Coração Indeciso - Capítulo XIX

Um conto erótico de Arantes, Henrique.
Categoria: Homossexual
Contém 5224 palavras
Data: 30/12/2013 20:56:21
Última revisão: 05/03/2014 07:43:00

Esse é o conto mais longo que eu escrevi e com maior liberdade de expressão e criatividade. Peço que me desculpem pela demora e por possíveis errinhos. Qualquer coisa comentar.

BjsBoa Leitura!-

— Espera, já estamos chegando ai! — disse Ana do outro lado da linha.

— Ah, vou pegar um táxi para casa só digo isso!

— Faz isto e será um bulldog morto! — Várias risadas brotaram do fone.

— A gente tava no shopping perambulando esperando a ligação do — falou com sarcasmo — rei.

— Eu sei que eu sou. — dei uma risadinha, alguns alunos das quatro estavam me olhando enquanto caminhavam para suas salas e para o andar superior.

— Cadê minha “miguxa” aqui na frente? — falou ela. Eu fui para frente e acenei para Gabriela, sai e fui para a calçada

— Onde tás?

— Aff, tá muito lento, viu !?! Não tá me vendo?

— Não! — Olhei para um Captiva preto e com vidro fumê. Abriu-se a porta do passageiro da frente do Captiva.

— E agora? — ela saiu a voz da Ana do carro a minha frente todo preto.— Nunca ias adivinhas, não é mesmo?

— Aff, para de palhaçada, Ana. — Me sentei ao lado do bonezudo. — E ai Vasc... — Não era Vasconcelos — Oi — falei envergonhado por entrar num carro estranho, que não me admiraria ser dor pai de Vasconcelos

— Oi. — disse num tom muito grosso e com sotaque quase perceptível.

— Cadê o Vasconcelos? — perguntei acanhado.

— Teve que ficar na casa dele com os pais por causa das visitas. — disse Priscila

— Como tu fica com teus pais não é? — Brincou Ana. Fiquei desconfortável, um aperto no peito, por mais que Ana brincasse comigo.

— Guarda na tua bolsa Pri... — quase que não sai o resto — ...scila? — Peguei meus cadernos e para Priscila. Ana percebeu que eu estava estranho, olhei pelo retrovisor ela digitava uma mensagem.

Meu bolso vibra e toca a marchinha Fon Fon Fon de Deolinda, tiro meu telefone.

“Ei, Rick que foi?” – Ana.

“Para de falar sobre essas coisas com o carinha nem me conhece! PLDDS!” – Eu.

Ana fica na dela, fazendo caras e bocas no banco de trás passando o telefone por entre os dedos.

— Tu gostas de Deolinda? — Pergunta agora com seu sotaque totalmente esclarecido, um típico português com sua voz grave e cheios de acentos agudos invisíveis sobre as palavras, lhe acrescentando o som aberto.

— Ah, eu? — Ainda me perguntava se era comigo. — Claro. Ana Bacalhau tem uma voz belíssima.

— As músicas... — Fez uma pausa em uma possível busca interna em seu léxico. — ...são um pouco arraigadas demais na cultura de Portugal, não achas?

— Mais esse que é o bom! Dãh — falei como se ele fosse um completo babaca.

— Desculpa-me — riu.

— Mas é verdade, esse que é o bom da música da banda! O ritmo acalma. Acho que o fado deve ter embalado até algumas revoluções p(u)rtugaisas . — Eu estava a imitar o sotaque português. Ana estava revirando os olhos.

— Henrique! Sinceramente tu vem logo com esses assuntos entediantes! Eu hein. — Ana se emburrou no banco de trás.

— Ó pá, deixa ele, hahahahaha, viu minha demonstração típica de p(u)rtugueses? — Riu, me olhando. Virei o rosto para a janela o shopping estava ali do ladinho. — Pelo menos ele demonstra que enrolam o xale no pescoço e começam a cantar.

— Me encanta, quando puxas demasiadamente o erre, que exagerado. — Dei meu sorriso tomatoso, mas ele viu o climão que estava entre mim e Ana.

— Não me bajule.

— Não estou. Preciso entrar logo no shopping.

— Não, vamos entrar todos juntos.

— Pelo amor de Dom de João. — Ele me olhou com um sorriso de cumplicidade.

Ana só se direcionava para Priscila. Peguei meu celular e digitei “Se tás tão chateada... Por que tu me colocou aqui?” enviei. Ela olhou para o telefone, viu que era, virou e continuou a conversar com Priscila. Mas logo depois desvirou digitou e virou.

Em minha mão meu telefone vibra, viro e abro a mensagem:

“Tás tentando tirar meu namorado?“ – Ana.

