Oi meus queridos, desculpe a demora, como estou fazendo algumas modificações na história, para isso preciso de tempo pra escrever, coisa que não estou tendo agora... Então conto com a paciência de vocês, mas está saindo. Agradeço a todos que votaram e comentaram. Grande beijo.
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Nossas brincadeirinhas na minha sala se tornaram quase rotina, quase todo dia eram beijos roubados, á portas fechadas e as vezes, rolava algo mais quente. Eram três meses de namoro, mas já sentia meu coração esquentar quando estava com ele. Minha sala era sempre local legal para uns amasses, entretanto aquele dia foi diferente, ele estava com um brilho diferente nos olhos, e exalava alegria.
- Bom dia chefinho! – disse ele entrando na minha sala.
- Bom dia... O que houve? Porque está feliz assim?
- Tenho uma novidade pra te contar.
- Hum, parece ser coisa boa, diz ae. O que? Vai dizer que decidiu ir morar comigo? – Sim, eu o havia convidado a morar comigo, mas ele não quis, disse que era novo demais e isso prejudicaria seu emprego, enfim, acabei entendendo e seguimos a vida.
- Não amor, eu já te expliquei...
- Eu sei, mas vai que... diz logo homem de Deus!
- Eu fui aprovado para arquitetura na Unicamp.
- Nossa! Que maravilha! E você me fala isso assim?!
- Eu só fiquei sabendo hoje de manhã, estou tão feliz amor.
- Eu também, estou orgulhoso por você. Mas não tinha dúvida que você iria passar, você foi tão esforçado que seria injustiça não passar.
- É, foi difícil, tive que abrir mão de tanta coisa... Você me desculpa por ter te deixado pra poder estudar?
- Não tem do que pedir desculpa, valeu a pena não é? Vamos comemorar! Talvez uma viagenzinha no fim de semana?
- Sim amor, o que você quiser! – Nesse momento meu celular começou a tocar.
- Só um momento, é o pai. – ele revirou os olhos, em sinal de desagrado. Eles realmente não se davam bem, o pai também não ajudava, achava que ele era novo demais, e que queria se aproveitar de mim por causa da minha condição social... Um monte de besteira.. E claro, depois de um tempo e muita implicância e indireta, o Maicon começou a pegar implicância com o pai também, fazer o que?!
- Ih, lá vem o docinho falar mal de mim...
- Deixa eu atender amor – falei rindo – Fala paizão, tudo bem?
- Oi filho, não muito, mas diga sobre você primeiro, está tudo bem?
- Sim pai, graças a Deus! Acabei de saber que o Maicon conseguiu passar para a universidade, não é o máximo?
- Claro que é, dê meus parabéns a ele...
- Dou sim. Mas diz, o que está acontecendo?
- A Ceci foi internada, ela estava sentindo muitas dores, então ao levá-la ao hospital, acharam melhor ela ficar para fazer alguns exames.
- Mas ela está bem? Assim, continua sentindo dores?
- Está sob medicamentos, mas os médicos estão tentando controlar esse quadro.
- Pai e o senhor? Está precisando de ajuda?
- Só preciso de vocês aqui filho, tem como vir aqui esse fim de semana, fica um pouco com ela, isso já vai ajudar demais.
- Vamos sim pai, e fala pra mãe que ela vai melhorar logo.
- Digo sim, obrigado filho.
- Que nada, nos vemos logo. Beijo paizão.
- Beijo.
E agora aquilo. A dona Cecília realmente vinha se queixando, esporadicamente, de dores na cabeça, não era nada muito grave, mas a ponto dela ser internada, me preocupou um pouco. Mas eu logo saberia o que realmente estava acontecendo, iria aquela tarde com minha mãe para o Rio e o Maicon que me perdoasse.
- O que houve amor?
- A Ceci, ela está internada, com muitas dores de cabeça e os médicos vão começar a fazer exames para saber o que é.
