Nota do Autor – Não é minha intenção de nenhum jeito subestimar a inteligência dos leitores, mas preciso afirmar que ao olhar para Wanderley Bicalho estamos no fundo olhando para nós mesmos, com nossa dualidade e ambiguidade, o mal e o bem que há em nós. Qual dos dois somos capazes de cultivá-lo?
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Capítulo 2 – Reencontro Explosivo
Amores imperfeitos (Skank)
Não precisa me lembrar
Não vou fugir de nada
Sinto muito se não fui feito um sonho seu
Mas sempre fica alguma coisa
Alguma roupa pra buscar
Eu posso afastar a mesa
Quando você precisar
Sei que amores imperfeitos
São as flores da estação
Eu não quero ver você
Passar a noite em claro
Sinto muito se não fui seu mais raro amor
E quando o dia terminar
E quando o sol se inclinar
Eu posso por uma toalha
E te servir o jantar
Sei que amores imperfeitos
São as flores da estação
Mentira se eu disser
Que não penso mais em você
E quantas páginas o amor já mereceu
Os filósofos não dizem nada
Que eu não possa dizer
Quantos versos sobre nós eu já guardei
Deixa a luz daquela sala acesa
E me peça pra voltar
Não precisa me lembrar
Não vou fugir de nada
Sinto muito se não fui feito um sonho seu
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De Volta para o Passado - Narrado por Wander
Me chamo Wanderley Bicalho, nessa história não sou um herói. Vocês não verão um cara bonzinho, pelo contrário, nunca fui bom, nunca fui altruísta, mas minha vida mudou radicalmente com minha volta para Manaus e o reencontro com a pessoa que eu mais detestava, que me obrigava a enxergar o que eu não queria ver, ele que mudou o meu ser. Eu o odiava, mas passei a amá-lo, seu nome: Danilo Eduardo Baldini, o tangerina, meu único e verdadeiro amor.
Penso que devo me apresentar melhor. Sou um jovem de 24 anos. Todos me chamam de Wander. Sou um cara bonito e másculo. Moreno claro, olhos e cabelos negros, sou muito bem distribuídos em 1,85 de altura e 85 kl, pois malho desde a adolescência. Já peguei muita mulher. Sempre fui marrento e metido à garanhão, mas agora eu não passo de um playboy falido e um bissexual enrustido. Confesso, tenho mais atração por homem que por mulher, mas o machismo impera em mim.
Foram 5 anos morando fora do Brasil e meu objetivo ao retornar era única e exclusivamente reconquistar o padrão de vida que eu tive. Minha família estava sem dinheiro e minha mãe não teve como me manter morando no exterior. Voltei contra a vontade e sem nenhuma alternativa.
Minha mãe e eu tínhamos um plano bem simples: com a influência e pose que minha família tinha eu me aproximaria de alguma moça rica e casaria com ela. Mas, por vezes o inesperado bate em sua porta e o que você planeja desmorona. Estou falando exatamente do reencontro com Danilo, que modificou minha vida para sempre. Vamos à minha versão dessa história?
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O Meu Retorno - em fevereiro deste ano eu retornei para Manaus. Minha mãe e meu irmão foram ao aeroporto buscar-me. Era uma tarde chuvosa e parecia que a nebulosidade da cidade me acolhia, traduzindo exatamente o que se passava em meu coração. Eu esperava voltar cheio de pompa, de poder, já com meus trinta e poucos anos e muito rico, e o que ocorreu foi o contrário, eu cheguei em Manaus e minha família estava totalmente falida, para não dizer, quase na miséria e eu sem ter concluído meu curso superior.
Cheguei meio ressabiado, mas fui bem recebido por minha mãe e meu irmãozinho, que agora já era um rapaz (18 anos), seus nomes são: Júlia e Leonel, respectivamente. Minha Vó Clarice ficou em casa me esperando, por causa da chuva e ela já era de idade avançada. O aconchego familiar me fez bem, mas a tristeza não abandonava meu peito, era inevitável sentir isso.
