Cabelos caídos sobre a face de modo meigo em contraste com a expressão de delícias vulgares e áreas erógenas à mostra, nada lhe fugia a mesmice de minhas manhãs. Francine era de posse de um esbeltar de corpo e características fortes, era a mistura certa de pecado e volúpia, não obstante faria-me ficar naquela cama. Nada me prendia ali, apenas seu leve e agradável corpo. Fiz tudo como o protocolo, levantei-me de leve, vesti-me, olhei-a pela última vez e saí, então sinto uma mão junto a minha impedindo minha despedida. Era Francine, que abraçou-me e disse:
- Não a farei ficar, apenas gostaria que o fizesse. Ao menos, fique e tome um café da manhã comigo. Eu já preparei tudo, apenas coma e se vá.
Não queria que fosse assim... Odeio despedidas, resolvi ficar. Comemos e conversamos. Francine era nova na cidade, não passaste nem dois dias que se instalara em um condomínio próximo a área, era formada em administração, tinha 24 anos, 1,75 de altura e decididamente era dotada de grande potencial tanto profissional quanto pessoal. Paguei a conta e a levei para casa, não poderia simplesmente largá-la ao léu em uma cidade perigosa e desconhecida. Chegamos e ela então beijou-me a bochecha e agradeceu... E disse:
- Se quiser entrar, a casa é sua...
- Não, obrigada. Tenho que ir para o trabalho.
Garota do interior, tão inocente quanto desejável. Esta sim seria alvo de grandes problemas!
Então a vi partindo, liguei o carro e com um descuido, senti a ponta de um caco de vidro em meu pescoço. Céus! Não era preciso ser médico para conhecer a jugular e temer que algum malfeitor a encontre. Então o jovem garoto apenas disse:
- Ô moça, passa. Passa tudo. Se a senhora der o dinheiro, deixo a senhora ir. Vai! O dinheiro.
- Fica um pouco complicado virar-me para pegar o dinheiro com um caco de vidro em meu pescoço, meu jovem. Afrouxe o braço,pegarei o meu dinheiro que se encontra no bolso de trás e então estaremos todos bem. Eu com a minha jugular e o senhor com o dinheiro.
- Que que isso jugular? Vai ficar com colar nenhum. Eu quero. - Havia me enganado sobre o conhecimento anatômico.
Ele afrouxou e eu me virei na simulação de pegar o dinheiro, então abri a porta e pude ver o garoto sendo jogado no chão. Saí do carro e levantei os vidros dele, então o garoto levantou e com o seu caco já espatifado, correu. Então Francine corre e abraça-me, percebe que em meio a confusão, cortei o rosto, próximo ao queixo, ela pediu que eu entrasse e passaria álcool para não infeccionar. Coloquei o carro na garagem de seu edifício e fomos para o elevador.
Quanta coincidência! O perfume era o mesmo, os fios loiros também, a pele branca como a neve entrava na lista e aqueles olhos... Ah! Aqueles olhos que eram como faróis... Era tudo o mesmo, até a Juliana, só havia uma diferença, agora ela não estava em meus braços e sim na troca de carícias com uma amiga com quem já, soube-se por boatos, que ela havia se envolvido.
Ela notou minha presença, nos cumprimentamos, ela simplesmente ignorou tudo, a nossa noite, o meu corte, as nossas devidas companhias, apenas virou e prosseguiu aquela troca de carências deploráveis. Então sentimos um arranco e como passe de mágica o elevador para. Já estava sentindo falta de um objeto afiado em minha jugular.
Francine reparou minha inquietação, segurou minha mão e tocou-me o rosto de leve.
- Adri, você está bem?
Eu sorri e antes que eu pudesse dizer algo, Juliana logo respondeu.
- Ah! Meu amor, essa aí aguenta até faca no peito se for por mulheres. Esse cortezinho não faz nem cócegas, não é mesmo, Adriane?
Apenas fiz que sim com a cabeça. Não, eu não estava bem! Eu havia me apaixonado pela garota que agora fazia comigo o que eu fazia com as outras. Ou muito pior. Sempre tentei manter a amizade, o respeito e o carinho. E agora... Sentia minhas vértebras corroendo aquela ira e não sabia ao certo o motivo. Afastei-me de todos. Então as luzes apagaram e o elevador chacoalhou. Senti alguém indo para os meus braços e um leve beijo ocorreu, um selinho que não me dava características certas. Quem era? Quem era a dona daqueles lábios doce como mel?
Obrigada outra vez pelos elogios. Coloco-me outra vez para críticas, comentários sobre alongar da trama e demais coisas de interesse literário. (propositalmente criado com tal finalidade)