Vida de universitário é foda 6

Um conto erótico de Fael
Categoria: Homossexual
Contém 1603 palavras
Data: 05/03/2014 23:52:13
Última revisão: 06/03/2014 09:06:39

Eu não conseguia raciocinar direito o que estava acontecendo, mas me lembro que ele estava me colocando debaixo do chuveiro, em uma água super fria. Depois, não me lembro de mais nada. Quando amanheceu, eu estava com uma puta dor de cabeça, estômago horrível, enfim, ressaca da brava!

Sai do meu quarto, e percebi que eu estava de cueca. Não sei porque mas eu voltei para colocar uma bermuda e uma regata. Ele estava na cozinha, tomando um café e lendo o jornal e ouvindo músicas pelo celular. Quando me viu, tirou os fones e levantou-se.

_Acordou, é! Como vc está?.....como se fosse preciso perguntar.

_Mal, parece que eu fui atropelado por um bando de elefantes. Tem café pra mim?

Ele me serviu uma xícara de café, que por sinal estava muito amargo. Bebi aos poucos, enquanto ele me observava com uma cara muito engraçada.

_Que foi? Tô tão ruim assim?

_Não.... você está pior do que imagina! Hahahahahah Vc se lembra do que aconteceu ontem?

_Mais ou menos....

_Você se lembra do que aconteceu no pasto?

Pensei um pouco, me lembrei. Olhei para ele, mas o divertimento de sua expressão havia passado. Parecia preocupado, em dúvida.

_Ah, é! Me lembro. Pode começar o sermão.

Me sentei, a sensação era horrível. Tudo parecia estar revirado dentro de mim, e pra piorar eu fiz muito fiasco na noite anterior. Eu não poderia simplesmente sair por aí e beijar o meu melhor amigo enquanto estava bêbado.

_Bom, quero saber o óbvio. Por que?

_Eu.... não tenho certeza. Porque eu quis? É o provável. Olha, eu sei que tô errado, vai em frente.

_Você sabe que isso não poderia acontecer. Eu não quero me envolver com vc dessa forma. Além do mais, você ficou muito mal, fiquei muito preocupado, não sabia direito o que fazer. Mas depois do banho.... você apenas dormiu. Tranquilo, como se não tivesse feito nada! Você não deveria ter bebido tanto assim!

_Eu sei, eu tô confuso, não entendo o porque de ter te beijado. Mas mesmo assim, isso não foi um grande absurdo. Não pretendo repetir, e assim acho que tudo pode voltar ao normal.

Eu estava com vergonha, fiquei bêbado, beijei meu melhor amigo, quebrei as minhas próprias regras de “hetero”. Muita coisa pra processar, e olhar para o Murilo não estava ajudando. Agora ele parecia estar perdido em pensamentos, com os olhos vazios, e devido a isso uma sensação de culpa percorreu a minha mente. O que eu tinha feito? Estraguei a nossa noite com os amigos, provavelmente estaria todo mundo rindo da minha cara e pra piorar não sei como as coisas com o Murilo iriam continuar.

_Cara, relaxa. Nem foi tão ruim assim- Parecia que ele estava lendo meus pensamentos- Ninguém te viu naquela situação. Além do mais, foi só um beijo sem importância, né?!

Foi quando algo me veio à mente:

_Você..... você correspondeu o beijo. Não foi um beijo qualquer.

_Você acha que eu não sei?! E isso tem importância? Tô mal por isso também, é como se eu tivesse abusando de você enquanto tú não estava em condições de tomar decisões. O prazer falou mais alto.

_Eu não quero que você pense assim. Eu te beijei e pronto! Tá feito, eu comecei, eu provoquei, eu te influenciei. Eu sabia que você curte, e por isso....não sei...só me deu vontade de te beijar. Matei minha vontade, assunto acabado, pode me chamar de qualquer coisa, só te peço pra não se culpar.

_Olha, vamos deixar isso de lado. Agora eu vou buscar um remédio pra você na farmácia. Posso pegar o carro do seu pai?

_Claro.

Depois do remédio, lentamente eu me recuperava daquela ressaca maldita. Naquele dia (domingo), ainda teria festa, mas é claro que eu não tava afim de ir, e aparentemente o Murilo também não estava se importando de ficar em casa. Jogamos baralho, assistimos filme, conversamos um pouco a respeito de alguns trabalhos pendentes da facul. Quando já estava escurecendo, o Manoel e o Victor chegam lá em casa contando tudo o que havia ocorrido no dia anterior e também do atual. Percebi que não fui o mais bêbado da festa, pois algumas pessoas realmente pagaram um mico maior. Não demorou muito e eles foram embora, iriam sair com duas garotas que conheceram na festa.

Depois disso eu comecei a pensar em como eu estava mudado, o quanto eu tinha crescido nos últimos meses em que passei a morar com outro homem. Um cara bi, que não apresenta preferências por nenhum dos sexos, que tem uma mente aberta e uma grande personalidade. Percebi o quanto eu era careta perto dele. Sempre saí com garotas, tive grandes experiências com elas, mas que nos últimos tempos havia cometido algumas atitudes “imperdoáveis”. Foram três as situações nas quais nos beijamos, e em duas tinha sido eu o mentor. Como isso era possível? Eu não estava perdendo meu instinto por mulheres, mas ao mesmo tempo o Murilo estava modificando minha visão de mundo.

