Prisioneiro da paixão X

Um conto erótico de Will
Categoria: Homossexual
Contém 2359 palavras
Data: 01/05/2012 18:35:09

Antes de atravessar o portão eu olhei de novo pra traz, ele estava na janela, não o vi direito, mas ele estava lá:

- Vai na paz, Play Boy! – só sorri com o grito dele.

Virei as costas e sai do meu inferno, com pinceladas de paraíso.

Dali eu fui direto para um hospital, ainda não estava recuperado e minha esposa queria saber se estava tudo certo comigo. Lá a encontrei e lhe dei o primeiro beijo como homem livre e não tinha sensação melhor. Com ela eu me sentia seguro e parecia que tudo foi um terrível pesadelo, é incrível mesmo como tudo pareceu um sonho ruim.

Mas não, não foi um pesadelo, tudo foi real e eu tinha minhas marcas pra provar. No hospital fizeram exames e descobriram apenas uma infecção, graças a Deus nada mais que isso, porque vi gente lá com hanseníase, micoses, tuberculose e outras doenças contagiosas. Também me colocaram próteses nos dentes que foram tirados e foram refeitas as imobilizações do meu braço e perna, porque no hospital da cadeia, os fizeram porcamente. Também um cirurgião plástico veio consertar o resultado de várias surras, do meu nariz quebrado, me devolvendo a aparência de antes daquilo tudo. Aviso aos amiguinhos, tenham plano de saúde, é sempre útil.

Depois de mais algumas semanas nessa clínica, com cama confortável, vaso sanitário limpo, chuveiro elétrico e comida deliciosa, voltei pra minha casa, o que naquele momento da minha vida, era meu maior sonho.

Ao chegar no portão eu me emocionei. Durante toda a história da humanidade, os seres humanos lutavam por um bem supremo, a liberdade; a princípio a liberdade de toda as suas sociedades e posteriormente a liberdade individual. Ser livre é uma necessidade humana natural e você se ver sem essa liberdade é terrível. Não há sensação melhor do que se ver novamente portador de sua liberdade e poder voltar para casa.

Minha esposa sorriu ao me ver chorando só em ver o portão. Ela me acariciou, me deu um beijo e o portão se abriu. Contemplei primeiramente o pequeno jardim, cheio de flores que elas haviam plantado. Desci do carro e ao entrar na sala me deparei com uma faixa me desejando boas vindas e várias pessoas lá, inclusive meu pai que não acreditava na minha inocência. Este ao me ver, veio correndo me dar um abraço e me pedir perdão por como ele agira.

A festa foi ótima, deu pra matar a saudade da minha família, dos meus funcionários mais próximos, meus amigos... Todos riam, comiam churrasco e bebiam. A festa durou até mais de madrugada e no final eu estava mais que feliz. Subi para o quarto, tomei um banho quente e fui pra cama, lá minha esposa me esperava com uma camisola curtinha e transparente. Ela me olhava com se estivesse com fome e levantava a camisola me mostrando suas pernas maravilhosas. Parti pra cima dela e fomos brincando e nos tocando, mas eu não sentia nada, nem um comichão. Entretanto, não poderia decepcionar minha mulher, então fui até meu armário e tomei uma pílula azul. Havia comprado quando, devido o estresse do trabalho, não conseguia ter ereção. Fui para a cama e ficamos brincando até que o remédio fez efeito e assim pude deixar minha patroa com um sorriso lindo nos lábios.

Aquilo me preocupou, negar fogo assim, mesmo estando tanto tempo sem transar... Ao fechar os olhos pensei nele, mas logo desviei o pensamento, aquela loucura já havia passado, agora eu tinha que voltar a ser o homem de família que sempre fui. O meu consciente eu “controlava”, mas o subconsciente não. Aquela noite eu tive um sonho com ele, onde estávamos morando juntos e em uma noite de amor. Eu deslizava pelo corpo dele, lambendo cada músculo, cada tatuagem... depois ele me comia demais até eu gozar. Bem... acordei gozado e aproveitei a ereção para transar mais uma vez com minha mulher, pensando nele, claro.