“Wander, vou começar semana que vem o curso de matemática, vamos juntos para a faculdade?”, dizia meu irmão tentando puxar assunto.
“É, fedelho, bem vindo ao mundo adulto. Claro que iremos juntos sim, mas não quero ninguém no meu pé”. Falei com um sorriso triste.
Meu irmão era muito parecido com alguém que eu conheci há anos atrás. Não em aparência física, mas a personalidade, sobretudo a ingenuidade, a delicadeza e o gosto pelo estudo.
Minha mãe puxava assunto e falávamos em código sobre nossos planos, para que Léo não percebesse nada. Ao chegarmos em casa eu fui direto para o que ainda era meu quarto, antes beijei minha Vó Clarice, que também me recebeu com muito amor, na verdade ela era a pessoa que mais transmitia confiança. Tudo estava como eu havia deixado e isso só me causava ainda mais dor, pois para mim era um retrocesso. Pensando nisso veio em minha cabeça a imagem do Tangerina e de nossos últimos instantes juntos, há 5 anos atrás.
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Tínhamos acabado de transar no vestiário do colégio. Ele e eu tomamos um banho rápido. Eu já havia vestido minha roupa e estava de cabeça baixa e pensativo. Ele terminou de se vestir. Ele levantou minha cabeça delicadamente com as mãos e disse totalmente encantado por mim “você não sabe como eu sonhei com esse momento Wander. Eu te amo, sempre te amei”.
Eu o empurrei e comecei a rir da cara dele, que ficou sério e então eu disparei “Você não passa de um viadinho mesmo não é Tangerina? Olha pra você e olha pra mim moleque. Eu sou lindo e você é feio. Eu gosto é de mulher, eu sou homem porra. Você acha eu iria namorar com você?”.”.
“Mas, a gente acabou de transar e foi tão bom. Eu ainda era virgem”. Ele me disse como se não estivesse acreditando em minha reação e já com os olhos cheios de lágrimas.
Eu comecei a rir da cara dele e muito nervoso disse “Te enxerga seu boiola, eu fiz isso só pra saber se você era gay mesmo e eu pude comprovar que você não passa de uma bichinha”. Ele veio pra cima de mim chorando, como se fosse me acertar um tapa. Eu só o aparei com um murro e ele caiu “fica aí no chão, que aí é teu lugar. Eu tenho nojo de você, seu viado”.
Saí e o deixei lá humilhado e ofendido por mim. Nunca mais soube notícias dele e até evitava, em vão, pensar nele.
Por mais que eu tentasse negar, aquele nerd gordinho, que usava óculos, com espinhas no rosto e aparelho nos dentes, não saia da minha cabeça. Mesmo eu comendo mulheres por aí, nenhum dia sequer eu deixei de pensar nele e de como o tinha deixado. Eu o odiava, por lembrar dele todos os dias da minha vida e lembrava também daquela transa tão forte, meu maior prazer até então.
“Como será que você está Tangerina? Será que você continua o mesmo feiinho de sempre?”. Sim me peguei pensando nele aqueles dias e não tinha notícias dele. A única coisa que eu odiaria era vê-lo de novo, mas no fundo uma enorme expectativa havia em meu peito.
Os dias foram se passando e eu comecei a encontrar uns amigos da época de adolescente. Evitei perguntar por ele, justamente para não dar nenhuma bandeira. Um cara não assumido tem pavor que alguém desconfie de sua condição sexual. Um brother meu me chamou pra ir para uma festa de um carinha conhecido na cidade. Eu fui e para não parecer falido usei minha melhor roupa, perfume, relógios, essas baboseiras de quem vive de aparência como eu, “quem sabe não encontro uma gata rica”, dizia no meu íntimo..
A festa começou legal e eu já estava disposto a colocar em prática meu plano de encontrar uma menina carente e rica. Infelizmente todas as que tinham condições para eu concretizar meu plano já estavam acompanhadas. Comprovei o que eu já sabia: os ricos gostam dos ricos.
