E foi isso que eu fiz! - Parte 1

Um conto erótico de mademoiselle louise
Categoria: Heterossexual
Contém 1416 palavras
Data: 30/11/2009 04:38:09

Sou muito, muito, muito tímida mesmo! Meus amigos que bem me conhecem sabem que por traz de toda essa minha marra, tem alguém querendo se proteger. Mas uma coisa eu aprendi na vida é que, se você tem uma oportunidade de fazer algo, FAÇA! Assuma uma personagem ou mentalize; você não precisa fazer sempre o óbvio...

Fui para o outro hotel pensando naquilo pelo instante em que me encontrei a caminho, e pelo resto do dia me concentrei no trabalho. Foi um dia cansativo, mas eu estava com tanta energia que a sentia pulsar dentro de mim. Cheguei ao hotel e tomei um longo e demorado banho. A fome bateu e eu fui procurar algo que não estivesse no menu. Saí à procura de um restaurante ou de um café bar. Achei um muito charmoso, no centro da cidade, e pedi um expresso. Demorei-me um pouco, estava entretida olhando uma revista que deixaram esquecida na mesa ao lado, sem prestar muita atenção no que lia. Ficou tarde. Quando percebi as horas, já não havia quase ninguém no lugar. Apressei-me e, como o hotel ficava ali por perto, não achei que fosse perigoso ir a pé.

Como sabia que o porto ficava seguindo a orla pelo outro lado e o hotel era ali pertinho, arrisquei tomar um caminho diferente. Era noite de lua, e as ruas estavam frescas, com uma brisa deliciosa vindo daquela direção. Dava pra ouvir o barulho do vento nas árvores, e foi tentando escutar o assovio das folhas umas nas outras que eu escutei passos largos atrás de mim. Meu corpo todo tomou um grande arrepio, e eu tentei virar-me cuidadosamente e tentar ver quem poderia ser. Vi um senhor mais além, na porta de uma pequena taberna (que eu achei de uma rusticidade interessante) descarregando umas sacas de uma caminhonete antiga. Não vi mais ninguém. As ruas eram estreitas e cobertas de pequenos paralelepípedos que, de tão antigos, brilhavam de tão dilapidados. Estava perto de chegar ao hotel, quando voltei a sentir que não estava só, mas não tive medo. Eu hesitei continuar, virei-me e encarei quem poderia ser, já que a pequena taberna já estava longe.

- Quem está aí? – arrisquei.

Silêncio.

As casas do centro comercial eram antigas, coladas umas as outras, mas tinham de característica na arquitetura e cultura local, pequenos vãos entre algumas dessas casas, que levavam a pequenas vilas lá pelos fundos dos quintais, seguindo as casa que se encontravam a margem da rua, do qual mal cabiam pequenas bicicletas trafegando-as. Fiquei parada olhando por um instante, quando senti um forte puxão por um entre esses vãos. Fiquei tão apavorada que não consegui sequer soltar mais que um gemido por entre os dentes. O homem que me puxou tapou-me a boca e jogou-me com brutalidade até a parede, segurando meu corpo, pressionado fortemente ao dele. Tentei reagir, mesmo minhas pernas tremendo vertiginosamente. Meus óculos voaram longe com o movimento brusco, e eu tentei me proteger, levando os braços à frente do meu corpo, numa tentativa desesperada de ver os botões da minha blusa serem poupados ao máximo. Ele foi mais rápido, conseguindo se ajustar seu corpo ao longo do meu, e minhas mão só conseguiram inutilmente segurar seus ombros tentando empurrá-los. Não consegui ver seu rosto, pois ele o escondeu ao lado do meu, compelindo-me num abraço.

- Shhhhh, tenha calma. – a voz, conhecida, sussurrou. – Olha lá!

Olhei pra direção de onde eu estava vindo e mal pude enxergar um homem sem camisa, sujo, com uma espécie de porrete na mão, que de longe exalava um torpor nauseabundo de bebida. Seguiu cambaleante, falando umas palavras incompreensíveis, quando eu pude notar quem havia me confundido com o pensamento de uma agressão precedente àquilo. Ainda estava nervosa, senti lágrimas transbordando meus olhos quando reconheci o Júlio. Ele soltou minha cintura e se afastou, me deixando cair em minha próprias pernas, pois um desmaio estava próximo. Ele rapidamente me apoiou, mais uma vez, tentando evitar a minha queda, mas eu sentei no chão, dando-lhe o soco no peito.

- Me mataste de susto! – solucei baixinho – Precisava fazer isso? Não tinha como simplesmente me avisar? Eu sairia correndo!

- Ele estava armado, e eu o conheço. Ele esta bêbado, mas correria perfeitamente atrás de você, e te alcançaria. Não é uma pessoa má, mas se transtorna quando bebe. Desculpa.

- Não, - falei, me acalmando mais – eu que agradeço.

- Vem, eu te levo pro hotel. Você pegou o caminho mais soturno pra chegar até ele, não?

Não retruquei. Tinha que concordar com ele. No que eu estava pensando? Mal conhecia a cidade e já estava me arriscando a sair assim, do nada?

Fui conduzida, segurada pela cintura, até a porta do hotel, quando eu pedi pra que ele parasse um pouco, pois eu ainda tinha muito a que me recompor. Assustaria as pessoas da recepção com a minha cara de pavor. Sentamos em uma pequena pracinha, ao lado da entrada do hall do hotel, e ali pude, finalmente, sentir o sangue voltando ao meu rosto.

