Cap. 5
- Isso o quê Jorge- e de repente, ele me mostrou o meu celular, eu passei a mão no meu bolso, e não o achei. Ele desbloqueou, e me mostrou uma foto minha, beijando o Leozinho.
- Quer dizer então que agora você deu pra virar viado, e ainda quer levar meu filho pra esse caminho- falou ele
- Pergunta do seu filho, se foi eu que fiz ele virar gay Jorge
- Meu filho sempre foi homem Felipe, eu o criei direito.
- Deixa de ser preconceituoso caralho, ele nasceu assim , só você que nunca percebeu, e se ele gosta de mim, e eu gosto dele. Nós vamos namorar, e acabou-se
- Eu nunca vou deixar isso acontecer Felipe, nunca- falou ele, enquanto eu saia do carro. Por fora, eu parecia nem estar ligando, mas eu estava com muito medo dele contar pra mãe e o pro pai, ou pior, deles já estarem a par disso.
Voltei pro quarto do Leozinho. Passou um tempinho, e nós pudemos voltar pra casa. Eu ainda não tinha falado com ninguém, desde aquela minha conversa com Jorge. Assim que chegamos em casa, vi meu pai lá, até estranhei, ele não era muito de vir a minha casa. O colocamos num sofá. E começou a conversa.
- Meu Filho, você tem alguma coisa pra me dizer- falou mamãe
- É, você não tem nada pra nos dizer- falou Jorge.
- Não precisa falar nada filho, nós já sabemos- falou mamãe
- Você vai aceitar isso Judith- falou Jorge
- O quê eu te falei Jorge, eles sãos meus filhos, amo eles do jeito que eles são- falou mamãe me abraçando
- Você não é gay Leo, você não é gay, diz pra sua mãe, que é ele que anda fazendo isso com você- falou Jorge, apontando pra mim.
- Eu ainda não entendi nada, o que está acontecendo aqui
- O Jorge descobriu sobre a gente Leo- falei
- Ah, não, eu, juro que eu tentei mudar, mas eu não consigo. Eu não consigo gostar de mulheres- falou Leo, olhando pra todos nós.
- Meu filho, isso tem cura, eu vou conseguir curar os dois- falou Jorge- nós vamos orar muito, pra Deus tirar esses pensamentos ruins da sua cabeça, isso é o Diabo. É o demônio. Ser gay é uma aberração meu filho, Deus vai transformar você em uma pessoa normal.
- Mas eu sou normal- falou Leo
- Deus vai te punir, você vai pro inferno, se não ajudar-me. Tem que rezar, muito. Isso é errado, meu filho, errado- falou Jorge
- Você está dizendo besteiras Jorge, ele não vai mudar. E mais, ele nunca fez mal a ninguém, Deus não vai condena-lo- falou, me defendendo
- Você não é gay Leo- falou Jorge- você vai ter que mudar na marra, se for preciso. Eu prefiro ter um filho morto, a um filho gay- gritou ele, fazendo Leo entrar em prantos.
- Olha o que vocês estão fazendo- falei, me levantando de onde estava, e indo em direção a Leo, pra abraça-lo- vocês estão deixando ele confuso, não estão vendo, ele não vai mudar, e nem eu.
- Vocês não vão continuar juntos, eu não vou deixar- falou Jorge
- Você não vai tirar nenhum dos dois daqui Jorge, eu não vou deixar, e mais, se você ainda quiser ter um lugar, pra morar, é melhor você calar a sua boca, ou então eu te mando embora daqui.
- Eu não escolhi ser assim, eu não escolhi ser assim- falou Leo
- Eu sei meu filho- falou mamãe sentando no sofá, e o abraçando, assim como eu estava- eu te apoio, em tudo. Eu te amo demais, e você continua sendo meu filho
- Como vocês conseguem apoiar isso, isso é um demônio, ser gay é uma aberração, temos que condenar esse ato, você vai ter que virar homem Leo- falou Jorge- nós vamos a psicólogos, a igrejas, Deus vai te curar, você vai ser normal.
Depois dessa conversa, eu passei a ajuda-lo mais ainda. Sempre bati de frente com Jorge, em todas as vezes que ele vinha falar asneiras.
NARRAÇÃO DE LEONARDO
“Porquê estavam fazendo tudo aquilo comigo. Eu estava totalmente amargurado. Nem o Felipe conseguia me levantar. Parecia que, sem o apoio do meu pai, e com cada palavra que ele dizia, sobre mim. Que eu era uma aberração, que isso e que aquilo, eu ficava cada vez pior. Será que ele não entende que eu não escolhi ser assim. Eu não escolhi viver uma vida de preconceitos”. Era o que eu pensava cada vez que meu pai vinha dizer, que eu era uma aberração, que Deus tinha que me curar, que ele preferia me ver morto. Certa vez, ele pediu pra mim o acompanhar, que nós iriamos até o trabalho da mamãe. Em um primeiro momento, parecia isso mesmo, mas ele desviou do caminho. E só vi quando ele parou na frente de um consultório de um psicólogo.