Digitei na mesma hora:

“ Tás louca gorda? Sou hetero” – Eu. #MomentoClaúdia.

Dobrando a avenida para poder pegar a Via principal e entrar numa Via auxiliar que guiava a Avenida em era a entrada de garagem entrar no estacionamento do Shopping Center.

“ Hum, to de olho em tu” – Ana.

Olhei para ela no banco de trás pelo retrovisor:

Ela estava com a boca fechada num bico e olhos espremidos. Priscila estava rindo das nossas mensagens principalmente se ela juntou. Em meu rosto voltaram a se dobrar os cantos da boca e minhas bochechas subirem.

— Vai me deixa aqui, por favor! É que irei encontrar um colega.

— Que colega? — Perguntou os três, se olharam rindo. Mas continuou dirigindo.

— Vocês não conhecem. Ó pá, deixa-me ir! Sou enjoado, tenho gosto musical de velhotas portuguesas. Não sei o porquê de vocês gostarem de mim. Não sei o que faço para livrar-me de v(u)cês — Imitei um movimento com xale invisível.

— Ó pá, pare com isto — ria ficando vermelho — p(u)rtuguesa velha e chata hahhahahahahahahahhahaha.

— Ouououou, ai tô morrendo — Ana ficou vermelha e sorrindo. A conversar continuou fugaz e entre cortada.

O carro entrou no estacionamento, quase triscando a carroceria no teto. Acho de pronto uma vaga e logo estávamos conversando indo para os elevadores, nem percebera isto.

— Bom, vocês ficam cá e eu vou a lá, tchau. — eu disse.

— Como assim? Não vais conosco? — Falou ele.

— Não, ele morre de medo de elevador. — Ana teatralmente colocou as costa da mão na testa e emendou para o gesto de apertar o botão do elevador;

Ana entrou com Priscila no elevador. Comecei a andar e nem percebi que Tiago estava atrás de mim. Meu celular no bolso, gemeu, parei e senti alguém as minhas costas.

— Que senha legal — riu.

— Nem preciso abrir a mensagem para saber quem foi que me enviou.

— Por quê? — perguntou-me.

“Meu Deus, ele ainda não sacou Ana? Como assim?”, pensei.

— Nada... Esquece! Por que não fostes com elas?

Estávamos a nos misturar com as pessoas já no primeiro andar.

— Porque não quero, ora bolas! — falou meio seco. Como se fosse um pecado eu duvidar da sua vontade de ficar comigo.

— Hum... — Minha garganta gemeu — Gostando do Brasil? — Puxei assunto.

— No presente, muito mais que no passado.

“Que direto!” pensei.

— E ai, é verdade que o maior mastro do mundo é português? — falei brincando, levantando as sobrancelhas. Graças a musica da Deolinda. Quem não gosta de ter o Ego massageado? ^.^

— Rá! Ai, tu és uma peça Henrique. — falou vermelho de rir. — Tu queres vê?

A senhora atrás de nós. Ela arregalou os olhos, e mostrou-se estupefata agarrando o corrimão. Calei-me com a reação da senhora de atrás. Vai que ela tivesse um treco ao ouvir o que eu falaria. Lá vai eu ficar culpado com o cadáver da velhaca.

— Melhor não. — falei rindo ao pegar a segunda escada rolante, balançando a cabeça. — Vai que é um dedal — Ri enquanto ele se emburrara.

— Olha que tu gostas! — Ele falou com aquela voz rouca que fez-me derreter.

Meu telefone vibrou e digitei a senha:

“2 mensagens”

Abri:

“Cadê vocês??” – Ana.

A outra certamente era antiga:

“Ele foi atrás de ti! Seu puto oferecido”

Digitei : “ Estamos no banheiro se agarrando, espera ai KKKKKKKKKKK’. Vai se ferrar! Já estamos chegamos!”

— Ãn? — Bloqueei a tela e me fiz de desentendido. — Claro que não! Seu tonto! — Ele riu.

— Mais uma? — Falou triste ao ver a escada rolante que ia para o quarto andar.

— Que foi? Ana tem razão? É ruim ficar comigo? — perguntei.

“Por que eu sempre tenho que imaginar como um casal todas as vezes que eu me aproximo de um garoto?”

— Não é isto, é que é cansativo. Não ficar com você, mas ficar pegando essas escadas.

— Podes pegar o elevador! — Falei já na escada.

— E perder esta vista? Nunca! — Ele falou enquanto ninguém nos acompanhava.

— Tás olhando para minha bunda e tás dizendo que tás interessado! Que obsceno! Não tens vergonha na cara, não? — Falei rindo e gestualizando saindo da escada.

