"As coisas vão acontecendo comigo, novos sentimentos aparecem. Tá difícil assimilar tudo, a confusão me ataca. Mas creio que a resolução disso tudo é o tempo, o espero ansioso." - Rafael Silveira
Não sei por quanto tempo permanecemos assim, nos olhando. Parecia que estávamos conversando pelo olhar. A música ia rolando no fone de ouvido e eu não estava nem aí para ela. Era como se ele me desafiasse a levantar dali e tomar alguma atitude. Meu corpo estava paralisado. Meu coração batia rápido e em descompasso. Por que que perto dele eu estava me sentindo assim, paralisado? Já chega!! Desviei o olhar e me levantei.
Eu - Então, onde está o celular do Pedrinho?
Guilherme - Está aqui comigo. - ele tirou o celular do bolso e eu estendi a mão para pegá-lo. - Calma aí, primeiro quero saber uma coisa.
Eu - O que você quer saber? - disse impaciente
Guilherme - Como está o... o...
Eu - O garoto que você bateu? - ele abaixou a cabeça e coçou a nuca. - Está no hospital. Os médicos não sabem o futuro dele. - ele levantou a cabeça e me encarou por um tempo, em seguida tornou a baixar a cabeça. Ok, tanto vocês quanto eu sabemos que é mentira, que o Pedrinho está bem melhor e que vai voltar em dois dias. Foi maldade minha? Sim! Mas aquele garoto precisa saber que o mundo não gira ao redor dele. Poderia sim ter acontecido coisa pior com o Pedro. - Isso porque um bacaca resolver bancar o valentão.
Guilherme - Olha, acredita em mim. Se eu pudesse mudar o que aconteceu, eu mudaria. - disse ele ainda de cabeça baixa - É que as vezes sou um pouco esquentado. Estava nervoso com o que tinha me acontecido antes de encontrar vocês. Acabei descontando minha raiva no garoto. - ele levatou a cabeça e vi que ele tinha corado um pouco. Seu rosto expressava sinceridade. Na minha frente tinha um garoto completamente diferente de hoje mais cedo. Me deu um aperto no peito. Um certo arrependimento. Me deu vontade de falar que aquilo não era verdade. Mas já que eu falei...
Eu - Mas agora está feito. Não há como voltar atrás.
Guilherme - Onde ele está internado?
Eu - Para que você quer saber disso?
Guilherme - Por que eu vou visitá-lo.
Eu - Você vai visitar ele?
Guilherme - Se eu perguntei é porque eu vou.
Eu - NÃO, VOCÊ NÃO VAI! - agora ferrou. Para que que eu fui inventar que o Pedro estava muito mal?
Guilherme - E por que não?
Eu - Porque... porque... - tentei pensar em alguma coisa, mas me deu um branco e não consegui pensar em nada.
Guilherme - Fala garoto, porque que eu não posso ir?
Eu - Porque você está me enrolando para não devolver o celular. - tá eu sei, me saí muito mal.
Guilherme - Você está me chamando de ladrão? É ISSO?
Eu não respondi. Não sabia o que responder. Não era isso que eu queria dizer. Olhei para baixo tentando pensar em alguma solução. Ele chegou mais perto de mim e ficou tão perto quanto na outra vez. Respirei fundo. Seu cheiro... ele simplesmente me fez esquecer o que eu ia dizer. Levantei a cabeça, que ficou na altura do seu pescoço. Olhei para o seu rosto e percebi que estava vermelho.
Guilherme - ANDA, RESPONDE! VOCÊ ESTÁ ME CHAMANDO DE LADRÃO?? - ele foi dizendo e foi me imprensando na árvore - PODEM ME CHAMAR DE MUITAS COISAS: ARROGANTE, BRIGUENTO, MULHERENGO... NÃO ME IMPORTO! AGORA, ME CHAMAR DE LADRÃO?? NUNCA PRECISEI ROUBAR NADA DE NINGUÉM, MUITO MENOS UM CELULAR DE MERDA.