Eu fiquei zoando, circulando pela festa, bebericando e me insinuando, quando eu percebo um entra e sai de gente num lugar bem suspeito. Pensei que poderia estar rolando drogas ou alguma sacanagem. Eu, muito curioso, fui lá pra ver do que se tratava.
O local era muito escuro e não dava pra ver um palmo diante do nariz. Percebi que a sacanagem rolava solta e a curiosidade bateu forte. Fui caminhando em passos lentos, quando sinto uma mão firme me apalpando e me puxando. Pude ver que era um carinha que estava querendo me pegar. Confesso que fiquei puto, mas com um tesão a flor da pele também. Eu o deixei me apalpar. Ele apertou meus músculos e entrelaçou minha mão na dele.
Ele me conduziu para um canto reservado, enlaçando meu pescoço. Pude sentir seu cheiro e seu corpo. Ele era simplesmente maravilhoso. Eu comecei a me deixar dominar por seu beijo molhado e sedutor. Um gosto que eu só havia experimentado uma vez. Ele tinha um cheiro de garoto, doce e cítrico. Comecei a passar minhas mãos por seu corpo e senti algo muito estranho, pois eu fiquei de pau duro e pude perceber que ele tinha um corpo fenomenal, esguio, sem ser magrelo. Eu segurei sua bunda com ambas as mãos e apertei, com meu instinto de macho ficando cada vez maior, beijando como se ele fosse ele fosse fugir de mim.
Ele tirou minha camisa e começou a me massagear. Mordeu meu peito e lambeu, cheirando meus pelos. Eu só delirava de prazer. Ele chegou até meu pau, segurou pela calça e começou a apertar. Até que sem nenhum pudor me liberou, se ajoelhou e caiu de boca no meu cacete. Confesso que nunca tinha sentido algo tão excitante. Sua boca molhada em contato com minha pele me fazia estremecer de tesão. Ele chupava muito e eu delirava. Ele tinha os lábios molhados e apertava a cabeça da minha rola e por vezes conseguia engolir tudo. Nunca tinha tido um boquete assim.
Eu o puxei para perto de mim, dei um beijo forte nele e o virei. Era minha vez de dar e sentir prazer. Passei as mãos em sua bunda grande, macia e empinada. Dei beijinhos, e mordi de leve. Eu vibrei com aquele cuzinho maravilhoso, limpo e sem pelos. Comecei a lamber e a morder a entradinha. Ele delirava e afastava suas nádegas para que eu pudesse explorar ainda mais. Eu não aguentei mais e já fui querendo meter, pois meu pau estava duraço e lubrificado. Ele foi bem mais rápido que eu e colocou uma camisinha, em seguida se entregou de verdade para mim.
Eu fui metendo aos poucos, tenho um pau de 20cm e é grosso. Fiquei vidrado, especialmente por sentir como ele se entregava para um macho. Eu meti tudo nele. Queria dar e sentir prazer. Eu o agarrei e meu lado animal veio à tona. Meti muito e comecei a pingar de suor. Ele aguentava o tranco, só gemendo baixinho, rebolando e pedindo mais. Eu comecei a beijá-lo e falei “você é muito gostoso garoto, você é uma delícia”. E meti mais forte ainda.
Nossa transa foi fazendo barulho e ele revidava rebolando e dizendo “você é um macho muito gostoso, me come, faz comigo o que você quiser”. Eu pirei nessa hora e comecei a meter sem dó, sem medo de machucá-lo. Eu o beijava, o mordia e lambia suas orelhas. Ele rebolava e falava putarias, me incentivando a meter. Até que eu fui aos poucos sentindo o prazer, dando mordidas em seu ombro e beijando sua boca. Eu gozei como um louco, saiu tanta porra de mim, que eu nem acreditei. Eu fiquei enfurecido de tesão e ele começou a gozar e a apertar meu pau com seu cuzinho, como se fizesse uma sucção. Eu gozei pela segunda vez.
