* * * Desculpe pessoal, cometi um erro, este conto era para ter sido postado após o "Noite de Terror" * * *
Meu celular tocou naquela tarde de sábado e o número em destaque era o da minha casa. Como deduzi era o meu avô, comunicou que estava me esperando para esclarecer tudo o que ouviu de outras pessoas e também havia visualizado no Smartphone de um amigo.
Menti que estava trabalhando naquele instante e iria cedinho para Brotas no dia seguinte (domingo) para conversar com ele.
— Trabalhando de quê? DE PUTA? — gritou cheio de raiva.
Havia imaginado nas últimas horas quantas vezes ouviria isso doravante dito só com o intuito de me ofenderem, porém não imaginei que doeria tanto vindo de uma pessoa a qual eu amava tanto.
Com a voz embargada pelo choro, mal consegui responder sobre meu trabalho de promotora em uma feira. Ele incorporou novamente o coronel e, apesar de estar aposentado, nunca deixou de ser o policial autoritário. Exigiu minha volta imediata para casa. Concluiu apelando para o meu lado sentimental.
— Sua avó está passando mal com tudo isso, vou levá-la ao posto de saúde. — Desligou em seguida.
Engano meu ao imaginar que a repercussão ficaria limitada ao blog do cara, a reportagem com detalhes saiu no jornal impresso da cidade e também no portal G1, "Miséria pouca é bobagem" como diz o ditado.
Praticamente não dormi naquela noite. Na manhã seguinte sai cedinho de Campinas e fui de carro fretado, queria evitar cruzar com conhecidos. Cheguei à casa dos meus avós pouco depois das 8h daquela manhã de domingo e, apesar do sol e céu azul, parecia mais uma segunda-feira cinza, fria e chuvosa. Ao descer do carro senti-me como se tivesse três metros de altura e com a sensação de ter centenas de olhos me observando por frestas de janelas.
Minha avó estava sentada no sofá da sala e não conteve o choro ao me ver, contudo, ao contrário de outros momentos difíceis em minha vida, não recebi seu abraço e nem a sua benção. Meu avô estava sentado ao lado da mesinha do telefone, seu olhar era um misto de tristeza e decepção.
Nossa conversa começou difícil, cheia de tristezas e tiveram seus momentos de tensão, um deles foi quando recusei sua oferta de bancar minha moradia, estudos e tudo mais que eu necessitasse, sob a condição de deixar de ser PUTA (deu ênfase na palavra) e ir morar em outra cidade. Expliquei não ter motivos para me esconder, pois ganhava a vida honestamente como várias outras pessoas, apenas trabalhava usando o meu corpo, e havia escolhido este ofício porque o sexo me dava prazer e não apenas pelo dinheiro.
Pela primeira vez na vida ele me esbofetearia, não fosse a intervenção da minha avó, ela deteve seu braço já erguido e pronto para a agressão.
Após se acalmar um pouco, meu avô disse ter conversado com minha mãe antes da minha chegada e pediu para ela vir me buscar, pois sou responsabilidade dela, como também lembrou sobre eu ter menos de 21 anos e ainda não era dona do meu nariz.
Não voltaria com minha mãe para São Caetano, informei em tom categórico, estava saindo de casa e iria me virar sozinha. Continuamos discutindo enquanto eu arrumava as coisas que levaria. Minha avó só chorava e dava conselhos para eu deixar esta vida, pois logo não seria mais jovem e bonita e iria me arrepender de tudo. Meu avô quis impedir minha saída antes que minha mãe chega-se, o convenci do quanto era inútil a tentativa, pois estava determinada a seguir meu caminho sozinha e fugiria se fosse preciso.
Antes de sair liguei para mamãe e a conversa não foi diferente da travada com meu avô minutos antes, ela também me chamou de puta… Bom, não tinha mais nada a dizer, também não tinha mais nada a fazer naquela casa ou na outra (a da minha mãe). Falei para ela não vir, pois já estava de saída e seguiria o caminho que escolhi.
Agradeci e me despedi dela por telefone. Após desligar fiz os mesmos agradecimentos aos meus avós; gratidão por terem cuidado de mim até aquele momento e que os amava do fundo do meu coração. Os minutos seguintes foi do adeus derradeiro, lágrimas e o abraço carinhoso da minha avó. Meu avô virou as costas quando quis abraçá-lo, porém, antes notei seus olhos marejados.
***
Já ouvi inúmeros relatos sobre garotas de famílias "socialmente corretas" que optaram pela prostituição, ainda não conheço nenhum caso sobre terem sido apoiadas pelos entes queridos. Como eu supus desde o princípio, meu caso também não foi diferente, eu era a puta da família e todos queriam que mantivesse distância ou sumisse, de preferência.
Voltei para Campinas e não fiquei me lamentando sobre infortúnios e nem permaneci reclusa naquele quarto, a vida sempre segue em frente e cuidei da minha, mesmo estando temporariamente fragilizada. A primeira providência naquele momento foi ficar muito gata, ir a uma balada e divertir-me sem pensar em nada. Começaria o primeiro dia da minha vida nova somente na manhã seguinte.
