quem seriam aquelas pessoas?
Heloísa: Vixe, é minha família, devem ter voltado mais cedo da viagem! Vai, levanta rápido e vai pro banheiro do corredor, vou colocar uma coberta e um travesseiro no sofá da sala e, se perguntarem, você dormiu lá! E outra, eles não sabem de nada em?! Somos só amigas por enquanto, ok?
Flávia: Tá bom, tá bom! – Falei meio apavorada e fui para o banheiro social, já com medo do que poderiam pensar pois eles já haviam me visto como Robson em outras poucas oportunidades.
Escutei as pessoas entrando e conversando nitidamente pois o banheiro social ficava entre a sala e o quarto da Heloísa. Pelo jeito que conversavam e pelo tom de voz, pude deduzir quem eram aquelas pessoas: Eram o pai e a mãe de Heloísa e o irmão mais novo dela.
Augusto (Pai da Heloísa): Até que enfim! Chegamos! Viajar é bom mas voltar para a casa é melhor ainda!
Dona Marta (Mãe da Heloísa): É mesmo! Ô trânsito dos infernos! Ubatuba é muito bom mas na hora de voltar e subir aquela serra é triste! E eles não terminam nunca aquele viaduto que vai facilitar pra gente!
Vitinho (irmão mais novo, uns 13 anos): Ha mãe, não reclama vai! Você dormiu a viagem toda, com as pernas para cima e com os pés no painel do carro!
Augusto: Ha há há! Não zoa a sua mãe assim não, moleque! Ela me ajudou nos trocos para os pedágios...
Dona Marta: Isso mesmo! Eu fui uma verdadeira co-pilota e.... ué? Por que tem uma coberta e um travesseiro neste sofá??
Augusto: Hum.... Será que alguém dormiu aqui com a Heloísa?? – Augusto já perguntou em tom sério e enciumado.
Vitinho: Ou será algum namorado?? – Vitinho acertou a trave nesta pergunta.
Dona Marta não disse nada, o que me fazia a imaginar pensativa. A única pessoa na família que sabia que a Heloísa era Lésbica era a mãe dela e, por isso, ela já devia desconfiar que talvez a outra pessoa não fosse homem. Nesta hora, escutei Heloísa chegando na conversa.
Heloísa: Oi pai, oi mãe! Chegaram mais cedo?
Augusto: Sim, minha filha, voltamos para evitar muito trânsito. Mas quem é que dormiu aqui esta noite? – O pai da Heloísa parecia meio perturbado.
Heloísa: É minha amiga da escola, a Flávia! Eu achei que ia me sentir sozinha aqui em casa e então eu a chamei para dormir aqui!
Dona Marta: Ué, mas não nos disse nada, minha filha...
Heloísa: Ha, desculpa mãe mas resolvi chamá-la de última hora!
Augusto: Ha, certo, certo... – Eu já podia sentir um alívio na fala do sr. Augusto. Ele tinha receio de que a companhia de Heloísa fosse homem... ele também tinha acertado a trave.
Achei melhor nesta hora eu aparecer e me apresentar, afinal, a parte mais difícil da conversa já tinha passado. Ajeitei meu cabelo e analisei o que vestia, um shortinho de lycra cinza e uma camiseta branca. Não era a melhor roupa do mundo para “conhecer” alguém mas pelo menos eu não estava só de calcinha. Saí do banheiro devagarinho mas percebi que eles pararam de conversar, pois deviam ter escutado o barulho da porta.
Flávia: Oi sr. Augusto e dona Marta... Tudo bem com vocês?
Augusto: Ué menina! Já nos conhece? – Gelei nesta hora! Fui burra de mais e me esqueci que ainda não deveria os conhecer. Fiquei meio sem fala mas a Heloísa me salvou.
Heloísa: É que eu já falei muito sobre vocês, pai! Sempre conto para ela as histórias que acontecem nesta casa!
Augusto: Há, que bom, minha filha! Peraí! Você contou ótimas histórias né? He he he...
Heloísa: Claro pai! E teria como contar coisas ruins?
O pai da Heloísa não tinha percebido nada. Eu já me sentia mais aliviada em relação a ele mas Dona Marta parecia me analisar de cima a baixo. Ela com certeza queria fazer algumas perguntas mas queria fazê-las longe do marido e do filho. Aliás, o Vitinho não dizia nada mas ficava de boca aberta e com olhar fixo em mim. Depois de um tempo eu já me sentia até meio desconcertada com o Vitinho pois o rapaz me olhava fixamente e parecia um cachorro olhando para a máquina de frangos assados do açougue. Às vezes eu percebia que ele até esboçava alguma coisa para falar para mim mas rapidamente desistia.
A conversa já rolava descontraída, principalmente com o pai da Heloísa, já que Dona Marta vagamente falava comigo e Vitinho estava mudo feito pedra. Augusto fazia algumas perguntas para mim sobre a escola, sobre o que eu queria fazer no futuro, essas coisas. Eu já conhecia todos eles mas parecia que não se lembravam de mim. A última vez em que estive naquela casa foi há uns dois anos e eles só se lembravam do Robson.