Meu corpo e o dele se colaram e ficamos juntinhos namorando por muitos minutos, até que eu quebrei o silêncio “acho que essa foi a melhor e a mais misteriosa transa da minha vida”.
“Eu achei você perfeito, e eu quero muito te conhecer fora daqui desse quarto escuro”. Ele me falou com voz rouca.
“E se eu for um dragão de feio?” Tentei quebrar o gelo.
Ele riu baixinho e disse “Eu te quero assim mesmo, sendo um príncipe ou um ogro, pois sei que você é realmente um homem maravilhoso”. Ele me deixou encantado com aquela resposta.
“Tenho medo de te decepcionar ou talvez medo de me apaixonar de vez por você”. Eu falei a verdade pra ele, pois eu nunca tinha sentido um prazer assim.
“Só tem um jeito de você saber. Tem uma estátua no meio do jardim, perto do chafariz da mansão, eu vou te esperar lá. Vai ser fácil me reconhecer, eu estou com uma camisa gola v preta, calça jeans clara e sapatenis marron. Vou esperar por você, pra gente se conhecer melhor”. Ele me deu um beijo apaixonado e foi saindo.
Eu segurei em sua mão e coloquei uma aliança de prata que eu adoro e disse “Esse anel é a prova de quem você é e que eu realmente ainda vou te encontrar. Guarda ele pra mim. Só me dá um tempinho que eu vou me refazer e já te encontro”.
Quando ele saiu eu fui tentando me refazer da loucura que eu tinha feito. “Como eu posso ter tido tanto prazer com um cara que eu nem conheço e nem vi seu rosto?”. Além de tudo isso, ele parecia perfeito. Foi a melhor foda que eu tive. Eu esperei uns minutos e resolvi ir até ele e quando já estava saindo do quarto escuro me deu uma estranha sensação, um medo de ser descoberto. Eu saí, mas fui por um outro lado, sem sequer olhar pro chafariz onde ele havia me indicado.
Saí como o diabo foge da cruz. Peguei o carro e fui em disparada. Fiquei pensando e me maldizendo por ter essa maldita atração por homens. Fiquei pensando no que havia acontecido, minha cabeça começou a rodar, fiquei pensando no garoto e um arrependimento colossal surgiu “Droga Wander como você é burro cara. Como você pode ter deixado o garoto falando sozinho? Idiota, burro”. Falava batendo no volante e gritando comigo mesmo.
Fiz o retorno e voltei em alta velocidade, na expectativa de encontrar um garoto de camisa gola V preta, calça jeans clara e sapatenis marron. Quando eu cheguei meu coração estava saindo pela boca e eu corri pro lugar indicado, mas só havia um casal hétero lá. Percebi um monte de gente saindo ao mesmo tempo e percebi que iam pra uma balada, mas no meio de tanta gente não consegui ver ninguém com a mesma descrição que ele me deu.
Eu me amaldiçoei “parabéns Wander, você vai ganhar o troféu 'burro do ano'. Tudo isso pra deixar de ser idiota. Como você pode ter deixado escapar um cara maravilhoso como ele?”.
Lembrei que eu havia dado meu anel de prata pra ele e isso me encheu de esperanças. Uma remota chance, mas eu não deixaria escapa-lo da próxima vez. Fui pra casa triste, com uma sensação de fracasso, tudo por causa do meu auto-preconceito.
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O primeiro dia de aula foi muito ruim. Eu conhecia poucas pessoas e em vez de popular, eu era apenas um anônimo. Fui e voltei com meu irmão para casa. Não saí aquele dia, só fiquei em casa pensando em duas coisas: no tangerina e no estranho que eu havia pegado no quarto escuro.
No outro dia, de manhã a mesma rotina, ou seja, faculdade. Porém aquele dia eu encontrei dois conhecidos que eu desprezava, dois nerds e gordinhos, assim como o Tangerina. Eu vi Patrícia e Matheus, melhores amigos dele. Eles também me viram e arregalaram os olhos, como se não estivessem acreditando no que estavam vendo e eu fui botando marra “que foi, nunca me viram não, gordinhos?”.
