Pessoal, desculpa mesmo a demora na postagem! Eu to muito sem tempo... Mas tá ai, espero que gostem =D
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“Eu que já não quero mais ser um vencedor, levo a vida divagar pra não faltar amor” – Los Hermanos
Levei um susto. Por mais que eu queria, eu não esperava bem um beijo de Felipe. Seu beijo era doce e suave, seus braços eram envolventes. Após e o beijo, Edu e Caio me olharam assustados. Creio que nem eles estavam esperando.
- Desculpa Araujo.. Eu sei que você teve muitos problemas a algum tempo atrás... – Ele olhou para baixo, com vergonha. Fiquei sem palavras. Vendo meu silencio, Felipe virou e saiu em direção à cozinha.
É claro que eu havia gostado do beijo dele. Mas me pareceu uma traição com a memória de Biel. Sem falar nada fui para minha casa. Era estranho ter essa sensação de dúvida. Por um lado, eu sabia que Biel nunca voltaria, por outro eu queria ele.
No outro dia, tentei procurar Felipe para nós conversarmos, mas não o encontrei. A única coisa que eu encontrei foi um recadinho na minha mesa, após o intervalo dizendo “Desculpa =/”.
Mostrei para Edu, e ele me disse que não vira Felipe na escola naquele dia. Era estranho, pois eu também não. Felipe devia estar achando que eu estava bravo com ele, mas era mentira. Eu havia decidido por mim, que daria uma chance a Felipe. Se Biel não deixasse meu coração, eu teria que viver com isso.
Após o sinal de saída, juntei todo o meu material e, na hora que eu saio da aula, lá está ele. Sentado no mesmo banco em que eu vi Edu pela primeira vez, comendo um chocolate branco. Dei uma risada a mim mesmo e fui até.
- Chocolate Branco? – Perguntou Felipe na hora em que eu me aproximei.
- Não, não, não, não! Chocolate branco é só pra quando se está triste! – Respondi alegre. Nós rimos. E então, ali mesmo, no meio da escola, com várias pessoas em volta, nos beijamos.
Algumas pessoas bateram palmas, outras olharam com nojo, mas como dizia Marcelo Camelo: “Do nosso amor, a gente é quem sabe”. Foi o melhor beijo da minha vida. Além de suave e excitante, tinha um gosto de chocolate.
- Vamos lá pra casa? - Eu o convidei para almoçar em minha casa.
- Ah.. Conhecer a sogra? – Ele brincou, em um tom triste e preocupado.
- Sogra?
- Muito cedo para namoro?
- Sim.. Mas se quiser conhecer sua futura sogra, vamos lá em casa! – Rimos e saímos.
O caminho da escola até minha casa ficou muito mais bonito, mais calmo, mais alegre, mais tudo, menos triste. Felipe era carinhoso e brincalhão.
Meus pais adoraram o Felipe. Eles claramente perceberam que ele realmente me fazia bem, e muito bem, por sinal. Nossa relação de pré-namorados durou alguns meses. E tudo mudou no tão famoso Festival de Idiomas.
O idioma por nós sorteado esse ano foi Portugues. Muitos de minha sala resolveram que não participariam, tendo em vista a injustiça do ano anterior. Mas eu convencia a todos a participar. Nós cantaríamos uma canção em inglês. Cantaríamos Holiday, do Green Day, a mesma da sala do Matheus o ano passado.
No principio muitos torceram a cara. Mas com o tempo gostaram da idéia de confrontar a escola. Era segredo absoluto, para todos os outros, nós cantaríamos “Mamute Pequenino”.
Para não haver suspeitas ensaiamos sempre em casa. Na escola a gente só ensaiava “Mamute Pequenino”. Como era uma musica fácil e nós estávamos sem vontade de ganhar, era normal o relaxo dos ensaios.
Após dar duro de ensaio, chegou o dia. Deixa eu explicar como faríamos:
Montamos uma banda para tocar. Bateria, baixo e duas guitarras. Todos iriam com um bandeirão dos EUA nas costas. É complexo explicar a dança, mas era bem o ritmo da musica. Como era num teatro, ele já possuía sistema de iluminação especial, e colocamos uma pessoa da nossa sala para fazer isso. Era a primeira vez que alguém fazia isso.
Por fim, no final da musica, no último “Holiday”, apagaríamos todas as luzes, e cada um acenderia uma chuva de prata, iluminando assim, todo o palco. Isso era proibido de acordo com o regulamento, mas nós não tínhamos esperanças. E para não correr risco da escola desligar o som, nós levamos nossas próprias caixas de som, não tão boas como a do teatro, mas boas. E também tocaríamos com instrumentos acústicos, para últimos casos.
E assim se fez. Por ordem de sorteio, novamente, fomos os últimos a apresentar. O apresentador chamou ao palco:
- E agora, o 3º Ano A! Com a música “Mamute Pequenino”! – Para disfarçar, enquanto nós montamos o equipamento, um colega meio palhaço entrou fantasiado de mamute. Todos riram. Depois de pronto, ele saiu.
Na hora que nós começamos a tocar Holiday, foi um choque. Os jurados ficaram boquiabertos com a nossa ousadia. As platéia comemorava demais. No fim da musica, que nós apagamos todas as luzes e ascendemos as chuvas de prata, só faltou eles invadirem o palco, de tanta euforia.
Terminada a música, e acendidas as luzes, eu peguei o microfone e disse:
- Isso é pra mostrar para os queridos jurados como se toca Holiday de verdade! – Uma gritaria de verdade começou na platéia. Eles gritavam “Já ganhou” e “Terceiro A”. Alguns jurados espumavam de raiva. Outros estavam somente bravos.
O que importa, é que na hora que saímos do palco, lá estava Felipe, me olhando com aqueles lindos olhos azuis e sua carinha sexy. Nos abraçamos e eu sussurrei no ouvido dele:
- Sabe, se você quiser, a partir de hoje você pode chamar minha mãe de sogra...- Ele me olhou assustado e feliz, e num movimento único, me beijou, na frente de toda a escola.
No calor da onda, todos comemoraram. Fiquei roxo de vergonha, mas muito feliz. Voltamos para a platéia para esperar o resultado. Nem prestamos atenção. Correram boatos por toda a arquibancada que se a gente não ganhasse, ninguém iria ao palco buscar seu premio.
Por fim, e para a surpresa de todos, nós ganhamos.