Quando volto pra casa, permaneço da mesma forma que sai da casa do Alexandre: Devastado.
Talvez não fosse pra ser mesmo. Se fosse pra ser sempre dessa forma, é melhor que tenha acabado enquanto é cedo.
Essas eram as mentiras que eu contava pra mim. Mentiras sim, mentiras, porque não era cedo porra nenhuma! Eu já tinha criado em minha mente planos, já tinha criado em minha mente uma vida inteira ao lado daquele ogro idiota. Tudo isso pra que?
Eu respondo. Pra ser abandonado feito um nada! E pior, por algo que eu nem tinha feito. Nunca passou pela minha cabeça trair o Alexandre. Nem com o Junior, nem com qualquer outra pessoa!
Se eu sou fiel até com ficante, vocês acham que eu trairia um namorado?
“Puto”, ”traidor”. Talvez se eu fosse mesmo isso, ele me desse o valor que eu mereço.
Essas duas palavras ficam ecoando na minha cabeça...
Estou sentindo um misto de sensações tão grande. Frustração, incapacidade, tristeza...
Dou um soco na parede com a maior quantidade de força com consigo, arrasto meu punho fechado por ela e em seguida fico encarando o sangue em minha mão.
A dor que antes era apenas psicológica passou a ser real, parte dela. Pelo menos agora tenho algo pra cuidar.
Vou ao banheiro lavar o ferimento e fico observando meu sangue ir embora pelo ralo da pia e de repente já estava chorando novamente. Não porque a água em contato com ferimento causava ardência, mas sim por não ter significância alguma na vida do cara que eu achei que me amasse. A dor física não tem relevância nenhuma, mas a dor de ser deixado por um ciúme idiota...
Antes de dormir, vou fechar a cortina do quarto e o vejo me olhando com a pior cara de choro que já vi na vida... E tudo que eu mais queria era ir até ele e abraçá-lo e beijá-lo... Mas não, tudo isso que está acontecendo conosco é por opção dele.
Encaramos-nos por alguns segundos, que pareceram horas, fecho a cortina e vou deitar.
Como estava estou triste demais, mas dormir de fato, fico escutando musica até o sono chegar.
“...Todos pensam que eu tenho tudo. Não tenho nada sem você. Todos os meus sonhos e todas as luzes não significam nada sem você.”
“Como você ficou desse jeito? Eu não sei. Você é fodido e brilhante, você parece um homem de um milhão de dólares. Então, porque meu coração esta partido?”
Como no dia anterior passei a noite me martirizando, acordo atrasado, ainda sentindo o vestígio da dor, de ambas as dores.
Sigo em direção ao banheiro, tomo banho, troco os curativos da minha mão, escovo os dentes de qualquer forma e fico me olhando no espelho... Tento botar meu “melhor sorriso” e fingir que estou bem.
Vou a cozinha tomar meu café da manha e encontro com meu padrasto.
Henrique – Bom dia Luquinhas.
Eu – Bom dia pai.
Ele não é meu pai, mas sempre o chamei assim.
Henrique – Que cara é essa, filho? Você está bem?
Eu – Sim, sim... Pai, o senhor pode me levar na faculdade hoje? Eu acordei um pouco tarde, se for de ônibus vou chegar atrasado...
Henrique – Não vai mais com o Alexandre.
Sinto um no na garganta só de ouvir o seu nome.
Eu – Não!
Henrique – Aconteceu algo entre vocês? Brigaram?
Eu – O senhor pode ou não?
Pergunto meio alterado.
Henrique – ...Posso.
Solto um suspiro.
Eu – Pai, desculpa por ter sido grosseiro.
Henrique – Tudo bem Luquinhas, mas não importa o que tenha acontecido entre você ele. Tentem conversar, não perca um amigo por um desentendimento qualquer. Há não ser que tenha sido algo que você considere muito grave... Você sabe dos “problemas” dele.
Eu – Sei, mas como o senhor sabe?
Henrique – Eu ouvi a Marta conversando com sua mãe um dia desses.
Mudo de assunto. Não estava afim de conversar sobre o Alexandre, muito menos com meu padrasto.
De fato, não estava afim de papo algum, tanto que no carro deixo o radio ligado pra não ter que falar nada.
Mas por ironia do destino, a musica estúpida que esta tocando me faz lembrar ele. Escuto por uns segundos e troco de estação.
E finalmente chego na faculdade.
#Narrado por Alexandre#
Desde de que conheci o Luke sinto que comecei a viver de verdade. Não desde o “exato momento”, mas desde que nos aproximamos tenho tido os melhores momentos da minha vida.
Tudo nele me encanta. O seus olhos, seu sorriso, o jeito com ele gagueja quando esta nervoso, o fato dele esta cantando 24 horas por dia... O fato dele ser tão “problemático” quanto eu. Ambos somos solitários ou éramos, até que unimos nossas solidões.
“Solitários”, ele nem tanto, já que tinha o Junior. Claro que esse sempre o deixava de lado por qualquer garota que lhe desse bola.
Quando Luke me disse que era apaixonado por esse bacaca, foi o mesmo que levar um tiro na cara. Naquele tempo já tinha um sentimento muito forte pelo Luke.