Escolhi uma casa noturna onde não costuma rolar lances de programas, já tinha problemas demais e não arrumaria uma confusão por invasão de espaço de trabalho, só queria dançar e beber. Adoro boates, não consigo ficar parada com as batidas da música agitada. Os drinques deliciosos e o cheiro de pecado mexem comigo. Passada uma hora naquela balada e, após dispensar meu companheiro de dança que se tornou inconveniente, fui ao bar pegar outra bebida e trombei com um simpático solitário, trintão e tristonho. Pelo jeito o dia dele também não fora dos melhores, nem me deu bola… Ah! Imagine se eu engoliria uma desfeita dessa, jamais. Puxei conversa e o deixei mais animado, pelo visto ele estava apenas esperando alguém o perceber e tomar a iniciativa. Depois de vários goles consegui arrastar o tristonho para dançar comigo.
Foram algumas idas e vindas da pista de dança ao bar e pouco mais tarde o porre dele era maior que o meu, então combinamos de terminar a noite em outro lugar mais sossegado. Partimos pra sua casa, era próximo dali, iríamos caminhando, ou melhor, nos arrastando. Ele sussurrou algo, tropeçando nas palavras, quando paramos defronte a um portão. Deu para entender que era para evitarmos ao máximo fazer barulho, ou acordaríamos sua família. Eu estava muito alegrinha, além de ver tudo dobrado, porém me comportei.
— Sussa, fico quietinha, prometo.
Levou-me para um quartinho na área de serviço, nem liguei para a simplicidade das acomodações, pois estava na fissura por sexo e querendo esquecer tantos momentos de tensão vividos naquele final de semana. Dei toda minha atenção ao que interessava, no caso o homem. Arranquei sua roupa o assustando com minha voracidade, após o deixar pelado da cintura para baixo fiz meu parceiro se contorcer entre gemidos, que ele tentava conter, dando-lhe chupadas, engolidas e fodendo com seu pau em minha boca como se fosse a minha vagina. Controlei para não o deixar gozar, queria aproveitar toda rigidez do seu membro e cavalgar sobre ele.
A cena daquele homem deitado de pênis ereto estava me consumindo com a vontade de senti-lo em mim, não perdi tempo tirando o vestido, tirei apenas a calcinha e apesar da quantidade de bebida ingerida, ainda tive o bom senso de revestir seu sexo com um preservativo que sempre trago na bolsa, só depois sentei sobre ele o deixando deslizar para dentro da minha grutinha… Ahh! O tempo deveria parar nesta hora, são impagáveis os segundos de prazer quando um membro firme adentra alargando meu sexo e invadindo meu interior.
Nem a mistura de odores de produtos de limpeza daquele quartinho e o calor sufocante por falta de ventilação diminuíram a sensação de prazer daquela transa. Ele segurou em minhas nádegas indo e vindo dentro de mim com os movimentos do seu quadril e fazendo meu tesão ir a milhão. Quis gemer alto, gritar e falar palavrões, porém, mesmo alcoolizada lembrei-me das recomendações para não fazer barulho. No momento do clímax foi impossível não gemer alto… Deuuus! Que foda gostosa. Deitei sobre ele esfregando nossas roupas suadas e enfiei a cara no travesseiro urrando como uma fera demoníaca em um orgasmo sem fim.
A cama parou de tremer, fiquei acabada e no estado em que estávamos não tínhamos condições de nos pegarmos outra vez naquela noite. O homem apagou, eu também, e ainda deitada sobre ele naquela cama minúscula.
Só acordamos quando começou a amanhecer, e graças a um sábia que resolveu bancar o despertador assoviando alto em algum lugar no terreno ao lado.
Gente! Só então o doido, apavorado e sóbrio (ou quase), disse que era casado e morava naquela casa com a mulher e a filha. Quando ele disse família ao chegarmos na sua residência horas antes, pensei em pai, mãe e irmãos, nem de longe imaginei mulher e filhos. O cara havia brigado com a esposa e saiu a esmo durante a noite e entrou na boate para beber e esquecer seus problemas com a mulher.
Enfim, era prudente eu sair de fininho antes de ser vista pela dona da pensão ou a filha de oito anos. Meu vestido estava todo amarrotado e meus cabelos parecendo uma vassoura velha. Vesti a calcinha e o acompanhei furtivamente com meus sapatos na mão nos esgueirando pelo corredor até chegarmos ao portão. Enquanto colocava o calçado ele sussurrou perguntando como me encontraria novamente, falei para ele continuar frequentando a boate, eu apareceria por lá uma noite dessas qualquer.
Caminhei sorrindo pela calçada e pensando: "se o primeiro dia do meu voo livre começou assim, cheio de emoção, imagine o que virá a seguir".
Continua…
Caso não tenha lido o “Primeiro Programa” (é o conto que inicia esta série)
O segundo "Noiva de Mentirinha"
O terceiro "Ficha Rosa"
O quarto "Pausa para Namorar"
O quinto "Jogos Sexuais – Noite de terror"
Após este, "Profissão Puta", seguem os contos:
"Cantinho dos Prazeres"
"Bacanal Beneficente"
"Encontros e Desencontros"
"Adestrando um Cavalo"
"Cadelinha de Madame"
"Sereia do Rio"
"Hominho por uma Noite"
"Ao seu Lado"
"Bilhete Premiado"