“Vai viver sua vida, deixa de ser otário, chega de definhar por um amor que nunca vai ter!”
Essa frase gritava no meu ouvido e ficava me martelando, me tirando da minha santa paz e sofrimento, me impulsionando a tomar medidas drásticas. Eu não me sentia bem para namorar, não queria mesmo, sentia que era uma traição ao Rodrigo. Sei que era idiotice, mas era assim que eu me sentia. “Vai viver sua vida, deixa de ser otário, chega de definhar por um amor que nunca vai ter!”.
- Na-namorar? Comigo?
- isso! quero estar sempre junto a você, te ajudando a superar essa dor, deixa vai?
- você sabe que eu não amo você, só gosto de estar contigo.
- isso vem com o tempo... vamos tentar? Eu estou apaixonado por você neném.
- tudo bem, vamos tentar. – Impossível descrever o sorriso que ele deu, o brilho de seus olhos. Ele me olhou com surpresa e logo uma lágrima escorreu de seu olho.
- é sério Will? Não brinca comigo cara.
- não estou brincando, sabe... preciso mudar mesmo, não adianta ficar alimentando um amor que nunca mais vou ter. Me ajuda a amar novamente?
- claro, nossa! Te amo demais, você não tem noção.
Ele me abraçou e ficamos assim. Ao invés de eu estar feliz com o começo do namoro, estava preocupado. A culpa me consumia. O Rodrigo veio com tudo na minha cabeça, a dor me consumia, a saudade me cegava. Por fim eu levantei da cama e fui para a varanda. Levei meu notebook e abri a única foto que tinha sobrado dele, pois as outras e as filmagens, o Rafael tinha confiscado.
Ao olhar pra ele, sério ao meu lado, não resisti e chorei, como a meses não chorava. Ele parecia me julgar, com raiva de mim por eu ter feito aquilo.
- me perdoa meu amor... me perdoa... eu preciso deixar você ir.
Liguei o executor de música e apertei play sem nem escolher a música, e começou a tocar: (/ A introdução começou a tocar e eu fiquei olhando sua foto, pensando nele.
Que é que eu vou fazer pra te esquecer?
Sempre que já nem me lembro, lembras pra mim
Cada sonho teu me abraça ao acordar
Como um anjo lindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus pode apagar...
Que é que eu vou fazer pra te deixar?
Sempre que eu apresso o passo, passas por mim
E um silêncio teu me pede pra voltar
Ao te ver seguindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus pode apagar - Nossa, aquela música dizia tudo o que eu queria dizer a ele, assim as lágrimas caiam sem eu nem perceber, não um choro desesperado, mas saudoso e de culpa.
Me abraça ao acordar
Como um anjo lindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus pode apagar...
Que é que eu vou fazer pra te lembrar?
Como tantos que eu conheço e esqueço de amar
Em que espelho teu, sou eu que vou estar?
A te ver sorrindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus vai apagar...
- Will? – senti suas mãos tocando meus ombros. – tá frio aqui fora, vamos lá pra dentro. – Fiz o que ele pediu. Sentamos no sofá, ele enxugou minhas lágrimas e me abraçou. – Chora amor, assim você vai esquecer ele, deixando ele ir embora.
Fiquei chorando ainda mais um pouco, mas por fim, seus carinhos me confortaram.
- Posso ver ele? – entreguei o notebook pra ele – Porra! Ele era bonito mesmo.
- Assim como você é. – falei, acariciando seu rosto. Estava na hora de viver mesmo. – me beija vai?
Ele me beijou com todo o carinho do mundo. Depois ele me levou pra cama e dormimos abraçados. Acordei anda tristonho, mas assim que abri os olhos, me deparei com um café da manhã lindo, ele tinha assaltado minha geladeira, mas estava perfeito.
- Bom dia meu amor.
- Bom dia...
- Como você está?
- Tô bem... cheio de fome, mas bem.
- rs, ótimo, então come!
- Vou ao banheiro primeiro...
Durante da minha higiene matinal eu não podia deixar de pensar no que eu tinha escolhido pra minha vida. Se foi isso que eu escolhi, então isso que eu viveria, intensamente.
Quando voltei o vi deitado de bruços na cama, só de cueca slim preta, seu corpo saradinho, com aquela bunda linda apontada pra mim. Me subiu um tesão tão grande que fui até lá e deitei sobre ele. Começamos a nos acariciar e logo já estávamos transando demais. Quase a manhã toda foi de sexo, eu estava louco louco, fazia mais de um ano que eu não transava e ele acendeu em mim algo que estava adormecido. Com ele eu voltei a ser ativo e estava adorando.