No dia seguinte eu fui logo pra empresa e convoquei uma reunião geral para eu saber o que estava acontecendo. A empresa tinha caído muito, minha esposa tentou, mas ela não era eu. Fiz todas as modificações possíveis e em pouco tempo as coisas foram voltando no eixo.

Meses se passaram e a minha vida tinha voltado ao normal. Bem, essa era a mentira que eu contava pra mim mesmo. Eu estava feliz por ter minha casa, minha filha, minha empresa, mas sentia que faltava algo e esse algo tinha nome e endereço. Não havia um dia sequer que eu não sentisse falta dele, mas eu lutava pra esquecer esse sentimento, afinal, foi um amor de cadeia, não teria futuro fora de lá.

Estava sentado na sala, vendo TV, mas na verdade minha cabeça estava nele, meus desejos estavam com ele, meus sonhos eram invadidos por ele. Eu pegava o número que ele me deu, mas não conseguia ligar, seria alimentar um sentimento que não tinha futuro.

- porque está chorando amor?

- Eu tenho que te contar Julia, eu estou apaixonado por um cara que conheci na prisão, não paro de pensar nele e não estou aguentando mais de tanta saudade. – Era isso que eu queria e deveria dizer pra ela, mas não, resolvi mentir mais uma vez – Ah amor, foi muita injustiça o que fizeram comigo, ainda me lembro daquele lugar...

- O Henrique não poderia ter feito isso com você mesmo. Bem, mas é como dizem né, a justiça nunca falha.

- Porque você tá falando isso?

- É mesmo, você não sabe... a alguns meses atrás ele sofreu um sequestro, ficou uma semana nas mãos dos bandidos e depois foi solto. – não pude deixar de sorrir, não de felicidade, mas de admiração.

- ele está bem?

- sim... se mudou e não disse pra ninguém aonde iria. É uma pena que perdi uma amiga né... – A esposa dele era muito amiga da minha.

- mas e o resgate? Chegaram a pagar?

- não, só avisaram que estavam com ele e não pediram nada em troca. Depois de alguns dias deixaram ele numa rua, longe pra caramba.

- É... a justiça sempre acontece. Só não entendo porque essa raiva repentina dele para comigo.

- Sempre te falei que ele era estranho, ficou pior depois que a gente casou, mas você era fissurado nessa amizade... Vem cá, me dá um abraço vai, não precisa ficar assim.

Quando o meu advogado chegou naquele hospital falando que eu estava livre, eu já sabia que alguma coisa tinha acontecido com o Henrique. Na hora fiquei tão feliz que nem me preocupei, assim como fiquei tão chateado por abandonar o Rodrigo que o esqueci completamente. Mas eu tinha certeza que o Rodrigo tinha mandado ele dar seu jeito pra concertar tudo e eu sair de lá. Não sei como ele achou o Henrique, mas ele era realmente foda, agora, alem do meu amor, era meu herói rsrs.

O que minha esposa tinha me falado começou a me dar uma compreensão maior sobre quem era realmente o Henrique. Nós nos conhecemos no colégio e logo fizemos amizade pois tínhamos muita coisa em comum. Ele sempre foi um amigo maravilhoso, inteligente, engraçado, gentil. Vivíamos juntos e um na casa do outro, ele era considerado na minha casa como membro da família, assim como eu na casa dele. Fomos crescendo e um estava sempre presente nas realizações do outro, assim como ajudava a encobertar as merdas de ambos. Só quem teve uma amizade assim entende o que eu sentia por ele, era amor! Mas não o amor que sinto pelo Rodrigo, puro e absoluto amor eros, mas sim um amor filus, amor fraternal. Porém, com o que minha mulher me disse, relembrei de fatos que colocaram em dúvida se ele só sentia amor fraterno por mim.