- Por isso falou que iria pra lá... Já era a nossa viagem de comemoração não é?
- Sim meu lindo. Na verdade, vou pra lá agora a tarde. Você está chateado?
- Mas porque vai tão rápido? Fica um pouco comigo.
- O pai parecia preocupado amor, e, não quero deixa-lo sozinho, poxa, me entende vai. Eu juro que logo vamos comemorar, só que esse fim de semana não dá.
- Bem, eu posso ir e ficar em na casa do João e a gente faz alguma coisa juntos.
- Não sei... vou fazer o seguinte, vou ver o que está acontecendo, eu te falo e vejo se é uma boa ideia.
- Tudo bem... Eu preciso trabalhar, tá tudo bem por aqui?
- Sim senhor, não faço sujeita, senhor! – falei imitando um soldado.
- Bobo, me dá um beijo pra eu poder ir, vai. – Eu o beijei e ele foi saindo.
- Amo você, meu arquiteto.
- Tchau, manda um beijo pra dona Cecilia.
Vi que ele não gostou, mas fazer o que? Realmente eu não gostei do tom do Antônio e queria muito ir ver o que estava acontecendo. Fechei minhas coisas na hora do almoço e por fim para casa, arrumamos a bolsa e fomos para o Rio.
Chegamos lá e fomos direto para o hospital. Ao ver o pai eu fiquei nervoso, a cara dele não era nada boa, estava com olheiras e muito preocupado. Ao me ver ele veio rápido ao meu encontro e me abraçou.
- Você veio rápido filho, obrigado. Eu não sei o que fazer, estou sozinho aqui e a Ceci está doente, muito doente.
- Pai, o que ela tem?
- Aneurisma – disse ele já chorando. – Está grande e pode se romper... ela está em repouso absoluto e estão tratando ela com remédios para a pressão, mas eu estou com medo. Você sabe o que vai acontecer se ele se romper...
- Nem fala isso Antônio! – Disse minha mãe - Ela é forte, vai sair dessa... Vão operar? Onde ela está?
- Está fazendo um exame... Vão analisar isso agora. Eu não sei o que fazer. – e ele chorou pra valer. Eu o abracei.
- Calma pai. Tudo vai dar certo. – nós sentamos na sala de espera.
- Sim Antônio, confia em Deus, tudo vai dar certo.
- Tomara, tenho medo, são tantos anos juntos. Eu fiz tanta coisa pra ficar com a Cecilia, nossa vida no inicio foi tão difícil... Casei cedo filho. Ela estava grávida e eu larguei tudo por ela e pelo Otto. Eu fiz tantos sacrifícios por eles dois e ver a Ceci nesse estado aperta o meu coração. Dividimos uma vida juntos e ela é maravilhosa, me deu meu maior presente, e ainda cuidou de mim... O que me dói é perceber que eu não a retribui como ela merecia...
- O que é isso pai, eu sempre vi a forma como vocês dois se davam bem, o senhor fez o possível.
- Eu sei... mas sei lá... – Nessa hora um médico apareceu.
- Senhor Marcos?
- Sim, a Ceci está bem?
- Venha ao quarto da paciente para que possamos conversar melhor, por favor.
- Eu também posso ir?
- É meu filho, doutor, e sua mãe.
- Tudo bem. – Fomos ao quarto.
- Meu filho, Soninha! Que bom ver vocês! – disse dona Ceci ao me ver. O pai foi até ela e a beijou.
- Oi mãe, como a senhora se sente?
- Oh minha amiga, mais uma luta heim!
- Estou bem, já estive melhor, mas estou bem.
- Que bom.
- Então, eu chamei a família aqui pois saíram os resultados dos exames. Realmente há um aneurisma cerebral de 0,5 cm. A forte dor de cabeça, a tontura e a visão turvada foi em decorrência do aumento da pressão arterial que aumenta a pressão intra-craniana, então vamos trata-la com medicamentos, mas a senhora permanece aqui por tempo indeterminado. Há uma possibilidade de cirurgia, mas ainda vamos estudar melhor a ressonância.
