[...] Fiz o que qualquer pessoa faria:
- Gabrieel, espera... – gritei eu pedindo na direção dele que me olhou estranho, mas segurou a porta do elevador. – Obrigado” – agradeci ofegante – imagina só ter que esperar o elevador subir os 15 andares e depois descer os 15 andares de novo, nossa eu chegaria lá só amanhã.
- Cara, você não respira pra falar? Gente normal faz isso... sobre o elevador, todos tivemos que esperar, por que com você seria diferente? – fiquei espantado e envergonhado, eu só queria me enturmar – quer dizer, não foi nada – disse ele visivelmente constrangido pelo que acabara de me dizer.
- Tanto faz – eu disse forçando um sorriso amarelo.
Chegamos ao nosso andar, saímos em direção à porta e eu na intenção de lhe retribuir o favor com o elevador, abri a porta e permiti sua passagem. Ele nada disse, apenas acenou com a cabeça e continuou rumo à sua mesa. Sim, trabalhavam outras pessoas naquela sala gigantesca, mas eu não acho que preciso fazer menção a elas diretamente. Em algum momento devem aparecer como coadjuvantes desta narrativa.
Conforme orientações do dia anterior, me sentei junto ao Gabriel e tentei evitar ao máximo ter pensamentos eróticos com aquele homem de coxas fortes, peitoral largo, braços firmes e terrivelmente convidativos, sem falar daquela boca que parecia estar em slow motion de propósito. Pronto! Já não deu mais certo. Af, preciso parar com isso.
Em determinado momento precisei me aproximar da tela para ver algo que estava embaçado. Na verdade já estava na hora de trocar meus óculos, porque os graus já deviam ter aumentado. Mais um gasto... enfim, me aproximei da tela ficando com o rosto na altura de seu ombro. Fiquei um tempo curto concentrado lendo o que dizia aquele contrato. Só percebi o que estava fazendo quando, ao olhar de esguelha, vi Gabriel com o olhar fixado nos meus movimentos e ele nem percebia que fazia isso. Sabe aquelas cenas de filme em que a pessoa congela observando outra? Foi tipo isso.
- Então, quer dizer que a execução é diferente por que tem um bem dado em garantia?! - claro que eu sabia disso... já tinha visto na faculdade, mas precisava fugir daquela cena constrangedora.
Ele meio que acordou e, desajeitado, pigarreou, desviou o olhar e respondeu que era isso mesmo. Os segundos que se passaram foram meio estranhos, até que Juliano, amigo do Gabriel, apareceu o chamando para lanchar...
- Pô brother, tô com uma fome do caralho... bora dar uma chegada ali no Café.
Gabriel perguntou se eu queria ir junto, mas sabia que ele só estava sendo educado. Agradeci o convite dizendo que estava sem fome e que aproveitaria o momento para resolver umas pendências no administrativo. Ele me pediu licença e foi com Juliano. Sentei no que seria meu lugar e me pus a organizar alguns papéis, os calendários e aproveitei para limpar a mesa. 15 minutos depois eles voltaram e Gabriel disse que podíamos continuar.
Aquelas "aulas" demonstrativas já tinha dado o que tinham que dar e tanto eu quanto ele estávamos desconfortáveis fazendo aquilo. Faltando meia hora para ir embora, olhei todo o desenvolvimento daqueles 2 dias e falei:
- Olha, Gabriel, acredito que isso seja suficiente; além do mais se eu tiver alguma duvida posso perguntar a você ou a qualquer dos colegas.
Ele parou um pouco, pensou e por fim disse que tudo bem, que já tinha me passado 80% do que eu deveria saber e que dali em diante era comigo. Agradeci por sua solicitude em recepcionar e treinar, saí de sua mesa rumo a minha. 5 minutos depois disso tudo, ele se levantou, colocou seus óculos escuros, passou por mim e saiu em direção ao elevador sem ao menos se despedir. Não era como se fossemos amigos, certo? O que eu esperava? 😧. De toda forma algo caiu de seu bolso, mas quando notei ele já tinha acionado o elevador. Peguei a chave do carro - sim, a chave do carro tinha caído - peguei outro elevador, fui em direção ao estacionamento e o avistei não muito distante.
- Gabrieeeel... espera! - Ele olhou assustado para trás ao perceber que era eu quem o gritava, parou e eu me aproximei - Você deixou isso cair, não deu falta?! Hahaha.
Ele não esboçou reação, não sorriu, nem mesmo me ofereceu uma carona.
- Valeu! - disse ele tomando as chaves de minhas mãos e caminhando em direção ao seu carro. Naquele momento fiquei triste de verdade. Independente de qualquer coisa ele poderia ao menos ter sido simpático. Mas, de novo, o que eu esperava? Melhor parar com isso. Voltei à minha sala, terminei alguns e-mails, me despedi dos colegas e fui embora. Meu celular tocou e era João... eu deveria atender.
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Gratidão a Martines, Nara M, ❌Hello❌ , B€N e VALTERSÓ pelos comentários. Martines, vai tirando seu valinho da chuva haha Mark não vai se envolver com o bebezão dele... Nara, amor, a relação entre eles é de cuidado mútuo e fico feliz que você tenha sacado isso; seu Hélio ainda vai causar por aqui; meus olhos estão bem, troquei de óculos recentemente kkkk. ❌Hello❌ obrigado querida(?), espero que continue acompanhando. B€N, as coisas tendem a ficar melhores do próximo capítulo em diante... vai perder? VALTERSÓ, sou do partido de que toda crítica é bem vinda; o conto segue um cronograma e ainda não chegou a hora da aventura. Ainda! Ao demais leitores, obrigado por sua participação visual. Espero estar transmitindo algo de qualidade a vocês.