Por falar em sentimentos, nunca fui bom com isso. Meus namoros duravam um ou dois meses no maximo. Eu não sei gostar das pessoas, não na medida certa. Ou elas não me interessam de forma alguma ou fico obcecado por elas e quando isso acontece, eu as quero só pra mim e quero passar a maior quantidade de tempo ao lado delas, o que as assusta, fazendo logo que elas não queiram mais me ver.
Isso foi que achei de fascinante no Luke, ele não cansa da minha presença. Ele tem a mesma necessidade de atenção que eu tenho, em um estado mais moderado, mas ainda assim.
Resolvi voltar pra terapia, que é algo que odeio só por conta dele, pra ficar melhor pra ele.
Eu o amo. Amo muito. Mesmo que não tenha dito isso a ele, eu o amo mais do que qualquer coisa na minha vida.
“Eu te amo”. Essa frase em especifico em evito usar. Quando entro em um relacionamento eu me entrego muito fácil e muito rápido. Eu já disse “eu te amo” a todas minhas namoradas em pouco tempo de namoro, alguns dias apenas e isso as afastava.
Todos pra quem eu disse “eu te amo”, Pai e namoradas, me abandonaram, com exceção da minha mãe, mas ela é minha mãe.
Depois da nossa primeira briga, Luke me disse que estava apaixonado por mim e me beijou. Foi o melhor momento de toda a minha vida, até aquele momento. Mas logo veio a duvida. Será que ele gosta de mim ou sou só o substituto do Junior?
“[...]
Eu – Você não sabe o que está dizendo Lucas. Como não pode ter o cara por quem você é apaixonado... Você quer tentar comigo. Eu sou só um substituto pro Junior.
Lucas – Não, você não é!
Eu – Claro que não...
Lucas – Você acha que seria capaz de fazer isso? De te usar dessa forma? O quão baixo você acha eu sou Alexandre?
Eu fico calado.
Ele vai saindo do quarto, mas eu o impeço.
Eu – Eu to com medo, to confuso, isso tudo...
Lucas – Me escuta. Você não é um substituto pro Junior. Nunca foi! Eu não sabia o que era gostar de alguém de verdade até o dia em que conheci você e...
Eu o interrompo com um beijo.
Eu – Eu também gosto muito de ti Lucas... Mas... Se o Junior terminar com aquela garota e quiser você? Como eu vou ficar? Não vou agüentar ter você e te perder...
Lucas – Se ele terminar com ela, vai ser uma pena pra ele, porque é você que eu amo. Não é só uma coisa passageira. EU TE AMO Alexandre! Nem o Junior, nem o Brad Pitt, nem... Nem o cara mais bonito do universo tem a menor chance comigo. Eu só tenho olhos pra ti.
[...]”
Agora sim, quando ele disse que me ama, esse foi o melhor momento da minha vida. Saber que um cara tão maravilhoso quanto o Luke me ama, é algo que não consigo descrever, mas, mas... Eu não digo que o amo de volta, apenas o beijo. Mas eu amo, com todo o meu coração.
Não quero dizer que o amo e o ver ir embora como todos os outros pra quem eu já disse isso.
Mas não foi isso que estragou tudo, foi meu ciúme idiota, isso me afastou do meu amor.
Eu peguei ele o Junior se abraçando no quarto dele e pirei, pirei feio, me desentendi com ele e sai enfurecido de sua casa e enchi a cara. No dia seguinte bebi novamente e fiz mais merda. Ele foi na minha casa e nos brigamos novamente, disse coisas que não devia, magoei ele demais... Só de lembrar daquele rostinho chorando... Eu devo ser a pior pessoa do mundo. O namorado mais podre de todos! Não estou culpando a bebida, sou eu que não valho nada.
A ultima vez que o vi foi ontem a noite antes de dormir. Ele tava tão triste... e por minha culpa.
Vocês não tem noção do quanto chorei essa noite
Hoje de manha, quero ir falar com ele e me desculpar, mas vejo ele saindo com o pai dele. Tento ligar pra ele e mandar mensagens no whatsapp, mas ele nem visualiza. O jeito é ver se ele aceita conversar comigo na faculdade.
Quando chego na sala, ele já esta no local habitual, vou até ele.
Eu – A gente pode conversar?
Lucas – Acho que tudo já foi dito Alexandre.
Ele ainda esta magoado e não tiro a razão dele.
Eu – Não me chama assim Luke.
Ele nem olha na minha cara.
Lucas – ...
Vejo sua mão enfaixada.
Eu – O que foi isso com a sua mão?
Falo a segurando.
Eu - Foi... Foi um acidente. Eu, eu vou... pra lá.
Diz ele puxando a mão bruscamente, levantando e indo sentar na primeira fila.
Eu – Luke...
Ele nem se dar o trabalho e olhar pra trás.
Na hora do intervalo ele sai rapidamente da sala. O procuro pela faculdade inteira, mas não o encontro. Quando o intervalo acaba e retorno a sala, descubro que ele tinha ido embora.
Parece que minha presença estava mesmo incomodando ele. Eu consegui perder ele também.
Depois da aula, vou direto até sua casa, mas quem atende é sua mãe.
Eu- O Lucas... Eu posso falar com o Lucas?
- Não querido, ele não esta em casa. Ele foi passar uns dias na casa do pai...
Continua.
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