Revelando pra galera - Final
O pior de todos os meus medos se concretizava naquele momento em que minha mãe me olhava incrédula e eu igualmente petrificada, em pé, sem nem conseguir dar atenção para o esperma que me escorria por entre as coxas abaixo. Não tinha lágrimas para chorar, nem palavras, nem acenos. Se eu tiro a roupa, isso não retiraria de sua visão a minha maquiagem e tampouco tiraria de sua memória a cena que viu. E ainda via, pois o PH ainda buscava suas roupas desesperado, enquanto minha mãe e eu nos fitávamos.
Assim permanecemos, rijas, por longos milésimos de segundo e minha coragem aos poucos surgia no olhar, enfrentando-a até com certo orgulho nascido sabe-se lá de onde. Não que fosse ajudar em alguma coisa. A bem da verdade, com o perdão da expressão, parecia mais um lema do tipo "Já que fez merda, pisou e sentou em cima, aproveita e espalha na cara", mas o importante é que adiou nossa conversa para o dia seguinte, mesmo que já não houvesse clima para mais nada.
Quando ouvimos a porta do quarto dela se fechar, abafando os sinfônicos roncos do meu pai, o meu amante me deu um último beijo rápido e frio para então ir-se embora em plena madrugada, como se a penumbra escondesse sua vergonha, emanada em cada poro pelo qual antes passou suor. Aproveitei para dormir saciada e se o destino já estava traçado, por que haveria eu de me preocupar em colocar meu pijama azul? Tirei apenas as sandálias e adormeci com aquela sensação de saciedade que não sentia desde minha fatídica noite com o Alfredo. Nada e nem ninguém iria me preocupar naquele momento.
Pela manhã, tirei a maquiagem e voltei a me vestir como o bom filho, pois presumi que meu pai ainda não sabia, a julgar pela minha vida ainda existir. Posto isto, julgo que passar por ele dando oi, usando uma saia de couro e um corpete poderia fazer esta situação ser revista. Fui conversar com minha mãe numa lanchonete distante, para evitar ouvidos indesejados. Imaginava a cada segundo quando começaria o martírio das perguntas indesejáveis. Ou quem sabe, o perdão pelo famoso coração materno que tudo aceita e quem sabe eu descobrisse que na verdade ela sempre quis ter duas filhas.
Curiosamente, não houve o drama esperado. Não chego sequer a estar resumindo um discurso, quando digo que ela simplesmente me informou que na casa dela eu não ia receber macho. Como a faculdade seria longe de casa, desde que não sujasse o nome da família e não chegasse aos ouvidos dela, eu podia fazer o que bem entendesse e estava convidada a morar sozinha a partir de então, embora ainda fosse bem-vinda na casa. Para não dizer que minha mãe foi totalmente racional, ela demonstrou uma clara dificuldade em decidir se me tratava no masculino ou no feminino. Curiosamente também não me perguntou nada em nenhum momento.
Logo que se aproximassem as aulas, providenciamos minha nova casa e a transferência do meu armário, bem como meu baú devidamente lacrado. Devo dizer que foi o período mais deprimente de minha vida, embora na época eu não o visse assim. Como já disse, hoje sou muito bem resolvido, tanto na condição de homem quanto na de mulher. Respeito quem se decida por um lado, mas eu não gosto da idéia de fazê-lo. Não gosto hoje, mas na época me interessei e comecei a tomar hormônios que atuaram fortemente em meu corpo durante três meses.
Mesmo antes deste tratamento, fiz uma festa de inauguração da casa, regado a garotos de programa, além dos amigos que na outra oportunidade tiveram dúvidas ao me ver dormindo nos braços de um homem. Na festa, pertenci a todos os caras que me quiseram, por vezes ao mesmo tempo, e eu poderia escrever toda a narrativa com orgulho e com detalhes, se a narrativa fosse escrita naquele tempo. Hoje, merece apenas as rancorosas, mas honestas linhas deste parágrafo e não retornarei a estas páginas lamentáveis de minha vida.
Ao final dos três meses, minhas medidas mudaram sensivelmente. Os pequenos seios já faziam algum volume, as coxas se alargaram um pouco, o bumbum idem, a pele afinou e minhas feições que antigamente já não eram masculinas, agora eram notavelmente femininas. Só que me apaixonei por uma veterana com a qual construí uma boa amizade nesses três meses e que já tinha me visto ficar com inúmeros rapazes, bem como ser rejeitada por tantos outros. Foi inédito para mim, acabar na cama dela, mas ainda mais inédito foi o fato de que meu pênis, a cada dia mais flácido, desta vez resolveu simplesmente não reagir quando tive a chance de ser o homem de alguém.
Neste dia entendi que era preciso abrir mão de algumas coisas para se ter outras, a tal ponto que interrompi o tratamento. Eu queria aquela mulher e menos de um mês após a fatídica brochada, ela estava no meu quarto recebendo o que desejava. Eu aprendi outra modalidade do prazer e estava deliciado com isto. Nossa amizade estava se tornando mais forte e séria e eu cheguei a pensar seriamente a deixar de sair com homens para ficar apenas com a minha garota, que tanto me fazia feliz.
