Capítulos de Mim - 13

Um conto erótico de Passarinho
Categoria: Homossexual
Contém 1855 palavras
Data: 09/01/2014 11:51:38

Capítulo 13 –

Peço perdão a todos pela demora em postar... Tive que me ausentar por uns motivos de ordem particular, mas hoje vou postar dois capítulos como pedido de desculpas. Peço que continuem comentando e votando...... Agradeço a todos vocês pelo carinho. :DOs corredores estavam escuros e eu andava apressado e com medo. No final do corredor via uma porta e sabia que devia abri-la e encarar o que estivesse lá dentro. Angustiado, decidi correr para chegar mais depressa. Parei em frente à porta branca e a abri. Dentro havia um grande número de camas de hospital geometricamente alinhadas, mas só uma estava ocupada. O ocupante da cama estava coberto por um lençol de linho branco. Ergui a mão e lentamente fui em direção à cama para remover o lençol. O choque não podia ter sido maior quando a ausência do lençol me fez contemplar a face da minha mãe. Sem cabelo, com os lábios da cor do roxo beirando o preto e com os olhos tão fundos dentro do crânio que eu nada podia ver exceto um buraco escuro.

Muito assustado acordei com um supetão e fiquei sentado. Eu estivera deitado, inconsciente tomando soro, em uma das camas do hospital. Do meu lado, Jean falou:

- Oi? Tudo bem? Já faz quase duas horas que você tá dormindo... Já estava ficando preocupado. Seu soro tá quase acabando já. – Ele estava sentado em uma cadeira de plástico velando meu sono. Seu sorriso era reconfortante.

- O que? Onde eu to...? – Ainda estamos no hospital... Ele parou um pouco. Você tava muito nervoso então a enfermeira te deu um calmante. Ela falou que quando terminar o soro e você quiser, já pode ir.

- Ahhh e o enterro – Respirei bem fundo antes de continuar pra não perder o controle e começar a chorar novamente – E a Clarita?

- Ela vai ser cremada daqui a pouco. A enfermeira falou que as cinzas dela serão enterradas num lugar próprio que eles têm pra pessoas em situações especiais assim como ela, aqui mesmo no hospital.

- Suponho que você não quer ver... Não é? – Ele falou meio receoso.

- Não... Claro que não. Eu já estou melhor, eu quero ir embora.

Tentei levantar, mas Jean me fez voltar a deitar. Jean chamou a enfermeira que nos fez esperar mais uns cinco minutos até o soro acabar totalmente pra poder removê-lo do meu braço. Ao sair do hospital Jean passou um braço ao meu redor e fomos assim até o carro. Meio abraçados. Encostei minha cabeça no ombro dele e deixei-o me guiar. Ele me levou até o carro e quando eu sentei ele pôs o meu cinto. Não pude deixar de achar super fofo.

Depois disso, ele foi dirigindo na direção da minha casa. Ele sempre conversava e fazia piada tentando me animar ou ao menos me distrair. Mas minha mente já estava longe, longe. Essa seria a primeira vez que eu encararia minha mãe desde que descobri que ela estava com câncer.

Eu liguei o rádio pra ter algo o que fazer e fiquei remexendo nas estações tentando encontrar algo até que deixei em uma que passava a música do Josh Groban - Mi Mancherai.

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Não fica assim... – Jean falou quando eu esqueci de acenar, sorrir ou fazer qualquer outro gesto educado enquanto ele terminou de falar – Aquela menina, a Clarita, teve muita sorte de ter um amigo como você.

- O que? Como você sabe o nome dela – Perguntei dessa vez prestando atenção ao que ele falava.

- Aquela enfermeira me contou a história dela enquanto você estava dormindo. Me contou que você faz trabalho voluntário naquele hospital e me contou como vocês se conheceram e que vocês se gostavam muito.

- É... Mais ou menos isso.

- Você é uma pessoa boa, Ruy. – Ele falou me encarando.

