Barão - Rapaz! ( chamou ele antes que eu passasse pela porta, totalmente).
Arthur - senhor?
Barão - Já ia esquecendo. Esse cheque pediram para que eu lhe repassasse. (O homem tirou um cheque de dentro do terno, e colocou em minhas mãos).
Arthur - Mas... Esse cheque é de que? Quem mandou?
Barão - Do que se trata eu não sei, mas quem pediu que eu o entregasse foi o Loupan.
Arthur - quem?
Barão - Você não o conhece? - Como alguém manda um cheque a você nesse valor sem ao menos lhe conhecer?
Arthur - Ah... Lembrei quem é. Foi a manutenção de um computador que eu fiz para ele. (falei tentando evitar qualquer mal entendido, mas eu não fazia a menor ideia quem era esse tal de ''Loupan").
Barão - Manutenção meio cara não? - Mas não iremos entrar em discursão sobre preços. Se ele te deu esse valor é porque você mereceu.
Nessa hora o telefone do Barão tocou, e eu aproveitei para sair da sala.
Ia passando pela porta quando voltei e troquei algumas palavras com a secretaria do barão.
- Moça. (disse eu).
- Pois não? (disse ela muito simpática).
Arthur - Tira uma duvida minha. Você sabe quem é Loupan?
- Sim, mas não tenho intimidade com ele.
Arthur - entendo. E quem é ele? - O barão, quer dizer o Sr Nicolas pediu que eu entregasse esse cheque pra ele.
- Ele desceu está com um tempo, se você correr ainda o alcança no estacionamento.
Arthur - Pois é, mas eu não sei nem como ele é.
- A sim, entendi. Você viu que tinham dois homens na sala do Nícolas neh!?
Arthur - sim.
- Pois é, o Loupan era aquele moreno de terno preto.
Arthur - hum. Já sei quem é.
Saí correndo da sala, e esqueci de agradecer a moça pelas informações. Peguei o elevador central, e pouco tempo já estava no estacionamento.
- Vários carros, varias pessoas. E agora aonde ta aquele cara? (falei pra mim mesmo).
Dei um giro em um ângulo de 360º e não vi ninguém com a aparência da pessoa que estava na sala no barão.
- Droga. (xinguei alto, fazendo algumas pessoas me notarem).
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- Que demora hen!? - Deu tudo certo? (questionou Ben assim que voltei ao almoxarifado).
- Hey. Tou falando contigo. (Ben chamou-me duas vezes para eu poder lhe dar atenção).
Arthur - o que disse? - Eu não entendi.
Ben - ta viajando hen!? - Perguntei se deu tudo certo la no barão?
Arthur - Ah sim. Deu tudo certo.
Ben - que bom cara. Ganhando pontos com o chefe.
Benjamin riu. Eu fiquei sério.
- E esse dinheiro, quando é que vamos estourar? (perguntou ele me fitando).
Arthur - o dinheiro do serviço?
Bem - não. Refiro-me ao dinheiro pelo quase serviço.
Arthur - Não entendi.
Ben - Tu é lento demais Arthur. Tou falando do cheque que tu ganhou po.
Arthur - Como tu sabe disso?
Ben - ai Arthuzinho, tu tem que ser mais ligado. (disse ele sarcástico). Eu que consegui a jogada pra tu po. Eu que disse pra o cara que tu merecia essa grana.
Arthur - eu não quero. Me diz aonde encontrar esse cara que eu vou devolver esse cheque a ele.
Ben - Nada disso. Essa grana é tua.
Arthur - Eu não fiz nada por isso.
Ben - Não importa. Grana é grana.
Arthur - quem é o cara?
Ben - pra que tu quer saber? - Vai atender ele?
Arthur - deixa de ser babaca po. Eu quero só saber quem é. O cara vem aqui, me deixa um cheque no valor de mil reais, sem nem ao menos conhece-lo... E tem mais, ele deixou esse cheque com o barão, o que ele vai pensar de mim?
Ben - não tem nada pra pensar, apenas que você recebeu um cheque no valor de mil reais e pronto. É ele quem paga teu salário pra tu ta preocupado desse jeito?
Arthur - é! (respondi rapidamente).
Nós rimos.
Ben - cara, larga a mão de ser besta. Ele não te deu a grana? - Então aproveita po.
