Alguém perguntou-me se a história é verdadeira. A base dela sim. Eu morava no Japão, tinha um garoto que era meu vizinho, lindo. Estudava no mesmo colégio e pegava o mesmo ônibus que eu. As características físicas também são parecidas, mas nunca rolou nada além de uns olhares. O resto é tudo a minha mente indicando o que eu queria que tivesse acontecido.
Cap.7
Logo a médica veio e entregou a ele alguns comprimidos.
- Pode deixar doutora, se doer eu tomo - falou, saindo da maca.
- Vamos, o sinal já tocou - abri a porta para ele, ele saiu.
- Até depois - falou, olhando para mim e em seguida indo em direção a sua sala.
- Como ele está ? - Mari perguntou.
- Ele... Tá bem... - falei, enquanto via ele se distanciar em direção a sua sala.
- Apaixonado... - falou ela rindo após ter batido na minha nuca.
- EI sua japa ! - será mesmo que eu estava me apaixonando por aquele garoto ?
NO SÁBADO
Apaixonado ou não, eu passei aqueles dias que se decorreram até o Sábado pensando em como seria aquele encontro. Passei os dias pensando numa roupa. Parecia que nada que eu tinha dentro do armário era bom o bastante para o encontro com ele. Eu estava tão nervoso que parecia que eu ia me encontrar com o Imperador. Eu não sabia como ia ser... Não sabia se eu passar vergonha... Não sabia se ele ia deixar a timidez um pouco de lado... Não sabia se ele iria sorrir espontaneamente na minha frente. Mas eu estava muito empolgado. Queria muito encontrá-lo.
- Que roupas são essas ? - Mari perguntou, quando via eu olhar várias camisas minhas .
- Já tem permissão para entrar no meu quarto sem bater ? - ela sorriu.
- Meu filho... Eu posso entrar até em lugares que você menos imagina - ri - mas não mude de assunto. E essas roupas ?
- Estou procurando uma roupa para ir ao cinema.
- Ué ? E porque ainda está procurando ? Todas essas estão boas
- Você acha ?
- Acho. Essa preta vai ficar linda em você.
- Será ? - comecei a vestir a camisa, enquanto olhava-me no espelho para ver se estava bom
- E com quem você vai ao cinema ?
- Para que você quer saber ?
- É com aquele garoto ?
- Como sabes ? - ela riu.
- Tá escrito nos seus olhos...
- Sua mentirosa...
- É sim. Você está dando todos os sinais de que está apaixonado.
- Sei... Já que a senhora é descobridora de paixões, quais são os sinais que estou dando ?
- Sorri quando o vê. Vive passando o tempo perto dele. Só fala nele... Seus olhos brilham quando o vêem. Você está apaixonado ! - ri.
- Apaixonado ou não, eu quero sair com ele.
NO CINEMA
Combinamos de nos encontrar no cinema. Apesar de ser bem perto das nossas casas, ele foi na frente e eu fui depois. Chegava ao Toho Cinemas Shinjuku vestido com uma camisa preta de mangas longas, um pouco apertadas e uma calça jeans, além de um sapato. Depois de muito bagunçar bagunçar o cabelo, consegui deixa-lo do jeito que eu queria e então parti. Vinha chegando no cinema, quando o vi, de longe. Olhava-se na tela do celular. Estava lindo ! Vestia uma camiseta azul, uma calça jeans e um casaco na Cintura, além de um casaco.
- Kun Nichiwa ! - assim que eu falei, chamei sua atenção. Por alguns segundos ele me olhou e nada falou - EI ? Está bem ?
- Ha- Hai !
- Então vamos...
Este cinema não é como os brasileiros, dentro de um shopping. Entramos em silêncio. Mas logo que entramos, ele quebrou o silêncio.
- Eu gostei dessa camisa preta ! - falou, chamando a minha atenção em seguida. Olhei para ele, parecia estar corando.
- Eu também gostei da sua camiseta...
- Estou um pouco nervoso... - falou, me deixando intrigado.
- Porquê ?
