Cap.12
Eu não sei como aquilo aconteceu, não sei se foi apenas ele se mexendo para o outro lado da cama, acostumado a ter ela toda pra si. Só sei que de repente o meu coração acelerou. O cheiro do seu perfume veio em meu nariz e ali ficou. Não havia nada melhor do que aquele cheiro. Eu estava apaixonado, completamente apaixonado. E por causa disso, não o larguei. A partir dali, dormimos abraçados.
NO DIA SEGUINTE
Quando eu acordei, já não tinha mais ninguém perto de mim. Não sei se quando ele acordou ainda estávamos abraçados, mas com certeza foi ótimo dormir sentindo o seu calor perto de mim.
- Ah, ja acordou ? - perguntou, saindo do banheiro. Nao nego, ver aquele corpo envolto na toalha pela primeira vez foi incrivel. Era lindo !
- Já, porquê ?
- Achei que ainda estava dormindo. Parecia estar tendo um sonho ótimo - me espreguicei.
- E estava... Incrivelmente ótimo - ele riu.
- Nem precisou eu limpar o quarto de hóspedes, você dormiu na minha cama.
- Ah, não foi por minha causa. O sono veio e estava tão bom aqui.
- Você trouxe seu uniforme ?
- Trouxe...
- Então Ande, senão iremos nos atrasar - ele tirou uma toalha do armário e jogou para mim - aqui está.
- Calma. Estou sem coragem...
- Então cria coragem ! - falou ele, me puxando pelo braço - anda !
- Parece a minha avó !
- É Sério, iremos nos atrasar se você não tomar banho logo ! - falou, me empurrando para dentro do banheiro - entrei dentro do banheiro, me olhei no espelho e acabei rindo. Como era bom estar perto dele. Eu não me sentia tão bem a muito tempo.
MINUTOS DEPOIS
Vesti meu uniforme, ajeitei meu cabelo. Ele já não estava no quarto. Peguei as minhas coisas e desci para a cozinha.
- Yuki-San ?
- Hai !
- Não quer comer lá na minha casa ?
- Seus avôs deixariam ?
- Claro. Vamos lá !
MINUTOS DEPOIS
Meus avos foram muito simpáticos com ele, como eu esperava.
- Então quer dizer que você fez amizade com o nosso vizinho ? - minha avó perguntou.
- Fiz. Estudamos na mesma escola então ficou mais fácil - ele riu.
- E ele é um bom aluno no colégio ? - perguntou, olhando para ele.
- Nós não estudamos na mesma sala, mas o comportamento dele é muito bom - falou, olhando nos meus olhos. Como sabem, o café japonês é muito diferente do brasileiro. Os jovens já não costumam comer o asagohan, mas as famílias prezam muito. É isso mesmo que vocês pensam, arroz, sopas, legumes, peixes grelhados, tudo isso as 7hrs da manhã. E ele comia tudo.
- E quanto aos seus pais ? - minha avó perguntou. Imediatamente ele parou de comer e olhou para baixo.
- Eles não estão aqui vovó. Não pergunte sobre isso, ele Não gosta de falar disso.
- Ah, desculpa eu Não sabia...
- Não... Não é nada. É isso que dá ser tão fechado - falou, voltando a comer. Fiquei feliz, ele realmente queria superar o que aconteceu.
HORAS DEPOIS
Aquele dia na escola ele foi menos tímido. Estávamos sentados no refeitório, na hora do almoço, entre risos, quando vi ele aparecer no refeitório. Pegou seu almoço, olhou ao redor e quando me viu sorriu. Veio andando em minha direção e sentou ao meu lado.
- Está boa a comida hoje ?
- Sim, as cozinheiras não erraram - falei, vendo ele pegar os hashis.
- Itadakimasu - todos ficaram em silêncio com a chegada dele. Sempre surpresos, pois ele não era de se juntar a um grupo.
- O que houve ?
- Não... Nada - vou a falar o garoto que estava falando - aonde parei ?
- Estávamos falando do Torneio de Handebol...
- E então Gustavo-San, você vai participar ?
- Hai e... Coloquei o nome do Yuki-San também - ele engoliu a seco aquilo.
- O que ?
- Ué, não treinamos para nada. Ele vai jogar ! - ele me olhou com um olhar fulminante, mas logo depois sorriu.
- Tá bom, eu jogo...
HORAS DEPOIS
- Você vai ver ! - falou, pulando em cima de mim
- Por que ?
- Por ter me botado nesse torneio. Eu não jogo nada. Não tenho nem corpo de jogador !
- A gente treina horas. E você tem corpo sim, muito bom até ! - ele riu.
- Você gosta de me elogiar ein ? - tá, aquele comentário dele me deixou ruborizando. A maioria dos comentários que eu fazia eram involuntários. Eles apenas saíam. Já estávamos perto do ponto quando um "homem" se aproximou de nós. Homem com aspas, porquê de homem ele só tinha o sexo, porquê o resto...
- Oh my goooooddd ! São vocês ! Vocês... Eu procurei o dia todo uma dupla de garotos bonitos e amigos, e enfim encontrei !
- Quem é você ?
- Eu... Meu nome é Matsumoto, Mat-San para os íntimos, e eu sou olheiro de uma agência de atores.
- Agência de atores ?
- Hai ! Vocês... Vocês tem que ir lá ! São o perfil perfeito para o filme que vamos produzir.
- Você tá brincando não é ?
- Não... Claro que não ! É só irem lá e verão que é verdade.
- Mas nós não somos atores...
- Não importa, a gente faz uns ensaios e está tudo resolvido. Por favor, compareçam e façam um teste - o homem parecia estar falando a verdade. Eu olhei para ele, ele pra mim, não acreditávamos.
- OK. Nós vamos pensar...
DIAS DEPOIS
- Não acredito que estamos indo fazer um teste para uma agência - dizia ele, entrando ao meu lado na agência.
- Quem sabe... E se passarmos ?
- Não sei o que vai ser. Só sei que já estou envergonhado desde agora - ri. Na verdade não tínhamos muita certeza do que íamos fazer. Fomos fazer o teste apenas para ver o que ia dar. Logo na entrada, vimos o Mat-San.
- Eu sabia que viriam ! - falou, sorrindo.
- E então... O que devemos fazer ?
- Antes de tudo, vocês precisam saber que tipo de filme vão tentar o teste.
- Qual é o tipo ? - ele perguntou
- É um filme gay. E se passarem, vocês serão o casal principal - ele olhou para mim, eu pra ele. Não sabíamos o que dizer.
Continua
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