- Onde nós estamos- perguntei
- Ele vai te ajudar a ser normal meu filho, você vai deixar de ser assim, se Deus quiser.
Nós chegamos e ela me fez um monte de perguntas, me deixando cada vez mais confuso. Depois, fomos pra casa. E logo de cara vi Felipe.
- Aonde você estava- perguntou ele
- Papai, inventou de me levar ao psicólogo, ele jura que eu vou me curar, que eu vou deixar de ser gay, você acha que eu sou doente Felipe. Ele vive me chamando de aberração, dizendo que eu vou pro inferno, eu não quero ir pro inferno Felipe- falei o abraçando
- Você não é doente Leo, ser gay não é doença, e você não é uma aberração, e muito menos vai pro inferno, Deus não condena o pecador, ele condena o pecado. Ele te ama, assim como ama a todos nós, e ser gay, é como qualquer outro pecado, e se todos que pecassem fosse pro inferno, ninguém estaria no céu, porque a única pessoa que nunca pecou, foi Deus. Você não vai mudar, você não escolheu ser gay, deixe de acreditar no que seu pai fala, ele não sabe nada do que diz- falou ele, me tranquilizando um pouco.
Mas eu sempre gostei demais do meu pai, e não queria que ele ficasse desapontado comigo. Ele estava me machucando cada vez mais, dizendo aquelas palavras ruins sobre mim.
NARRAÇÃO DE JORGE
“ Eu não posso ter um filho gay, meu filho não é gay, isso é uma doença, ele vai se curar, e vai ser normal. Se o Felipe quiser ser viado, que seja sozinho, mas não leve meu filho, não leve meu filho pra esse caminho ruim” Isso era o que eu pensava. A ideia de ter meu filho se agarrando com outro homem não entrava na minha cabeça. A bíblia dizia que isso era errado, e que homossexuais eram abominações, e que eles iriam arder nas trevas. Eu queria meu filho no céu, comigo. E estava disposto a fazer qualquer coisa pra fazer ele deixar de ser assim. Marquei diversos psicólogos, orei muito, o levei a grupos de igreja. Espero que tudo isso dê jeito. Meu filho não pode ser gay.
NARRAÇÃO DE ANTÔNIO
“ Onde foi que eu errei “. Era o que eu pensava, quando Jorge me contou aquela história, de que Leo e meu filho estavam se pegando por ai. Como assim, meu filho é gay. Eu não criei ele pra ser gay. Ah, é coisa de mais pra minha cabeça. Como o mundo vai aceitar ele...
NARRAÇÃO DE JUDITH
Até que enfim eles tinham decidido falar que eram gays. Eu, sabia disso a muito mais tempo, afinal, coração de mãe sabe de tudo né. Pelo menos, espero eu, que eles vivam a vida do jeito que eles são agora. E esqueçam aqueles dois canalhas. Eu já não aguento mais olhar pro Jorge, dizendo aquelas coisas horríveis. Deixando o Leozinho cada vez pior, será que ele não vê que vai acabar deixando o menino em depressão. Se acontecer alguma coisa com meu filho, eu mato o Jorge, MATO.
NARRAÇÃO DE FELIPE
Depois que meu amor foi tomar banho, eu fui atrás do Jorge. Eu estava a ponto de bater nele.
- Jorge caralho- falei voando em cima dele, acertando um soco bem no rosto dele, e o pegando pela gola- Eu vou te avisar, se você continuar a botar coisas na cabeça do Leo, eu te mato, com minhas próprias mãos caralho.
- Eu estou fazendo o que acho melhor- falou ele, com sangue na boca
- Melhor, você acha melhor, você vai acabar deixando ele em depressão- falei o apertando mais.
- Me solta, você tá me enforcando- falou ele, meio sem ar.
Por um momento pensei em não soltar ele, mas não queria bronca pro meu lado, e acabei soltando ele, que saiu cambaleando, tentando recuperar o ar perdido.
- O Aviso está dado, e você sabe que eu não estou brincando...- falei, em tom ameaçador.
Eu estava disposto a tudo, mas acho que se ele morresse, o Leo ficaria ainda pior. Logo estava no meu quarto, e enquanto esperava Leo voltar, recebi uma ligação.
- Alô
- É o senhor Felipe Lima
- Sim, sou eu mesmo
- Eu sinto muito, mas eu tenho uma notícia ruim pra lhe dar
Continua
Qual será a notícia ruim. Votem, Eu me Apaixonei daqui a pouco.