Fiquei ali pensando comigo se ele queria mesmo saber minha opinião ou se apenas estava querendo uma afirmação de que fez a coisa certa, mas aquela era uma oportunidade única, era minha chance de questionar algumas coisas com ele, afinal eu estava ali para aprender o que ele fazia, então eu falei que concordava com a conduta dele, deveria mesmo ser incisivo com os encarregados e cobrar melhores resultados, só questionei a escolha de palavras dele, eu falei que as vezes ele soa ofensivo e até arrogante mas que no geral ele tem razão nas coisas que fala, mas não perdendo o foco eu perguntei o porque das diferenças de tratamento, em resposta ele me disse...
– Nossa somos uma versão reduzida de uma sociedade Diogo, e já tivemos inúmeros exemplos de revoltas sociais que mudaram completamente as governanças de uma cultura, os operários da empresa não precisam ter medo de mim, eles tem que me amar, eu sou e serei sempre o melhor patrão que tiveram, dessa forma eu terei o apoio incondicional deles.
– Sim, eu até concordo, mas não acha que isso pode causar uma perda de poder nos encarregados?
– Não mesmo te dou como exemplo o líder patrimonial ele é alguém respeitado, porque aprendeu a minha forma de gestão e aplica na sua equipe, agora se um departamento esta sendo mal gerido eu irei cobrar mesmo uma melhor postura dos encarregados, eles tem que fazer valer os salários altos que recebem.
– Tudo bem compreendo, mas e com a recepcionista um dos assuntos mais comentados foi uma postura quanto a aparência dela, e comigo o porque age dessa forma, sempre impaciente e exigente?
– A Luanda me representa, ela recepciona quem vem me ver, e eu fui muito compreensivo poderia apenas ter dispensado e pronto, mas preferi ajudar ela a se adequar, e quanto a você eu não te transfiro 10% da cobrança que recebo, ou acha que só me sento aqui e faço o que quero? Eu tenho patrões meu querido, e no corporativo sempre será cobrado, se não souber lidar com isso é melhor desistir da carreira, agora volte a sua sala e se prepare para as entrevistas temos um dia longo pela frente.
Quando eu me sentei para conversar com ele deu pra sentir o preparo que o cara tinha, ele tinha uma visão muito mais ampla que a minha sobre administração, sobre os negócios e muito mais ampla mesmo quando se tratava da relação interpessoal entre funcionários, era de fato um líder, voltei a minha sala e enquanto me organizava pensava em nossa conversa, em pouco tempo eu tinha aprendido muito, com um cara mais novo que eu, até o comportamento dele fazia mais sentido depois da conversa que tivemos, quando deu meio dia eu fui ao refeitório da empresa e lá estava ele sentado com o pessoal da portaria, o motorista e alguns funcionários da empresa, que nem eram funcionários e sim de uma empresa terceirizada, achei bonitinho ver ele daquela forma, o refeitório nem estava totalmente pronto, ainda nem estava climatizado e mesmo assim ele estava na boa.
Ria e conversava com todos, ele é de fato um politico nato, poderia seguir carreira na boa não teria o menor problema, me servi no bandejão e me sentei em uma mesa próximo a janela, enquanto comia ali quieto na minha notei uma coisa que me deixou intrigado em uma mesa ao lado da dele estava sentado um dos caras do T.I e ele olhava de uma forma diferente para o Jonas parecia desejar ele, me incomodou um pouco, na minha cabeça aquilo me incomodou, pois eu pensei que o cara queria puxar saco do chefe, mas hoje eu entendo que o cara queria era que o Jonas puxasse o saco dele com a boca de preferencia, mas enfim... Eu ainda comia quando o Jonas passou por mim em direção a saída nem me viu estava distraído conversando e comendo uma paçoquinha.
Terminei de comer, e fui ao vestiário escovar meus dentes, me arrumei novamente e voltei ao escritório a recepção da sala de reuniões já estava cheia de candidatos, todos ansiosos eu sei bem como é odeio fazer entrevistas de emprego, quase morro de nervosismo fico até de pau duro quando to muito nervoso ou ansioso e isso complica muito minha vida, antes mesmo de sentar na minha cadeira eu ainda tinha mais 15 minutos a Luanda me chama, e me fala pra ir a sala de Reunião, quando entrei o Jonas já estava lá sentado em uma cadeira no centro e todas as outras preparadas para os candidatos, ele me pediu para ficar sentado ao lado dele em uma das cadeiras, e os candidatos entraram todos se sentando nas cadeiras, ele pediu para que se apresentassem e depois começou a divagar sobre a empresa, missão, visão e valores...
Em seguida aplicou uma dinâmica rápida, que deu pra separar bem quem tinha potencial quem falava bem, depois ele começou a falar só em inglês isso já deu outra peneirada boa nos candidatos, achei eficaz a forma como ele avalia, ele ia falando e perguntando e sempre anotando nas fichas, na terceira fase usou tabletes com uma versão de teste do programa da empresa para um teste de Q.I enquanto eu observava sem falar nada comecei a entender a admiração de alguns funcionários por ele, depois disso ele novamente começou a conversar dessa vez apenas sobre noticias de jornais e revistas, sempre anotando o que precisava e observando tudo, as entrevistas duraram duas horas, ao final ele separou 3 currículos, saímos da sala e ele me falou que eu poderia voltar e falar aos candidatos quais seriam os escolhidos, eu mal esperei ele terminar e falei...