Não é bem um "celular de merda", é um iPhone 5, mas isso não vem ao caso agora. Fiquei assustado, confesso. Mas depois da parte "um celular de merda" não ouvi mais nada. Seu cheiro é tão bom... Eu sei que já está na hora de eu falar alguma coisa mas... Parei e fiquei olhando seus lábios se moverem. São carnudos e meio rosados. Perece bom de beijar... PARA TUDO!! MARLON, ACORDA. O CARA ESTÁ GRITANDO COM VOCÊ, E VOCÊ FICA PENSANDO NO CHEIRO E NOS LÁBIOS DELE??
Guilherme - ...Me ouviu bem? NUNCA!!! - Vixi, me perdi no tempo. O que ele queria dizer com o "Nunca"?
Eu - Garoto, me solta! - ele chegou mais perto de mim (se é que é possível) e segurou meus braços. - Quem você pensa que é? Acha mesmo que pode chegar... - ele aproximou seu rosto do meu. Só para ter uma idéia, seu nariz estava encostado no meu. E eu novamente esqueci o que eu ia dizer. - Olha, eu não queria te chamar de ladrão. Eu... eu... - Ele fixou seu olhar no meu. Sustentamos o olhar por poucos segundos. Era como se um tivesse tentando descobrir o que o outro pensa. Por fim ele disse:
Guilherme - Tudo bem, acho que eu fui muito rude com você. Desculpa.
Eu - Eu é quem peço desculpa, eu não devia ter dito aquilo. - ele me soltou, não nos distanciamos, muito menos desgrudamos nossos olhares. Com a mão esquerda ele segurou minha cintura, com a outra ele alisou meu pescoço. Quando percebi, sua lingua estava na minha boca. Como numa dança sincronizada, correspondi o beijo. Era um beijo calmo, sem pressa alguma. O tempo tinha simplismente parado. Não pensei mais em nada. Depois de um tempo, o beijo se tornou mais urgente. Era como se ele quisésse explorar cada canto. Ele me imprenssou mais ainda seu corpo no meu. O beijo durou tempo suficiente para fazer, tanto ele quanto eu, perdermos o ar. Quando acabou o beijo, ele olhou dentro dos meus olhos.
Guilherme - Então... eu... - ele ia dizer algo mas seu celular toca. Devido a pouca distância entre nós, aproveitei e dei uma espiadinha na tela. Estava escrito "Gabi". Me subiu uma certa raiva por dentro. Ele olhou para a tela e depois para mim.
Guliherme - Eu... eu vou atender. - apenas acenei com a cabeça afirmativamente. Ele se afastou um pouco e atendeu. Não deu para ouvir muita coisa. Apenas ouvi ele dizer: "Já estou indo". Para disfarçar, comecei a tirar algumas lascas de madeira da árvore. Ele se aproximou e disse:
Guilherme - Eu preciso ir agora.
Eu - Tudo bem. - ele estava se afastando quando lembrei do motivo que me levou até ali - Espera! - ele virou para trás. - O celular, você não me devolveu ele. - Ele abriu um sorriso lindo e me respondeu.
Guilherme - E nem vou devolver.
Eu - Ué, porque?
Guilherme - Que outro motivo eu teria para te ver de novo? - disse isso e piscou para mim. Seguiu até a moto, subiu, ligou-a e se afastou. E eu fiquei lá, parado. Sorrindo que nem um bobo.
Na volta para casa não parei de pensar nele, no beijo dele, no cheiro dele, na voz dele...
De manhã, discutimos feio e agora nos beijamos. Agora eu te pergunto: O que aconteceu?? Estou, no mínimo, confuso. E ele ainda quer me ver de novo. Alguém pode me explicar o que rolou?
Oi gente. Eu sei que sumi, mas estou de volta. Então, conto é totalmente fictício, saiu da minha imaginação (por isso peço um pouquinho de paciência :D ). E eu prometo tentar aumentar o tamanho do conto. E novamente agradeço por cada comentário, cada voto, cada leitura (dos que comentam e dos anônimos); MUITO OBRIGADO!!! Críticas, comentários, elogios, palpites e votos serão muito bem vindos.
Até terça, gente :)