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A História de Caio, completa e revisada para leitura on line e download e contos inéditos no meu blog:
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Só quem passou por situação parecida com a minha tem ideia de como os referenciais de alguém são afetados quando se descobre que a pessoa mais honesta que você conhece na verdade comanda uma máfia de lavagem de dinheiro.
Me senti um idiota, um burro, por nunca ter percebido nenhum sinal, nenhum indício. Eu confiei tanto nele que toda mentira que ele contava para mim já era verdade sem passar por nenhum filtro de verificação.
Quando entrava no táxi o celular toca, é ele. Talvez tenha se arrependido de não agir mais enfaticamente para me impedir de ir embora. Não atendo. Bastam de mentiras por aquela noite. Notando que ele sabe meu hotel, fico com medo. De repente, aquela pessoa tão conhecida e confiável agora é motivo para temores, até onde ia a influência dele, até onde iria sua determinação em me ter? Ele não seria capaz de fazer alguma loucura por mim, mas até 2 horas atrás eu o achava incapaz de fazer qualquer coisa que fosse fora da lei. Ligo para a Auxiliadora, digo que preciso voltar com urgência e que é caso de vida ou morte, ela me retorna meia hora depois dizendo que posso voar de volta às 08h00min.
Pela manhã recebi mais uma ligação do Yohan, mas novamente não atendi, entrei no avião aliviado, confesso que tinha medo de que ele pudesse fazer alguma coisa para me deter em Curitiba. A viajem me serviu para analisar todos os dados que tinha. Primeiro, eu descobri que o Yohan era uma pessoa perigosa, que lidava com organizações criminosas de todo tipo, segundo, ele me deu a palavra dele de que não mandou se vingar do meu irmão e do Flávio. Seria a palavra dele tão confiável quanto antes? Sinceramente, para mim não.
Não pude deixar de lembrar da noite anterior, transamos como antes e ele ainda fez uma espécie de declaração. Caralho, o filho da puta me comeu sem camisinha. Fazemos algo tão íntimo enquanto ele me esconde tantas coisas essenciais sobre sua pessoa. Até o embarque não recebi nenhuma notícia de algo ter acontecido com o Mário, então por enquanto ele estava bem. Aquele velho dilema sobre avisá-lo ou não, ainda me assaltava, e a pessoa que eu achava com formação moral forte o suficiente para analisar isso tinha perdido toda a moral comigo ao se revelar um mafioso.
Eu precisava colocar a cabeça para funcionar, sabia que tinha algum elemento bem na minha cara que eu não estava captando. Seria ótimo conversar com o Dan agora, e foi isso que fiz, do aeroporto vou direto para a casa dele. Peço para ser anunciado e minha subida é autorizada, quando chego no apartamento, é a mãe dele que abre a porta.
- Caio. - Ela me olha sorridente. - Pode entrar. Quanto tempo rapaz.
- Desculpa não ter vindo mais, eu e o Dan meio que nos desentendemos.
- Na verdade, você meio que deixou o coração dele aos cacos, Caio.
- Olha Liana, eu me arrependo disso tá. Mas não é disso que vim falar, preciso conversar com ele urgente.
- Ele está com o namorado.
- Namorado? - Não acreditava que estava rolando algo sério entre ele e o Roney.
- Sim, aparentemente alguém que soube valorizá-lo imediatamente. Você não é obrigado a gostar dele, mas por favor, deixa ele tranquilo com o outro.
- Eu gosto do Dan, Liana. O que aconteceu foi um mal entendido. Eu sinto muita a falta dele, mas não vou ficar me justificando. Preciso falar com ele é sobre o Yoh, eu descobri tudo.
Ela me olhou surpresa.
- Tudo o que? - Perguntou cautelosa.
- Tudo sobre as atividades dele. Ele mesmo contou.
- Não envolva o Daniel em nenhuma questão sua com o Yohan, eles são amigos ha muito tempo.
- Não se preocupe. E boa tarde.
Não alonguei a conversa com ela porque queria muito conversar logo com o Dan e depois ir para casa almoçar, já passavam das 14h00min e eu ainda não tinha sequer comido nada desde o café no hotel. Pensei se seria realmente prudente ir até a casa do Roney, mas resolvi ir. Quando subi até o apartamento dele, fiquei impressionado dele não ter impedido minha entrada, mas quando a Zelma abriu a porta vi que era meu dia de sorte.
- Caio. Menino sumido. Como você está? Me preocupo tanto contigo. - Falou ela de uma vez só.
- Zelma, é a vida. Eu queria saber se o Daniel está aqui com o Roney.
Foi então que ouvi a voz do viado.
- Caio? O que você faz aqui?
- Quero falar com o Dan.
- Dan é as tuas negas, para você é Daniel, quem disse que pode ter essas intimidades com o meu namorado?
- Roney, te manca, está se comportando como um imbecil. - Foi então que vi o Dan sair de dentro do quarto do Roney, estava todo vestido e arrumado, parecia que eles iam sair para algum lugar.
- Caio?
- Danzim, deixa que eu resolvo isso. - Falou Roney. - Volta lá pro quarto que eu já vou, amor.
O Dan apenas ficou parado, mas a bicha resolveu ignorar o fato de que ele não havia obedecido seu comando e continuou querendo me expulsar.
- O que você está esperando para dar o fora bicha? Não quero você conversando com meu namorado.
- Roney, filho. - Advertiu Zelma. - Não trate o Caio assim, ele sempre foi seu amigo.
- Amigo da puta que pariu ele. Essa bicha quer tomar meu namorado.
Eu não me aguentei mais, juntou-se minha raiva reprimida pelo Roney, meu ciúme dele do Dan, minha extrema decepção com o Yohan e o medo que agora sentia de não saber lidar com tudo isso. Em meio a toda essa confusão de sentimentos, uma coisa despontava: o amor do Dan. Foi uma coisa de que eu nunca tive motivo para duvidar, até humilhar ele o suficiente para ele se afastar de mim. E por isso que me veio uma ideia na cabeça, uma resposta que eu estava procurando e não conseguia alcançar. Aquela suspeita me fez ver que eu precisava apostar alto para saber a verdade e então resolvi lançar a minha melhor carta.
- Você pensa que pode competir por homem comigo, sua bicha? - Alertei. - Pensa que o Dan gosta mais de você do que de mim?
- Quero ver a sra. tentar tirar ele de mim.
- Ah é? - Zombei. - Então veja. Dan! - Me virei para ele, que estava em silêncio. - Eu te amo e se você me ama mesmo vai vir comigo agora, se não vier eu vou entender que seu amor era uma farsa e esquecer o que sinto.
Continua ….
P.S: capitulo 50 em confecção.