- E isso importa? Quer dizer, Clarita também era uma menina muito boa e olha só... Ela teve uma vida miserável e vivia com a esperança que algo de bom acontecesse com ela. Mas nada miraculoso aconteceu... Ela simplesmente sofreu bastante e depois morreu, arbitrariamente. Isso é justo, Jean?

Ele demorou um pouquinho a responder... – Não... Não é. - Paramos num sinal vermelho.

- Naquele dia... Que nos encontramos no jardim, - Eu falei baixinho – O meu irmão tinha acabado de me ligar e me contar que minha mãe foi diagnosticada com câncer. – Jean ficou me encarando e então só me abraçou.

- Tudo vai ficar bem... Eu estou aqui com você! – Ele só me soltou quando as buzinas dos carros que estavam atrás se tornaram insuportáveis. Ele dirigiu mais um pouco até que chegamos à pracinha em que nos encontramos da outra vez. – E agora, pra onde vamos? – Ele não sabia onde era minha casa.

- Eu já estou perto de casa, vou descer aqui.

- O quê? Você não vai descer aqui... Vou te deixar em casa.

- Jean, por favor... Você não pode me deixar em casa. – Como vou explicar pra ele que Rejane não pode nem sonhar em ver um amigo da escola me deixando de carro em casa.

- Não insista... Por favor. Vou te deixar em casa.

- Escuta... Meu bairro é super perigoso e seu carro é muito chamativo. Por favor... Eu vou daqui! – Eu fiquei lá mais um tempo dando milhões de motivos pra ficar ali até que ele concordou, de má vontade. – Quando fui sair do carro ele me deu um último abraço e quando ia me soltar nossos rostos se roçaram e foi como magnetismo. Nossas bocas meio que procuravam uma a outra acabou que demos um selinho. Quando nossos lábios se encontraram uma sensação de choque percorreu as artérias do meu corpo e eu me separei meio ofegante, meio assustado. – Obrigado por tudo Jean, nunca vou poder agradecer tudo o que você fez por mim hoje.

Saí do carro e ele ficou lá parado até quase eu dobrar a esquina e sumir de vista. Depois deu ré e foi embora. Quando menos percebi já estava em casa. Tantas sensações, tantas informações que processar, tantas felicidades e tristezas... – Que semana! – Pensei. Mas as surpresas estavam longe de acabar ali.

Quando ia entrar em casa algo me fez parar. Guilherme conversava com uns amigos dele numa calçada perto dali... Fiquei estático apenas o encarando durante algum tempo, até que ele notou que eu estava o encarando... Falou algo pros amigos dele e saiu meio apressado na direção oposta a minha. Ele estava tentando me despistar. Entrava e saia de becos e eu atrás... Já saia e entrava de becos e mais e mais barracos passavam por mim... O chão era fétido e cheirava a esgoto e excremento... Subia e descia vielas e barracos, mas não o encontrava.... Ele tinha sumido. Já tinha desistido de encontrá-lo e estava pensando em descer o morro de novo (Nunca tinha me embrenhado tanto naquelas partes) quando o vi... Estava dentro de um barraco abandonado, na laje. Entrei dentro do edifício e no interior tinha uma escada improvisada de madeira... Subi com cuidado e ele estava lá... Como o morro era alto e estávamos perto do topo estar na laje nos permitia ver toda a comunidade assim como os arranha-céus, as lojas e as casas dos ‘patrão’. Soube imediatamente que aquele era um tipo de esconderijo do Guilherme.

Guilherme observava o cenário de São Paulo... Carros, prédios, casas e poluição.. Ele sabia que eu estava atrás dele... Mas ainda assim não se virou. Ficamos assim por um bom tempo até que ele disse:

- Eu sei que você deve me odiar... – Não falei nada... A verdade é que eu não sabia o que falar... Eu não sabia o que eu sentia. Não sei se gostava dele (como amigo, claro) ou se o odiava pela sua traição ou se o empurrava daquele barranco e me vingava de tudo...