- Eu posso morrer? – perguntou a mãe.
- Se ele romper e não for tratado imediatamente, sim. Mas com as nossas recomendações, as chances de acontecer são poucas.
- Obrigado doutor.
- Permaneça deitada e qualquer alteração já mencionada, a senhora nos chame imediatamente.
- Ok. – e ele se retirou.
Eu conversei com ela um pouco e vi que ficou animada ao me ver. Ficamos quase uma hora conversando; depois foi medicada e então começou a ficar sonolenta e acabou adormecendo devido os remédios. A enfermeira disse que poderíamos ir para casa pois ela dormiria até o dia seguinte. Mas o pai não quis sair de lá, falei então pra ele pelo menos ir buscar o que precisava para ficar lá, tomar um banho, etc. Ele aceitou e acabou levando minha mãe com ele e eu fiquei lá com a dona cecília, olhando ela dormir, vendo tv, no celular conversando com o Maicon, que se sensibilizou com a situação, ficamos conversando por um bom tempo. O pai voltou e ficamos ambos lá.
Logo eu adormeci e quando acordei o sol já estava aparecendo. Ambos estavam dormindo tranquilos. Então fui ao banheiro, tomei banho e depois fui tomar café da manhã. Como era ruim ter uma pessoa querida nossa doente, eu me lembrava o tempo todo dos dias que passei com minha mãe no hospital, eram angustiantes. Bem, pelo menos ela não estava sentindo dor, nem com cara de doente, isso ajudava muito.
Passei o sábado e o domingo lá, revezava com minha mãe e seu Antônio, ia em casa apenas para buscar o que precisava, e dormir um pouco, revezando com o pai. Ao longo desses dias vários parentes passaram por lá, assim como amigos do casal e a mãe se alegrava bastante com todos eles. No almoço do domingo, o pai me chamou para conversar e eu vi que ele estava preocupado:
- Bruninho, vem aqui no corredor por favor. – Eu apenas o segui.
- O que houve?
- Bem, o Otávio chega amanhã e filho, eu sei que vocês tiveram suas diferenças, entendo o que vocês vivem, mas eu vou precisar dos dois.
- Pai não viaja! Não vivemos nada, seu filho tem a vida dele e eu a minha. E me desculpe, mas se ele chega amanhã eu vou embora hoje.
- Mas Bruno...
- Me desculpa, de verdade, me perdoa, mas não dá. Não tem como ficar no mesmo lugar que ele. E ele deve esta vindo com a família toda, então terá mais pessoas para te ajudar. De qualquer forma, eu estou à disposição para ajudar no que for preciso, é só me ligar.
- Se tem que ser dessa forma, tudo bem. Eu nem sei como te agradecer por esses dias.
- Não precisa, eu amo vocês, e queria até ficar mais, porém eu trabalho também pai, ficaria difícil eu ficar de qualquer forma.
- É verdade. Então, quando você vai?
- Depende do voo, vou procurar agora, mas no inicio da noite eu devo esta saindo.
- Tudo bem. – ele parecia triste – Eu queria tanto que vocês dois se dessem bem. Engraçado como as vezes os filhos cometem os mesmos erros dos pais.
- Mas como assim? Que erro o Otávio cometeu?
- Deixa pra lá, só pensei alto.
- Mas de qualquer forma não tem como, ele fez a escolha dele e eu respeito, respeito ele, respeito a noiva e o filho dele, por isso quero essa distância.
- Eu te entendo, entendo bem, mas também entendo o Otávio. Vai tranquilo, pois você tem minha gratidão pelo que fez por nós.
- Que isso pai, eu amo vocês.
- Nós também te amamos.