— Por quê? Não se pode mais admirar o que é bonito? E além do mais foi você que perguntou sobre o mastro português. — Avançou um andar a mais para poder esbarrar em mim. Saímos da escada.

“Ele já me sacou! Droga, quem manda eu ser um oferecido! Um hétero já teria cortado esta conversa.”, pensei. “Que se dane! Vou provocá-lo mais! hahahhahahhahahhaha”

— Vamos ter que ir para o outro corredor, mas antes vou ali comprar um sorvete. Espera.

— Tá, mas tem coisa melhor que sorvete para se chupar. — Me olhou rindo.

— Sei...

Fui ao stand do McDonald’s e comprei um sorvete bem desenhado. E passei a língua bem sugestivamente enquanto caminhava até a ele.

— Vou à casa de banho, não queres ir comigo?

— Não, vou ficar sentado aqui no banquinho — Me sentei num dos banquinhos que ficam perto da barra que ficam em cima dos vidros. Vidros que se localizam nas bordas dos andares.

— Cadê meu homem? — Falou uma voz vinda de trás do pilar que eu me escondia.

— Sei lá. — falei como se não estivesse desinteressado.

— Bora logo, fala! — Ana se sentou com peso ao meu lado. Todos sempre queriam ficar com ela, sua fatura parecia encantar a todos.

— Tá no banheiro! Oxi !

— Hum...

— Cadê a Priscila?

— Tá com o Bruno.

— Com quem?

— Com o Bruno, tá surdo?

— Mana, por que tu fez isso comigo? Desnecessário! — Me levantei.

— Fiz o que, Rique?? — Falou ela docemente.

— Convidar o Bruno! — Falei num alterado baixo, fazendo “pastel” com uma das mãos.

Bruno, ele veio do lado oposto ao que Ana veio. Me subiu uma raiva quando vi de braços dados com os de Priscila. Já estavam perto. Ele tava vestindo uma camisa com o Elvis Presley inclinado e cantando um trecho de “Jailhouse Rock” com uma bermuda xadrez .

— Desculpa — disse Ana. — Me dá um pouco de sorvete?

— E ai vocês.

— Tá. Oi — entreguei-o a ela. Passei ao lado de Bruno — Vou ligar para mamãe.

— Deixa eu ir contigo! — disse Ana.

— Onde tá o Tiago, Ana? — perguntou Priscila.

— Vem mana. — disse para Ana. Ela se levantou.

— No banheiro. — respondeu Ana, enquanto eu caminhava digitando.

— Vou mijar também. — disse Bruno despudoradamente.

— Que cara nojento! — falei.

— Ele é homem — falou Priscila.

Olhei o relógio e eram seis horas. Já?

— Eu também sou, só que sou educado! — falei, tapei o microfone do telefone ainda encostado em minha orelha.

(Na linha)

— Onde tás Henrique? Por que não chegastes até agora? Já ia te ligar!

— Alô, mãe, olha eu vou voltar lá pelas oito e meia, não te preocupas, ok? Tô no shopping com a Ana.

— Tá, mas não demora!

— Tá bem.

— Bora ver o filme pelo amor de Deus! — Ana enviou uma mensagem para Tiago

— Tá irritado? — Perguntou a Ana.

—Tô! — falei.

— Por quê? — perguntou Ana.

— Ai credo, vocês já estão no “Love”, vão para um quarto. — falou Priscila.

— Não importa se tu não sabes o que é amizade. — Abraçando ela, que batia em meu ombro e caminhando. Subimos juntos a escada rolante.

— Tome. — falou Ana.

— Ana! Porra! — É a Priscila, amava palavrões um ponto nosso em comum que ela não sabia.

— Se desculpa Henrique! RUM!

— Não! É brincadeira— Ri.

— Desculpa-me, Priscila. Tava estressado, desabei minha ignorância em ti mesmo.

— Acho bom...

— Olha gorda te empurro da escada — falei rindo com ela abraçados. Nós saímos da escada.

— Gorda? Essa daí é uma baleia! — Ela puxou a Priscila para junto conosco e os meninos nos aturando.

— Sim, gossip girls. Vamos ver o filme? — falou Bruno.

— Ei, Bruno! — Uma voz conhecida ao fundo da escada, ignorei... Não era ...

— “Quié”? — respondeu numa pergunta Bruno. Eu, Ana e Priscila seguimos para a sala de cinema, mas ai surgiu Tiago ao nosso lado.

— Vou comprar as pipocas. — disse Tiago.

— Podes comprar para mim também, por favor? Um pacote médio com manteiga — Peguei o dinheiro no bolso.

— Não precisa. Eu vou lá para ti. — Eu e as meninas viramos.