- Eu sei que você jamais vai me perdoar pelo que eu fiz... Eu só quero que você saiba que eu sento muito... De verdade.

- Doeu. – Eu falei depois de algum tempo... – Doeu saber o que você fez.

- Doeu em mim também, ter feito aquilo. Tanto que tive que sair daqui... Não tive coragem de te encarar. – Ele me disse e eu podia sentir a verdade... Era quase como se eu pudesse tocá-la.

- Sua cunhada é realmente uma cobra criada...

- Eu que o diga. – Falei.

Ficamos lá... Olhando a cidade tão cheia de pessoas apressadas, cuidando de seus afazeres... Acima de nós um céu nublado e sem vida ronronava monotonamente.

- Ela te forçou, não foi? – Perguntei depois de um tempo – E era como se eu sempre soubesse... Era típico da Rejane chantagear e coagir as pessoas.

- Não me orgulho do meu passado, Ruy – Guilherme suspirou – Eu.... Fiz.... Umas coisas aí... E Rejane sabe. Ela me ameaçou. Ela falou que ia contar pra todo mundo se eu não fizesse isso... Eu não queria ter feito e eu falei pra ela.... Eu perguntei se não tinha outro jeito e tentar convencê-la a não fazer isso contigo, mas ela não quis saber...

- E agora ela tá me ameaçando... Tá transformando minha vida num verdadeiro inferno – Falei baixinho.

- Eu imagino... Por favor, por favor... Me perdoa – Ele falou e apesar de não ter derramado nenhuma lágrima sua voz cortava duramente.

Não sei se foi porque já tinha chorado muito naquele dia ou se as muitas provações estavam me tornando mais duro... Mais rígido ou se foi pela morte precoce de Clarita que me amorteceu, mas eu, que sou uma manteiga derretida, não chorei. Apenas o encarei e continuei a observar a paisagem. Até que era bonita...... Quando você esquecia que o cenário lembrava algo relacionado à morte.... Bem, pelo menos vida, sei que ela não exalava/exala.

- Eu não sou Deus pra perdoar nem você, nem ninguém... E sei que deve ser algo muito grave, pra você, o que Rejane ameaçou expor e sei bem que tipo de pessoa ela é.... Mas o que você fez foi mais do que simplesmente dar a arma que Rejane iria utilizar para atirar em mim. Você tentou me seduzir, você me beijou.... Algo em mim foi violado aquele dia que você falou aquelas coisas e me deu um beijo.... E sei lá... Tudo o que você disse pareceu tão verdadeiro. Você me manipulou, você me traiu...

- E quem disse que não foi verdadeiro – Ele me cortou e eu continuei como se não tivesse havido interrupção – Você traiu nossa amizade de uma maneira particularmente podre... Sei que você não fez por mal, mas existem certas coisas que quando se quebram jamais podem ser coladas de novo – Ele olhou pra mim com uma carinha muito triste... Eu parei de falar um pouco tudo o que tava engasgado e fiquei apenas o encarando.... – Assim aconteceu com nossa amizade. Ela quebrou e foi uma dessas coisas que não se pode concertar. – Eu levantei e ele também – Por favor... Pensa melhor – Ele falou tentando me tocar, mas eu me afastei – Espero que dê tudo certo na sua vida, de verdade.

- Saí de lá e fui correndo pra casa louco pra tomar um banho e tirar aquela roupa que fedia a hospital... Louco pra dar um abraço no Vitinho e consolar minha mãe... Que devia estar precisando de mim mais que nunca.


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Comentários

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Que bom que vc voltou, sua história continua excelente!

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Essa Rejane é uma vadia, acho que no teu lugar tbm não perdoaria o amigo por ter feito o que fez ! Tomara que o Ruy consiga rebater as chantagens da vadia da cunhada !! Saudades do conto ^^ , nota 10 como sempre :)

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Muito triste,mas eu tambem nao perdoaria o seu amigo...que amigo faria isso?...bjs

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ESSA TUA CUNHADA É UMA MEGERA. MUITO BOM O CONTO.

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