Continuação...
-Não... Vc não vai morrer Lúcia, e eu não posso ter nada com ela...
-Eu te desejo... Tudo de... Bom, e... Uma vida... Feliz... -Eu vi Lúcia dizer suas últimas palavras, antes de fechar os olhos e os aparelhos apitarem, como que me comunicando o que eu não queria saber.
-Lúcia! -Gritei dolorosamente, ao ver o cadáver que a pouco falara comigo.
Os médicos chegaram com aparelhos de choque e me expulsaram dalí. Algo me dizia que Lúcia não mais voltaria pra mim.
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-Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo... Amém... -Essas foram as últimas palavras do padre, antes do caixão de Lúcia ser fechado pra sempre. Eu era toda lágrimas e seus pais, que por esse motivo tão infeliz eu conheci, também.
-Serafine? -Senti alguém tocar meu ombro e me virei.
-Luíza... -Ainda chorando, a abracei.
-Eu sinto muito. -Falou em meu ouvido, em um tom penoso.
Eu me soltei do abraço e fui até o caixão já fechado, antes que este fosse enterrado.
-Eu amo vc... Pra sempre... -Falei beijando a madeira fria do caixão. Essas palavras eram verdade.
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Logo após o caixão sumir debaixo da terra, fui embora. Eu não vi mais Luíza no cemitério e não quis procurá-la.
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O tempo se passava e minha dor ainda era muito grande. De alguma forma, me sentia culpada pela morte de Lúcia, embora guardasse boas lembranças dela.
Luíza não mais me procurou e eu acreditava que ela já devia ter outra pessoa, afinal, era linda e rica. Mas não me importava, pois eu ainda amava Lúcia. Ela ainda vivia em mim...
Eu ainda morava na casa de Lúcia, que agora me pertencia. Havia arranjado um emprego em uma lanchonete e minha vida seguia aparentemente normal, seis meses após a grande tragédia.
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Eu estava na lanchonete em que trabalhava, fazendo tudo como de costume. Passava entre as mesas e anotava os pedidos, de cabeça baixa, evitando olhar para as pessoas.
-Serafine? -Ouvi aquela voz e extremeci, antes de virar pra trás e a ver.
-Lu... Luíza? -Gaguejei.
-Eu não sabia que... Vc trabalhava aqui? -Disse sorrindo.
-É... -Eu baixei a cabeça com vergonha, estava mal-vestida e meus olhos viviam inchados pelo choro noturno.
-Tá tudo bem com vc? -Se aproximou, me encarando.
-Sim... Vc já fez seu pedido? -Perguntei como forma de fugir dela, que me deixava inquieta.
-Não... -Eu a interrompi, antes que podesse falar mais.
-E o que gostaria? -Lhe perguntei ja puxando do bolso do avental, meu bloco de anotações.
-Eu gostaria de conversar com vc. Será que poderia sentar-se comigo? -Perguntou educadamente.
-Agora eu não posso... -Falei ainda com o bloco em mãos.
-Posso ir na sua casa a noite? -Perguntou, insistente.
A olhei um pouco incrédula, mas respondi.
-Sim... As sete.
Ela sorriu.
-Ok. Vou querer um sanduíche e um café preto. -Eu anotei e saí.
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A campainha de casa tocou e logo me lembrei que devia ser Luíza. Sinceramente, não pensei que ela iria.
-Boa noite. -sorriu.
-Boa tarde... Eu disse pra vir as sete. -Falei um pouco irritada. Eu recém havia saído do banho e estava de roupão.
-Desculpa, não pude esperar.
-Entra. Eu vou me vestir e já volto. -Falei saindo e indo ao quarto.
-Tudo bem.
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Estava me vestindo e a vi entrar em meu quarto.
-Sai... Eu pedi pra esperar na sala. -Falei, tentando cobrir meu corpo.
-Eu não posso. Estou com saudades... -E veio em minha direção. Eu a empurrei e me sentando na cama, passei a chorar.
-Me desculpe, eu... -Tentou se desculpar.
-Vai embora, por favor. -Falei chorosa.
-Eu só queria...
-Vc não respeita nem a memória de Lúcia? -Gritei alto.
-Serafine, Lúcia quer que sejamos felizes. -Falou se ajoelhando em minha frente.
-Como vc pode saber? -Perguntei ainda chorando, sem olhá-la.
-É difícil explicar, -Falou me encarando. -mas eu e Lúcia, apesar de não nos darmos bem, éramos gêmeas. A dor ainda é muito grande pra mim... Desde que ela morreu, ela aparece em meus sonhos. -Concluiu com pesar.
-E o que ela faz? -Perguntei interessada.
-Ela me diz... -Ela parou, limpando suas lágrimas que agora caíam livremente.
-O quê? -Perguntei a olhando.
-Pra cuidar bem de vc...
Continua...
Galera, reta final do conto, por isso comentem que volto mais cedo ;)