- Eu não saio acompanhado a muito tempo. Acho que até esqueci como agir - falou, me fazendo sorrir.
- Acho que devíamos começar com uma foto - falei, pegando o meu celular. Coloquei na câmera frontal e então ele ficou bem perto de mim para tirar a foto. De início ele ficou ligeiramente Sério, com um sorriso contido - porquê você não sorri ?
- Eu não gosto do meu sorriso.
- Que besteira ! Ele é lindo - ao falar aquilo ele me olhou, de uma forma tão fofa que meu coração acelerou
- Tudo bem - nos juntamos mais uma vez para foto e dessa vez os dois sorrimos. Aquela foi a nossa primeira foto juntos. E rendeu alguns bons comentários no Facebook - vamos comprar o ingresso ?
- Vamos... - entramos na fila, enquanto eu olhava os comentários que em minutos apareceram - já estão comentando a foto !
- Você postou no Facebook ?
- Hai !
- Mas nem me mostrou ! - falou, puxando o celular.
- Não ficou feia. Ficou linda - falei, olhando lado a lado com ele.
- É, tens razão... - falou, devolvendo me o celular. Logo chegou a nossa vez. Compramos os ingressos, fomos para a fila da pipoca. Ele se soltou um pouco, começou a criar assuntos na conversa. Estava sendo mais agradável do que imaginava sair com ele. Eu estava amando te-lo perto de mim por alguns segundos.
MINUTOS DEPOIS
Durante o filme rimos muito, o filme produzia o riso sem muito esforço. Era ótimo ver o seu sorriso espontâneo. Era ótimo o ver feliz como nunca antes eu havia visto.
- Aquele ator é muito engraçado - ele dizia, enquanto saiamos juntos do cinema.
- Demais. E as caras que ele fez. São incríveis kkk - ele ria junto comigo enquanto andávamos - é a primeira vez que eu vejo você sorrir espontaneamente - ele fechou um pouco o sorriso naquele momento.
- Eu não tenho muitos motivos para sorrir normalmente... - falou, me levando a uma reflexão.
- Algum motivo em especial ? - percebi logo que não devia ter perguntando isso, pois ele se acuou novamente. "Burro !" . - já sei o que vai fazer você sorrir novamente.
- O que ? - comecei a puxa-lo pelas mãos, sem nem perceber - espera, aonde você vai me levar ?
- Vem, você vai ver ! - começamos a correr no meio daquela multidão que andava pelo bairro de Shinjuku, de mãos dadas.
MINUTOS DEPOIS
- Espera Gustavo-San ! - continuavamos a correr.
- Pronto ! - falei, parando em frente ao local que queria leva-lo.
- Para que viemos aqui ? - era uma quadra de esportes.
- Para treinados Handebol, e você Não levar mais boladas - falei, fazendo ele sorrir- não falei que iria sorrir.
MINUTOS DEPOIS
O proprietário nos deu uma bola e nos pudemos praticar. A quadra estava vazia, então tínhamos um grande espaço para eu tentar ajuda-lo a melhorar.
- Mas iremos jogar com essa roupa ?
- Qual o problema ? É apenas uma brincadeira - comecei a quicar a bola no chão - você tem que se posicionar bem quando ver que alguém vai arremessar a bola, para não correr o risco de levar ela na cara - falei, entregando a ele a bola - tenta arremessar.
- Tá bom - ele arremessou e eu mostrei como ele devia defender. Começamos a correr, para lá e para cá. Eu levava a bola, provocava ele para tentar tomar. As vezes conseguia, eu recuperava, estava bem legal jogar com ele. Corríamos juntos, mãos esbarravam, corpos se tocavam. Eu ia percebendo cada vez mais que tudo o que diziam dele não se confirmava. Ele é muito tímido, apenas. Continuavamos a correr, roubar a bola do outro, arremessar, até que em um momento que eu ia tentar pegar a bola dele, o meu sapato estava desamarrado e ele acabou pisando no cadarço. Caímos. Quando abri os olhos, percebi que nossos olhares estavam grudados. Meu coração foi a mil.
Continua
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