Ao ver o Estevão algemado, entrando dentro do carro igual um criminoso, sendo observado por todos os vizinhos, sinto um alivio, uma sensação de vitória, de justiça feita, que não tem explicação. Logo em seguida um dos vizinhos vendo o estado do Jhonny e de Dona Nuancy, se comove e nos oferece uma carona até o hospital. Vou no carro apoiando a camisa ensangüentada na cabeça do Jhonny, e Dona Nuancy ao lado da minha mãe, sendo amparada, ainda meio desacordada. Durante o percurso até o hospital o Jhonny que estava com o braço sobre meu pescoço me abraça forte, sinto o seu coração acelerado, peço a ele para se acalmar, que estávamos chegando. Ele me abraça forte, sinto sua respiração ofegante, seu corpo quente contra o meu, estava começando a ficar tenso, pois minha mãe estava ali no banco de trás, praticamente vendo tudo. Mas ela estava tão preocupada com sua amiga que nem deve ter ligado.
Chegamos ao hospital e logo vem os enfermeiros e guardas, ajudam minha mãe a levar Dona Nuancy e eu e o vizinho levamos o Jhonny para a enfermaria. O vizinho vai pra casa e leva minha mãe que foi pegar umas roupas pro Jhonny e Dona Nuancy, eu fico no hospital preocupado novamente com o Jhonny, e cheio de curiosidade para saber como estaria o Estevão, preso, sendo levado algemado pra cadeia.
Meia hora depois a recepcionista me diz que o Jhonny poderia receber visitas, e Dona Nuancy ficaria em observação, pois sua pressão subiu bastante. Fui correndo pro quarto em que estava o Jhonny. Qauando chego no quarto o vejo deitado na cama, com a cabeça toda enfaixada. Porém estava feliz, vejo novamente depois de um longo período de sofrimento, brigas, ele sorrindo novamente. Aquela cara de criança que mata qualquer um, num corpo e homem feito, braços fortes, pernas, peitoral, na boa não consigo entender.
Breno - E aí cara, levou ponto?
Jhonny - Três pontos.
Breno - Putzzz deve estar doendo pra caramba.
Jhonny - Que nada, essa dor aqui eu tiro de letra.
Breno - Querendo bancar o durão pra mim Jhonny, fala sério. Olha sua mãe está em observação cara, a pressão dela subiu. Coitada, ela não merece.
Jhonny - Relaxa cara, minha mãe é forte, vais e sair dessa. Só que ela se emociona fácil entende, mais daqui a uns minutos volta ao normal.
Breno - Jhonny, desculpas cara, mas não podia deixar aquilo barato. Por que você não me disse nada cara, por que não me contou que estava sendo ameaçado de novo por aquele crápula, por que não confiou em mim?
Jhonny - Eu confiei cara, mas ....
Breno - Mas nada cara. Eu falei coisas horríveis pra você, eu te expulsei da minha casa. Como eu sou imbecil.
Jhonny - Você não é nada disso cara. Muito pelo contrário. Lembra na praia, quando te encontrei lá, que você me pediu desculpas, disse que confiava em mim, lembra quando vc começou a desconfiar.
Breno - Sim cara, eu lembro. E na boa não acreditei quando vc disse que amava o Estevão. Olha aquilo me machucou, me feriu mesmo, mas não era você, não era o Jhonny que eu conheço.
Jhonny - Então cara... aquele momento ali pra mim foi tudo. Mesmo brother tudo dando a entender que eu estava do lado do Estevão, no seu íntimo cara, dentro do seu coração você sabia a resposta. Breno, você é tudo pra mim cara, saiba disso, você é tudo pra mim.
Breno - Jhonny, para com isso cara. Me conta, por que novamente vc se deixou levar pelas chantagens do Estevão cara, por que?
Jhonny - Ele me ameaçou cara. Ele disse que tiraria seu emprego, sua casa, que desapareceria com você. E ele é bem capaz de fazer isso cara, o Estevão é um bandido, um canalha. Ele é perigoso cara, até hoje eu não conheço um cara, um que tenha enfrentado ele assim, de igual pra igual, como você Breno.
Breno - Eu não tenho medo dele, nunca tive.
Jhonny - Mas é pra começar a ter cara.
Breno - Jhonny... ele saiu algemado cara da sua casa, foi pra delegacia, e você vai sair daqui e vamos juntos fazer um exame de corpo de delito, anexar na queixa que daremos a ele na delegacia. Cara o fim do Estevão está começando.
Jhonny - Vamos sim Breno, vem cá vem cara.
Breno - Pra que leke?
Jhonny - Me dá um abraço. Cara você é muito importante pra mim. Esses dias que ficamos afastados um do outro, pude perceber o quanto você é essencial pra mim cara. Tu me dá força, Breno, você cara, passando por todas essas barras, continua de cabeça erguida, não se deixa levar pelos problemas.
Breno - Que isso cara, para com isso, assim vc me deixa sem graça.
Jhonny - Vem cá, me dá um abraço.
Vou até a cama e dou um abraço no Jhonny, um abraço apertado mesmo, não agüento e começo a chorar, percebi o quanto o Jhonny gostava de mim e o quanto gostava dele também. Depois de um longo abraço o Jhonny me surpreende um um beijo na boca, não recuso e retribuo o beijo, foi demorado, um beijo de cumplicidade, de nascimento de um sentimento, não sei explicar, e novamente sinto aquela calma, aquela serenidade. Percebemos a porta se abrindo, quando me viro, quase caio da cama. Era o Pedro, em pé na porta, com os olhos cheios d’água, nos flagrou
No climão que se instaurou no quarto
Continua......
Galera... obrigado por tudo.