Já estava decidido a seguir tal idéia, quando ela me pediu para ir como amiga a uma festa, para relembrar os velhos tempos. Quando saíamos juntas, cada uma arranjava seus carinhas de maneira independente e nos divertíamos um monte, comentando sobre eles no banheiro. Embora relutasse, a natureza tratou de me mostrar mais uma vez quem era eu e em poucas horas já estava mais uma vez depilada, com as sobrancelhas lapidadas a pinça e ainda com resquícios do meu período hormonal tornando perigosas as curvas que se desenhavam naquele curtíssimo vestido rosa bebê em linho puro, o qual me envolvia o pescoço, mas não se estendia sequer até os ombros, que dirá os braços...
Para não deixar os braços tão nus, coloquei luvas da mesma cor, assim como a calcinha bordada e o sutiã sem alças. Quebrando o visual barbie, o scarpin era branco texturizado pelo couro de jacaré. O cabelo, então repicado, foi escovado com as pontas para fora para dar um visual mais rebelde e contrastar com a maquiagem toda em delicados tons de rosa. Olhei no espelho e com aquele tecido mais duro, justo em cima, mas largo nas coxas, acabei me sentindo gorda. A solução foi adotar um espesso cinto branco pouco abaixo dos minúsculos seios, marcando fortemente a cintura. Até as unhas ficaram cor-de-rosa, naquele dia... Agora sim a noite estava garantida.
Fomos então para a festa particular, onde logo estávamos bebendo e a Sônia, minha amiga deslumbrante, não demorou a faturar o primeiro, enquanto eu fiquei na sala me corroendo de ciúmes ao imaginar alguém com ela, minha musa. Não era uma cena nova para mim, mas as coisas eram diferentes agora. Isto, claro, antes de começar a conversar com um negro simpático, forte, bem trajado, com um jeitão de bon vivant. Entre um gole e outro fomos nos aproximando e logo eu já estava na parede, curtindo as duas mãos enormes segurando minhas ancas e já sabendo que descobriria se era verdade as coisas que falam sobre negros e seus respectivos falos, a cada beijo consentido.
Embora ele tentasse me levar para um motel a qualquer custo, eu ficava na defensiva, pois seria meu primeiro homem a não saber de antemão sobre o prato principal não ser o que parece. Felizmente a Sônia mais uma vez me salvou. Voltou de mãos dadas com aquele rapaz loiro, igualmente forte, propondo que fossemos todos para o mesmo quarto. O meu peguete se animou com a idéia e acabei arranjando uma compensação boa para o susto que ele levaria. Peço desculpas pela palavra peguete, mas ainda hoje não sei o nome dele. Nunca me interessei em saber, se me permitem o acréscimo.
Era minha primeira vez em um motel e devo dizer que fiquei impressionada com o luxo daquele escolhido. Os rapazes mal tiveram tempo de pensar e eu já estava aos beijos, em pé, com a Sônia e os beijos foram se intensificando, até que nos afastamos para que uma beijasse a boca do macho escolhido pela amiga e seguindo de maneira natural para despi-los e a seguir, chupá-los; atividade na qual a freqüência dos últimos meses havia me tornado quase profissional.
Alternamos entre nossos machos, até que me concentrei em fazer o do meu negro chegar à garganta e deixar que lá seu gozo ocorresse; feito inédito para mim. Só que agora faltava um pênis para divertir as mocinhas. Bom... Não um para a Sônia, que puxou o meu para fora da calcinha, levantou um pouco minha saia e começou a chupar como eu sempre desejei chupar meus homens. Certamente tratava-se de uma boa definição para a expressão "A quintessência do prazer".
Os rapazes que a princípio ficaram chocados, em seguida despertaram para o fetiche por nós criado e assim novamente estavam prontos para nos fornecer o que queríamos naquela noite. Calmamente, enquanto eu já transava com a Sônia na posição clássica do papai mamãe, meu negro descia o zíper do vestido nas costas, as quais encostou em seu tórax forte, tal qual encostou outras partes suas em outras partes minhas. Vale dizer que seu pênis fazia jus à fama afro-descendente, só de sentir encostar, ainda fora do meu reto.
Não demorei a estar até sem calcinha, de quatro, levando estocadas firmes e incisivas, enquanto sentia uma mão em minha cintura e outra em uma de minhas mamas e eu beijava a boca da minha amada, antes de vê-la receber tudo em seu ânus com a mesma intensidade por mim recebida. Sim, para quem não notou, a vagina era minha e a Sônia não deixou seu macho do dia usufruir. Acabei levando o deus do ébano ao êxtase antes de mim, o que não impediu que posteriormente, naquela mesma noite, eu conseguisse meu primeiro orgasmo enquanto tentava dar a ele o terceiro...
A noite acabou e de mãos dadas, fomos embora minha musa e eu para nossas respectivas casas. Conversamos bastante, como sempre e nesse dia eu finalmente me encontrei. Sabia que não gostaria de viver sem mulher, mas homens eram essenciais, mesmo que com eles a minha relação talvez nunca se tornasse afetiva como eu tanto quis.
Comentários
lI TODOS OS SEUS CONTOS E CURTI MUITO...VERDADE OU MENTIRA,ENVOLVE PRA CARAMBA...sE PUDER DA UMA OLHADINHA NOS MEUS...10!