capítulo nove
Já estava acostumado a me sentir sujo, mas nunca daquela forma. Cada toque, cada beijo, cada olhar que ele me lançava só contribuía para que eu me sentisse pior. A cada dia que passava eu via nosso amor afundar cada vez mais em um relacionamento fadado ao fiasco. Nós nunca seriamos aceitos por ninguém em lugar nenhum no mundo. Seriamos odiados e desprezados por aqueles que amamos e morreriamos sozinhos como pecadores.
— Tem algo errado com você? — Gabriel percebeu que eu estava distante por um bom tempo.
— Não — menti.
— Um homem não deve ter segredos com sua familia — Meu pai (que estava sentado no outro sofá) Intrometeu-se — Pode nos contar qualquer coisa.
Qualquer coisa não. Pensei e tenho certeza que Gabriel pensou o mesmo.
— Estou preocupado com a faculdade — menti.
— Deixa de ser bobo Enzo. Você vai se sair muito bem na faculdade.
Não respondi e Gabriel ficou me olhando desconfiado.
Assistimos ao resto do jogo do Corinthians e São Paulo — o qual meu pai ficou furioso, pois o São Paulo ganhou do Corinthians. Depois fui me deitar, pois no dia seguinte seria meu ultimo dia de aula.
Quase não dormi naquela noite. Me revidava de um lado na cama tentando encontrar o sono, mas não conseguia. Tudo o que vinha na minha cabeça era meu irmão. Eu o estava magoando ao dizer que o amava. Não diretamente, mas alimentava um desejo errado e pecaminoso que ele tinha por mim. Nosso amor só nos traria dor e sofrimento e essa era uma coisa que eu não queria para ele. Queria que meu irmão fosse feliz e isso não seria possível se continuassemos juntos.
...
— Te pego amanhã as onze para o churrasco da Jéssica — Miguel se jogou na grama do pátio da escola, pondo-se ao meu lado.
Sorri, pois era a primeira vez que ele falava comigo a uma semana.
— Não estou no ânimo para churrasco — lhe disse.
— Deixa de ser viado Enzo — brincou — Vai ser divertido. Vai ter carne e cerveja pra caralho.
— Você sabe que eu não bebo — falei.
— Vamos? — pediu — Vai ser bom pra você distrair a cabeça. E pelo que estou vendo ela está precisando urgente de uma distração.
— Está tão na cara assim?
— Não Brow, mas eu te conheço bem e sei quando você não está bem.
Sorri de felicidade. Miguel Mr conhecia muito bem mesmo. Nunca houve uma única vez em que ele olhou para min e não soube se eu me sentia bem ou mal naquele dia.
— Verdade...
— Mas você não vai me contar qual é o problema? Apesar de eu ter certeza que é o seu irmão.
Ele me conhecia bem demais.
— Você tem razão — admiti sentindo um gosto amargo da derrota em minha boca — É errado o que estou fazendo com Gabriel. Nosso namoro só vai causar sofrimento para ele e para mim.
— Que bom que consegui ver isso agora — Miguel apoiou a mão em meu ombro e o afagou de forma reconfortante.
— Eu o amo muito Miguel. Você não faz ideia do quanto. Pensar em larga-lo...
— Dói — Ele completou minha frase — Eu sei. Mas é a coisa certa a se fazer. Gabriel não é muito mais que uma criança confusa. Logo ele vai perceber que não te ama da forma que ele acha que ama.
Eu senti algumas lágrimas escorrerem por meu rosto.
— Ru imaginei nossa vida juntos diversas vezes — disse com a voz chorosa — E todas as vezes eu nos imagino morrendo sozinhos e odiados. Não quero isso para ele. Quero que ele cresça, fique velhinho e morra cercado por aqueles que o amam e o respeitam.
— Ele pode ter isso Enzo — o tom de voz de Miguel era controladamente carinhoso — Ele encontrará outra pessoa que possa faze-lo plenamente feliz assim como você também encontrará. Deixe-o ir Enzo.
— Eu não quero — admito ainda chorando — Mas preciso.
Miguel me abraçou fraternalmente me trazendo paz de espirito.
— Quer que eu esteja lá com você para te dar foça? — Propôs.
— Não. É melhor sermos só eu e ele — Por mais que eu quisesse a presença do meu melhor amigo ali comigo, era algo somente entre Gabriel e eu.
O caminho para casa foi demorado e silencioso. A dor cortava meu coração em milhares de pedaços pequenos e pontiagudos. Aquilo era algo que eu não queria fazer, mas que precisava. Iria terminar com Gabriel por mais doloroso que aquilo podesse serGeo Mateus, Inimigas são realmente fodas kkkk.
M(a)rcelo, kkk Gabriel como Sherlock Homes é sacaniar o coitado do Sherlock, mas não vou entrar em detalhes do por que.
Gleison Duarte,esperança, Alguém93, Jhonna, que bom que estão gostando. Isso me deixa muito feliz.
Dinha_6, Você ainda não viu nada.
Dani3l, Ai é que está! Gabriel enxerga na atitude de Miguel um sentimento por Enzo, que por sua vez enxerga sua atitude como preconceito. É por isso que gosto dr escrever com mais de uma perspectiva, pois posso interpretar uma reação de varias formas diferentes, pois cada personagem interpreta o que vê de uma forma. Que está certo nessa interpretação? Enzo, Gabriel ou nenhum dos dois?
gatinha-s2, fico feliz que tenha achado que ele tem. jeito de biscate, pois foi essa a minha intenção quando criei o personagem. Mas vocês ainda não viram quem é o Gabriel.
Filha da lua, seu nome me passa uma tranquilidade tão grande que me dá até medo kkkkkk. Brincadeiras a parte. Muito obrigado pelo elogio, e ele me estimulou muito a escrever mais e mais.
Je t'aime Suki Dayo, Eu também ri muito enquanto escrevia o "acabo com você". Foi simplesmente hilário um pirralho como Gabriel ameaçando o Miguel. Não precisa se desculpar por nada, pois em momento algum me ofendeu com isso. Obrigado por seus elogios e por acompanhar meu conto e obrigado por querer me ajudar. Não entrei em contato ainda por receio mesmo. Tenho medo de conhecer pessoas pela internet e também que de alguma forma você ou qualquer um descubra quem eu sou. Mas se eu tiver coragem, pode deixar que vou entrar em contato.
Aos demais que lêem meu conto em anonimato, vocês são muito importantes para que eu continue escrevendo.
Obrigado a todos que estão acompanhando e saibam que o conto ainda está longe de acabar. Muitas águas ainda vão rolar nesse conto. Até o próximo capítulo.