Eles não revidaram, apenas ficaram cochichando e eu sabia que era sobre mim. Fui pra aula já puto da vida, mas ao mesmo tempo agradecendo por não tê-lo visto. A aula foi normal e eu saí de lá em busca do meu irmão. O moleque não apareceu onde eu havia marcado com ele e eu fiquei procurando e andando pelo campus. Num vacilo eu esbarrei fortemente em um carinha, ou melhor, ele esbarrou em mim.
Foi uma trombada grande, nossos livros, apostilas e cadernos foram pelos ares e se espalharam pelo chão e eu marrento como sempre fui logo detonando o cara, mesmo sem saber quem era.
“Pow cara, olha por onde anda? Você derrubou minhas coisas”.
“Foi você que deu uma trombada em mim. A culpa também é sua”, ele revidou.
Nossas mãos se tocaram no chão, tentando recolher os papéis, e nos olhamos. Com grande espanto falamos o nome um do outro.
“Danilo?”.
“Wander”.
Gritamos juntos ao mesmo tempo um para o outro, soltando fogo pelas ventas e com cara de ódio “só podia ser você mesmo né seu idiota?”.
Fiquei com um misto de pavor e espanto, pois eu reconheci o Tangerina, mas ele era simplesmente o cara mais lindo que eu tinha visto aqueles dias. Como ele pode estar tão diferente e lindo?Foram segundos até eu me refazer do susto e disparei marra feito um idiota tentando me defender “Ora, não sabia que essa universidade era frequentada por viadinhos”.
Ele puto da vida falou me olhando nos olhos “Interessante é que cada dia chega mais, e é cada viadão que chega”.
Eu o levantei pela camisa e ele deu um golpe em minha mão. Os amigos dele chegaram e foi formando gente ao nosso redor. Estávamos possessos e nos olhávamos com muita ira. Ele me atacou “Você pensa que eu ainda sou aquele garotinho que você botava marra? Pode vir playboyzinho, mas te prepara pra apanhar, pois agora eu bato forte”.
Eu fui dando uns socos e ele se defendia, parecendo um gato de tão rápido, não acertei nenhum. Até que ele me acertou um pisão que me fez cair. Ele caiu em cima de mim e nos embolamos no chão. A turma do deixa disso chegou, mas meu sangue e o dele fervia e ninguém conseguia nos separar. Ele me enforcou e eu estava levando a pior. Foi tudo muito rápido até que ouvimos uma voz forte e grave gritando “O que é que está acontecendo aqui? Vocês estão loucos?”.
Meu Padrinho, Olavo Villaverde, simplesmente nos tirou do chão com força “Vocês não têm vergonha não? Dois marmanjos brigando aqui no campus da universidade como se fosse dois garotinhos?”.
“Padrinho, foi esse otário aí que começou, ele que esbarrou em mim”, tentei me defender do vacilo.
“Otário é você babaca. Todo mundo sabe que eu sou gay aqui na Universidade, mas todo mundo sabe também que eu não mexo com ninguém e que eu sou macho pra caramba. Não sou um enrustido igual a você”.
O barraco estava feito e todo mundo olhava pra gente. Eu fiz que ia pra cima dele e ele pra cima de mim, até que Olavo abriu os braços, na mesma posição do Cristo Redentor e gritou de novo com a gente.
“Parem de palhaçada. Cada um fica longe e mantenha distância da minha mão” ele falava com uma autoridade que só ele poderia ter sobre nós dois, de braços abertos ele continuou “será que eu vou ter que assumir a paternidade de vocês e dar uma surra nos dois na frente de todo mundo?”.
Ficamos parado e Olavo falou de forma imperativa “Danilo você vai pra casa agora! Quanto a você Wander, vem comigo, preciso conversar contigo agora”. Eu saí seguindo meu padrinho com o rabo entre as pernas, pois na briga tinha levado a pior, mas me virei e disse “esse história não acaba por aqui” e ele respondeu “não mesmo, você não perde por esperar playboyzinho”. Fui embora sem olhar para trás.
