2011 – Fábio Mendes
_ Concordo com você, esse cara tá merecendo uma lição há algum tempo. _ Charles diz com um sorriso maléfico no rosto.
_ Eu acho que ele sente alguma coisa, tipo que a gente é irmão. Ele fica puxando assunto e olhando para mim direto, na escola por exemplo. _ Eu falo.
_ Ou talvez, ele seja um viado querendo dá o rabinho pra você. _ Após dizer isso, Charles começa a gargalhar.
_ Detesto viados. _ Resmunga Gus.
Então combinamos de dar um pequeno susto e gravá-lo chorando ou fazendo uma coisa bem ridícula e depois jogar na rede. O primeiro passo era eu me aproximar dele, minha mãe pedindo para mim cuidar do neném enquanto ela ia ao mercado facilitou muito isso.
O garoto foi uma, digamos, presa fácil e logo ele confiava cegamente em mim. Toda vez que eu fraquejava e pensava desistir, eu lembrava que foi por causa do nascimento dele que eu nunca tive pai, isso com certeza me fez seguir em frente.
Quando estávamos perto de concretizar nosso plano, Gustavo queria pular fora, pois ele achava que o Daniel era muito legal e não merecia isso. Entretanto Charles, não sei como, usava a nossa dor e a transformava em ódio, parecia que a minha vingança, era mais importante para ele do que para mim.
A pergunta era: “Por que?”.
Quando eu perguntei, ele só respondeu:
_ Isso é problema, não te mete.
Eu não quis ir mais fundo porque não me importava mesmo com isso. Tudo o que eu queria era que meu pai visse que o Dani não compensava e que eu poderia ser um filho muito melhor, do que o Daniel jamais seria.
E então chegou o dia fizemos como o combinado e levamos Dani para um velho abatedouro, quem descobriu esse lugar foi o Charles. Íamos amarrar ele, o ameaçaríamos, forçaríamos ele a dizer coisas ridículas, enquanto gravávamos. Depois deixaríamos ele amarrado até anoitecer e só soltaríamos quando ele prometesse jamais falar que foi a gente.
Pode parecer cruel, mas eu só pensava no meu pai e na falta que ele me fez.
Mas então Charles tirou um pacote de camisinha e eu Gus nos olhamos, sem entender nada.
_ Pra que esses preservativos Charles? _ Eu questionei com eles na mão. _ A gente não tinha combinado isso.
Gus tentou desistir, mas Charles não deixou.
_ Olha aqui, seus merdas. A gente vai nisso até o final agora. _ Ele vem pra perto de mim e começa a falar: _ Ei, foi você mesmo que contou pra gente como ele te olhava, não foi? Pensando bem, não vai ser nada demais. Ele quer isso!
_ Por favor Binho, me leva embora. _ Dani me implora em um sussurro. Ele tinha acabado de levar um chute no pé do estomago.
Não quero lembrar de tudo aquilo, só sei que depois que o Charles e o Gus tinham feito sua parte, Gus precisou de um empurrão, chegou a minha vez. Mas querendo ou não ele era meu irmão, eu não podia fazer isso.
Gus, se senta no canto do outro da sala, pelado, e começa a chorar que nem uma criança. Como eu pude deixar essa situação chegar a essa altura. Daniel estava deitado, olhando para a janela, parecia que estava morto. Ele estava muito acabado!
_ Sua vez garanhão! _ Charles vem pro meu lado com um sorriso, que eu adoraria tirar com um murro. Como eu pude ser tão cego?
O Daniel não tinha culpa de nada, os únicos culpados eram meus “pais”. Mas agora já era tarde. Eu sabia que o Dani nunca iria me perdoar.
_ Eu vou pegar meu irmão, dá o fora daqui direto para o hospital!
Charles tira aquele sorriso da cara e me empurra no chão.
_ Você não vai mesmo. Tenta tirar ele daqui que todo mundo vai ficar sabendo o que ‘você’ fez... Estuprando o próprio irmão, que coisa feia!
