Antes das seis XXI

Um conto erótico de Carpenter
Categoria: Homossexual
Contém 849 palavras
Data: 22/09/2014 17:56:49

Por um minuto conservei o sangue-frio necessario a tempo de ver Carlos afastar Fernando com um empurrao nao tao forte, fazendo o rapaz cair sentado de volta no banquinho. Escondi-me atras da porta, sentindo meus nervos formigarem e o sangue me faltar ao rosto por segundos. Tive, enquanto isso, a impressao de ouvir a voz sussurrada de Carlos numa curta frase aspera que nao entendi.

Sai do banheiro simulando uma calma que vesti nao sei de que modo. Vi entao o semblante assustado e confuso de Carlos, sentado na cama, tendo ao lado Fernando enrubescido como nunca vi antes, parecendo atarantado, feito nao soubesse onde enfiar a cara. Quando me notou entrando no quarto ergueu-se de onde estava sentado e permaneceu à janela, fingindo olhar o jardim la embaixo.

- Estou um pouco cansado - disse Carlos, inquieto de repente - Se puderem voltar em outra hora...

- Sem problemas - respondi, aliviado - Vamos Fernando?

Ele passou por mim de cabeça baixa, com pressa, sem olhar para Carlos. Ja do lado de fora da casa, atravessando o portao da propriedade, notei que seus olhos estavam marejados e a respiraçao irregular, como numa grande agitaçao nervosa.

Nao dissemos nada e eu demonstrei nao ter reparado nisso. No fundo me sentia por um lado satisfeito por ele ter tirado a prova da inutilidade daquela paixao ridicula por Carlos. Quem sabe agora nao se convencesse de uma vez por todas de que estava iludido?

Mas havia tambem o fato de eu ter ao meu lado um homem com o coraçao dividido. Isso, apesar de doloroso e humilhante, era o que me restava por enquanto. Ou isso ou viver sem ele, coisa esta que eu tinha certeza que nao conseguiria. Sem ele, nunca. Nunca.

Voltamos aos nossos dias silenciosos na casinha. O desanimo de Fernando sugava toda a alegria de outrora. Falava pouco, escutava discos sem parar e ficava horas estendido no sofa com o braço cobrindo a cara, perdido em pensamentos, com a gata deitada no colo. A unica coisa que nao tinha mudado era o apetite sexual dele, sempre generoso, diario, fizesse o frio que fizesse à noite. Exceto isso, o resto era silencio, sombras de dias tristes de inverno e o meu coraçao que reclamava baixinho, doendo por aquilo tudo.

Quase um mes mais tarde, nao acreditei quando ouvi o som da lambreta invadindo nossa rua no seu barulho irritante. Fernando nao conteve uma risada alta, saltando do sofa com gata e tudo, escancarando a porta para Carlos entrar.

- Olha, Rei! Ja esta bem de saude, esse boboca! - exclamou numa onda de euforia.

De fato Carlos parecia melhor, mais disposto, praticamente como antes. Mas estava fumando escondido e por isso ainda tossia e suava frio as vezes. Trouxe revistas novas e outros discos, buscando os antigos. Reparei que em certos momentos ele olhava para Fernando com desconfiança e um ar severo, evitando ficar muito tempo de conversa com ele, sempre me incluindo. Em certo instante tive a sensaçao de que ele queria me dizer algo, porem Fernando nao o largava um segundo sequer.

No outro domingo quem estava doente era eu. Uma gripe forte me derrubou no sabado e no dia seguinte nao consegui sair da cama, ardendo em febre a cada hora, delirando que era ainda moleque e catava laranjas com Fernando na chacara.

Ele cuidou de mim como pode. Comprou remedios e me deu varios banhos frios de toalha para baixar a febre. Ainda no domingo, entretanto, teve de me deixar sozinho no quarto pois Carlos tinha chegado.

Do meu quarto frio e penumbroso eu ouvia sussurros dos dois na sala. Minha cabeça rodava de febre e uma angustia insuportavel me sufocava. Sem saber bem porque, andei devagar ate a porta do quarto e a abri, espiando pela fresta tal como aquele dia no banheiro de Carlos. Vi a sala fechada, sombria como sempre, e Fernando bem proximo a Carlos, ambos em pe', se entreolhando fixamente. Num movimento brusco, Fernando tentou beija-lo, mas o outro virou o rosto, pegando entao na mao do meu garoto e a levando à propria braguilha, por cima do blue jeans. Ali Fernando esfregou com certa pressa os dedos, fazendo o volume crescer e se evidenciar. Ele lambia e mordia os labios, fixando os olhos no entrepernas de Carlos ou encarando-o bem de perto. De repente, com ansiedade, desafivelou o cinto de nosso amigo, desabotoou o jeans, puxando o ziper e afundando a mao la' dentro numa pegada firme, quase um tranco, fazendo Carlos fechar os olhos. Impaciente, ele abriu a jaqueta vermelha, ergueu para cima parte da camiseta branca e pressionou Fernando para baixo, fazendo-o se agachar diante dele.

Me veio uma ansia de vomito. Esmurrei a porta, fechando-a com um baque seco e alto. Tomei entao um pratinho de louça que estava por ali com remedios e num gesto de furia lancei-o contra a parede do quarto, vendo-o se quebrar em triangulos irregulares.

- Desgraçados! - berrei, rouco de gripe, caindo na cama numa exaustao de febre insuportavel, sentindo tudo girar e minha lingua enrolar num principio de convulsao.

*

*

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Valeu galerinha!

Ate o proximo!


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Comentários

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:(((( e agora???? nossa q angustia de querer saber mais... To aqui tentando imaginar as possibilidades do q pode acontecer, e tentando me colocar no lugar do Reinaldo, nossa chega me fazer mal tentar imaginar se fosse comigo :~(. Seu conto continua lindo e prendendo cada vez mais minha atenção e olha q eu ja tava viciado!!! Parabéns pela escrita... seu eterno fã :*******************

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