Olhando daqui de cima todos parecem meros insetos insignificantes. Nunca pensei que um sentimento como esse pudesse nascer em meu peito.
Não pensem que por eu ser um anjo sou do tipo fofinho que cuida e zela pela integridade moral e física de criançase pessoas indefesas. Na verdade esse é o trabalho de meus irmãos menos providos de inteligência e força.
Eu sou um guerreiro. Um soldado da primeira linha de batalha do exército celestial.
Sinceramente não gosto de me gabar. Mas sou ótimo no que faço.
Meu nome é Christiel.
Estava no encalço de um demônio maldito que deixa um rastro de destruição por onde passa.
A última pista me levou a um colégio público situado em uma grande cidade.
Fiquei horas parado observando.
Até...
Um garoto me chamou atenção. Seus olhos negros me fitavam como se conseguisse me ver, soubesse que eu estava ali o tempo todo. Seu cabelo preto caindo sobre seu olho esquerdo o dava um toque misterioso. Já almejava pelo momento em que iria vê-lo.Não podia mais esperar. Precisava falar com ele.
Em uma manhã fria e nublada transfiguro meu corpo para ser visto como um humano. Com meus pés no chão caminho até o portão principal da escola. Ele não havia chegado ainda. Ao longe o vejo.Ele estava vestido com uma calça Jeans preta um tamanho maior que o seu e um tênis skatista preto e branco. Uma camiseta larga que o deixava magnífico. Aquele filhote de humano fazia meu coração bater mais forte e descompassado.Andava de cabeça baixa.
Ao passar por mim me olha sutilmente. Seus olhos eram realmente lindos.
- Ei, espere - digo colocando a mão em seu ombro, ele para e se vira - pode me ajudar? Sou novo e... Estou meio perdido.
- Qual sua série? - sua voz era doce.
- Oitava série "A"
- "A"?
- Sim.
- Venha comigo. Sou da "B" a princípio; meu nome é Caio.
- Qual sua idade Caio?
- 16, e você?
- 17.
Ficamos em silêncio até chegar a sala. Na verdade perdia a fala quando estava do seu lado.Se há algo humano que eu realmente detesto é a escola. Um lugar fechado cheio de adolescentes com os hormônios a flor da pele.
Precisei usar telepatia para convencer os professores que era novo aluno. Mas na verdade não podia esperar para ver Caio.
Enfim bate o sinal para o intervalo. Se tu acha que é fácil para um anjo fingir ser um humano está redondamente enganado. Caio estava andando sozinho pelo corredor.
- Oi - falo apressando o passo.
- Ah. É você... Como foi o primeiro dia de aula?
- Entediante. - digo sorrindo - sabe Caio. Eu não conheço a cidade. Será que você podia...
- Eu não sou de fazer muitos amigos...
- Chris. Meu nome é Chris. Na verdade é Christiel. Mas pode me chamar de Chris.
- Christiel? Quem chama Christiel?
- Eu me chamo Christiel.
- Sua mãe deve te odiar pra te dar um nome desses.
- Não tenho... Mãe...
- Ah. Me perdoe Chris - fala ele ficando vermelho - não sabia que... Então você mora com seu pai?
- Moro com meus irmãos. Papai quase nunca vai em casa.
- Ah. Sinto muito em dobro. Mas não sei se sou uma boa companhia para você.
- Não consigo ver companhia mais apropriada.
- Te pego na sua casa então?
- Não. Melhor nos encontrar aqui no portão da escola.
- Que horas?
- As 7 da noite. Vou estar te esperando
Após o final do intervalo não volto para casa. Entro atrás do estacionamento e abro minhas asas. Estava livre.
Voltei para minha casa.
Outra coisa que vocês devem saber sobre nós. É que não moramos em uma casa.
Moramos em um palácio.
Ao passar pelo salão principal percebo uma movimentação estranha vinda da sala. Caminho até lá. Dois de meus irmãos estavam sentados entre pilhas de livros.
- O que é isso pessoal? - pergunto pegando um dos livros.
- Estamos trabalhando Chris - diz Natália
- Coisa que o Senhor deveria estar fazendo - Natan se levanta de onde estava sentado e caminha até mim - já capturou Crawler? Uriel não vai gostar de saber que você está brincando enquanto trabalha. Quem é aquele menino?
- Está me espionando Natan?
Está compactuando com humanos Chris? - Natália se levanta com um salto - sabe que é proibido.
- O Caio não é ninguém.
- O nome dele é Caio? - Natan sorri.
- Droga - grito empurrando os livros. Todos que estavam na sala nos olha - ele é meu amigo.
- Se algum de você chegar perto dele eu arranco a pena de cada um.
Me viro e subo as escadas. Ao passar por Téo ele segura meu braço.
- Que está havendo Chris? - diz ele encarando meus olhos - posso sentir sua raiva a quilômetros.
- Natan - digo puxando meu braço com violência - eu vou matar ele.
- Vocês vem competindo a milhares de anos Chris - sorri ele - e como anda sua busca pelo Crawler.
- Ele está encurralado. Não falta muito...
- Uriel está impaciente quanto a isso irmão.
- Uriel... Sempre ele - falo cerrando os dentes - vamos ter que aturá-lo até quando?
- Não sei - Téo se vira e termina de descer as escadas.
Vou para meu quarto e me jogo na cama. Faltava algumas horas para encontrar Caio. Estava ancioso...