Fata Morgana
A ficção, a magia e a sedução, num belo conto sobre sexo.
Embrenhei-me pela floresta de Sherwood por necessidade, estava com fome e a necessidade de caçar para alimentar a minha família, era mais intensa que o medo provocado pelo decreto real do rei John, que proibia a caça nas florestas e bosques do Rei, precisa de permissão real e ou o pagamento da taxa correspondente para cada animal abatido.
Durante horas a fio persigo um veado com carne suficiente para uma dezena de dias, era uma fêmea já adulta de uns5 anos e com uns 50 kg. Quanto mais me aproximo menos perto dela estou, como se fosse um encanto: vejo a perto e quando miro o arco ela já está fora de alcance.
Cansado, com fome e sede me sento a beira de um riacho, busco por frutos silvestres, tubérculos comestíveis. Com a fome saciada me quedo por uns instantes e tenho um sonho estranho, no sonho a fêmea se transforma numa mulher bonita de uns 30 anos, longos cabelos negros e olhos verdes quase que totalmente nua andando pela floresta como se fosse uma miragem, nos mesmos lugares onde avistei o animal que caçava.
Em minha cabeça uma voz ressoava melodiosa: “Morgana é o meu nome, se me pegar poderá me possuir e terá o seu animal para comer”. Mas como ela me daria o animal, teria algum poder sobrenatural? Eu caçador experiente não havia ainda visto um animal que se comportasse desse jeito, quase como se fora mágico.
Encontro flores de lótus e faço delas um pó fino. Esfrego em trocos de arvores o meu suor, urino em rochas e sobre esses resíduos jogo uma pitada do pó de lótus, deixo alguns trapos de minha roupa suada e esfarrapada enganchados em galhos com um pouco desse pó sonífero.
Corro em busca de Morgana como se minha alma dependesse disso, porém com a estratégia oculta em ação com execução perfeita. Depois de vários minutos correndo, encosto-me a uma pedra para retomar o fôlego, ao longe avisto Morgana por trás da minha posição cheirado minhas secreções e roupas que deixei pelo caminho.
Em minutos percebo o efeito e busco meu prêmio, mas quando chego lá é a fêmea de quatro patas que lá está, quedo-me perplexo, como é possível? Já ouvirá antes histórias sobre a Fata Morgana, criatura que enlouquecia caçadores, por vezes fazendo sexo com eles até a exaustão deixando para trás uma casca sem vida arrancado-lhes as cabeças ou o membro viril.
Começo a desmembrar o animal antes que o sangue fuja totalmente dos meus braços, ouço um gemido feminino, humano ressoar da boca do animal e em segundos de diante de mim está a bela Morgana com um talho aberto à altura do ombro onde começara o corte.
Ferida, drogada e sangrando ela implora por sua vida, me pede uma flor de um tom amarelo bem vivo que vim, a saber, ser a Arnica Montana, que mistura com Crajiru fazendo um emplastro sobre a ferida, estancando o sangue. Seu cheiro, um almíscar selvagem me enlouquece os sentidos, seu corpo nu está a algumas polegadas de mim.
Como se eu fora o macho da espécie caçada dou uma cabeçada nela, deixando a zonza, lhe posiciono de quatro e com um movimento saco o membro viril de dentro da calça e com a outra mão abro suas pernas onde vejo uma boceta rosada e algum sumo escorrendo por suas pernas, levo até a boca e gosto do sabor. Esfrego o membro no doce visco e numa estocada firme penetro-a até o fim.
Ela urra como se fosse um animal selvagem, para minha sorte agarrava suas pernas como as das ovelhas na tosquia, gesto providencial contra coices, suas carnes se transmutam diante dos meus olhos e suas patas traseiras tentam em vão me acertar.
A bruxa tenta mutar para um animal com garras chegando mesmo a me rasgar as carnes do flanco, quando num golpe acerto onde fizera o corte, suas forças esvaem-se e novamente a bela Morgana está sob meu domínio. Estapeio suas ancas, puto de dor e tesão num misto de gozo e dor, arfando em inspirações prolongadas sinto meu membro ainda túrgido e pronto para a batalha.
Seu botão rosáceo é o meu alvo desta feita, na forma bruta sem preparo arregaço sua pregas com os dedos de ambas as mãos ao mesmo tempo em que arreganho as nádegas, posiciono o membro e quando encaixado enfio num brusco movimento até o cabo.
Arranho suas costas e estapeio suas nádegas, seus longos cabelos são como rédeas para uma cavalgada, aonde urro como um bretão selvático e intimorato que vai ao encontro do seu fado sem medo. Meu gozo estremece meu corpo jorrando em ondas de intenso prazer.
Seus gemidos e urros foram abafados pelos meus, mas percebo seu corpo vibrar em espasmos e um gozo líquido verte de suas entranhas, aos poucos sua forma humana fica nítida e ouço suas palavras: “Você me pegou usando de astúcia incomum, mas terá o seu prêmio. Morgana Le Fey cumpre suas promessas, o cervo estará naquela colina quando eu me for, pronto para sua faina de desmembrar”.
Mas cuidado, não serei clemente e não terás outra chance se te pegar nos meus bosques caçando outra vez. Sei que és astuto e mordaz capaz de enganar ou capturar qualquer alvo que busque. Não baixarei minha guarda e nem cometerei o mesmo erro.
Sinto um frio enregelando meu corpo, estremeço ao ponto de acordar do meu sonho e sinto as feridas das suas garras em meu flanco, mal posso acreditar que estive com a Fata Morgana e sai vivo, quase ileso. Busco meu prêmio e coloco sobre meus ombros saindo dali o mais rápido que posso, quase num trote.
Decido nunca mais caçar sozinho e nem nestes bosques. Não falarei desse assunto com ninguém, pois decerto todos me chamarão de mentiroso, sou refém das minhas memórias. Minhas feridas cicatrizam, porém ardem como ferro em brasa quando me aproximo dos bosques, como um aviso dos perigos. Sinto de vez em quando um arrepio dos pés à nuca, como se ouvisse sua voz em minha cabeça: “Jason de Lockesby, se me quiser caçar de novo, estou pronta”...