Então gente estou feliz que vocês estejam gostando do meu novo conto. E fiquei ainda mais feliz por leitoras do meu conto antigo estarem me acompanhando mais uma vez. Um beijo especial pra vocês.
Eu vou tentar postar nas terças e nas sextas depois das 20h00min.
Enfim... Vamos a mais um capítulo.
CAPITULO 3: CLARA
- Fica tranquila. Vai da tudo certo.
- Tomara... Pensei que eu já tinha superado todo o meu passado, mas agora que estou retornando ao Brasil vejo que não.
- Clarinha, eu estou aqui com você. Sempre estive e sempre vou está.
- Obrigada!
O Fabio era sem dúvida o meu melhor amigo. Saber que ele estava ali comigo era um alivio.
Apoiei minha cabeça em seu ombro e me veio a memória o dia em que o conheci.
Eu tinha acabado de chegar nos Estados Unidos. Não falava nenhuma palavra em inglês e também não entendia nada. Numa tarde decidi sair do meu quarto, onde eu fazia questão de me manter trancada e sentei na escada em frente a minha casa. De repente o Fabio surgiu e falou algo que não consegui compreender.
- Aonde eu fui me enfiar?! -- Falei pra mim mesma.
- Pelo que vejo você não fala inglês. Você é nova aqui no bairro? -- Falou e sorriu pra mim. Não sorri de volta. Porém ele prosseguiu mesmo assim.
- Pelo seu português, creio que seja brasileira. -- Sorriu de novo -- Eu moro la naquela casa verde. -- Apontou para uma casa próxima ao final da rua. Confesso que fiquei mais aliviada de saber que tinha uma pessoa que falava a mesma língua que eu na minha rua.
- Você não é muito de conversa, não é mesmo?! Gostei de você. Me chamo Fabio, mas pode me chamar de Fabinho. -- Me estendeu a mão, mas eu não apertei. -- Não vai me dizer nem o seu nome? -- Continuei muda.
Só falei com ele na quarta vez que nos encontramos. Com o tempo ele foi ganhando a minha confiança e logo viramos super amigos. Cinco meses depois consegui contar para ele e para dona Helena o que havia acontecido comigo. Eles ficaram horrorizados com o que contei.
- Que desgraçado! -- Falou dona Helena. Nunca vi ela com tanta raiva. -- Eu juro que nunca mais você vai passar por isso. Eu não vou deixar ninguém te fazer nenhum mal. Você é minha filha. Vou protege-la.
E ela cumpriu com a promessa dela. Nunca deixou que ninguém me fizesse nenhum mal. E o Fabinho sempre esteve comigo. Acho que se o Fabinho não fosse gay nós acabaríamos casados.
Quando chegamos ao Brasil já era de madrugada. Entramos no carro que o Fabinho tinha alugado e seguimos para a minha mais nova casa. O Fabinho conversava animadamente comigo quando um carro invadiu a nossa pista vindo da contramão e chocou de leve com o nosso carro. Tinha três pessoas completamente bêbadas. A motorista era uma garota muito arrogante, com um arzinho de superioridade que me deixou irritada.
- Dinheiro não é problema! -- Foi o que ela me disse. Pelo visto era uma patricinha mimada que fazia tudo o que queria e não recebia nenhuma punição. Ainda bem que eu e o Fabinho não nos machucamos. Isso que era o mais importante pra mim. O carro dava pra concertar. Eu tinha dinheiro de sobra para isso. Por isso entrei no taxi que o Fabinho eficientemente chamou e fui embora. Eu precisava descansar, pois pela tarde eu passaria na construtora. Agora que a Dona Helena morreu, eu teria que assumir tudo. Eu era a única herdeira da fortuna dela. Porém, isso era o que menos me importava. Se pudesse eu daria toda a fortuna para te-la de volta.
Na construtora correu tudo bem. O Senhor Geraldo é um homem muito gentil. Me tratou de forma simpática e se pôs ao meu dispor. Muito eficiente! Conversei muito com ele e preferi deixar as coisas como estavam. A minha mãe tinha deixado ele no comando. Ela confiava nele e eu também. Pedi para o Fabinho fazer algumas anotações e me despedi do homem simpático. Porém, ele me chamou e perguntou se eu aceitava jantar com a família dele. Pensei em recusar, mas ele sorriu com tanta receptividade que fiquei sem graça de dizer não.