Peguei o cheque com as duas mãos, e meus olhos brilharam.
Nunca havia ganhado tanto dinheiro. Olhei para o Ben, e seus olhos diziam para que eu usa-se aquele dinheiro.
Coloquei o cheque no bolso, e voltei a meu serviço.
- sabia que você era um cara inteligente. (disse Ben me dando leves tapinhas nas costas).
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- E aí quer dar uma volta?
Arthur - não, não. Hoje eu tenho treino.
- então te deixo em casa. (disse Ben já dentro de seu carro).
Arthur - mas é longe.
Ben - não tem problema, tou com a noite livre.
Arthur - mas você não vai me levar a nenhum outro clube, vai?
Ben sorriu.
Ben - juro que vou te deixar em casa.
Entrei na porta do carona.
Ben - ta com frio?
Arthur - não. Tranquilo.
Ben - Arthur, sei que é um assunto chato, mas queria conversar contigo. (disse ele dando partida no carro, enquanto eu colocava o cinto de segurança).
Arthur - então fala po.
Ben - é sobre o cheque que tu ganhou.
Arthur - o que tem ele?
Ben - Você já imaginou o valor que ganharia se topasse entrar no esquema? - não precisa nem ser muito, mas duas vezes por semana você já ganharia mais do que trabalhando na empresa uns seis meses.
Arthur - o dinheiro é bom sim cara, mas eu não quero isso pra mim não.
Ben - isso não é crime cara.
Arthur -eu sei que não. Mas eu não pretendo entrar nessa vida. O pouco que eu vou ganhar na empresa, vai da pra cobrir minhas despesas.
Ben - tem certeza?
Arthur - absoluta.
Ben - se você ta falando. (Ben deu de ombros).
Ben me deixou em casa, e depois disso retornou.
xxxXXX
- Oi Filho. (disse minha mãe).
Arthur - Oi mãe. Tou morto.
Joana - no inicio é assim mesmo. Depois acostuma.
Arthur - hum! - Sei.
Joana - é sério. (disse minha mãe sorrindo). - É assim com todos.
Arthur - eu espero me acostumar logo então. Tem comida pronta?
Joana - fiz salpicão.
Arthur - uia. Sério?
Joana - sim.
Arthur - então vou só tomar um banho, e desço pra comer.
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Tirei minha roupa, e entrei no chuveiro.
- mil reais. (pensei)
Comecei a rir sozinho.
- Vou comprar um kimono novo, e trocar meu suplemento que já acabou.
As águas caiam em meu corpo, e eu ficara imaginando em como gastar aquele dinheiro. Coisa que não seria difícil.
xxXXXX
- Tou indo treinar mãe. (disse assim que terminei o jantar).
Joana - com esse tempo?
Arthur - volto antes da chuva.
Joana - Não Arthur, fica em casa, vamos assistir um filme. Não gosto quando tu sai com o tempo fechado.
Arthur - não vai acontecer nada mãe. Eu volto logo.
Despedi-me de minha mãe, e fui ate a academia puxar uns ferros.
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Daniel - olha a hora Arthur. Esta chegando cada vez mais tarde.
Arthur - desculpa a demora professor, é que cheguei cansado, e acabei demorando demais no banho.
Daniel - tem que se policiar cara, se não todo o sacrifício que tu teve ate agora, não vai valer de nada.
Arthur - Vou seguir seus conselhos mestre.
Daniel - Vamos dar uma alongada, e depois uma aquecida na esteira.
Arthur - beleza.
Fiz meu alongamento junto com o professor Daniel, e em seguida corri dez minutos na esteira.
- Tou morto. (Pensei eu, assim que terminei).
- Arthur. (chamou Daniel).
Arthur - senhor?
Daniel - fiz treino novo pra você.
Arthur - beleza mestre.
Daniel - mas preciso que você se dedique, dê o máximo.
Arthur - pode deixar que vou fazer isso.
Daniel me motivou como pode, e me auxiliou durante todo o treino. Depois de uma hora e quinze minutos, eu terminei meu treinamento, me sentindo exausto. Sentei em um colchonete, e sequei o suor da testa.
Daniel - gostei de ver. É assim que eu quero.
Eu apenas balancei a cabeça.