Ele estava sem camisa, logo ele se livrou da calça e subiu em cima do meu irmão de novo. Ele colocou a câmera no chão e voltou a estupra-lo. Eu fiquei com muita ânsia de vômito e saí do galpão. Eu estava sentindo um nojo enorme do Charles, estava sentindo nojo de mim mesmo. Eu vi meu irmão mais novo sendo estuprado e não fiz nada!
Depois de uns vinte minutos, Charles e Gus saem completamente vestidos, Gus com a aparência bem abatida, devia estar com tanta culpa como eu. Já Charles estava com um sorriso de quem tinha ganhado na mega-sena.
Eu entro no galpão e ele continua olhando para a janela, as pernas dele estava escorrendo sangue, depois do choque inicial eu só consegui me abaixar até o ouvido dele e dizer:
_ Isso foi tudo culpa sua!
Ele não tinha, só disse isso para ver se convencia a mim mesmo. Charles disse que não éramos para voltarmos, se o contrariássemos ele diria a todo mundo sobre o que aconteceu, sem se incluir é claro.
Eu não consegui dormir à noite sem saber se ele estava bem ou não, se já tinha chegado em casa. No dia seguinte eu fui com minha mãe bem cedo e descobrimos que não havia voltado para casa, senhora Torintho estava muito aflita.
Então Gus aparece:
_ Vim me desculpar com o Dani. _ Ele fala olhando para baixo.
_ Não dá, ele ainda não voltou para casa.
_ O que? Ele dormiu naquele abatedouro imundo?! Temos que ir buscá-lo! _ Gus fala aumentando o tom de voz.
_ Era o que eu ia fazer, que se dane o Charles!
Porém, no meio do caminho nós os avistamos. Não tivemos coragem de nos aproximar e nos escondemos atrás de uma arvore. Ele estava horrível, estava com os cabelos arrepiados e molhados como um gato escaldado. Mas meu desespero veio ao ver aquela mancha enorme de sangue e ainda andava mancando.
Sentei no chão de uma vez, puxei meus cabelos e comecei a chorar. Gus estava tão se sentido tão mau quanto, ou pior, a mim.
_ O que foi que a gente fez? _ Ele pergunta entre soluços.
_ Uma monstruosidade. _ Eu respondo.
Nunca tive chance de mostrar ser uma pessoa diferente para o meu irmão, nunca tive a chance de ensina-lo a paquerar ou de ajuda-lo numa matéria difícil ou em um coração partido. Fiquei tão obcecado pelo pai que eu não tive, que acabei esquecendo que eu poderia ter amor de um irmão mais novo que só fez me admirar.
Se eu pudesse voltar atrás, eu faria tudo diferente! Mas eu não posso, agora ele foi para longe e eu acho que nunca mais vou vê-lo outra vez.
Mas eu estava errado, depois de três longos anos cheio de culpa, ele voltou. Charles que me contou isso.
_ Como você sabe disso?
_ Eu nunca o tirei das minhas vistas! _ Ele responde com aquele sorriso cínico que eu tenho tanto ódio e foi embora.
Ele era obcecado pelo Dany, então eu e o Gus prometemos protege-lo a qualquer custo de Charles, não sabíamos como, mas seriamos capazes de dar a nossa vida por ele.
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E ae pessoal, vocês ainda acham que a vingança compensa? Eu queria passar essa história antes de fazer uma enquete: Dani se vinga ou não? Vocês decidam se ele vai ser ou não o no Emiliano Thorne da parada, mas a responsabilidade do que está por fim fica por cima dos votos de vocês. Respondam nos comentários.
P.S.: David Ross, esse William é um gostoso mesmo, né? Virei narniano por causa dele! (RS) Toda vez que eu ia para casa da minha tia eu não perdia a oportunidade de assistir esse lourinho dos olhos azuis. Três anos depois eu li a obra completa naquele livro com uma grossura maior que a bíblia. Escolhi ele como o vilão, porque ele tem um quê de malandro.
Boa noite pessoal, see ya!