– Sacanagem isso, vai me deixar a parte mais dificil da entrevista, que é a de falar que não passou? Poxa não queria ter que fazer isso...
– Você só vai fazer isso se for muito burro Diogo, é bem mais pratico voltar a sala e dizer que a empresa ira analisar a entrevista e entrará em contato com os aprovados, caso a empresa não retorne o contato, desde aquele momento ficaria a gratidão pela participação no processo seletivo.
– Me perdoe Jonas, mais uma vez você tem toda razão. Ok, vou retornar a sala e fazer conforme me indicou.
Fiquei morrendo de raiva de mim mesmo por não ter pensado naquilo, mas o cara me deixava meio nervoso, nem pensava direito ao lado dele, isso é uma sensação horrível essa coisa de não saber o que fazer em frente a um chefe que intimida, fiz tudo da mesma forma que ele disse e voltei a minha sala, graças a Deus naquele dia a tarde correu tranquila, ele não me pediu nada e eu pude trabalhar tranquilo sem as cobranças dele, meu trabalho fluiu de forma maravilhosa quando eu fui embora era mais ou menos 18:30 os dois encarregados estavam entrando, fiquei meio preocupado afinal se os caras ficassem irritados seriam dois contra um, e ele havia ficado sozinho no escritório, naquela noite eu fiquei bem relaxado, até bati uma punheta pra descontrair, fiquei com vontade de sair mesmo que fosse ir ao cinema mas preferi ficar quieto no hotel.
No meu terceiro dia na empresa eu cheguei, li meus e-mails, tomei um café na copa com a Luanda, aproveitei pra conhecer melhor o pessoal da unidade, tinha gente ali no escritório que eu ainda não havia trocado nenhum oi, Fui pra minha sala, eu mal sentei e o Jonas me chamou em sua sala, eu não tinha sequer notado que ele havia entrado em sua sala, fui lá pra conferir o que ele queria, e ele novamente sem me olhar ou me dar nenhum bom dia foi vomitando tudo o que queria – Eu preciso que ligue para Karoline a secretária executiva da unidade Goianésia e avise que estamos indo pra lá, precisamos de um motorista para nos pegar no aeroporto de Goiânia, confirme também com ela as reservas do hotel... Sim eu farei isso, mas eu entendi bem o que disse, você falou nós?
– Sim falei, estamos indo, você a Aline do Financeiro Jurídico e eu, nosso vôo sai as duas da tarde, tem tempo suficiente
pra arrumar suas malas, agora vá fazer o que eu pedi.
Fui providenciar tudo o que ele queria para a viagem em seguida voltei ao hotel, arrumei minhas coisas e voltei ao escritório, onde ele e a Aline já estavam prontos e a minha espera, nem troquei minha roupa fiquei com a mesma, tenho uma preguiça imensa de aeroporto mas dessa vez foi diferente porque não esperamos entramos por uma entrada alternativa e fomos direto para uma aeronave era meu primeiro voo fretado fiquei todo emocionado, me senti rico pela primeira vez na vida, durante o curto trajeto ele nos explicou mais ou menos o que havia acontecido, algumas das maquinas estragaram misteriosamente e os funcionários não estavam conseguindo reagendar a entrega dos produtos e nem mudar os recebimentos no sistema o que estava gerando prejuízos diários, a unidade selecionada pra resolver foi a nossa, e ele como sempre pensou em tudo antes de irmos e nos disse exatamente o que fazer era só chegar e executar.
Descemos em Goiânia e nem respirei direito o ar da cidade, já fomos para o carro e pé na estrada, no carro a Aline foi na frente ao lado do motorista e o Jonas ao meu lado no banco de trás ele estava lendo uns documentos concentrado e eu tentando pensar em algo para ajudar a solucionar o problema ainda teríamos algum tempo pois só iriamos a empresa no outro dia pela manhã, chegamos ao hotel a menina da unidade de Goianésia só tinha reservado dois quartos, um duplo e um de solteiro, mesmo sabendo que eramos três pessoas, e uma das pessoas era mulher e e outro era simplesmente o diretor, e não tinha como mudar as reservas, nem fazer nada fiquei em um desespero quando a recepcionista do hotel deu a noticia, afinal o Jonas havia me mandado ligar e confirmar, ele me olhou com uma cara de poucos amigos, respirou e disse em voz suave...
– Sem problemas, façamos da seguinte forma, a Aline fica no quarto individual por ser mulher e precisar de maior privacidade e eu irei dividir o quarto com o Jonas, não vejo problema nenhum nisso, não precisamos de uma tempestade só por um motivo bobo desses....
Como isso havia ficado combinado fomos aos quartos o nosso era no terceiro andar e o dela no Segundo, entramos era quarto duplo, mas com duas camas de casal, o que já me deixou mais tranquilo, arrumei minhas coisas na cama, e tirei meu sapato, quando olho pro lado o Jonas esta de costas só de cueca e tirando a camisa, meu coração deu uma disparada quando vi aquela cena...