Entendam, antes eu não entendia que um homem poderia amar outro, no sentido eros, paixão sexual, carnal; assim nunca perceberia se fosse apaixonado por mim. Porém depois de tudo o que passei com o Rodrigo, entendi que ele me amava. Sempre que tomávamos banho juntos, o pegava me olhando, pensava que estava perdido em pensamentos, mas não, ele estava cobiçando meu corpo. Ele dificilmente arrumava uma namorada, enquanto eu, toda semana tinha uma diferente, e ele não gostava de nenhuma. Sempre falava que não era o que eu merecia, que eu tinha que encontrar o amor e não apenas uma puta pra trepar. Um dia bebemos demais e ele ficou abraçado comigo o tempo todo, me apertando e me alisando, eu pensei que era carência e como eu era seu “irmão”, ele só poderia se apegar comigo, mas não, eram os desejos que ele não conseguia segurar mais.

Quando conheci a Julia, ele, como sempre, desaprovou e falou que ela só queria se aproveitar de mim. Um ano antes, tínhamos começado a empresa e ela já dava lucros modestos, assim ele achou que ela só queria dinheiro. Agora vejo que era ciúme. No dia que eu anunciei meu casamento com ela, ele desapareceu, só voltei a vê-lo dois meses depois e nossa relação nunca mais foi a mesma. Aos poucos ele foi se afastando e por fim viramos apenas sócios, com um pequeno laço de amizade.

Coitado, senti realmente dó dele. Agora que sei o que é amar pra valer, entendo o sofrimento dele todos esses anos. Mas também, nada justifica as coisas que ele fez, e também não me vejo como traidor, como ele me acusou uma vez. Como saberia desse sentimento dele? Ele nunca me falou nada e mesmo se tivesse falado, acho que não iria rolar nada, então prender minha vida por causa da paixão dele não estaria nos meus planos.

Bem... os meses foram se passando e minha situação só foi piorando. A vontade de ligar pra ele era louca, mas o medo também. Ele era um bandido e se a polícia rastreasse a ligação e chegasse a mim? Nunca mais queria pisar em uma penitenciária, então ir visitar ele não estava entre minhas opções, até porque o que eu faria lá? Não havia motivo lógico para eu voltar lá, isso levantaria suspeitas.

Toda terça eu me arrumava tomando coragem para ir visitá-lo, mas nunca consegui. Lá dentro eu tinha coragem de deixar ser quebrado por ele, mas aqui fora, voltei a ser o mesmo covarde de sempre.

Essa falta dele gerou em mim uma tristeza muito grande que afetou diretamente o meu casamento. Minha esposa não entendia o por quê da minha tristeza, nem da minha falta de interesse por sexo. Tínhamos discussões monumentais, onde ela me acusava de uma pá de coisas, principalmente que eu tinha uma amante. Mas a verdade era que minha única alegria era minha filha.

- Eu não sei o que você tem Will. Eu não sei o que essa piranha faz com você, mas você tem uma família!

- Nunca deixei faltar nada dentro de casa, dou tudo do bom e do melhor pra vocês... e para com essa história de que tenho amante!

- E qual a outra explicação William? Me diz? Você está brocha! Essa porra não sobe nem se sua vida dependesse disso!

- Tá maluca Julia! Para de falar merda, a menina vai ouvir!

- Eu não aguento mais isso! Já deu pra mim... – ela começava a chorar.

- O que você quer dizer com isso?

- não dá mais pra gente ficar junto... quero a separação.

- tem certeza?

- porque continuar fingindo que você me ama?

- mas eu te amo mulher!

- Chega Will, amanhã ligo pro advogado.

Ela deitou e eu deitei ao seu lado, mas não conseguíamos dormir, ela ainda chorava baixinho e isso me doía o coração. A abracei e ficamos assim sofrendo juntos. Por mais que eu não a amasse como antes, ela era minha companheira, minha amiga, mãe da minha filha e nos separarmos doía. Mas era mais doloroso pra ela, então não fiz nenhuma objeção à separação.

Como praxe, eu sai de casa. Procurei uma casinha mais perto do trabalho e por fim achei um apartamento na Tijuca. Minha vida tinha sofrido uma reviravolta extraordinária. Tive que refazê-la na verdade. Aprendi a viver sozinho e como lidar com uma casa... mentira, contatei alguém pra fazer isso por mim, senão morreria de fome e no meio do lixo kkk.

