_Mas o que exatamente você está fazendo aqui?
_Hã... bom...
_Foi eu quem convidou.
_É claro. Matheus, eu nem sei o que eu faço com você!
Bom, a situação era crítica. O final de semana que era pra ser uma calmaria só tornou-se num belo amontoado de situações difíceis.
Primeiro o Luiz estava bancando o “controlador”, agindo das sombras. Isso não fazia sentido algum para mim, já que até tínhamos combinado de contar tudo para o outro.
E agora o Murilo aparece na minha frente, lindo como sempre, com um olhar diferente das últimas semanas. Mais confiante, com feição determinada e divertida ao mesmo tempo. Por que tinha de ser tão difícil para mim? Até então eu pensava que tinha feito de tudo para afastar as chances de um retorno com ele. Mas talvez eu não estivesse 100% convicto.
_Entra.
_Obrigado. Licença.
_A casa é sua.
_Olha, eu vim porque o Matheus insistiu muito. Talvez você fique bravo ou coisa parecida, mas eu vim até aqui só pra curtir a companhia de vocês, além de matar a saudade dos seus pais que foram muito legais comigo.
_Sei. Pode levar suas coisas pro quarto do Matheus.
Antes que algum dos dois dissessem alguma coisa peguei as chaves do carro e fui dar uma volta pelo centro. Depois de um tempo resolvi parar o carro e ligar para o Luiz. Por sinal este não me atendeu. Tentei mais algumas vezes e nada. Mandei mensagem e decidi ir até a casa do Higor.
Mas não havia ninguém por lá, então voltei pra casa. Ao chegar lá ouvi risos, muita conversa e tal. Estavam todos na área de lazer lá de casa paparicando o Murilo. Ao me verem pararam de falar o que quer que estivesse em pauta e ficaram me encarando. Dei um breve aceno e fui pro meu quarto.
Logo meu irmão foi até lá.
_Estou muito encrencado?
_O que você acha?
_Bom, pra ser sincero, que você está se comportando feito um idiota. Você não ouviu do cara que ele não veio pra forçar a barra?
_Da próxima vez que você querer alegrar a vida de alguém, pense melhor no que está fazendo.
_kkkkkk ridículo você. Tá com medo dele? Por que? Ainda gosta dele? Ou então você está com medinho desse outro cara aí que você está ficando?
_Matheus....
_Para de bancar o chifrudo dolorido. Você não e mais criança poha!
_Para de tentar me dar conselhos. Você ainda tem que entender muita coisa pra poder sair dizendo essas coisas...
_E o que faz você pensar que eu não tenho razão?
_Você não sabe o que diz.
_E você não sabe o que quer. Tenho certeza que sua vontade é dar uma beijão nele, pra matar a saudade. Mas o seu orgulho e esse tal de Luiz estão no caminho. Se liga cara, o Murilo está deixando você pisar nele sem reclamar. Ele está lutando por você, e tudo o que você faz é ignorar o cara?
_Sai daqui.
_Isso mesmo covarde. Fique aqui sozinho.
Meu irmão saiu com uma cara de assassino. Mas a minha não estava muito diferente. Fiquei deitado em minha cama pensando em várias coisas, até que meu pai aparece por lá.
_Filho, o que você acha de irmos pro sítio, já que vocês dois vão voltar só na terça?
_Vocês que decidam. Por mim tanto faz.
_Então hoje, depois do almoço vamos para lá. Vai ser ótimo. Vou com sua mãe comprar algumas coisas no mercado. Já voltamos.
_Ok
Olhei pela janela e percebi que o meu irmão foi junto, deixando o Murilo a sós comigo. Resolvi ir até a cozinha. Ao terminar de descer as escadas o vi sentado no sofá, vendo meu álbum de formatura do ensino médio. Quando percebeu minha presença fechou o álbum e ficou me encarando.
_Rafa, tá tudo bem?
_Murilo, o que você está fazendo aqui?
_Eu já disse...
_Não. Eu quero a verdade por traz de tudo. É sua última cartada?
_kkkkk, não. Eu realmente estou aqui só pra curtir.
_O que meu irmão tem conversado com você?
_Nada demais.
_Eu preciso deixar uma coisa bem clara...
_Não precisa. Eu já sei qual será a sua próxima mentira.
_Não entendi.
_Você está mentindo pra você mesmo. Me diga uma coisa, todo dia você pensa no Luiz como pensava em mim? Ou você ainda pensa em mim?