- Obrigada.

Ouve um pequeno silêncio.

- Sem problemas.

- Pela... corrente... também. Ela é importante pra mim.

- Certo. – ele falou num suspiro suspeito. – Você já está melhor?

- Estou. Exceto pelos meus óculos, que não sei onde foram parar. Mas esse é o menor dos meus problemas.

Ele me olhou pelo canto dos olhos, franzindo um pouco a testa, e dando um sorriso por um dos cantos da boca. – Você fica melhor sem eles...

Fiquei ali um instante encarando aquela expressão, que misturava cinismo com um ar de garoto, aparecendo as covinhas das bochechas cor de bronze. Era um menino ainda, ainda mais com seus cabelos cacheados delineando o olhar, mas com ares de que sabia o que fazia com propriedade.

- Tenho que entrar. – acordei rapidamente do transe – Amanhã preciso acordar cedo, pois tenho que organizar as coisas...

- Você tem certeza que está melhor? – ele disse, com ar de proteção. – se você quiser, posso falar com o gerente pra ficar atento se você precisar de alguma coisa...

- Não é necessário esse incômodo. Estou bem. Muito obrigada, mais uma vez, obrigada. – tentei sorrir, mais calma.

Nos despedimos num breve aceno. Entrei no hotel apressada, ainda um pouco chocada com aquilo. Tomei um banho, ainda sentindo um perfume almiscarado que ficou em minhas roupas. Era dele. Era o cheiro dele que, na tentativa de me proteger, jogou-me furiosamente contra a parede do corredor de uma vila, escura e vazia. O cheiro do corpo forte e definido, ainda esbelto devido a pouca idade, mas estruturado, como uma rocha. Tinha a pele fresca e suave, que senti quando se encostou em meu rosto, falando gravemente, mas num breve sussurro, no momento em que me mostrava o bêbado que me perseguia. Era forte, pois me segurou calmamente, impedindo minha queda. Olhos penetrantes, quando mostrou preocupação com o meu nervosismo, mas sedutores quando elogiava-me a falta do acessório que era tão parte de mim quanto a uma orelha...

- Merda. – pensei alto – amanhã sim, eu vou voltar de nariz quebrado de tanto tropeçar e cair de cara por aí, com a minha cegueira...

Com isso, cortei o transe que me levou a uma gama de sensações, uma delas a falta de percepção de que, enquanto eu lembrava daquele momento, eu me tocava intimamente durante o banho. Embrulhei-me na toalha, sem lembrar enrolar uma outra nos cabelos molhados, quando abafei um grito ao entrar no quarto.

Ele estava lá, em pé, próximo à janela, segurando numa das mãos aqueles que me tiraram dos meus pensamentos, absortos na lembrança DELE.

Notei que ele olhava ansiosamente, meio desesperando até, quando percebi que, com o susto, eu deixara minha toalha cair ao chão. Tentei recompor-me rapidamente. – MEU DEUS!! – eu gritei, ao me enrolar rapidamente.

- Ai, nossa, que confusão! Droga! – falei, claramente desengonçada e ofegante – como... como você entrou? Como você sabia que eu estava nesse quarto?

Ele suspirou brevemente, se aproximando. – Quis fazer uma brincadeira... uma surpresa... desculpe a minha estupidez... de novo...

Nesse momento, eu estava frente ao seu rosto, ainda tenso pela situação, olhando-o, examinando-o. Queria saber, de repente, se aquela atitude de invadir o meu quarto seria típica de um rapaz ainda saindo da adolescência, apesar de possuir responsabilidades de adulto.

Ele me entregou silenciosamente meus óculos, estendendo os braços, e ensaiou virar e sair, sem tirar seu olhar do meu. Parecia inseguro, estava ofegante, tenso.

Não sei o que aconteceu. Quando eu dei por mim, nos encontramos num beijo urgente, e dessa vez, minha toalha insistiu em voltar para o chão...

CONTINUA


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Comentários

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Ôôô toalhinha desavergonhada e insistente!!! São estes tipos de colocações que encantam em teus contos. Poderias simplesmente dizer que a toalha jazia no chão novamente, mas não, tu fazes as frases trabalhadas como por exemplo: introduziu (ra!!), obrigado papai do céu, humm não sei - que fazem com que letras e palavras se transformem em cenários e situações em movimento, não estáticas como em uma descrição nua e crua, tens varias passagens antológicas no teu primeiro conto. Só um problema que não é problema, no primeiro conto terias hoje 27 aninhos e neste 31 e és mademoiselle ainda? Tá certo, conto é conto vale qualquer idade, mas fazes com que nós leitores viajem com os autores e este é o teu grande mérito. Li esta continuação 4 horas após a postagem e não comentei de imediato por conta do corre-corre (o hífem não caiu?) e hoje com folga estou fazendo-o com muito prazer. Ainda por conta do moiselle acho que tens muito mais idade que o teu alter-ego e se ainda o és acho que é por seres por demais inteligente e exigente com o mundo masculino e não encontraste mente que fizesse par com o tua ou fico na dúvida quanto ao sexo da autora, lembra do Nelson Rodrigues que escrevia contos eróticos com o pseudonimo Suzana Flag? Noto com tristeza que o teu conto não foi visitado ainda e por enquanto terás que contentar com este meu solitário comentário, mas não esmoreças jamais. Abração!! nota MIR!!

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Continuação de "Era isso que eu queria". Peço desculpas pela demora

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