Fomos todos para a área da churrasqueira, onde havia uma mesa e umas cadeiras de plástico, e nos sentamos para conversar um pouco. O sr Augusto logo se levantou e começou a mexer na churrasqueira e parecia que não estava mais interessado em nos ouvir, enquanto eu já falava com mais confiança. Tudo ia bem até que Dona Marta começou sua sessão de perguntas, as quais eu tinha que responder com cuidado para não revelar que eu era o Robson. A conversa tinha se tornado um verdadeiro jogo de xadrez.
Dona Marta: E então, Flávia, eu nunca tinha te visto antes na escola! E a Heloísa também nunca me disse nada a seu respeito...
Heloísa: Há mãe, é que ela é nova na escola, começou a estudar lá só no último ano!
Dona Marta: Minha filha, você sabe que é feio responder pelos outros, não sabe? E então Flávia.. – Dona Marta rapidamente tomou as rédeas da conversa.
Flávia: É-é que... é isso m-mesmo o que a Heloísa disse!
Dona Marta: É que achei estranho a Heloísa te chamar para dormir aqui assim, de repente! Vocês devem ter ficado muito amigas né? Até porque a Heloísa tem muitos outros amigos que a conhecem a mais tempo...
Flávia: Há sim! Nos conhecemos no último ano e já ficamos amigas! A Heloísa é muito minha amiga!
Dona Marta: Que bom! Fico feliz por isso. Sabe, a Heloísa sempre trouxe alguns amigos da escola aqui. Aliás, você se parece muito com um amigo dela que veio aqui há alguns anos... Há! Me lembrei! Você se parece com o Robson!
Eu Juro que eu não espera por aquilo! Ela me deixou em estado de pânico com aquela frase e fiquei sem saber o que falar. Devo ter ficada bem vermelha naquela hora pois senti meu rosto ferver. Sem saber o que falar, olhei para a Heloísa que arregalou os olhos e resolveu intervir.
Heloísa: E-ela se parece mesmo com o Robson! Que coisa mãe, agora que você falou, parece mesmo!
Dona Marta: Não é mesmo? E aliás, o que aconteceu com aquele rapaz? Faz tempo que não o vejo!
Heloísa: Ele está bem mãe! Conversamos todo dia na escola, continua o mesmo!
Dona Marta: Que bom! Você dizia para mim que gostava dele. Você ainda se sente assim, filha?
A mãe da Heloísa agora encurralava nós duas! Era incrível a dedução e o poder de raciocínio daquela mulher e agora até mesmo a Heloísa corava.
Heloísa: M-mãe, para com isso, na frente da Flávia?
Dona Marta: Ué, qual o problema? Vocês não são amigas? Você nunca falou nada para a Flávia sobre o Robson? Há há há! Achei que vocês fossem mais amigas!
Heloísa: Somos sim amigas mãe, mas não é sempre que falamos sobre essas coisas com todo mundo! – Heloísa ficava lentamente irritada.
Dona Marta: Há, tudo bem filha, só estou brincando... e você, Flávia, o que acha do Robson?
Flávia: A-acho ele... legal...
Dona Marta: Só isso? Mas você acha ele bonito, interessante??
Heloísa: Aff mãe, para com isso vai! Vai começar agora a interrogar a Flávia?
Dona Marta: Que isso menina! Só estou puxando assunto!
Vitinho: N-não se preocupa com a minha mãe não, Flávia! Ela faz isso com todo mundo que vem aqui!
O Vitinho parecia que tinha tomado muita coragem para falar uma simples frase como aquela mas foi o suficiente para rirmos da timidez do rapaz e fazer com que Dona Marta interrompesse as perguntas. Voltamos a conversar sobre assuntos variados. Nesta hora, Augusto entrou na casa para buscar sabe-se lá o quê e Dona Marta, muito esperta, pediu para vitinho ir pegar uma lata de cerveja para ela. Ficamos só nos três.
Dona Marta: Sabe Flávia, tem certeza que você não conhece o Robson? Vocês se parecem muito mesmo!
Flávia: E-eu não, mesmo, hum... é só coincidência!
Heloísa: De novo essa história, mãe!? – A Heloísa parecia inconformada com a insistência da mãe.
Dona Marta: Ha, tudo bem, é só coisa da minha cabeça mesmo. E você sente muito a falta da sua mãe, Flávia? – Dona Marta sabia da morte da mãe do Robson e, de supetão, fez uma pergunta-chave para a investigação dela.
Flávia: Sim, muito, sinto muito a falta dela... – Heloísa colocou as mãos na cabeça, incrédula com a minha desatenção e Dona Marta sorria ironicamente.
Xeque-mate!
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Pessoal, espero que tenham gostado do capítulo. Não esperem cenas picantes em todas as minhas postagens pois sempre tentarei criar alguma história para que justamente estas cenas fiquem ainda melhores!
Beijinhos!