Amor de Carnaval não Vinga (12)

Um conto erótico de Peu_Lu
Categoria: Homossexual
Contém 3457 palavras
Data: 24/09/2015 22:38:26

“Tá procurando sarna pra se coçar, Tá procurando sarna pra se coçar, Me leva nesse embalo, lá, laê, lá, lá, ilá...” (Tá procurando sarna, Chiclete com Banana).

...

Dei uma leve batida na porta, respirei fundo e abri lentamente. Ela estava deitada na cama, enrolando o fio do telefone rosa no dedo, falando sem parar. Não queria incomodar, mas não podia negar um pedido dos meus tios. Fiz um sinal com a mão perguntando se poderia entrar:

- Gabi, espera um pouco – ela tapou o fone, interrompendo a conversa – Oi Guto, o que foi?

- Posso falar com você? – comecei a me aproximar do móvel, cheio de papéis de carta espalhados e desorganizados.

- Rapidinho... – se encolheu para retomar a ligação, quase cochichando – Amiga, volto já. Não durma agora, viu?

Marcela esticou o aparelho embaixo da cama e colocou no gancho.

- Seu ouvido não fica quente de tanto falar? – brinquei.

- Às vezes – ela tentou arrumar apressadamente a coleção em um álbum para me dar espaço – Mas tem muita coisa acontecendo naquela sala.

- A sua turma está em apuros?

- Não, só uma menina chata que está importunando um amigo meu.

- Importunando como?

- Ela fica do lado dele toda hora, dizendo coisas idiotas, querendo ficar a sós...

- E isso é ruim? – ri em pensamento, denotando o ciúme do coleguinha.

- Tá na cara que ele não está gostando disso, mas vou dar um jeito de mostrar que ela está sendo ridícula.

- Saquei – sentei ao seu lado, entregando algumas figuras de ídolos teen que tinham escapado para o chão – Ele é bonito?

- Quem? – ela se fez de desentendida.

- O seu amigo... Você gosta dele?

- Acho que sim, o Dan é legal.

- Então porque você não diz isso pra ele?

- Sei lá Guto, tenho medo. Não querem que me achem idiota ou boba – disse meio cabisbaixa.

- Ei... – levantei o seu queixo – Tem que ser muito mané pra te achar boba por causa disso.

- Você acha? – ela franziu a testa, sem conseguir esconder uma paixonite crescente no olhar.

- Eu tenho certeza. Você é a princesa que todo mundo sempre sonhou em ter ao lado. Se não for ele, será outro que te merece ainda mais, pode apostar.

Ela se ajoelhou na cama e puxou o meu pescoço para um abraço apertado. A pré-adolescência da minha quase irmã mais nova começava a revelar os hormônios aflorando e os sentimentos típicos dessa idade. Logo depois, comecei uma sessão de cócegas no seu pé, fazendo-a se contorcer em agonia no colchão. Quando sinalizei uma trégua, ela retomou o papo, ofegante:

- O que você queria falar comigo?

- Sua mãe veio me confidenciar que você andava muito curiosa sobre a minha vida.

- Que fofoqueira! É mentira!

- Tudo bem – fingi acreditar – Mas você quer me perguntar alguma coisa?

- Hum, não sei...

- Pode falar, não se acanhe.

- Acho que não é bem uma pergunta, primo.

- Ah não? – sorri novamente do seu jeito cínico de sondar a minha intimidade.

- É que minhas amigas sempre comentam sobre as namoradas dos irmãos, e eu nunca te vi com uma.

- Nossa, é verdade – comecei a relembrar todo o discurso que ensaiei para aquela ocasião.

- Mas eu imagino que ainda não tenha encontrado alguém...

- Não é só por isso – interrompi o seu raciocínio, em parte correto.

- Não? – ela estreitou os olhos, intrigada.

- Sabe prima, todo mundo tem alguma particularidade. Tem gente que começa a namorar cedo, tem gente que prefere ficar sozinho... – atentava a cada reação sua - Mas, acima disso, muitas pessoas não têm as mesmas predileções. Você, por exemplo, gosta de morango?