Daniel - quer tentar uma submission?
Arthur - quero sim. Vou so colocar meu kimono, e já volto.
Daniel - te espero no tatame.
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Já eram umas 22 horas quando me despedi de Daniel e saí da academia. Sentia-me cansado, mas motivado. Quando comprasse meu suplemento, meu treinamento iria render ainda mais.
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Cumprimentei alguns amigos que via pela rua, enquanto eu caminhava para minha casa.
Tirei o cheque da carteira, e mais uma vez fiquei o encarando.
Começou a serenar, e eu voltei com o cheque para a carteira, e guardei ela dentro de minha cueca.
Aumentei a passada para me livrar do sereno, e quando a chuva engrossou eu comecei a correr. Um pouco mais a frente, havia um carro parado, com as lanternas traseiras piscando.
Diminuí o volume da corrida, e ao me aproximar, percebi que havia um homem colocando um triangulo indicando que o carro havia apresentado defeito.
Arthur - Barão?
Barão - oi. (Disse ele virando em minha direção, mas sem tirar a atenção no serviço).
- Sou o Arthur, hoje cedo lhe ajudei com o computador. Lembra de mim?
Barão - Sim. O que faz por essa região?
Arthur - eu moro aqui pertinho, estou vindo da academia. O senhor precisa de ajuda?
Barão - Entende de motor?
Arthur - Não senhor.
Barão - Então não tem como me ajudar.
Arthur - e o que o senhor vai fazer já que ta chovendo muito?
Barão - já entrei em contato com o seguro, dentro de alguns minutos, ou algumas horas eles pintão por aqui.
Arthur - se o sr quiser eu posso ficar aqui para o senhor não ficar só.
Barão - Não precisa. Seus pais devem estar preocupados.
Arthur - Minha mãe na realidade, mas não tem problema não. Eu posso ficar com o senhor.
Barão - Então vamos entrar no carro, antes de contrairmos um resfriado.
Barão entrou pela porta do motorista, e eu pela do carona.
A chuva caia forte. Meu kimono estava pesando devido ao molhado. O terno do barão também estava encharcado.
Arthur - meu kimono vai molhar o seu carro.
Barão - não tem problema, o banco é de couro.
Esfreguei uma mão na outra, tentando esquentar. pois começava a fazer frio.
O barão passou as mãos por cima da minhas coxas, eu me arrepiei por completo.
Por um momento eu achei que ele fosse me acariciar, mas suas mãos passaram direto, e ele abriu o porta luvas, tirando de dentro um jogo de baralho.
- podemos? (perguntou ele levantando os baralhos).
Arthur - claro. (falei com os dentes batendo um no outro).
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Já estávamos na terceira partida, e nada de chegar alguém para resolver o problema do motor.
O barão havia ganhado duas, e eu uma.
- Bati. (gritei me gabando).
- Não é possível. Você esta roubando! (disse ele em tom de brincadeira).
Arthur - quando o cara é bom não precisa roubar. (falei sorrindo).
Barão - e essa carta aqui escondida?
Arthur - qual carta?
Barão- essa aqui!
Barão começou a passar a mão por dentro da parte superior do meu kimono. Aquilo estava me fazendo cocegas.
Arthur - para. (dizia eu rindo). - Aí não tem carta nenhuma.
Barão - e seu eu achar? ( O barão também sorria).
Arthur - não vai achar, porque não tem nada aí.
O barão deixou de procurar por cartas, e aumentou a intensidade das cocegas.
Do nada nossos corpos se aproximaram, e minha boca se aproximou da do barão. Eu entendi que ali rolaria um beijo, então resolvi dar uma forcinha: Abocanhei a boca do barão.
Barão - o que você pensa que esta fazendo? (disse ele me empurrando para longe de sua boca).
Eu fiquei calado olhando para o chão do carro.
Barão - eu fiz uma pergunta.
Arthur - eu achei que o senhor quisesse me beijar. (falei baixo).
Barão - desce do carro.
Arthur - desculpa, eu não fiz por mal.
Barão - mandei descer do carro. ( ele gritou, e ao mesmo tempo abriu a porta).
Olhei para o barão, e ele me indicou o caminho da rua, e da chuva também.
Desci do carro, e saí caminhando sem olhar pra trás.
Continua...