Nos abraçamos e voltamos para o quarto. Contei para a mãe que precisaria ir embora, ela entendeu bem, porque eu tinha mesmo que trabalhar. Mas pelo menos minha mãe ficaria pra ajudar. Se aproximando do meu horário eu fui me despedir e disse pra mãe que a amava, assim como ao pai. Eu estava emocionado porque ela realmente cuidou de mim como se fosse filho dela de fato e vê-la naquela situação era complicado. Dei um beijo gostoso e fui saindo. O pai me acompanhou até o estacionamento e também me agradeceu novamente por tê-lo ajudado. Prometi voltar na sexta feira, com Otávio ou sem Otávio e realmente faria isso.
Como avisado, na segunda-feira pela manhã o Otávio chegou e eu, por telefone, ficava sabendo diariamente como a mãe estava e mesmo sem querer me machucar, ela contava como estava o Otávio, que pelo visto foi sozinho já que o filho dele tinha apenas dois meses de nascido.
O Maicon estava muito feliz ainda com a notícia da universidade, e saímos logo na segunda-feira para comemorar, não foi nada demais, apenas um barzinho e algumas biritinhas, afinal, tínhamos que trabalhar no dia seguinte. Nesta noite uma coisa me chamou a atenção e que eu não tinha dado conta até aquele momento: ele passou para a UNICAMP, uma universidade que ficava em Campinas, longe umas duas horas de São Paulo... Ou seja, não nos veríamos mais diariamente.
- Eu estou muito feliz por você amor. – disse, enquanto terminava minha cerveja.
- Obrigado, eu também estou.
- Mas uma coisa está me intrigando... Como vamos nos ver?
- Ah, não é tão longe, a gente pode se ver todo fim de semana. – pensei em estar velho demais pra isso, mas eu gostava dele – Eu venho todo fim de semana, até porque tenho que ver os meus pais.
- Então não vai ter mais nossos pegas na minha sala? – disse dando um sorriso amarelo.
- Não amor, eu vou pedir demissão no mês que vem. Já estou vendo um emprego lá.
- Nossa, você já planejou tudo. – não queria que ele notasse minha tristeza, mas era quase impossível.
- Esses dias foram só para isso... Você não parece mais tão animado...
- É, eu estou feliz por você, mas sei lá, não queria que nosso relacionamento mudasse.
- Não vai mudar, só vamos sentir mais saudades um do outro.
- Isso até você achar um novinho gostosão no campus e não querer mais o velhote aqui.
- Ah Bruno, por favor né?! Até parece! Não me conhece? Esqueceu quem está aqui na sua frente? É o seu Maikin, você vai ver, tudo vai dar certo.
- Espero que sim.
- Mas mudando um pouco de assunto, e a dona Cecília?
- Está na mesma, parece que o aneurisma diminuiu um pouco, mas vão operar essa semana ainda. Tenho que ir lá antes da cirurgia.
- O problema do aneurisma é que é uma bomba relógio... – aquilo me deixou bem triste, ele tinha razão. Ele percebeu e tentou se retratar – Mas tem cura, ela operando vai ficar tudo bem.
- Eu gosto tanto deles, me deram todo o apoio que eu precisei, me acolheram como filho, me amaram como filho...
- Eu sei amor, por isso que eu gosto deles... bem, da Dona Cecília, porque seu Marcos é impossível... Ele é mais novo que ela né?
- Alguns anos, porque?
- Por mais maluco que ele seja, é um coroa bonitão.
- É, ele é bonito sim, igual... – me dei conta da merda que eu ia dizer, que o Otávio é tão bonito quanto o pai, então me calei.
- Igual... – disse o Maicon com a sobrancelha levantada.
- Igual ator de novela. – mas ele ficou me olhando fixamente e dava pra ver que estava irritado.
- Fala! Diz que o filho dele é tão lindo quanto o pai! Fala!
- Ele é bonito sim.
- Não acredito que você está falando do seu ex namorado, da sua paixão de infância!
- Ei! Não faz tempestade, eu estou com você.