- Eca! – ela fez uma cara azeda.

- Pois é, o mesmo acontece comigo. Você nunca vai me ver com uma namorada porque, pelo menos no campo amoroso, eu não curto meninas. Eu gosto de meninos.

Fitei o seu olhar compenetrado e cheio de dúvidas, e deixei que assimilasse o testemunho.

- Mas você também é menino... – ela procurava entender.

- Eu sei disso – achei graça do seu momento encucado – Algumas vezes você vai encontrar meninos que gostam de meninos, e meninas que gostam de meninas.

Cheguei a abrir a boca para incluir os casos daqueles que gostam dos dois sexos, mas vacilei com a sobrecarga de informações, fazendo-a emendar em outras questões:

- Por quê?

- Porque eu gosto de meninos? - tentei encontrar uma explicação mais prática – Não sei te dizer, acho que nasci assim. Porque você não gosta de morango e sim de cereja?

Ela não conseguiu encontrar uma lógica.

- É simples assim, tá vendo?

- Entendi. Mas então porque você não tem... Um namorado?

Fui pego de surpresa com a naturalidade da abordagem:

- Porque assim como você, eu ainda estou procurando a pessoa ideal. Quando aparecer, prometo que será a primeira a conhecer, combinado?

Marcela assentiu, jurando fazer o mesmo.

- Vamos fazer assim – prossegui – Faz uma lista de tudo o que você quer saber e depois me chama. Faço questão de responder tudo, certo?

- Fechado! – apertou minha mão para selar o acordo.

- Agora vou sair – me levantei - Gabi já deve estar impaciente esperando o seu retorno – pisquei para ela.

Quando me aproximava da porta, escutei uma nova indagação:

- Guto, e se Dan também gostar de meninos?

Parei com a mão na maçaneta e me virei, estudando uma resposta ideal:

- Tente compreender e apoia-lo. Em troca, ele vai agradecer e provavelmente vocês se tornarão grandes amigos. Fácil, né?

Ela parecia satisfeita com a solução e soltou um beijo de despedida. Fingi pegar no ar e colei na minha bochecha, uma marca registrada nossa. Em seguida, deixei que continuasse a sessão fofoca com a melhor amiga.

Admirava-me a destreza daquela criança - ao menos ainda era para mim - no auge dos seus onze anos. Não havia maldade ali ou qualquer censura. Desabrochei uma nova etapa para a nossa relação se tornar ainda mais cúmplice, e saber que uma nova geração poderia compreender a essência da diversidade sem qualquer julgamento era inspiradoranos depois:

Abria diversas abas para averiguar a minha rápida pesquisa no Google:

- “Deputado Joaquim Silveira carrega ala religiosa no Congresso”.

- “Discussão sobre Direitos da Família continua. Silveira ameaça opositores”.

- “Gays não sofrem discriminação, defende deputado polêmico”.

- “Joaquim Silveira abre a casa e apresenta família: ‘Base para as minhas escolhas’, se orgulha”.

Cada notícia exibida era um novo choque para mim. A última me chamou ainda mais a atenção e não pensei duas vezes antes de clicar para ler. O texto enaltecia o conservadorismo do clã, as tradições e a certeza de que os ensinamentos seriam perpetuados pelos filhos, dois jovens “educados e promissores”. Uma pequena galeria de imagens revelava o alto padrão de vida, a família feliz reunida e os irmãos companheiros. Era tudo absurdo demais. Tão ou mais estarrecedor era o fato de todos aqueles dados estarem debaixo do meu nariz o tempo todo. O político era uma figura conhecida, justamente por querer impor a sua bizarra visão de costumes e hábitos, mas jamais iria conectar o integrante da Liga do Mal ao seu pai. Era um trunfo e um problema ao mesmo tempo.

“O quão irônico isso pode ser?”, pensei.

O celular voltou a apitar com as mensagens de Gustavo:

- “Tá aí?”.