Ao chegar em sua sala meu padrinho disse “O que foi aquilo Wanderley? Você está há dois dias na universidade e já está arrumando encrenca?”.
“Foi ele que começou padrinho. Eu só me defendi. Eu odeio esse cara desde quando a gente era garoto”.
“É claro que não foi ele que começou. Eu conheço você e conheço o Danilo e sei que esse não é o perfil dele, mas é o seu perfil”.
“Padrinho acredita em mim. Eu não tive culpa”. Falava feito uma criança repreendida.
“Só quero que você me prometa que você não vai mais se meter em confusão, muito menos com o Danilo. Você esqueceu que a gente está tentando validar o curso que você começou no exterior?”.
“Não esqueci, não. Tudo bem padrinho, desculpe o vacilo, eu não pretendia arrumar confusão”.
Ele sorriu pra mim e falou “Tudo bem. Você não está esquecendo de uma coisa?”
“De que?”, perguntei curioso.
Ele abriu os braços e disse “De me dar um abraço e um beijo, faz tanto tempo que não nos vemos”.
Fui até ele e dei um forte abraço. Olavo Villaverde era como um pai pra mim e eu encontrava amparo nele, especialmente depois que meu pai morreu, aliás, eu nunca tive uma afinidade com meu pai como tinha com Olavo.
“Como estão as coisas Wanderley? Como está se sentindo de volta ao lar?”.
“As coisas estão bem difíceis padrinho. Eu não sei o que fazer. A gente está num aperto financeiro tão grande. Se a gente bobear daqui a pouco não teremos dinheiro nem pra comer”.
“Não foi só pra apartar aquela briga ridícula que eu te chamei aqui. Chamei pra te dizer que você pode contar comigo sempre filho. Claro que agora você precisa se conscientizar que a vida mudou, que não é mais a mesma coisa de antes”.
“Pois é Olavo, eu sei disso e quero teu apoio, você é rico, eu preciso muito que você me ajude, até eu me estabelecer. Eu não posso mudar meu padrão de vida, eu gosto de ter coisas boas e em breve eu e minha mãe daremos um jeito nisso, já temos um plano. Mas enquanto isso, você pode apoiar a gente?”.
“É claro que eu vou apoiar você sempre Wanderley e vou começar mantendo tua faculdade, transporte, livros, e outras coisas. Claro que você vai precisar arrumar um emprego”.
“Você está querendo dizer que eu vou viver de uma mesadinha e viver como pobre?”.
“Exatamente. Você vai viver com uma mesadinha e com o padrão de um garoto pobre agora, dentro da realidade em que você se encontra. E acredite, vai ser muito bom para você crescer como homem”.
“Então a miséria vai me fazer crescer? Se fosse pro seu queridinho Danilo você daria tudo não é mesmo? Eu sei que você sempre gostou mais dele do que de mim! Aliás, desde pequeno que eu sei que todo mundo gostava muito mais dele do que de mim”.
“Hahahahahha. Não seja infantil Wanderley. Você está com ciumes do Danilo? Jura que você não sabe o que aconteceu com ele?”.
“Não sei de nada, aliás fazia 5 anos que eu não o via. O que foi que aconteceu com ele?”.
“Fora que ele se tornou o rapaz mais bonito e mais popular do campus? Aconteceram muitas coisas com ele, mas ele é muito forte e tem um caráter extraordinário. Se você não conhece a história do Danilo não vai ser eu que irei contar para você, mas sugiro que você preste atenção nele, pois ele é uma fonte de inspiração para todos nós”.
E eu fui disparando asneiras “Eu sempre tive raiva desse jeito de bom menino dele. Sempre bonzinho, sempre sendo o preferido de todos, sempre o garoto maduro”.
“Haahahahahahha. Wanderley não me faça rir”.
“Poxa Olavo, você é meu padrinho e fica rindo de mim e ainda prefere aquele idiota?”.