_Não começa. Eu te coloco pra fora!
_Tudo bem. Eu disse que iria ficar de boa e vou cumprir. Mas você se esqueceu do dia em que eu te disse pra não mentir pra si mesmo.
_E você se esqueceu que foi um filho da mãe comigo.
_Eu me lembro disso todos os dias. Você não faz ideia do quanto eu sofro por não poder te tocar, dividir tudo. Talvez o peso da minha traição seja maior do que eu possa calcular. Mas em algum lugar, mesmo que por mais remoto que seja, existem pensamentos divergentes. Talvez isso seja um teste para nós.
_Não viaja!
_Não, ouça. Você acha coincidência estarmos sempre um no caminho do outro?
_Você atravessa meu caminho sem pedir permissão.
_E o que isso importa. TE AMO!!
_.....
_Eu precisava do seu silêncio para confirmar. Você ainda pensa em mim. Rafael, eu te amo cara! Caso contrário eu não estaria sofrendo tanto por você, por tentar te reconquistar. Você meche comigo, mais do que você imagina. O meu erro serviu para que eu percebesse o quanto eu perdi por não estar mais ao seu lado, compartilhando tudo.
Foi chegando perto.
_Se você disser agora mesmo, olhando nos meus olhos que não sente nada positivo por mim, eu juro que vou embora agora. Você pode fazer isso?
_Você pode reparar o sofrimento que você me causou? Acho que não, e sabe porquê? Porque não dá pra passar uma borracha no que você fez.
_Eu sei que fui idiota. Já te falei isso, mas eu preciso de você e você de mim.
_Me diga um motivo para que eu não deixe de olhar na sua cara.
_Você não conseguira. Mas caso tivesse força pra isso eu iria lutar por nós dois.
_Murilo, esquece cara!
_Por hora não vou fazer nada. Lembra?
_Melhor assim.
Deixei ele lá e fui até a cozinha. Comi alguma coisa e fui pra fora, para ligar pro Luiz. Caixa de mensagens. Eu já estava ficando preocupado com esse sumiço repentino dele, mas preferi nem enviar sms para não bancar o chato.
Voltei pro meu quarto e fiquei deitado em minha cama. Logo o Murilo foi até lá.
_Talvez vir até aqui tenha sido uma decisão errada. Me dói muito ver você se isolando, se afundando dentro de si mesmo.
_E o que te importa?
_KKKKK você fica lindo enquanto briga, sabia?
Maldito Murilo. Eu não conseguia mais nutrir raiva contra ele. A verdade é que o modo como ele estava conduzindo a situação me deixava acuado por instinto. Eu “precisava” me defender disso, daí surge toda a minha revolta.
Ficamos nos olhando por um tempo. Os bons momentos surgiram em pensamentos, me deixando confuso novamente. Era tão bom estar perto dele novamente, porém tão doloroso.
Mas por que ele estava sempre seguindo meus passos? Ele realmente estava arrependido? Isso era nítido, porém eu não queria acreditar.
Quando todos voltaram das compras o meu irmão foi até o meu quarto e ficou abismado com a cena que viu.
Nós dois olhando alguns álbuns de família. Confesso que tinha sido uma boa distração, para perder aquele clima pesado. Acabei contando muitas histórias da minha família, nas quais ele dedicava muita atenção.
Por fim chegou o horário do almoço e todos estavam felizes por algum motivo. Até eu. Ter o Murilo ali estava sendo bom, divertido e interessante, já que ele estava cumprindo sua promessa de ficar na dele.
Depois do almoço fui para meu quarto checar o facebook. Mais uma foto enigmática do Luiz. Estavam na imagem ele, a ex, o fura olho, os avós e alguém que parecia ser um tio. A legenda dizia “amor maior não há”. Contraditório isso na minha opinião.
Antes de sair ele puxou assunto, e após os cumprimentos, ele disse:
“Não vou voltar no prazo combinado. Espero que entenda.”
Aquilo me deixou sem ação. Alguma coisa estava acontecendo no Rio Grande do Sul, algo que eu não iria gostarPessoal, peço desculpas pelo tamanho do capitulo de hoje. Mas estou em uma semana agitada na universidade, então estou sem tempo. Mas achei melhor postar um pedaço pequeno do que nada. Até a próxima. Qualquer dúvida é só mandar pra . Comentem se possível. Abraço galera!