- “Oi...” – voltei a digitar – “Tô sem conseguir acreditar nisso”.

- “Tenso né? Aparentemente temos uma maçã podre na família perfeita”.

- “Isso é preocupante. Talvez seja um peixe grande demais pra gente...”.

- “Esqueça o pai. Vamos focar no filho”.

- “Vou tentar descobrir algo mais”.

- “Beleza. Eu não sei se vou conseguir ir lá hoje de noite, porque tenho um trabalho atrasado para fazer. Mas amanhã com certeza estou disponível”.

- “Fica tranquilo. Você já ajudou demais”.

No instante em que encerrava a conversa, Juliana entrou na sala novamente, bastante empolgada:

- Consegui marcar a reunião para a próxima quarta, viu? É aqui perto.

- Massa, vamos nessa! – entrei no embalo da sua animação, acordando do transe.

- Se precisar de uma força ou quiser trocar uma ideia, me fala que nos reunimos.

- Tudo bem, vou te deixando a par de tudo.

Assim que ela se retirou, só consegui imaginar o tamanho do problema em conciliar uma investigação à distância com um projeto de grande porte. Seria uma semana puxada. Fechei todas as páginas em destaque, ativei o modo stand by em relação aos últimos acontecimentos e voltei a focar no que era primordial.

Durante a noite, resolvi a dividir o meu tempo: algumas horas reservadas para o trabalho e um segundo momento para começar a montar outro confuso quebra-cabeça. Pesquisei campanhas políticas, endereços e curiosidades. Tudo o que pudesse me contar mais sobre a vida do alvo da vez estava valendo.

Com um pouco de paciência, descobri que Júlio era recém-formado, e planejava seguir os passos do patriarca na área de administração. O irmão, Lúcio, ainda cursava o ensino médio e ostentava a pose de aluno exemplar – pelo menos era o que a reportagem transmitia. Ana, a mãe, completava a imagem da família excepcional fazendo caridade na maior parte do tempo, algo que os muitos vídeos publicitários que o ajudaram a se eleger faziam questão de ressaltar. O pai, assumidamente machista e homofóbico, ganhava cada vez mais seguidores e adeptos, principalmente religiosos fundamentalistas.

As notícias que retratavam o lado humilde e altruísta da esposa sequer se esforçavam para esconder a opinião do marido, que defendia o ócio das mulheres (daí a ocupação beneficente da matriarca). As imagens compenetradas dos filhos não disfarçavam a rigidez de suas falas, que soavam um tanto ditatoriais. Resumindo: estava lidando com tudo de errado e atrasado que a nossa política faz questão de escancarar.

Sentei cansado na poltrona e fiquei encarando todos aqueles fatos, sem saber ao menos por onde começar. Querendo ou não, era necessário derrubar essa farsa sustentada por muitos, e sabia que enfrentaria um exército a postos para abafar qualquer escândalo.

“Definitivamente, é um peixe grande demais...”, lamentei.

Para piorar a situação, os históricos diários de conversas do grupo enviado por César não revelavam nenhuma novidade. Já começava a trabalhar com a hipótese dele estar alertando cada membro da equipe de maneira individual. Aquela calmaria poderia ser um grande teatro para camuflar as suas ações. Imaginava que seria muita ingenuidade se não estivessem movimentando as peças de outra maneira.

O cerco começaria a fechar pra valer, e precisava estudar uma forma incisiva de agir. As etapas seguintes tinham que desestruturar a confiança coletiva e a noção de invencibilidade dos amigos criminosos.

...

Na terça-feira, tirei boa parte do dia para desenvolver melhor o material da futura reunião. Pedi a Marta que me ajudasse a estudar e entender com mais apuro o ramo do cliente. Trabalhar com indústria têxtil em meios digitais poderia ser uma fácil armadilha para cair no lugar comum. Era um desafio criar algo que não soasse fútil demais. Recebia e-mails a todo instante, e não tardou para que conseguíssemos montar um dossiê mais completo sobre a empresa. Assim que escureceu, segui para a sala de Juliana, onde seu irmão me aguardava para pegar uma carona rumo à academia de natação:

- Tá pronto? – interrompi a conversa de ambos.