“Eu gosto de vocês dois de maneira igual e não estou rindo de você Wander. Eu estou rindo da situação, do reencontro de vocês, que foi bem explosivo e também por que eu penso que a história de vocês dois é cruzada.
“Como assim? O que você quer dizer com isso?”.
“O que estou tentando de dizer é que a história de vocês, ainda não está resolvida. Não sabem, mas têm muita coisa em comum, que os une. Vocês são dois jovens temperamentais, lindos, amam a vida e não têm mais a figura paterna, são filhos dos meus dois melhores amigos, por isso me apeguei tão fortemente aos dois. Vocês no fundo se parecem, são diferentes mas se parecem”.
Juro que não entendia suas palavras e ele continuou “Pense nisso. Amanhã a tarde eu estarei esperando você em minha casa pra gente começar a resolver a sua vida. Agora vai pra casa e me deixa trabalhar”.
Eu saí puto e aliviado ao mesmo tempo. Com raiva por ter encontrado o idiota do Tangerina e meu padrinho ter tanta admiração por ele, principalmente por ver que ele se transformou num cara lindíssimo, ainda muito mais bonito que eu. Estava aliviado por ter reencontrado Olavo, meu padrinho, que não iria me deixar faltar nada.
Fui pra casa e como sempre os dois pensamentos não saiam da minha cabeça, ou seja, meu reencontro com Danilo e e a noite de sexo com o estranho. Só o cara desconhecido do quarto escuro poderia me fazer tirar o Tangerina da cabeça, ainda mais agora que ele estava lindo.
Pensavam comigo mesmo “Meu Deus, como ele foi ficar tão bonito assim? Isso chega a ser covardia. Onde foram parar as espinhas, a gordura, o óculos e o aparelho nos dentes? E o que aconteceu com ele nesses últimos 5 anos que provoca tanta admiração em todos? Droga! Que droga de vida. Mas eu vou encontrar o garoto do quarto escuro, e aí Tangerina, babau pra você, vou te esquecer de vez”.
Deitei na cama e fiquei pensando, dizendo pra mim mesmo “É Wander. Agora é de verdade meu chapa, você voltou pra ficar. Você vai ter que decidir o que você vai fazer da tua vida e como fará para sair desse miséria em que você de encontra. Eu vou dar um jeito, eu vou ter tudo o que eu tinha de volta, nem que pra isso eu precise roubar, mentir ou trair.”... Continua...
Mentira se eu disser
Que não penso mais em você
E quantas páginas o amor já mereceu
Os filósofos não dizem nada
Que eu não possa dizer
Quantos versos sobre nós eu já guardei
Deixa a luz daquela sala acesa
E me peça pra voltar
Não precisa me lembrar
Não vou fugir de nada
Sinto muito se não fui feito um sonho seu
Continua...
Dialogando com o Manu!!!!!
Esta foi a apresentação dessa pessoa tão peculiar, chamada Wanderley Bicalho. Será que vocês irão amá-lo ou odiá-lo? Só o tempo irá dizer.
Dedico esse capítulo especialmente aos primeiros a comentar e dar-me forças! Obrigado meus príncipes e princesas:
iiegoh'
jerff
Gordo1979
Noct
Lucas M.
lando32
Rafael Guimarães.
Geo Mateus
Geo Mateus
Edu19>Edu15
sonhadora19
fabi26
Derick
Thiago Silva
Claro que não esqueci os outros e outras, que sempre me deram força pra continuar .
Quero lembrar que também haverá um romance heterossexual. Perdoem os possíveis erros de gramática, estou sem tempo de revisar e posso cometer alguma gafe, mas não quero deixar de postar.
Prestem sempre atenção aos detalhes, pois eles são fundamentais. No mais, comentem, dialoguem, perguntem, critiquem. Não me deixem só, pois, a história só está começando. Sexta- Feira a gente se encontra de novo.
Um beijo a todos e todas, meus amores!!!
Com Carinho
Manu Costa!