RICARDO:
Estava na sala de cirurgia ao lado da Leila que não parecia muito bem, ela parecia estar muito fraca e com poucas condições de realizar aquele parto. Doutora Liliana entrou na sala acompanhada de alguns enfermeiros e começou a se preparar para fazer a cesariana que iria trazer meu filho ao mundo.
L: Leila, iremos realizar a cirurgia agora, não podemos mais perder tempo, o risco é muito grande tanto para você, quanto para a criança – falou Liliana para Leila que apenas assentiu com a cabeça.
Eu: vai ficar tudo bem, você vai ficar bem – falei segurando sua mão e a deixando calma.
L: semana passada falei com meus pais, eles não estão felizes com isso, mas não vão brigar pela criança, o menino será seu, Ricardo cuida dele bem, esse vai ser o maior tesouro que eu vou deixar na terra, cuida dele.
Eu: vou cuidar sim, nós vamos, você também vai participar da vida dele e...
Nesse momento ela soltou a minha mão e seus olhos se fecharam e as máquinas que estavam a monitorando começaram a apitar chamando toda a atenção dos profissionais que estavam presentes que imediatamente começaram a prestar os socorros, eu fiquei em estado de choque vendo aquela cena e me postei no canto da sala com a mão na boca, os olhos arregalados e as lágrimas descendo, enquanto Liliana e sua equipe estavam ali agitados cuidando da situação eu encostei na parede chorando e comecei a descer devagar até sentar no chão chorando muito, antes de um enfermeiro vir até mim e me tirar da sala eu ainda escutei Liliana dizendo para outro enfermeiro “agora o pouco tempo que temos é para tentar salvar a vida do menino”.
Leila estava morta, ela foi uma garota inconsequente na vida mas foi uma pessoa que me fez bem quando a conheci e mesmo no final, levando em conta tudo o que ela já me falara no passado, ela ainda me deixou uma coisa boa e isso estava me corroendo por dentro, eu estava sentindo cada parte da minha mente explodir em pensamentos, não sabia o que fazer então fui a procura de Diego para buscar colo para chorar.
Chegando na sala de espera, Diego e minha mãe se levantaram e eu logo corri para os braços do meu amado Diego e comecei a chorar compulsivamente sem parar, a minha mãe se aproximou de nós e começou a pedir para que eu me acalmasse e foi o que tentei fazer, logo percebi os pais da Leila do nosso lado (não havia percebido a presença deles ali).
Eu: ela morreu – falei essas palavras com uma pedra na garganta.
A mãe da Leila se abraçou com seu marido e começou a chorar junto com o mesmo, Diego e minha mãe continuaram firmes, mas percebi que ficaram abalados com isso.
A: e a criança, como esta o menino? – perguntou minha mãe nervosa.
Eu: não sei, ela morreu antes da cirurgia começar, quando fui retirado da sala Liliana estava começando os procedimentos às pressas.
D: vai dar tudo certo, esta nas mãos da minha mãe agora e tenho certeza que ela não vai vacilar com a gente.
Eu: Deus te ouça.
A: ele vai ouvir filho, ele vai ouvir.
Ficamos na sala de espera, os pais da Leila estavam inconsoláveis, ainda tentei falar com eles, mas eles não quiseram falar comigo, na hora certa eles vão falar, até porque temos que conversar sobre o menino, a final de contas eles também são avós e quero que eles participem da vida do neto. Meia hora se passou até que Liliana aparecesse na porta e todos nós nos levantamos agitados para falar com ela.
L: Gente! Calma, nós fizemos tudo o que estava ao nosso alcance e conseguimos realizar o parto num tempo suficiente para manter a criança livre de perigos que poderiam ser causados pela morte da mãe antes do parto.
Eu: Meu Deus – saiu como um desabafo – pelo menos isso – me abracei com minha mãe que chorava do meu lado.
D: e o menino mãe, quando poderemos ver ele?
L: logo, por enquanto ele ficará na incubadora, como você sabe ele nasceu precoce e ele passará um tempo aqui conosco para poder ficar forte o suficiente para poder sair daqui.
Eu: queremos vê-lo o mais rápido possível.
L: só uns dez minutos e libero pra vocês.
Depois de um tempinho estávamos indo para onde nosso filho estava sendo mantido, quando eu e Diego chegamos naquela sala cheia de incubadoras e a enfermeira nos guiou até uma que estava lá no meio e dentro dela estava aquela criaturinha pequenino e tão frágil, olhei para ele emocionado e vi que Diego chorava ao meu lado.
Eu: olha para ele, tão pequeno e já esta aí lutando.