Sei que na hora do almoço estávamos tão cansados que dormimos sem nem comer nada. Acordei com minha filha me ligando, perguntando se eu iria almoçar com ela. Falei que não, mas no outro dia sim. Não estava largando ela, nós nos víamos quase todo dia, pois eu saia do trabalho e dava uma passada lá, então não tinha problema eu não ir almoçar.
Eu queria almoçar com ele. Assim que acordamos, pelas 4 da tarde, fomos dar uma volta e almoçamos num restaurante do shopping, depois pegamos um cineminha e ao sair do cinema, umas 9 horas já, meu telefone toca:
- Oi Will.
- fala ae Rafinha...
- E a baladinha, tá de pé?
- poxa cara, num tá não, mas gostaria de te ver, vamos tomar umas biritinhas? Tenho uma surpresa.
- Pow, vamos sim!
- Vai levar sua namorada?
- Não, ela tá de plantão.
- Tá certo, no mesmo bar de sempre, 10:30, ok?
- ok.
Coitado do Rafa cismou de namorar uma médica, quase não via a mulher. Ela era legal, já a tinha conhecido, só era maluquinha rsrs, mas nada normal né, pra namorar o Rafa tem que ser doidinha igual a ele.
Fomos pra minha casa e nos arrumamos. Quando deu o horário descemos e fomos pro bar, esperar o Rafael. Enquanto esperávamos pedimos vinho, pois ambos não bebem cerveja e ficamos conversando sobre nosso namoro.
Dez minutos depois, vejo o Rafael na porta, procurando a gente. Fiz sinal pra ele, que se juntou a nós. Ele ficou meio confuso ao ver o Diego lá, mas nos cumprimentou normalmente:
- porra, desculpa o atraso, sabe como é né, tava falando com a Andrea...
- essa mulher te fisgou de jeito rsrs.
- uma hora a gente tem que deixar ser fisgado. E ai Diego? Tudo bem?
- tudo ótimo.
- Então, qual é a surpresa?
- Estamos namorando. – falei. Ele, que sorria, ficou sério.
- namorando? Como assim namorando?
- namorando ué?! Não tem muita explicação rsrs. – ele ainda sério.
- Nossa! Que ótimo cara, até que enfim né... calma ae, meu telefone. – e levantou para atender o telefone fora do bar.
- ele parece que não gostou muito.
- claro que gostou, ele pedia pra eu fazer isso a tempos. Ele só deve estar surpreso.
- Casal, tenho que ir, meu pai disse que minha mãe não tá bem, então vou lá.
- pow, vamos com você cara, você pode precisar de ajuda.
- não, claro que não! Fica ae e eu deixo uma rodada paga, pra vocês comemorarem a nova união. Vou lá resolver isso! – Ele pegou minha taça, ainda cheia e a ergueu – À felicidade do casal! – e virou o vinho todo de uma vez.
- Obrigado cara, mas vai com calma, sei que tá nervoso, mas se ela estivesse mau mesmo, seu pai já a teria levado pro hospital, fica calmo, ok?
- valeu, amigo. Bem, vou indo. Até!
- Vai na paz rafinha. – e saiu – E agora? O que faremos? – ele não respondeu, só virou a taça dele também e me deu um sorriso malicioso.
Entendi na hora! Fechamos a conta e partimos pro meu apartamento, e não preciso dizer o que fizemos lá né? Sei que paramos às 3 da madrugada e dormimos agarradinhos. No domingo de manhã ele foi embora para sua casa e eu fui passar o dia com minha filha. Mas a noite ele me ligou e ficamos conversando por horas.
Na segunda-feira eu acordei bem disposto à trabalhar. Cheguei no escritório e ao pegar o elevador o Rafa entrou também.
- fala ae brother. – o cumprimentei.
- oi, tudo bem?
- tudo ótimo. E a tia? Tudo bem com ela?
- tá sim, foi só a diabetes que aumentou, mas tá tudo certo agora. – saímos do elevador.
- vamos almoçar?
- Não vai dar, tenho que encontrar a Andrea na hora do almoço.
- ok, passa lá em casa mais tarde pra gente conversar, ok?
- ta. Abraço.
- abraço.