Camisa e calça social; óculos, alargadores...

— TU! — Falei. — Meu Deus, até aqui!

Encarei ele e depois Bruno. Lembrei do que ele me disse: um irmão... na minha escola... O irmão que eu não deixara me dizer quem era...

Eles eram tão diferentes, senão totalmente: Bruno tinha cabelo liso com franja que às vezes (como hoje... Ele transformava em topete, este o deixava bem sexy) , forte entroncado, mas, era mais ou menos da minha estatura. Augusto era um poste branco, olhos bipolares ora verdes, ora castanhos (que interagiam perfeitamente comigo).

— É, eu até aqui. — riu. Bruno, ao fundo, estava de semblante fechado. — E vou comprar meu ingresso é “Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo!!”, não é? — Começamos a andar.

— É como tu sabes? — Perguntei.

— Ótimo... dois veados. — sussurrando Bruno.

—Cala a boca, babaca! Não sei para que tu fostes chamar ele, Pri? — disse Ana.

— Eu ouvi esse MERDA — Deu ênfase — falar ao telefone. — Todos rimos menos, o óbvio, o Bruno.

— Tá, vai lá comprar a pipoca. — falei. Foi com Tiago e Bruno.

— Henrique do céu, quem é aquela perfeição? Ai meu Deus quase tive meu primeiro orgasmo múltiplo! — disse Priscila.

— Meu Dr. Do HGNSF. — disse a ela.

— Viu Pri? Meu Dr. — Ana me imitou, rimos.

— Que isso rapá, sô é homem — Imitei uma voz totalmente diferente da minha, grossa. Nós rimos — É verdade! Querem ver? Eu mostro pra vocês. — Sorrimos — Bora logo entrar.

Escolhemos a sexta fila contando de cima para baixo. Começamos a subi. Tropecei. As meninas começaram a rir.

— Que foi? — perguntei.

— Tu tropeçou, deixou tua bunda a amostra ai, um cara fissurou nela. ahahahhahahah — falou Priscila. Sentamos nos três primeiros lugares da fila.

— Parem com isso! Deixem de ser mentirosas. — Falei virando para elas

— É sério, não é mentira! Foi um fortão parecido com o teu vizinho! — disse Ana. Que uma vez pegara-me espiando-o.

Logo vem pela escada com um sorriso enorme Augusto e atrás dele Tiago, Bruno (como desde que me vira com seu irmão, de cara feia).

— Bora? — perguntou ele.

— Para onde? — Virei-me para ele.

— Para lá — Apontou para o fundo.

— Vai amigo. — disse Ana.

— Não quer ir também amiga?

— Não. — falou Ana. — Agente fica por aqui.

— Tá, tchau. — Sorri.

“Bruno deve tá querendo me matar.E dai?! saashusahuhasuhsu”, pensei. Fui atrás da de Augusto. Senti alguém atrás de mim olhei para trás e vi Bruno. Quando me virei focalizei uma figura musculosa e conhecida. Era Ricardo. Acenei. Augusto percebeu, não gostou na da disso.

Sentamos, eu e Augusto, nos lugares que eram coladinhos na parede da última fila. Mas quando se sentou e tirou os óculos e guardou-os no bolso de sua blusa social cinza; olhou para Bruno.

— Pô, cara, que tu quer aqui? — falou ele.

— Um lugar. — falou arrogante, se sentou ao meu lado. Entre os dois irmãos.

— Tanto faz. — Se levantou. — Vamos? — Apontou para o outro lado. Fiz uma careta, ele se sentou. Virei e inclinei-me para ele e sussurrei em seu ouvido direito.

— Sem gracinha pelo amor de Deus teu irmão me odeia! — ajeitei-me no lugar.

— Tá. Mas pelo contrario do que tu disse — falou e simbolizou em LIBRAS “Ele deve te amar isso sim. Mas eu te amo mais”. — Entendeu?

— Sim.

— Só sei falar essas duas línguas mesmo e o básico do inglês, básico mesmo. — rimos. Bruno disfarçando sua curiosidade, ele bebia o refrigerante e mexia no celular.

As luzes apagaram. O filme foi decorrendo meu braço estava no descanso e Bruno tocou-o e logo direcionou sua mão à sua latinha de Pepsi lemon.

Juntei-me mais com Augusto, entrelaçando nossos dedos, ele se estufava todo como aqueles pavões na época de acasalar. Só me soltava quando era para rir. Bruno? Não, nenhuma risada vindo dele. Ao termino do filme eu tava quase em seu colo, isso ele iria amar.