- Porque ele te deu um pé na bunda, e está pra se casar. – nessa hora eu que me irritei.
- Deixa de ser idiota! Ele não me deu um pé na bunda, mas nem sei porque estou te dando ibope! Eu vou embora.
- Essa sua explicação não diz que você não gosta dele ainda...
- Maicon, cresce por favor! Eu amo você, não o Otávio! Acorda pra realidade garoto!
- Tudo bem! Estou vendo que pra você eu vou ser sempre um garoto. Melhor eu ir embora mesmo.
- Você sabe muito bem que eu não disse isso. – mas ele se levantou, jogou o dinheiro na mesa e foi saindo.
Puta que pariu! O que era para ser uma noite de comemoração virou uma briga, mas não ia acabar assim a noite. Eu fui atrás dele e o encontrei no ponto do ônibus. Parei com o carro e o chamei.
- Vamos, eu te levo em casa.
- Vai embora Bruno.
- Por favor, vamos. Você não está vendo que estamos brigando por nada? Só porque eu disse que ele é bonito, eu estou apaixonado por ele? Acorda Maicon, eu disse alguma mentira? Dizer isso significa que ache ele mais bonito que você – realmente acho, mas não ia dizer isso – Amor, acorda! Vem com seu Brunão vem. Anda mozão. – Ele sorriu, venci kkkk.
- Não me chama de mozão, sabe que eu não gosto – disse ele sorrindo.
- Entra ai, eu te levo em casa.
Mas fomos para minha casa. Ele nem questionou, mas eu precisava ter ele pra mim aquela noite. Não sei porque, mas o ciúme dele me irritava e me excitava. Eu pegava ele com vontade e nosso orgasmo era maravilhoso. Maravilhoso também era acordar deitado no peito dele e perceber que ambos estávamos atrasados.
A semana passou corrida e novamente nos encontramos para jantar numa quinta-feira, na minha casa pois no outro dia ele iria num casamento de família em outra cidade no outro dia de manhã. Fiz a comida e ficamos comendo, conversando, namorando e planejando o nosso fim de semana, visto que ele iria ao Rio ficar comigo. Estavamos nos beijando, dando aquele amasso, mas tivemos que parar para ele ir embora, senão se atrasava para sair. Eu estava saindo do banho quando meu telefone tocou. Eu, instintivamente, peguei e olhei o visor, era o pai.
Na hora senti um frio na espinha:
- Pai? – ele chorava.
- Filho, oh meu filho, ele rompeu, o aneurisma rompeu e agora ela está em coma, sendo operada.
- Ai meu Deus! Calma pai, o que os médicos falaram?
- Nada. Estamos aqui esperando notícia e nada.
- Estou indo para aí agora.
- Preciso de você filho.
- Já estou indo. – desliguei o telefone. – Liguei na hora para o Maicon.
- O que houve? Vai pro Rio agora?
- Isso, o aneurisma se rompeu e a mãe está em coma.
- Bruno, sabe o que isso significa não é?
- Não Maicon! Ela é forte, ela vai sair dessa, por favor, não fala isso de novo!!
- Amor, eu não quero que isso aconteça, mas as possibilidades são grandes.
- Eu sei, eu sei, mas sabe, eu... – eu estava desnorteado - Eu preciso fazer a mala.
- Eu vou pra aí te ajudar, podemos ir de carro.
- Não amor, você tem que viajar, vai e eu te aviso qualquer coisa.
Fomos para meu quarto, joguei as coisas na mala, e partimos para o aeroporto. Demorei umas duas horas e eu estava no Rio já, chegando no início da madrugada. Entrei no hospital, fui direto para a sala de espera e encontrei todos chorando, tinha certeza que o pior havia acontecido. O pai estava abraçado ao Otávio, de costas para mim, outros parentes também estavam lá, uns tentando consolar os outros, na hora eu também comecei a chorar.