D: ele é forte como você, o parto já foi uma luta muito grande, ele agora só precisa lutar pra sair daqui, ele vai conseguir, tão pequeno e já é um guerreiro.
Eu: como vamos chama-lo?
D: eu gosto de Lucas.
Eu: já eu gosto de Pedro. Então vai se chamar Pedro Lucas, o que você acha?
D: eu amei esse nome – ele falou encostando a cabeça em meu ombro e abraçando a minha cintura e ficamos ali babando pelo nosso pequeno Pedrinho.
Depois de alguns minutos nós tivemos que sair para dar lugar para os avós verem o neto, minha mãe entrou com os pais da Leila, embora eles tenham perdido a filha, estavam muito ansiosos para ver o neto, acho que esse presente tenha amenizado um pouco da dor de ter perdido a filha.
Depois que todos saíram da sala eu pedi mais uma vez para conversar com os pais da Leila, antes de conversarmos a minha mãe me abraçou muito emocionada e chorando e disse que estava muito orgulhosa da pessoa que eu era e que estava muito feliz com seu neto, isso significou muito pra mim, pena que não podia ter meu pai por perto nessa hora.
Eu: nós precisamos conversar – falei para o avô materno do meu filho.
- Olha rapaz, nossa filha conversou conosco, queríamos brigar pelo nosso neto mas ela nos convenceu, mas isso não quer dizer que você vai nos afastar dele...
Eu: espera, não é isso o que pretendo, se vocês acham que eu quero fazer isso, estão muito enganados, eu quero justamente falar sobre o convívio de vocês com o menino.
- Você ganhou nossa atenção, pode falar – dessa vez quem falou foi a mãe da Leila.
Eu: eu quero que você tenham total acesso ao neto de você, ele é meu filho e eu vou criar ele junto com o Diego e quero que todos os avós dele participem de sua criação, nunca iria privar você disso.
Conversamos mais um pouco e eles pareceram um pouco mais amistosos comigo depois de nossa conversa, claro que eles estavam relutantes de ter seu neto criado por dois gays, mas não tinha nada que eles poderiam fazer, estava tudo decidido e eles não poderiam mudar nada. De noite eu e Diego não queríamos sair do hospital de jeito nenhum, mas Liliana nos convenceu a irmos para casa, ela prometeu que iria cuidar dele pessoalmente, ela estava toda babona com seu primeiro neto, não fomos para nosso apartamento, fomos para a casa de Liliana porque tinha Guilherme para ficar sob nossos cuidados enquanto a mãe esta no hospital cuidando do nosso menino.
G: cadê o meu sobrinho? – ele perguntou eufórico quando entramos em casa.
D: ele ainda esta no hospital, logo logo estará em casa conosco.
G: e quem esta cuidando dele?
Eu: sua mãe esta, cuidando muito bem dele.
G: amanhã quero ir ver ele.
Eu: a gente vai, você vai para a escola, a gente para a faculdade e quanto for de tarde a gente vai ver ele esta bem?
G: esta ótimo. Agora vou dormir que já esta tarde.
D: quer que eu te leve pra cama?
G: eu não sou mais criança né mano – ele falou dando um abraço no irmão.
D: pra mim você vai sempre ser um menininho – falou assanhando o cabelo de Guilherme.
G: boa noite.
Eu: dorme bem moleque.
...
Estávamos no quarto que pertencia a Diego deitados em sua cama e com a luz do abajur ligada deixando o quarto iluminado o suficiente para a gente conversar sobre como seria nossa vida dali pra frente, nossos medos, felicidades, ver Pedrinho crescer e claro se tornar um homem feliz, apoia-lo em suas decisões, dar todos os caminhos para ele se tornar um homem de bem, a pauta principal de nossa conversa era nosso filho.
Eu: ta bom, já esta tarde e amanhã temos muita coisa para fazer, vamos para a faculdade e depois passar o dia no hospital, pois não quero ficar mais que o necessário longe de nosso filho.
D: eu digo o mesmo – nesse momento ele me beijou e passou a mão pelo meu corpo até chegar a minha cueca, onde ele colocou a mão por dentro e segurou meu membro que estava mole mas começou a criar vida.
Eu: amor, acho que estou abalado demais pelo dia de hoje para fazer isso agora.
D: eu sei, só queria desejar boa noite para esse rapazinho aqui.
Eu: eu te amo seu travesso – falei rindo – só você para me fazer rir.
D: eu também te amo.
Nos aconchegamos de conchinha na cama e depois de um tempo pegamos no sono, adorava dormir agarrado com meu Diego porque eu pegava no sono sentindo o seu cheiro que por acaso era meu preferido.
CONTINUA...
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