Este momento é horrível para quem está se descobrindo. As questões da sociedade pesam toneladas em sua consciência. Aquelas questões sempre estão nos deixando aflitos: E se eu gostar de macho também? Como isso é possível? O que está acontecendo? É uma fase? O que eu faço? O que as pessoas pensariam? O que meus pais diriam? Quem estaria do meu lado? E se fosse bom, a ponto de ser uma grande oportunidade de descobrir mais coisas ao meu respeito? É quando uma pergunta se repete: O que está acontecendo?

_Hey, cara acorda!! Tá dormindo de olho aberto? Hahahahahahahaahah Levanta, vamos na rua tomar um sorvete. Eu pago hahahah, bora?

_Ah, claro. Vamos de carro, você dirige. Não tô afim.

_Blz, bora levantar daí mané!

Saímos, fomos a uma praça de alimentação de um hiper e tomamos um Bob’s. Estava um clima muito agradável, muitas pessoas em família, se divertindo. Foi quando eu os vi, um casal gay de mãos dadas não muito longe de nós, em uma mesa próxima a uma parede. Fiquei os observando, estudando suas atitudes.

Estavam de mãos dadas, o que aparentemente estava gerando desconforto em algumas pessoas que estavam próximas. Típico. Porém, pareciam não se importar, falavam em tom de voz normal, riam, conversavam mais, observavam as coisas ao redor. Como um casal “normal”. O Murilo parou de tomar seu sorvete e percebeu o que eu estava olhando.

_O que você pensa disso?

Fiquei com vergonha, não queria dar pinta de estar observando.

_Nada, o que há pra pensar?

_Tudo aquilo que você vê. O que você está vendo? Me diga.

_Um casal....normal. Nada mais, é isso?

_Me diga você! Cara, o que está se passando aí dentro? Tá tudo certo?

_Hey, não tem nada errado comigo! Só tava olhando, só isso!

_Gostou do que viu?

_Não tô te entendendo!

_Olha, você não precisa penar nessas coisa sozinho. Pode e deve compartilhar comigo. Sou sei amigo, quero saber o que está acontecendo com você.

_Eu sei. Só estava olhando, nada mais. Você faria isso? Ficar com um cara assim, em público?

_Não. Você sabe, eu não sou assumido, e nem pretendo. Olha só, aqueles pais alí-apontou a direção- A cada minuto eles olham pra eles com uma cara de nojo, como se fossem animais fazendo alguma coisa horrível em público, tomando cuidado para que os filhos não fiquem observando os dois. Eu não quero isso para mim, não tenho coragem. Quando eu te contei morri de vergonha, mas eu precisava. Era diferente, eu confio em você, eu sinto que você pode me ajudar a carregar o fardo sabendo sobre mim. Ficou mais fácil, mas ainda assim..... não vivemos em um local de aceitação à diversidade.

_Entendo. É foda.....hã, deve ser horrível mesmo.

_Vamos pra casa?

Já no estacionamento eu fiz mais uma pergunta.

_Quando você descobriu o que estava acontecendo com você, o que aconteceu.

_Posso ser sincero?

_Claro!

_Eu acho que a situação é igual ao que você está passando.

Fiquei com aquela sensação de estar queimando. Eu estava tão confuso assim aponto de ele ter noção do que se passava comigo? Como isso era possível, justo comigo tinha que estar acontecendo algo assim?

_Acho que você está confundindo tudo, cara. Só estava pensando em algumas coisas a respeito. Nada mais.

_Ah sim. Mas lembre-se de uma coisa, nunca minta para você mesmo.

Assim, ele deu partida no carro e partimos para casa. No caminho não falamos nada mais a respeito, só coisas desconexas. Quando chegamos, resolvi assistir um pouco de TV para ocupar a mente, e ele resolveu me fazer companhia. Ele ficava me olhando, e eu olhando para ele. Em um intervalo comercial ele se aproximou, me olhando, e foi chegando mais perto. Aproximava seu rosto do meu, e quando chegou bem perto meu coração estava palpitando de forma muito acelerada. Foi quando ele ergueu o dedo e limpou o canto da minha boca:

_Tinha chocolate aqui.

Confesso que não sabia se sentia alívio ou decepção. Ele se sentou ao meu lado, no chão. Ficamos assim um bom tempo, sem dizer nada, até que ele quebrou o gelo:

_Eu sou um fdp, desculpa.

Nisso ele me beijou. De prontidão correspondi, e assim ficamos um bom tempo ali, despreocupadamente explorando a boca um do outro.

Galera, queira agradecer aos comentários de incentivo que estou recebendo. É muito legal saber que minha história está chamando atenção de vocês. Por enquanto, tudo está calmo, mas muitas coisas ainda irão acontecer no decorrer da história. Eu pretendo lançar um capítulo por dia, dois se for possível. Queria pedir para continuarem comentando. Vlw gente! :)


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Comentários

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Muito bom, estou amando. Continua!!!!!!

E como o Murilo disse: "Nunca minta pra você mesmo."

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Quando se prova mais de uma vez...Não tem como mais nega.

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Muito bom, to adorando sua historia, Parabéns.

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Morri de rir do final. Mesmo bom.

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Excelente capítulo, essa história está tomando um rumo muito bom!

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Muito bom. Se for 2 por dia melhora ainda mais. Rsrs

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muito bom, tipo me identifico com essa história

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