Otávio:
Ela tinha ido embora. Quando eu soube que minha mãe estava internada, juntei todas as minhas coisas e fui imediatamente para o Brasil. De certa forma eu já queria a um bom tempo ir à minha terra, estava com saudade dos meus pais. Algo me avisava que eu tinha mesmo que ir ao Brasil e que minha mãe precisava de mim. Pensei muito em levar meu menino para meus pais conhecerem, mas não era prudente, visto que ele tinha apenas três meses de vida. Então parti somente eu para o Brasil. Assim que cheguei eu deixei minhas coisas na casa dos meus pais e parti para o hospital.
Lá, encontrei minha mãe relativamente bem, sem nenhum problema aparente, mas quando eu descobri o que ela realmente tinha fiquei muito preocupado, realmente ela estava correndo risco de vida. Encontrar ela lúcida me fez agradecer a Deus por ter a oportunidade de falar tudo o que eu não havia falado. Então já no segundo dia com ela, enquanto estávamos só nós dois eu declarei meu amor pela minha rainha. De forma alguma era uma despedida, mas acabou se tornando, pois no dia seguinte por volta das 19:00 o maldito aneurisma dela rompeu. Meu pai estava com ela e disse que ela sentiu novamente uma forte dor na cabeça, não conseguia falar e seu olho não parava de se mover, logo entrou em coma e por fim, enquanto tentavam operá-la, ela faleceu por volta de umas 22:00 hs. Receber aquela notícia foi dolorosa demais, era como uma faca rasgando meu peito, eu não conseguia respirar, não conseguia pensar, só ficava imaginando eu nunca mais vendo minha mãezinha. Meu único intuito também era confortar o meu pai e sei que o único dele era me confortar, então ficamos juntos, chorando e tentando ser consolados por nossos familiares.
Depois de poucas horas fomos nos acalmando e aos poucos voltamos a pensar. Meu pai teve que assinar os papéis do óbito e quando voltou estava novamente desnorteado. Então fui correndo abraça-lo. Neste momento, ao olhar para a porta eu o vi. Não consegui nem reparar na sua beleza, só larguei meu pai e corri para os braços dele. Eu precisava das palavras, do abraço, do carinho, precisava dele. Ele não negou o abraço, mas sim me apertou firme e também soltou de vez suas lágrimas. Era tão bom estar com ele de novo, era tão bom o sentir bem perto de mim... Nada precisava ser dito, mas eu teimei em interromper:
- Ela foi embora Nuno, eu estou sem minha mãe.
- Ela vai nos fazer muita falta, era uma mulher incrível. – Bruno levou Otávio para fora e tentou ajuda-lo.
Aquele momento era dos dois, ninguém se atrevia sem e aproximar. Bruno não se preocupou em consolá-lo, pois o que consolaria a perda de uma mãe? Então ele o ouviu e chorou junto. Ficaram abraçados por quase um bom tempo, o mais velho continuava seu silêncio, só chorava e aninhava o amigo em seu peito. Este o segurava firme com um braço e com outro fazia carinho em sua cabeça.
- Amigo?
- Eu nunca mais vou ter minha mãe comigo... Nunca mais... estou sozinho agora... Ela não merecia isso, tanto sofrimento na vida.
- Papai do Céu vai recompensar ela.
Ele então começou a cantar “Dona Cila” de Maria Gadu, para ele. Bruno voltou a chorar, mas aquela canção o fez ver várias coisas que acalmaram seu desespero, seguimos chorando juntos. Sua mãe lutou tanto, sofreu tanto que merecia mesmo um descanso e uma pessoa tão boa teria um trono no céu.
- Ela também era uma mãe pra mim, eu sinto sua dor Tavinho. Reage, vamos tomar um suco vai, a luta está só começando. – Mas mesmo assim o outro não se mexeu. – Seu pai precisa de você. - Por fim, respirou fundo e foram caminhando pelo corredor do hospital.