— Gostou do filme? — Perguntou. Se levantou. Enquanto as pessoas saiam do cinema. Ricardo acenou para mim e desceu as escadas do outro lado. Nem um dos irmãos bravinhos gostaram.

— Amei. — Sorri. — E vocês? — perguntei a ambos. — Vamos esperar as pessoas saírem. Não gosto de vuco vuco.

— Tudo bem. — Encostou-se na parede.

— Engraçado. — disse Bruno friamente.

— Muito bom. Foi o melhor na minha vida... — Fez LIBRAS “... principalmente por que eu tava contigo.”.

— A parem de falar em linguinha de mudo! Que porra! — Reclamou Bruno.

— Bora?

— Bora — Me levantei. Coloquei as garrafinhas de coca no pacote da pipoca.

— Bora meninas?— perguntei ai olhei para Tiago. — E Tiago ó pá falei — rindo quando cheguei à fila delas. Coloquei-me em cima do encosto da cadeira de Ana.

— Pensei que íamos dormir aqui te esperando. — Disseram Priscila e Ana, elas se levantaram.

— Mas tu não vai comigo? — perguntou Augusto.

— Não ando de moto.

— Não tô de moto.

— Tu me deixas em casa? É muito longe da tua casa. — argumentei.

— Vou fazer uma visitinha à casa de meus pais. — Respondeu como um desesperado por mim.

— Vou pegar minhas coisas com a Priscila. Peguem o elevador. — falei caminhando até junto com todos até a parte dos elevadores.

— Coisas? — perguntou Augusto.

— Ele veio do curso de alemão — disse Bruno. Olhei para ele, logo ele todo desconcertado disfarçou — É alemão? Não é paneleiro? — somente ele riu e se calou

— Cala a boca seu babaca! — Não expressei raiva, só a vontade que ele fechasse a boca idiota dele. — Tu disseste isto para ele, Tiago? — perguntei para Tiago.

— O que significa isto? — perguntaram as meninas e Augusto.

— Quem? Eu? Eu não, não de onde ele tirou isto. — falou Tiago envergonhado.

— Tirou de Portugal! — eu disse. — Significa o mesmo que bicha. Não me ofendi se tu queres saber — olhei-o com desprezo.

— Por que tu é!

— Vai se ferrar imbecil! Gente, vou logo pegar minhas escadas rolantes. — Fui rápido até as escadas. Atrás de mim veio Augusto.

(De longe escutei)

“Frescura”- Bruno.

“Porra, para de ser chato” – Ana.

“Tinhas que falar aquilo?” – Tiago.

“Putz, para que fui te chamar.” – Priscila.

O elevador se abriu quando estava no final da escada

— Não liga para ele. Até que fim ele nos deixou em paz. — Tocou minha mão no corrimão que vibrava graças as correias que passavam por baixo da tira de plástico.

— Não ligo. — Embarquei na outra escada rolante.

— Posso te ligar hoje? — perguntou ele.

— Não sei. Talvez... Anota ai — eu disse. Mal pisando no segundo já fui indo para primeiro

— Não precisa. Teu número me custou cinquenta pratas.

— Por que não me perguntou?

— Queria fazer surpresa, mas acabei estragando por impulso besta — Meneou a cabeça.

Meu celular gemeu, desbloqueei, abri a mensagem de Ana:

“Vem logo Henrique, tá ficando tarde.”

“Tô chegando.” Corri para as escadas normais mesmo. O Captiva ainda estava lá. Acenei. Priscila abaixou os vidros.

— Suas coisinhas estão aqui meu bem. — Disse Priscila rindo, eu sorri.

— Obrigado, linda — falei rindo. — Tchau Tiago, tchau Ana Bacalhau — brinquei com Ana mexendo em seus cabelos.

— Tchau Velhota p(u)rtuguesa — falou Tiago rindo.

— Tchau amigo! — falou Ana do banco da frente. Bruno estava amuado ao lado de Priscila.

Fui até Augusto abraçando meus cadernos.

— Não sabia que tinhas carro. — falei de longe, andando rápido.

— Pois tenho para dar um ar mais formal nas representações. — Passou o braço pelo meu ombro. Até que gostei. — Vamos marcar outro deste? — Logo completou — Só nós...

— Hm ... — Virei o Biquinho. — Vou pensar. — Ele tirou a chave de um carro e desativou o alarme. Um Honda CR-V 2012 fez um quá-quac e suas luzes piscaram .

— Tua cara esse carro — falei rindo. Ele abriu a porta para mim — Obrigado.

— É um elogio? — Sussurro atrás de mim. Entrei encostando-me nele — De nada. — Ele suspirou

— Acho que sim, o carro é bonito... Hm... tô gostando de ti hoje, viu?— falei com um sorriso no rosto.

