Galera, houve um probleminha no meu último capítulo deste texto, o site de vez em quando faz isso. Cá está o link se você não tiver visto ainda : //zaberemenet-devochkoi.ru/camillaclarkgallery/texto/Cap.11
Sim, era ele. Depois de tudo o que houve, ele voltou atrás e veio falar comigo. Eu não sabia, o porquê, mas ele veio.
-Elias ? O que você quer comigo ?
-Queria saber o que você acha desse raio-x – falou ele, entregando mim o exame. Eu olhei contra a luz durante alguns segundos...
-Esse vai ter que colocar alguns pinos, aqui e aqui – falei, apontando.
-É, eu também imaginei – devolvi o exame a ele, o olhei nos olhos, me virei e continuei a tomar o meu café.
-Você gostaria de sair comigo ?
-Sair ? - virei e o encarei. Desta vez eu não o entendi – mas sair porquê ? Depois do que você fez comigo eu achei que não queria mais me ver...
-É justamente sobre isso tá bom ? Eu conversei com a minha mãe e pensei um pouco e, percebi que ela tem razão. Eu não podia ter te batido daquela forma. É por isso que queria que a gente saísse. Sei lá, vamos para uma praia tomar uma água de cocô e conversar um pouco – olhei para ele ligeiramente desconfiado. O Elias não costumava voltar atrás nas suas decisões, e foi aquilo que mais me intrigou.
-Tem certeza que você quer sair comigo por isso ?
-Tenho... Olha Renato, você é meu melhor amigo. Nunca me traiu, nunca me deu motivos para desconfiar da sua amizade... Eu não quero perder um amigo como você. Eu acho que posso mudar um pouco os meus pensamentos... - olhei para ele e sorri.
-Tudo bem Elias. A gente pode sair. Que tal hoje a noite, a gente não tem plantão. Vamos jantar em algum restaurante.
-Ok, tá marcado... - ele também sorriu, deu a volta me olhando e acabou dando de cara com a parede.
-Elias !?
-É que... Eu não vi – ri novamente, e então vi ele sair de uma vez da sala.
TEMPO DEPOIS
Passei todo o meu atendimento me perguntando o porquê dele ter feito aquilo. Eu nunca imaginei que ele fosse voltar atrás. Imaginei que como a maioria dos intolerantes ele fosse querer ficar longe de mim, me olhar de canto, me odiar e ficar me provocando pelos cantos até eu explodir. Mas não, ele me chamou para sair. Eu não tava conseguindo entender o motivo daquilo.
-Doutor ?
-Ah... Desculpa... Eu estava pensando qual é o melhor medicamento para o seu caso... - falei, receitando o medicamento com um sorriso no rosto.
Existem algumas pessoas que de certo não entendem como funcionam o amor. Acham que o fato de você gostar de algo mesmo que essa pessoa te odeie é uma humilhação. Mal eles sabem que o amor é a melhor arma contra o ódio.
NARRADO POR ELIAS
Eu mesmo não sei porquê fiz aquilo na hora. Foi mais impulso. Parecia que tinha algo dizendo para eu fazer aquilo. Não vou negar, eu estava sentindo falta dele. Ele era o meu melhor amigo, meu maior conselheiro na profissão, meu companheiro em quase tudo. Fora que sabia a maioria dos meus segredos. Uma amizade assim não pode ser estragada. Não vou negar, eu nunca me dei bem com essa coisa da homossexualidade. Mas eu acho que por um motivo maior, não perder um amigo, eu posso mudar o meu pensamento.
-Doutor, é de 12 em 12 horas esse remédio ? - a paciente me tirava do transe
-Isso, de 12 em 12 por 7 dias. Caso os sintomas persistam retorne aqui.
-Ok, obrigado... - a única coisa que eu não entendia realmente é porquê fazer aquilo. Eu não sei se faria aquilo por outra pessoa. Parecia que era só porque era ele, e eu não entendia o porquê.
TEMPO MAIS TARDE
Passei o dia todo pensando aquilo. E durante o meu horário de descanso, logo após sair do plantão, tive um sonho estranho. E que me deixou nervoso.
“Estava dentro do meu banheiro. Como não sabia o que estava fazendo ali, sai do quarto. De repente então, me deparo com uma cena que me deixou enraivecido. Renato e um homem estavam aos beijos na minha cama.
-Ei, que negócio é esse aqui ? - só que eu não conseguia ver o rosto do tal homem. Só quando me aproximei é que percebi que era eu. E que eu não conseguia interferir. Minha mão transpassava o corpo dele. Aquilo me assustou. Eu me afastei, porém continuei olhando. O meu eu fantasma parecia gostar muito daquilo, parecia querer mais !”
E então eu acordei, afoitamente e sem ar. Respirei fundo, começei a me recuperar. E foi quando percebi que estava excitado. O que estava acontecendo comigo ?
HORAS DEPOIS
NARRADO POR RENATO
Me arrumei para o jantar com ele. Vesti uma camisa branca long line que eu gostava, uma calça preta, um sapato, alguns acessários. Ajeitei o meu cabelo e fiquei esperando. Logo ouvi batidas na porta. Quando abri, era ele.
-Oi – disse eu
-Oi - ele respondeu – podemos ir ?
-Podemos, claro...
Durante o nosso trajeto no carro, percebi que ele estava estranho...
-O que foi Elias ? Você está tão calado...
-Não... Nada... Uns pacientes que estão me deixando preocupados...
-Só isso ?
-Só isso sim...
-Se quiser minha ajuda é só pedir...
-Ok...
MINUTOS DEPOIS
Já no restaurante, nós dois finalizavamos os pedidos.
-Você trás esse vinho – disse eu – já bebi e é ótimo..
-Ok senhor – logo o garçom se foi, e então eu olhei para ele – e então... - ele voltou a me olhar
-Eu queria te pedir desculpas... Por ter te batido daquela forma, eu não sou agressivo, você sabe disso... E eu te considero muito, não devia ter feito aquilo. Eu agi por impulso, estava impressionado com aquilo que aconteceu, eu não sabia como reagir...
-Tudo bem. As suas desculpas estão aceitas Elias. Sabes que eu não guardo rancor de nada...
-Sei... Queria saber de uma coisa...
-O que ?
-Como foi que você descobriu que era gay ?
Continua
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