Para fechar com chave de ouro a minha tarde encontrei com a mulher que causou o acidente pela madrugada na saída da construtora. A verdade é que a mulher é arrogante, patricinha, mesquinha, esnobe, mas também é linda e muito chique. O cabelo dourado e os olhos azuis fazem dela uma pessoa no mínimo linda.
No dia do jantar cheguei na casa do Senhor Geraldo um pouco mais das sete e meia da noite. Como sempre eu estava acompanhada do Fabinho. Adentramos na casa, onde fomos apresentados a uma mulher muito bem vestida que o senhor Geraldo apresentou-nos como sua esposa, Beatriz era o nome dela.
- Sejam bem-vindos. -- Disse Beatriz.
- Obrigada.
- Aceitam um café? Uma água?
- Uma água, por favor. -- Respondi. A mulher prontamente se virou e caminhou para a cozinha.
- Sentem- se. Fiquem a vontade. Vou chamar a minha filha. -- Falou Geraldo se retirando da sala e me deixando sozinha com Fabinho.
- Amiga, to até com vergonha de está nesses trajes... -- Ele usava uma blusa branca com uma calça jeans -- Eles são tão chiques.
- Para de graça viado. Você está ótimo.
- Estou mesmo? Jura?
- Juro.
Pra falar a verdade eu também estava me sentindo um pouco desconfortável. Eu não sabia que era um jantar chique. Até então, eu achava que seria algo informal. Acho que me enganei.
- Senhorita?
- Oi. -- Falei me virando para olhar o Geraldo.
- Essa é a minha filha... Marina.
Olhei para a mulher a minha frente e não acreditei no que eu estava vendo. Não olhei para o Fabinho, mas posso jurar que ele estava com a mesma cara abobalhada que eu.
- Então é esse o seu nome?
- Não ouviu o que ele disse? Claro que é.
Vi quando seu Geraldo ficou vermelho e fuzilou a filha com os olhos.
- Vocês já se conhecem? -- Perguntou senhor Geraldo.
- Sim. Sofremos um acidente quando desembarcamos. O carro da sua filha chocou com o nosso. -- Soltou Fabinho. Agora foi a minha vez de fuzila-lo com os olhos. Ele tinha que abrir a boca, ne? A língua não cabe na boca.
Geraldo parecia que iria voar no pescoço de Marina a qualquer instante. Ficou uma situação muito incômoda.
- Mas não foi nada demais, não é mesmo Marina? Felizmente estamos todos vivos. -- Falei e dei um meio sorriso. -- É um prazer conhece-la. Me chamo Maria Clara de Almeida Bertolazzo.
- O prazer é todo meu. -- Sorriu cinicamente.
Durante o jantar correu tudo bem. Só falávamos sobre trabalho. Vocês não imaginam como eu estava entediada. Dei graças a Deus quando eu cruzei a porta e fui embora.
- Amiga não me leve a mal... Mas esse jantar foi um saco.
- Também achei um saco e o pior que ainda virão muitos outros jantares chatos.
- Nem me fala... Você reparou como a filha deles fez questão de nos provocar o tempo inteiro?
- Sim. E gostei muito.
- O que? Sério? Por que?
- Porque se fosse outra pessoa que estivesse no lugar dela e visse que eu era a chefe do pai com certeza faria aquela famosa puxação de saco. Mas ela não... Manteve sua antipatia por nós sem qualquer constrangimento.
- Verdade. Pensando por esse lado. Podemos dizer que ela é uma pessoa de personalidade. É antipática, mas é verdadeira. E se não fosse pelas provocações dela eu teria dormido naquela mesa.
- Eu também. (risos)
- Mas não é só isso... Olha pra mim. Você ta afim dela!
- Não mesmo!
- Clara, esqueceu que te conheço? A mim você não engana.
- Você ta louco!
- Você que ta louca. Louca pra pegar a Marina.
- Você bebeu muito vinho nesse jantar... Não ta falando coisa com coisa.
Essa bicha tem cada idéia. Imaginem se eu iria querer alguma coisa com aquela mulherzinha fútil, filhinha de papai, esnobe, elegante, linda, deliciosa... Ai meu Deus o que está acontecendo comigo?!!