- Mais um pouco e eu poderia tirar um cochilo aqui.

- Trouxe bagagem extra?

- Tudo aqui.

- Então vamos vazar.

- Juízo você dois, hein? – minha sócia alardeou.

Por mais que ela entendesse o meu lado, no fundo sentia que havia uma imensa torcida para que rolasse alguma coisa. Exibi um sorriso sem graça e nos despedimos, caminhando para o estacionamento do edifício. No trajeto, Gustavo ficou conversando sobre a nova turma e a empolgação com o retorno ao curso:

- Conseguiu eliminar muitas matérias? – tentava me mostrar interessado.

- Algumas, mas já tenho faltas em várias. Com o lance da morte de minha mãe e a mudança, perdi quase quinze dias de aula.

- Mete a cara e corre atrás. Quando você se der conta, já tá se formando – incentivei.

- É, vamos ver...

- E os colegas – mudei de assunto – Muita gente bonita?

- Até que tem – ele tentava vencer a vergonha – A maioria é gente boa, mas os veteranos são mais bonitos.

- Você e esse problema com caras mais velhos.

Gargalhamos com a observação pertinente. Ao chegarmos à escola, entre um exercício e outro, deixava-o atualizado sobre o andamento da apuração secreta. Na maior parte da atividade, não falávamos muito, o que indicava que as nossas mentes estavam em ebulição, atrás de uma brecha para a concretização de um vindouro plano. De uma forma um tanto inusitada, aquela história de vingança nos aproximava, criando uma intimidade maior entre nós dois.

É verdade que continuava constrangido sobre como proceder com ele em determinadas ocasiões. Tomar banho ao seu lado (raramente eu tirava a sunga na sua presença), ou vê-lo trocando de roupa totalmente desinibido era um verdadeiro suplício. Não sabia se ele realmente tinha virado a página, agia normalmente ou criava algum tipo de provocação. De todo modo, seguiria convicto na minha decisão de manter a nossa amizade acima de tudo.

Quando o treinador nos liberou, resolvemos comprar uma pizza e seguimos para a minha casa, onde ele iria dormir pela primeira vez desde o incidente com os analgésicos. Já tinha combinado previamente aquela reunião e avisado a sua irmã, mas mantinha o estado de alerta máximo. Não que desconfiasse da sua recuperação a passos largos, só queria estar sempre a postos para qualquer deslize. Continuamos a colocar o papo em dia durante o jantar e logo depois, já abastecido, Gustavo avisou que estava pronto para o terceiro turno.

Sem cerimônias, partimos para o escritório, onde comecei a mostrar as últimas anotações e a minha frágil evolução. A vida de Júlio parecia bastante blindada e isso era um imenso obstáculo, além de me deixar um tanto inseguro.

- Certo, vamos lá. Como é mesmo o nome do irmão? – ele começou.

- Lúcio, por quê?

- Você sabe a idade dele?

- Não faço ideia...

- Tô lembrando a conversa que você estava lendo em voz alta, onde ele dizia que o irmão conhecia várias pessoas da Zona Sul.

Assombrei-me com a sua atenção aos detalhes:

- Você acha que ele pode estar envolvido também?

- Não sei, é uma suposição. O garoto não parecia ter a mesma idade de Júlio – divagava - O computador está ligado?

Afirmei com a cabeça e meu colega sentou-se para pesquisar algo.

- Mesmo que ele esteja, será muito difícil me aproximar de qualquer um dos dois. Não podemos simplesmente usar esse vídeo sem o consentimento da vítima – avisei.

- Hum, achei o perfil de Lúcio – Gustavo parecia não me dar ouvidos – Droga, é bloqueado.

- E mesmo que a gente use, vão querer saber a origem do material, podemos acabar envolvidos em algum tipo de inquérito – continuava o meu devaneio paralelo.

- Opa, achei o Instagram, e é liberado – conversava sozinho com o monitor – Como eu amo a internet!