Eles chegaram à sala de espera e Marcos estava sentado no canto, olhando pela janela. Bruno deu um beijo no rosto de Otávio e pelo olhar ele entendeu que o outro precisava ir até seu pai.
Otávio:
A tarefa do Bruno ali seria pesada, pois sabia que ele não estava ali só para mim. Por mais que sua mãe tentasse me consolar e se colocar nesse papel de minha mãe agora, não era a mesma coisa. Fiquei próximo deles aguardando a minha vez de voltar para os braços do meu pai.
- Pai, eu nem sei o que dizer... me dói tanto! – disse o Bruno.
- Eu sei meu filho, não precisa dizer nada, só ter você aqui já me ajuda.
Nessa hora um amigo do meu pai chegou, o Jeferson. Entrou devagar e ficou da porta olhando para meu pai. Pensei sinceramente que meu pai fosse ficar satisfeito ao ver o amigo de longa data, mas me enganei.
- O que você veio fazer aqui Jeferson? Veio comemorar? Veio marcar presença? – O Jeff não falou nada, apenas caminhou até ele e o puxou em um abraço. – Não encosta em mim, seu idiota, como você teve coragem de vir aqui??
Meu pai tentava se libertar do abraço tentando agredi-lo, mas o tio Jeff o abraçou com mais força. Meu pai começou a chorar novamente, o abraçou forte e chorava mais forte ainda, chegava a soluçar, então o Jeff foi levando ele para fora da sala. Os poucos que estavam ali não entenderam nada.
- Otto, vai atrás de seu pai! Quem era aquele homem? – perguntou a dona Sônia,
- É um amigo do papai, bem, eu não entendi nada, meu pai sempre falou tão bem do tio Jeff e agora trata ele assim.
- Ele deve estar abalado, mas vá atrás dele para podermos ir embora, amanhã vai ser um dia difícil pra vocês dois.
- Eu vou – falou o Bruno.
- Não, fica comigo! - disse chorando novamente.
– Eu já volto, só vou ver se está tudo bem.
- Tudo bem.
Depois de uns 10 minutos ele volta e pediu para irmos embora para descansarmos, pois aquele dia seria pesado. Perguntei sobre meu pai, mas ele disse que o tio Jeff iria cuidar dele.
Saímos todos no carro do meu pai, apesar do silêncio logo estávamos em casa. Eu estava indo para meu quarto, mas no meio do caminho entrei no dela. Ainda tinha seu cheiro ali, ainda podia ver ela sentada na cama se maquiando, ou fazendo alguma tarefa doméstica. Tão linda! Foi impossível não chorar novamente. Eu tinha perdido minha mãe, como era doloroso! Sentei no chão e fiquei chorando. Nem sei quanto tempo eu fiquei ali, mas sou despertado do meu devaneio de dor pela porta abrindo.
- Então você está ai! Vamos meu amigo, reage! Levanta vai... Vamos tomar um banho vai, a luta está só começando. – Mas mesmo assim eu não me mexi, não conseguia.
Então ele me pegou no colo e fomos para o banheiro. Lá ele foi tirando a minha roupa e a sua também, ficando ambos de cueca e entraram os dois no chuveiro. Ele me deu banho, ambos sem dizer nada, só se olhando, eu querendo seu socorro e Ele me dando tudo de si. Depois do banho, eu me sequei e me vesti. Deitei na cama e fiquei pensando em como seria minha vida sem ela. Ele sentou na sua poltrona e ficou pensativo também.
- Vai deitar agora? - Perguntou ele.
- Não estou com sono.
- Mas pelo menos deita, pra você descansar o corpo, assim você vai enfrentar melhor o resto do dia.
- Deita comigo?
- Melhor não, eu prometi a sua noiva que...
- Não quero transar com você, só preciso do meu amigo comigo.
Ele ficou pensativo, mas logo levantou e veio em direção a cama, eu também comecei a arrumar a cama e deitamos. Ele me abraçou por trás e assim ficamos até o sol nascer.