— Interesseiro! — falou rindo, fechou a porta do passageiro e deu a volta no carro. Apertei o sinto. E coloquei meu material no colo. Ele entrou no carro abriu o porta copos, para ele virara porta celular, ele tirou o telefone do bolso e colocou lá seu BlackBerry.

— Só que não. Só com meu pai mesmo. Tá! — Ri, ele esboçou a mesma reação balançando a cabeça. Ligou o carro e manobrou.

— Se eu não te amasse como te amo iria te deixar aqui. Na rua da amargura.

— Indefeso e sozinho? — Fiz cara de choro.

— É — falou ele num falso tom gélido rindo. Pegando uma rua vazia.

— Então eu iria ligar para o Ricardo. Inhamy. — Lambi os lábios. — Tão gentil, musculoso e tem uma... — O carro acelerou — Para com isso seu louco!

— Eu ia voltar e te botar dentro do carro. Ninguém toca no que é meu! — falou com ferocidade. — Agora fala que é meu!

— Não!! Eu sei o que tu quer fazer! Queres imitar Crepúsculo! — Comecei a rir. — Pelo amor!

— Vou correr toda a cidade até tu falar que é meu!

— Tem certeza? — perguntei mordendo os lábios.

— Tenho. — Falou pegando vias abandonadas.

— Tô molhadinho — sussurrei em seu ouvido e mordi sua orelha. Passei a mão em sua coxa e levei ao volume da calça e acariciei-o — E agora tem certeza. — Meteu o pé no freio.

— Caralho, olha como tu me deixa! — Ele tava suando e ofegante. Meu telefone toca.

— Shiu! — a onomatopeia escapou.

— Alô — atendo.

(Na linha)

— Henrique, onde tu estás pequeno!? Teu amigo acabou de chegar aqui, falou que tu tá com o irmão dele. Quem é este? Explique-se!

O celular de Augusto treme no porta-copo. Ele termina de respirar e tira-o dali.

Abre uma mensagem e lê. Logo sorri e me mostra:

“Vais se ferrar seu projeto de pedófilo, tu e este veado!”

— Pelo menos ele sabe escrever ... Ou será corretor? — digo rindo.

— Não, pai, não é com o senhor! Diga para este louco me deixar em paz! Para ir se — parei.

— Olha a boca! O garoto só quis avisar-te sobre a feira cultural da tua escola seu ingrato! Vem já para casa!

— Égua, pai, para com isto! Que droga!

Augusto pegou minha mão e colocou em seu peito, onde seu coração batia com força. O carro ainda estava parado na rua.

— Quando chegares aqui nós vamos ter uma conversinha para deixares de petulância, seu moleque!

— Tá, beijinhos, tchau! E diga pro babaca ai do seu lado tomar NA MERDA — desliguei.

— Provavelmente nunca mais vai me ver... — disse choroso.

— Não fica assim. — destravou o cinto dele veio me abraçar. — Eu sempre vou tá ao teu lado!

— É mentira hahahhahahahahhaha. Deixa de ser besta! — falei sussurrando e rindo em seu ouvido.

— Porra que susto! — falou.

— É verdade que sempre vai estar ao meu lado? — Ele estava apertando, o sinto uma felicidade por ele ter dito aquilo.

— Claro. — falou ele me olhando com olhar penetrante. Beijou-me.

“Será que ele me ama?”, pensei.

— Tu não me amas! — eu disse.

— Por quê? —ele perguntou

— Porque não. — eu disse.

— Cara tens que levar umas porradas do teu pai mesmo. — Ele girou a chave na ignição

— Por quê? — Olhei surpreso para ele.

— Falar uma besteira desta! Puta que Pariu.

— Tás se referindo à minha mãe?

— Não. Tua mãe é legal! Cara, claro que eu te amo!

— Ainda bem!

— Por quê?

— Porque se fosse eu ia te largar o tapa aqui!

— Relaxa!

Meu celular toca é mamãe, atendo (Na Linha):

— Alô, mãe.

— Filho, onde estas?

— Tô chegando, tô perto de casa mãe! Tô com medo mãe! Acho que vou para a casa da vovó!

“Diz para esse vagabundo que o que é dele tá esperando ele!” falou uma voz ao fundo, de certo de papai.

— MÃE ACALMA ELE!!! POR FAVOR! — Implorei.

— Tudo bem. Qualquer coisa tu vais para casa da tua vó. Mas, tua vó tá na festa da Laura Gritus.

“ISSO ENSINA ELE A FUGIR, ESSE PALHAÇO! COM QUINZE EU JÁ ESTAVA HERDANDO AS COISAS DE MEU PAI!”