- Já pensou se a polícia descobre sobre mim? Vai tudo por água abaixo.

- Puta merda, haja amigos para olhar – ele prosseguia com o diálogo velado – Deve ser o garoto popular da classe.

- As consequências podem ser desastrosas pra todo mundo – completei.

- É trabalho demais. Vamos começar pelas fotos mesmo.

- E com os recursos que o pai possui, a nossa acusação não vai dar em nada... – estava impaciente - Ei, você tá me escutando?

- Aham... – ele respondeu com desdém.

- É sério. Nunca pensei em dizer isso, mas talvez seja melhor deixarmos esse cara pra lá – comecei a me dar por vencido.

- Você jogando a toalha? Isso sim é novidade...

- É muito arriscado.

- Augusto... – Gustavo me encarou – Você fez o maior rodeio para me contar essa história tenebrosa, disse que iria mover céus e terra para ir até o fim e agora fica com esse drama?

- Não é isso, só fico preocupado...

- Para de mimimi e mira no objetivo principal – ele me interrompeu outra vez – Preciso que você olhe no histórico de conversas se Júlio cita o nome da vítima.

- O que está fazendo? – relevei a bronca e passei a me interessar nas suas pistas.

- O contrário de você: não perdendo tempo.

Peguei o celular e voltei a ler os principais pontos da Liga do Mal:

- Não, ele não fala...

- Droga! – ele parou por um instante, pensando no que faria a seguir - Tudo bem, a gente chega lá.

- Você acha mesmo que ele teria o garoto na lista de amigos? É improvável.

- Ele não, mas...

Gustavo encerrou a conversa de maneira abrupta e começou a espreitar a tela, aproximando mais o olhar, como se quisesse comprovar algo.

- O que foi? – estranhei.

- Coloca o vídeo aí de novo pra gente ver.

- Melhor não Guga, é muito pesado.

- Anda logo! – esbravejou inquieto.

Acatei a teimosia e abri a galeria de vídeos no celular, me aproximando da mesa. Queria entender o seu raciocínio. Ele não titubeou em pegar o aparelho e apertar o botão para reproduzir o filme, colocando-o lado a lado com uma imagem expandida no computador. Poucos minutos depois, pausou e ampliou o frame, abismado.

- É impressão minha ou estamos olhando para a mesma pessoa?

- Quem? – arrastei minha cadeira para visualizar melhor.

- Esse aqui, o terceiro da segunda fileira – apontou.

A foto revelava uma selfie de Lúcio na sala de aula, com alguns amigos acenando em segundo plano.

- Caralho... – balbuciei surpreso.

Não sabia dizer se era um golpe de sorte, uma estranha e bizarra coincidência do destino ou um sopro incentivador do acaso, mas sim, estávamos olhando para a vítima, aquele mesmo rosto amedrontado e temeroso presente no vídeo.

- Isso tá bom demais pra ser verdade – prossegui – Ele marcou as pessoas na foto?

- Espera – Gustavo começou a averiguar – Não, só esses três da frente.

Levantei sem esconder o nervosismo e comecei a andar de um lado para o outro, tentando raciocinar. Estávamos nos aproximando rápido demais e precisava ter sangue frio:

- Abre esses perfis também e verifica se tem a mesma foto, ou algo similar.

- Beleza.

- O que ele escreveu?

- “Enquanto a prova não começa...”, leu em voz alta.

- Adicionou o local?

- Centro Educacional Lusitano do Rio de Janeiro

Corri para anotar a informação no painel, verificando em seguida o endereço completo no celular. Comecei a estudar maneiras de conseguir a identidade do jovem molestado, escrevendo todas as possibilidades que me vinham à mente. “Invadir o sistema da escola, me aproximar do irmão, esperar na rua o horário da saída...”, não deixava passar nada. No meio daquele turbilhão de ideias, um grito empolgado me assustou:

- Porra! Achei! – Gustavo levantou os braços.