Mais 6 meses se passam e eu estava totalmente estabilizado na nova casa, na empresa, que só crescia e eu só ganhava dinheiro. Via minha filha algumas vezes por semana e me dava bem com a Julia. Voltei a sair pra baladinhas, barzinhos, cineminha e tudo mais. Mas mesmo com tudo certo, o Rodrigo não saia um dia sequer da minha cabeça e ainda me masturbava muuuito pensando nele.

Um dia estava dormindo e tendo um sonho delicioso com ele. Estávamos em uma cachoeira e transávamos lá, na água... mas no meio do sonho sou despertado pela campainha. Acordei assustado, era 4 da manhã e alguém bater na sua porta essa hora não era coisa boa. E a pessoa parecia desesperada porque não largava a campainha. Como meu prédio não tinha portaria e eu estava cheio de sono, nem perguntei quem era, só apertei o botão liberando a porta. Logo ouço os murros na porta. Coloquei uma cueca e fui abrir a porta. Quando a abri eu quase tive um ataque cardíacoOi meu povo, mais uma parte da minha história postada. Mesmo que tenha dificuldade para escrever, estou fazendo um esforço porque quando leio os contos fico muito puto quando o escritor não atualiza sempre. Assim fico na angústia de deixar vocês esperando. É assim, se vai escrever, é melhor escrever a história toda e só ir postando, porque se for contar com disponibilidade de tempo, os contos ficam como inúmeros ai, sem final COmo por exemplo hard Love ... to esperando a conclusão e nunca mais postaram nada!

Enfim... NJSC, tá explicada a questão do Henrique? KKK. Depois que tive consciência do amor dele fiquei meio mal por nunca ter notado, mas fazer o que? C'est la vie. Janalima, vc me fez sorrir e me impulsionou a escrever a continuação logo, poxa, alguém tomar a iniciativa de se cadastrar só pra votar sua história é muito legal né galera, obrigado mesmo! Obrigado a todos que comentaram. Tem mais por ai gente...


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Comentários

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Queridooooo..... muuuuuuuuuuuuuito obigada por por ter ouvido,quero dizer...lido o meu apelo DESESPERADO rs! Eu quase pulei de alegria quando entrei e vi sua nova postagem. Vc é maravilhoso + posta logo vai!!!!! BEIJAO;)

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muito lindo seu conto! ñ vejo a hora de ler a próxima parte...nota 1000000000

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O pior é que quando um conto é grande, são enormes as possibilidades dele não ter um fim... como aconteceu com "Meu amigo me Amava" um conto bem antigo e que eu adorava, e já se passaram mais de um ano e nada rsrsrs

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Cara concordo contigo, fico muito puto quando gosto de um conto e ele acaba não sendo finalizado, bom saber que você não vai nos abandonar! Conto maravilhoso! Abraço!

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Agora entendi tudo. Mas continua logo que quero saber o final. E você pretende públicas mais 1 ou 2 capítulos para encerrar este conto?

E concordo com você sobre atualização dos contos. Já nem me estresso mais com Hard Love. Acho que minha esperanças nele já se acabaram. Mas continue assim como está, publicando quase diariamente. Nota 10

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COMO TU ME PARA BEM AGORA HEIM???? AMEIIIIIIII, CONTINUA LOGOOOOOOOOOOOO

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Hahaha adorei a parte do "c'est la vie", muito bom como sempre não me canso de ler os seus relatos ultimamente tenho entrado no site so para ver os seus contos ento não nos deixe anciosos se não quem vai ter um ataque cardiaco vai ser eu kkkkkkkk Abrç, não preçiso nem falar a nota neh...

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Fico feliz de sua vida ter voltado ao eixo, mas o Rodrigo ta fazendo falta hein... e vc ainda para na melhor parte.. isso é sacanagem.. kkkk..

posta logo a continuação ta!

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