SOROR
Eu comecei a estudar muito tarde por causa de um acidente (coice de cavalo no maxilar) na fazenda. Assim ao terminar o primeiro grau e entrar no colegial eu já tinha 18 anos. E foi com esta idade que fui para estudar em um colégio particular na capital. Morava com outros colegas num “apertamento” perto da escola. Como sequela do coice eu tinha certa dificuldade de fala e aí vinham os apelidos: “boquinha”, “fala torta”, “boca de velha” dentre outros menos usados. É lógico que eu não gostava daquilo e as brigas eram comuns.
Havia uma orientadora educacional no colégio, era uma freira novinha, alunos e professores a chamavam de Sóror. Logo, por causa das brigas, fui chamado à sala dela para uma conversa. Expliquei o motivo das desavenças, ela ficou interessada, perguntou sobre o acidente, se eu nunca tinha feito terapia para a fala. Disse que, além de religiosa era fonoaudióloga. Eu não sabia o que era isto, mas ela se propôs a fazer uma terapia comigo sem nenhum custo. Assim logo no início de março eu já tinha sessões com ela todas as tardes, na sala dela na escola. Eram exercícios de palavras, ela fixava meu maxilar com as mãos e me fazia falar muitas palavras durante uma hora e ainda passava “dever de casa”, termos eu tinha de repetir muitas vezes ao dia. Deixei de ser “fala torta” e passei a ser o “fala só”. Adolescente em escola é fogo.
A Sóror morava num sobradinho perto da escola junto com outras duas professoras e lá tinha um quintal razoável. Eu sempre gostei de plantar, de cuidar da horta de casa e, agradecido pelo tratamento, me ofereci para fazer ali uma horta e um jardim. Em abril eu já estava com canteiros prontos, diversas plantas em desenvolvimento. Cuidava dali todas as tardes depois dos exercícios que passaram a ser feitos no próprio sobradinho, num quarto do térreo onde eram guardados um monte de coisas da casa.
A freirinha tinha um rosto muito bonito, estilo Ana Paula Arósio, olhos claros, voz suave, um sorriso constante e, mesmo com as roupas que usava, sempre uma saia e blusa cinzentas, meias compridas brancas e um véu de freira cinza com borda branca, parecia ter o corpo bonito. Exalava um perfume suave e muito gostoso. Pois é, a proximidade de todo o dia, seu cheiro, os toques de mãos, toques no rosto, às vezes me pegava pela mão para levar para frente de um espelho, isto tudo foi mexendo comigo (mais tarde soube que com ela acontecia a mesma coisa), e eu fui me apaixonando pela Sóror. Só pensava nela, no momento de estar com ela. Parecia que o tempo passava devagar não estando perto dela e muito rápido na hora dos exercícios. Os toques no rosto que antes eram firmes, de repente comecei a notar que passaram a ser suaves como uma carícia.
Certa tarde, em final de maio, estávamos fazendo os movimentos de face, ela com o rosto bem próximo do meu, as duas mãos segurando meu rosto e, de repente, sem nenhum aviso aconteceu um selinho. Foi recíproco, não sei se fui eu ou ela ou ambos que começamos. Foi rápido, ela se afastou com o rosto afogueado, balançou a cabeça e falou baixinho: “não, não”. Ficamos algum tempo olhando um nos olhos do outro, ela ainda com as mãos no meu rosto, nos aproximamos de novo e aí foi aquele beijo completo, molhado, agarrado, longo, não queríamos parar. Os corpos se encostaram, eu sentia sua respiração arfante, as línguas se tocando e se misturando. Era a primeira mulher que eu beijava pra valer e ela também nunca tinha beijado um homem, eu soube depois. Não sei o tempo que ficamos abraçados nos beijando. Então ela se afastou com os olhos cheios de lágrimas e falou ainda ofegante: “vai embora, vai. Não fique aqui mais”. Fui para casa confuso, sentindo o seu gosto na minha boca, o calor do seu corpo, o perfume dela em mim.
Nos dias seguintes não nos olhamos no colégio e eu não fui trabalhar na horta. Havia um constrangimento, sei lá. Pensei que tudo tinha se atrapalhado, que eu tinha avançado o sinal e perdido a Sóror para sempre.
Três dias depois ela me chamou na sala dela no horário do intervalo das aulas. Entrei desconfiado, ela trancou a porta e se encostou-se a ela de frente para mim e começou a falar rapidamente: “o que aconteceu foi errado, nunca devia ter acontecido, eu sou freira e não poderia me apaixonar por você, temos de terminar já com isto, não pode, é pecado”. Parou de falar, ficamos nos olhando um bom tempo. Aí ela estendeu as mãos para mim, eu me aproximei, nos abraçamos de novo e o beijo voltou a acontecer, forte, longo. Parecia que era a ultima coisa do mundo. Não queríamos nos afastar, nos soltar. Eu a apertava contra a porta, me pau estava duríssimo, encostava em suas pernas pressionando suas coxas, minhas mãos desceram e apertei seus seios e mesmo sobre o tecido das roupas deu para notar que eram firmes. Sua língua se enroscava na minha e quando nos soltamos ela estava com os olhos brilhando. Tentávamos conversar, mas não dava. Voltávamos aos beijos e amassos. Eu falei: “eu quero você”! E ela respondeu: “não tem mais jeito, eu também te quero”! Deu o sinal da aula, ela mandou que eu saísse para ninguém desconfiar de nada e de tarde a gente conversava direito.
À tarde fui correndo para a casa dela. Fomos para o quarto de depósito, lá havia um sofá velho e a gente ficou lá aos beijos e abraços e conversando como dois namorados. Alguns dias depois ela deixou e eu beijei e mamei nos seus seios brancos com bicos rosados. Depois subi sua saia tocando suas coxas e sua bucetinha por sobre a calcinha. E no dia do feriado de Corpus Christi ela ficou toda nua e eu a penetrei com carinho, tirando sua virgindade. Neste dia saiu muito sangue manchando o sofá, ela chorou muito, falou que me amava e que seria somente minha. Era muita paixão, não conseguíamos pensar em mais nada. No restante de junho transamos todas as tardes. Eu ia para lá, arrumava a horta, regava tudo pra ninguém desconfiar. Aí ela descia e a gente ia para o quartinho e ficávamos ali namorando e transando. Logo vieram as férias, tive de ir para casa.
Julho custou a passar e em agosto voltei louco de saudade para o colégio. Esperava me encontrar logo com a Sóror, mas ela não voltou. Veio outra freira para o lugar dela, irmã Ângela. Correu a notícia de que a Sóror tinha ficado doente e que não voltaria mais. E no final do ano eu me transferi para uma escola agrotécnica, queria fazer agronomia depois, mas aí já é outra histó