Acho que a mãe dele não estava tão bem assim, ele parecia tão pra baixo, mas enfim, ele tinha uma médica pra ajudar ele. Trabalhei normalmente e no fim do expediente fui ver minha filha e depois fui pra casa, mas o Rafa não apareceu. Liguei pra ele e este disse que teve um imprevisto, que não rolaria aparecer. Não liguei muito e fiquei trabalhando mais um pouco. Quem ama seu trabalho é foda, trabalha mesmo em casa, depois do expediente, ninguém mandou eu ser dono da empresa rsrs.
Os dias foram se passando e eu e o Diego estávamos mais próximos. Ele ia na minha casa as vezes, mas a maioria das vezes nós marcávamos de sair, de se encontrar pra almoçar, baladinhas e motéis. Assim como íamos pra museos, teatros, cinema, exposições... ele era culto e eu achava isso o máximo.
Fizemos 2 meses de namoro e decidimos viajar pra Campos do Jordão, fazer algo romântico, até porque ele sabia que eu não o amava como deveria, eu adorava estar com ele, adorava transar com ele, mas meu amor ainda estava acorrentado a uma pessoa. Assim ele era o mais lindo namorado do mundo, carinhoso, romântico e fazia eu gostar mais e mais dele. Eu ia nas festas na casa dele e eu levava ele nas da minha família, mas claro, que para todos ele é eu amigo e nada mais.
- Amor, cadê aquele seu amigo?
- Que amigo?
- Aquele que conheci naquela festa da sua empresa, depois no bar... Depois daquele dia eu nunca mais o vi.
- Eu também não. – meus olhos marejaram. – Eu não sei o que eu fiz pra ele, não sei onde eu errei na nossa amizade... ele sumiu. Eu falo com ele sempre, claro, trabalhamos juntos, mas nunca mais almoçamos juntos, nunca mais ele veio aqui em casa, nunca mais saímos juntos.
- Não chora amor... Liga pra ele...
- Eu ligo sempre, mas ele está sempre ocupado... essa namorada dele que deve esta fazendo alguma coisa.
- tenta agora, vamos chamar ele pra tomar um drink. - Peguei meu celular e liguei, mas ele só chamou.
- Ele não me atende.
- Liga do meu.
- Se ele atender, acabou, não vou quer mais saber dele. – liguei e tocou umas três vezes, na quarta ele atendeu.
- alô.
- Eu tenho certeza que eu não fiz nada pra você. Nunca fui desleal, nem fiz nada pra você agir desse jeito! Mas se você não quer mais ser meu amigo... ótimo, que assim seja! Sejam felizes, você e sua médica. – e desliguei o telefone.
- Amor, não era pra fazer isso e sim conversar com ele sobre o que está acontecendo.
- Chega!! Aprende uma coisa sobre mim Diego, sou orgulhoso pra caralho! Se uma pessoa não quer ficar comigo, não vou ser eu que vou correr atrás e implorar. Jamais!
- Amor, orgulho não leva a nada.
- Eu sei, mas já decidi, acabou, não quero mais saber dele.
Passamos o final de semana juntos, mas eu estava triste, não tinha como ser diferente. Na segunda-feira eu cheguei cedo no escritório e fui direto pra minha sala. Não demorou muito e ele apareceu lá.
- Bom dia. – falou assim que entrou.
- Bom dia.
- Fiz as contas e percebi que a loja de São João caiu de rendimento, assim como a de Campo Grande.
- quantos meses assim?Chame os gerentes para conversarmos.
- ok... Com relação a sábado, eu... – mas eu nem deixei ele terminar.
- Rafael! – falei levantando a mão, pedindo silêncio – Bom dia! – em uma nítida ordem para ele sair.
- Não, deixa eu...
-RAFAEL!! – e em um tom mais brando – Bom dia!
Ele abaixou a cabeça e saiu. Durante a semana foi a mesma coisa, sempre que ele tentava conversar comigo, eu cortava e encerrava antes mesmo de começar. Ele me ligava, mas eu não atendia. Na sexta feira ele foi a minha sala, mas lá eu só admitia conversa sobre trabalho. Ele só entrou, me entregou um pen-drive e saiu. Eu coloquei no meu computador eEntão galerinha, esse foi de surpresa, estava cansado de estudar, então resolvi escrever rsrs. Vocês estão gostando da história? Essa é aquela fase que eu narrei no final da primeira parte, eu acho meio sem graça, mas só estou escrevendo porque vcs pediram muito rsrs, ou seja, amo vcs kkkk. Não, sério, saber que minha história é importante para outras pessoas é uma ótima terapia, meu psicólogo está adorando os resultados kkkk. Beijos a todos e todas