De tanto que eu andei minhas pernas já doíam, eu sabia que estava sendo dramático, não tinha andado muito, mas eu odiava andar, me sentei na rua e só então percebi, eu havia parado em frente ao apartamento de Anderson.
Tentei disfarçar e fugir dali, mas ele estava voltando de algum lugar e havia me visto, e agora caminhava em minha direção, parecendo confuso.
-O que está fazendo aqui, sentiu saudades? –ele sorriu, mas ao ver meu semblante serio desfez o sorriso e perguntou serio -aconteceu alguma coisa
-Sim, minha mãe viu nosso pequeno beijo, me humilhou e eu agora sou um filho morto e desabrigado –lagrimas rolavam pelo meu rosto
-Calma, vem cá –ele me abraçou
-Eu não sei o que fazer -chorava copiosamente
-Calma, olha pra mim –ele segurou meu rosto com as duas mãos e sorriu –você ficará comigo –ele sorriu
-Eu não posso sua mãe... eu vou dar um jeito –argumentei soluçando
-Você ficará comigo e está decidido, minha mãe irá amar te receber –ele continuou sorrindo e pegou minha mochila de minhas costas –vamos! –ele me deu a mão
Entramos na portaria e o porteiro apenas nos olhou de mãos dadas e nos cumprimentou com um aceno, eu sabia que ele era bissexual assumido, mas não achei que fosse tanto, seus amigos não ligavam pra isso, seus pais também não, as pessoas no ambiente em que ele morava muito menos, então por que minha mãe se importou tanto? Talvez pelos ensinamentos na igreja em que ela semanalmente freqüentava, mas por que tanto ódio? Isso doía e muito.
-Filho, eu já estava me perguntando onde você estava –ela gritou da cozinha –quem é esse? É o Gabriel? –ela veio até a sala
-Não mãe, não é o Gabriel, esse é Roberto, meu namorado –ele sorriu pra mim e eu gelei
-Oh, seja bem-vindo Roberto, são tantos nomes que me confundo –ela me abraçou –você estava chorando querido? –ela pareceu preocupada –o troglodita do Anderson não lhe fez mal nenhum não é?
-Mãe chega de tanta pergunta, estamos no meu quarto e o Roberto ficará aqui conosco
-Tudo bem querido –ela sorriu –sinta-se em casa –ela me disse
-Vem você já conheci o caminho –ele me levou até seu quarto –trouxe alguma roupa?
-Não, Droga, somente as coisas da escola e minha farda que ainda está em meu corpo –sorri sem graça
-Quer falar sobre o que aconteceu?
-Não há nada do que falar, eu contei a ela quem realmente sou ela não aceitou acha que sou uma aberração e fim –respondi
-Ela, estava nervosa, não é fácil ouvir isso de um filho –ele pareceu defende-la
-E não é fácil ouvir uma mãe dizer que preferi um filho morto á um filho gay –retruquei
-Não estou defendendo ela, somente não quero que você guarde magoa por uma coisa dita no calor do momento –ele se explicou
-Como foi que seus pais receberam essa noticia? –perguntei
-Não muito, bem, minha mãe chorou muito, mas aceitou meu pai achou difícil, mas também não demorou há aceitar, eles sabiam que só existia duas opções me aceitavam ou me aceitavam –ele sorriu
-Quem é Gabriel –quis saber
-Humm.. ninguém importante, foi um amigo meu –ele pareceu desconfortável
-Foi?
-Sim, foi –ele encerrou este assunto
-Quer tomar banho? –ele perguntou
-Só se você for comigo –me ouvi dizer.
Continua...