— Tchau mãe.

— Filho é verdade?

— O que mãe?

— Você é gay?

“AGORA VAIS QUERER QUE ELE TE DE A LISTA COM OS NOMES DOS CARAS QUE FODERAM ELE?! QUE BESTA TU É AMÉLIA?”

Engoli em seco. Que família bipolar! Já sabia da onde havia herdado minha personalidade...

— Não! — Tremi a voz.

Ela sabia que era mentira, mas preferiu acreditar nela.

— Tchau filho. — Desligou.

— Queres ir para onde? — Perguntou-me Augusto.

— Para casa, seja o que for...

— Tudo bem.

— Meu pai quer relaxar o tapa em mim graças a teu irmãozinho! Vou logo te falar, se tu me ama vais sofrer! — ri — Meu pai ainda não gosta de ti — Fiz hashtag no ar — #SendoSincero. Ainda mais agora que teu maninho o enveneno.

— Tô fodido. — falou.

— Tu? Duvido. Quem vai pagar o pato sou eu — suspirei — Uma duvida que tenho até hoje. Como entrastes no meu quarto no dia em que nos conhecemos? — perguntei.

— Subi por uma escada que tava jogada por lá. —Entrou e saio de lá a hora que eu quiser. — E dei uns petiscos pro... Deco?

— Que horror subornando o cachorro! — Fiz uma careta.

— Ainda não quer ficar com o papai aqui?

— Tô pensando seriamente no teu caso... E me preparando para morrer. — Olhei para o condomínio.

— Não te enerva! — falou ele batucando o volante.

— Claro sou eu quem vai morrer! — Encostei minha cabeça no porta-luvas. Ele riu.

— Não vou deixar nada acontecer com minha vitima.

— Vitima? — Virei-me para ele levantando minha sobrancelha.

— É, vitima do meu amor. — me mandou um beijo. — Chegamos — ele destravou o sinto, abriu a porta do carro e saiu. — Vamos. — abriu a porta para mim. A porta de casa se abriu.

— Henrique! — Papai gritou.

— Pai, se acalma. O senhor tá nervoso. — falei tremendo. Destravei o sinto.

— Obrigado por trazer esse merda! — Puxou-me pelo braço. Ele estava com cheiro de Whisky .Olhei tristemente para Augusto. Ele me empurrou porta adentro.

— Ai meu braço, pai! Me solta! — Puxei meu braço.

— Solta o menino Tadeu! Você está bêbado! — Gritou mamãe segurando meu pai.

— Me solta Amélia! Me solta! Ele tava se esfregando com outro cara! Que nojo de bosta! Sempre desconfiei que ele fosse uma frutinha podre! — Tentei subir, mas ele agarrou minhas pernas e cai nos degraus; puxou seu cinturão. Ele estava enfurecido.

— Tu vai apanhar como nunca apanhastes antes para aprender a ser macho e a gostar de mulher! Filho meu não é bicha, filho meu é homem! Seu merda!

Senti uma lambada na minha perna gritei, senti o enrolar e o desenrolar do cinto assando minha perna. Deco avançou sobre meu pai. Mamãe segurou o braço dele, balancei meu calcanhar. Me soltei, corri pela escada. Logo atrás de mim passos pesados de sapato social. Pulei para dentro do quarto e consegui me trancar!

— Tu vai sair daí seu rato! — Passos pesado vão até o quarto de casal ao final do corredor e o baque da porta pesada.

Latidos ressoavam do lado de fora. Comecei a arrumar minhas roupas livros, documentos, sapatos, tudo numa sacola de esporte. Ouço tocar Deolinda, olho ao redor, era do outro lado da porta, logo em seguida a voz doce de mamãe se manifesta junto ao som de passos leves subindo a escada.

— Não, ele não pode atender. Sim, ele está bem... — Deveria ser Augusto.

Fui à varanda, muitos ainda a observar o que fora aquilo. Peguei minhas economias duzentos reais. Meu relógio de parede marcava onze da noite, me escondi para que não me vissem. À meia-noite não havia movimento algum na rua. Joguei a sacola da sacada, ela caiu com um baque surdo na grama. Sai pela porta do quarto de fininho. Meu telefone estava no canto do piso da soleira, gelada, de minha porta.

Peguei-o e enviei “Este número é do Augusto? Se for estou ‘bem’.” ao último número do registro. Deveria ser Augusto. Coloquei-o no silencioso. Dei um beijo choroso em Deco deitado na sala

Sai de fininho pela porta da frente e chamei a cooperativa de táxis que eu sempre usara. Fui andando para o portão do condomínio esperar, minha perna ainda ardia com uma só lambada.