Meu coração acelerou. Aquela descoberta abria diversas possibilidades para, enfim, agirmos. Deixei escapar um grande sorriso e me acerquei do computador para celebrar a alegria do achado.

- Vinícius Alencar – li em voz alta – A conta é privada, mas com certeza é ele – constatei.

- Aqui diz o endereço do Facebook e Snapchat, vou tentar acessar.

Segui outra vez para adicionar aquele importante dado ao mural, enquanto aguardava novos desdobramentos narrados por Gustavo. Até ali, era a noite de investigação que mais tinha rendido frutos e aquilo era bastante animador. Voltei a observa-lo em sua busca angustiada e constatei um olhar sério e perturbado:

- O que foi?

- Ele... – meu amigo parecia não acreditar – Velho, ele só tem quatorze anos.

“O filho mais novo do deputado é um jovem e promissor estudante do ensino médio”, “Esperando a hora do prova”, “Te trago num motel e pago um quarto pra nada? Vai levar pica sim!”, “Ele conhece um monte de gente da Zona Sul”... As informações arquivadas na minha mente se atropelavam para alertar a gravidade do assunto, fazendo-me apertar com força o hidrocor que pressionava o vidro.

- Augusto, esse cara tem que ser preso. A gente deveria denunciar.

“Quatorze anos... Que tipo de pessoa pode ser tão atroz?”, pensava olhando para o chão. Por mais que negasse, um ímpeto de fazer justiça a qualquer preço voltou a domar meus sentidos:

- Guga, abre qualquer site de companhia aérea aí pra mim – disse sério.

- Como assim?

- Vou pro Rio amanhã, no primeiro horário que você encontrar.

(continua)

...

Oi Pessoal! Atrasei esse capítulo alguns dias por conta da quantidade de trabalho acumulada, mas cá estamos! Plutão, o pior é saber que esse tipo de político transcende a ficção, não é mesmo? O ruivo manda outro abraço! Drica Telles (VCMEDS), que bom que era você mesmo (hehe). Adorei essa história de que duas mãos juntas lavam a cara, vamos ver se a dupla dinâmica consegue colocar isso em prática. O ruivo também manda um beijo! Isztvan, fico muito feliz que tenha gostado! Espero que curta o restante, vem muita coisa por aí. Jeff08, bota tenso nisso! O Gustavo será cada vez mais o cérebro dessa operação. Obrigado pelo elogio! Bagsy, aguarde e verás (rs)! Lucassh, obrigado! E não, ainda não casamos (rs). Já mostrei sua mensagem pra ele, vamos ver se ele se toca né (ahahahaha)? Irish, o Gustavo tem uma grande torcida! Não sei se decisivo, mas ele será parte essencial do plano como um todo. Pronto, não posso falar mais (rs)! Mais uma vez, obrigado por todos os votos e comentários. No fim de semana volto com outro capítulo, pra compensar a demora desse. Um grande abraço!


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Comentários

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Sim e além de lavar a cara também esganam gente podre. Aí é que está o ponto que me faz ser favorável a vingança...Você perdoa, "esquece" e permite que novas vítimas continuem sendo feitas, não dá. Com relação ao peixe grande, minha vó sempre dizia que quanto mais se sobe maior é o tombo...Tenho certeza que ninguém sofrerá maior derrota que a família do nosso excelentíssimo deputodo, ops deputado, que tão bem representa os quiridos que nos representam...Ai de nós! Beijos e excelente semana paratodos nós.

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Eita. Só quero ver o que vai rolar no Rio. Ta muito boa sua historia. O ruivo viu a mensagem? kkkkkkkkk espero que ele se toque hahahaha. Abraços e tudo de bom pra vcs <3

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Quero ver esses caras desmascarados! E esse deputado hipocrita, bem atual rs. Tudo a ver com o momento que vivemos. Muito legal. Cada capitulo bem dinamico e estruturado. Jóia :D Abraço no casal!

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Esta otimo. A cada capitulo postado fica melhor. Obrigado e nao fica tanto tempo sem postar. Esse seu conto e um vicio

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