Desprotegido... Recordações

Quando bate o sino para ir embora, Alex é o primeiro sair da sala de aula. Eu fiquei preocupado, não nego, mas quando tento ir atrás dele Rogério segura meu braço e diz:

_ Não acredito que tu vai atrás dele.

_ Mas...

_ Nada de mas, o cara é mó babaca deixa ele se chatiar pra lá. Você falou que mora aqui no bairro, eu te levo até a sua casa. Quero saber onde mora meu novo amigo.

Eu fiquei assustado com a reação dele, mas ele deu aquele sorriso lindo dele e eu nem retruquei, só falei: "Tá".

Chegando em casa eu vi que eu não me sentia assim, desde a morte do meu melhor amigo na terceira série: Yuri.

Eu nem sempre fui anti-social, nas primeiras séries eu tinha três amigos. Era uma garota que parecia uma bonequinha, pele branca, olhos azuis e loirinha. Mas na terceira série ela simplesmente parou de falar comigo, e quando eu me aproximava ela falava para eu me afastar, logo o pai dela a transferiu de escola. Acho que seu nome dela era Clara.

Depois Yuri desapareceu e depois de uma semana acharam o corpo dele no poço. Quem o matou? A policia não descobriu. Aí só sobrou outro garoto, ele era ruivo, que nem Rogério, branquinho e magrinho vivia brigando com Yuri pela minha atenção. O nome dele? Passei a tarde toda tentando lembrar até que me minha mãe chegou do serviço e me contou. Não, era só coincidência, bem, no outro dia eu veria se era ele mesmo.

No outro dia, amanheceu ensolarado. Dia mutio bonito, e eu fui para escola feliz agora eu tinha um amigo, chegando lá ele estava na mesma cadeira do dia anterior com fone no ouvido, quando ele me viu soltou um sorriso e tirou o fone e falou:

_ Bom dia, como passou a noite?

_ Bem. Ehh, Posso te perguntar uma coisa?

_ Vai fundo.

_ Onde você estudou da primeira a terceira série?

_ No Nossa Senhora Aparecida. Por que?

Agora eu tinha certeza... Era ele.

_ Você não se lembra de mim?

_ Quando eu bati meus olhos em você eu me lembrei.

_ Por que não me falou?

_ Uai, tava esperando tu se lembrar sozinho.

_ Ah lembra da Clara?

_ Concerteza, ela dava em cima de você.

É, eu me lembro disso, mas na minha inocência eu nem percebia.

_ E do Yuri?

_ O garoto que caiu no poço?

Ele sorriu quando disse isso.

_ Por que você riu?

_ Nada, só lembrei de uma piada.

_ Ah tá! Eu que te dizer obrigado.

_ Por que?

_ Porque você quem mais cuidou de mim depois que Yuri morreu. Você era meu único amigo.

_ Pelo jeito não mudou nada. _ Nós dois começamos a rir. _ E outra não precisa agradecer, eu fiz isso porque gostava e gosto muito de você.

Eu fiquei vermelho, e ele começou a rir:

_ Você não mudou nada, você ficava vermelho quando ficava com vergonha.

Nós rimos. Lembre dos três garotos e cacei eles com o olhar e vi que eles estavam no mesmo lugar do primeiro dia, só que o Alex estava sentado no lugar onde eu sentei.

Durante a aula Rogério me contou que o pai dele, que era policial, havia sido transaferido, e eles mudaram de cidade.

De vez em quando eu pegava ele olhando para mim de um jeito estranho, mas e daí deve ser só o jeito dele.

Continua...