“É, sou eu. Onde está?” chegou outra mensagem abaixei a cabeça e ao levantar.Uma viatura da policia passou e parou.

— Mocinho aonde você vai?— perguntou-me um policial parrudo.

— Para casa. — falei.

— Não mora aqui?

— Não. — Respondi com sotaque português.

— Onde mora?

— Moro no Condominium Ghwin Stfy.

“Parece granfino mesmo” falou o que estava no banco de passageiro.

— Que fazias por aqui então?

— Visitando um amigo na quadra/bloco 1 esse primeiro prédio da rua dois. Bruno Padilha.

— Tudo bem, então. Você não ouviu nenhum barulho?

— Sim, um som parecido com o de explosivos celestes (tentei aportuguesar) para os fundos do condomínio. Não sei se a autoridade percebeu (puxei o erre), mas meu táxi está a me esperar lá no p(u)rtão. E vale ressaltar que não há festas. Tínhamos acabado de jogar futebol — Bati no bolsão — Não, vimos nada. Vós vais averiguar?

— Hum...Tudo bem então vamos ver todos esses detalhes.

— Até.

“Portugueses são uma peça, não?” Riram ”E esse ai, tu percebeu? Novinho bundinha empinadinha, redondinha. Parece com uma menininha de tão delicado apesar de alto.”

A viatura começou a andar.

Peguei o táxi e falei o endereço de vovó, em um dos primeiros bairros de Brasília, chegando lá paguei-o.

— Olá. Sou neto da Francisca Margo Arantes Trindade e do Nicolau Guillermo Conceição Arantes, do apartamento 402. Eles foram para festa e esqueceram a cadelinha Esperança presa e sem ração na vasilha.

— Nunca te vi aqui. Tudo bem. Deixa eu ligar para Dona Francisca. —falou o porteiro, barrigudo com cara de sono.

Putz, vovó é toda atrapalhada com o telefone normalmente, imagina numa festa!

— Alô. Dona Francisca. Tem um adolescente com uma maleta esportiva aqui na frente disse seu nome inteiro e do seu marido também ainda falou que sua cadelinha se chama Esperança. Qual é o teu nome inteiro?

— Henrique Damião Arantes Lusitano. — falei revirando. — O CD favorito dela é

Roberto Carlos Para Sempre, que foi assinado por ele. — Ele repetia cada coisa que eu dizia. Me sentia um babaca.

— Ela vai te ligar espera ai! — falou ele para mim.

— Querido aqui está perigoso! Pega logo meu telefone! — Meu celular gemeu, atendi e passei para ele pelo portão.

— Dona Francisca? Sim. Sou eu Roberval. Ele me passou logo, pois, a rua está perigosa.

Depois que ele disse isso saiu uma voz estrondosa do celular que eu nunca pensara que iria sair “COLOCA JÁ MEU NETO PARA DENTRO ROBERVAL ESTÁ RUA É MUITO PERIGOSA!”

Ele abriu na hora “Tchau Roberval! Boa Noite!” peguei meu telefone. Tirei do viva-voz

— Alô, vó, vou dormir aqui na sua casa, viu?

— Por que, filho?

— Ai, vó! Não quero falar nisso! — Comecei a chorar no meio da escada.

— Tudo bem, já vou para casa com seu avô. Eu já comi vó! Só vou tomar banho e dormi. Não se preocupe.

— Eu já disse que estou indo!

— A Sra. vai me encontrar dormindo é só o que digo.

— Tchau e não fale nada com ninguém, por favor! Qualquer coisa além da Sra. vou sumir do mundo!

— Tudo bem, tudo bem!

— Onde está a chave, vó?

— Entre a parede e o batente da porta. Não te preocupa tenho outra

— Tá bem, tchau.

“Vou dormir tô no apartamento da vovó. beijo.” – Enviei para Augusto.

Tomei banho, troquei aquela roupa imunda e me joguei na cama do quarto de hospedes. Alarme estava programado. O relógio marcava uma hora da manhã. O celular vibrou (SMS):

“Queres que eu durma ai contigo agarradinho?” – Augusto. Li com o rosto e o celular na horizontal junto ao travesseiro

“Para! Tenho escola amanhã!” -Enviei

“Aquele cara teve o que merecia!” -Ele continuou.

“Quem?” - Perguntei com.

“ O Bruno.” – Augusto.

“Nem me fale nele. B Noite, sonha com os anjos.” -mandei.

”Para que se eu tô falando com um. B noite, meu amor.” – Augusto. Li e minhas bochechas coraram. Fechei os olhos e dormi.


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Sim ^.^ Boas Festas já estou escrevendo o próximo :)

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