Enganada (1ª parte)

Um conto erótico de SelvaAlves
Categoria: Heterossexual
Contém 4589 palavras
Data: 10/08/2007 06:04:37

Enganada (1ª parte)

Naquele domingo de Pascoela, logo pela madrugada, a azáfama recomeçava na casa do lavrador Arouca. Não era para menos, a honra de receber uma centena de convidados para o casamento de sua filha Mariana, dava-lhe fama e atiçava a sua vaidade de homem abastado e candidato ao partido do governo.

Dona Carlota Arouca e sua irmã organizavam e vigiavam as cozinheiras e o resto da criadagem na confecção dos assados e confeitarias que iriam ser servidos no grande arraial improvisado, frente à casa, no largo da eira.

O dia tinha nascido por detrás do monte Açor numa corola vermelho-púrpura que se esparramou por toda a crista e desceu a encosta, já transformada numa aura de luminosos raios que evaporaram o orvalho dos prados do lameiro numa bruma de fumo que se dissipou no ar aquecido pelo sol.

No primeiro andar do vetusto casarão dos Arouca, duas costureiras davam os últimos retoques no alvíssimo vestido de noiva, cujo modelo se mirava no grande espelho do guarda-vestidos de sua alcova de solteira. Mariana estava radiante: iria ser a noiva mais bonita dos últimos 50 anos daquela vila beirã. A cauda do vestido tinha 4 metros de comprido e seria sustida por 6 crianças, todos seus sobrinhos. Seus pais não pouparam nas economias da casa. A festa iria ser um sucesso, e embora o noivo estivesse presente por interposta pessoa, por acaso um primo muito parecido, tanto na estatura como na cortesia. Isto era o que ela adivinhava no major Macedo, pelas palavras amáveis e amorosas de suas cartas. Estas características do noivo, tinham sido confirmadas por seu tio Henrique que morava na capital e era amigo da família do oficial que estava a prestar serviço militar na nossa colónia africana de Angola. Fora ele que, havia 1 ano, a tinha aliciado a trocar correspondência com o major de artilharia, dizendo que era um partido seguro e oriundo de boas famílias. Logo na primeira carta, ela constatou que estava a lidar com um homem culto, educado e cortês.

Mariana olhou o retrato do major emoldurado numa armadura de prata: era um rosto atraente com um bigode que acentuava o seu porte garboso, e ar de galã latino. Os olhos castanhos pareciam englobá-la no seu olhar leal e apaixonado. Que lindo era! -- Foi pelas cartas que aprendeu a amá-lo e por aquele retrato, imaginou a sua figura e personalidade. Era alto e de elegante figura, em suma: era o seu muito amado noivo que dentro de algumas horas seria o seu marido. Seria o homem a quem ela entregaria a virgindade e a vida, porque o coração já havia um ano que lhe pertencia.

Foi com o pensamento concentrado no noivo ausente, que disse: sim, à pergunta sacramental do sacerdote:

--Mariana Arouca, aceitas para teu esposo, António Macedo? E comprometes-te a amá-lo, respeitá-lo e ser-lhe sempre fiel?

--Sim, comprometo-me a ser uma boa esposa e uma companheira para toda a vida!

--Então eu, pelos poderes que me foram conferidos, vos declaro marido e mulher.

Finalmente estava casada, pertencia ao homem que aprendera a amar. Ao beijar o primo de seu marido, quase o beijava na boca, pois à falta de sua presença física, imaginou por breve lapso que aquele familiar que o representara no acto do matrimónio, era realmente o seu adorado esposo. Também, quando no fim da festa, o primo do major Macedo se despediu dela, ela voltou a sonhar que tinha o marido nos braços.

--Adeus prima, dentro de uma semana espero-a em Lisboa para despedir-me de si.

--Sim, lá nos encontraremos se Deus quiser! – Disse ela sorridente.

Na quinta dos Arouca começava agora a faina de ultimar o enxoval de Mariana, dar-lhe os últimos conselhos e encomendá-la à Sra. da Guia, para que lhe aplanasse o caminho!...

O cais de Alcântara era exíguo para a tão grande concentração de pessoas que tinham vindo despedir-se de quem ia viajar a bordo do grande paquete Funchal. O primo do major entregou

a Mariana o bilhete de primeira classe da Companhia Colonial de Navegação, e uma das, agora suas tias, deu-lhe um abraço de despedida e disse misteriosamente em seu ouvido:

--Minha querida, seja forte, não esqueça que: nem sempre o que parece, é!... – Mariana ficou intrigada com aquelas enigmáticas palavras, mas nada respondeu, guardou-as no profundo da mente...

Era a sua primeira viagem de barco, ela admirou-se com o tamanho do paquete Funchal, parecia uma cidade flutuante. Encostada à balaustrada de estibordo, acenou uma despedida ao primo e aos novos tios. Logo após a zarpagem ouviu o seu nome pelos altifalantes da primeira classe e dirigiu-se ao comissário de bordo. O camarote que lhe foi atribuído era bastante espaçoso e para compartilhar com outra senhora também jovem, que lhe pareceu simpática. Chamava-se Maria da Luz e já ia na sua terceira viagem no mesmo trajecto: Lisboa – Luanda. Ela ia também encontrar-se com o marido que era o gerente de uma fazenda de café no norte de Angola.

Foi ao anoitecer que começou a sentir aquele peso no estômago e aquelas tonturas na cabeça. Estendeu-se no beliche e não quis jantar. Quando Maria da Luz a viu deitada disse-lhe:

Minha querida, é a primeira vez que viaja, não é verdade? Não tenha problemas isso é o enjoo do mar, verá que amanhã já está um pouco mais aliviada e no dia seguinte já nada sentirá. Agora é conveniente que se levante e tome o ar fresco do mar encostada à amurada. Ande, venha comigo, verá que ficará melhor. Deixou-se levar pela companheira de camarote, e esta disse-lhe:

--Espero que tenhamos uma boa viagem, já vi alguns homens atraentes que viajam na nossa classe e eu quero aproveitar esta liberdade para me divertir um pouco. – Mariana olhou para ela e pensou para consigo.

--Não compreendo esta senhora, é casada, e pensa divertir-se sem o marido?...

Mariana, seguindo o conselho de Maria da Luz, passeava pelas amuradas tomando a brisa fresca do mar. No salão de festas havia música e alguns pares ensaiavam os primeiros passos de dança da noite. Era o primeiro baile daquela viagem de 12 dias que terminaria em Luanda. Sentia ainda a cabeça zonza mas o peso sobre o estômago parecia mais aliviado, e a vontade de vomitar já não era tão intensa. Conforme a brisa virava e os acordes musicais chegavam a seus ouvidos, também os pensamentos vibravam dentro de si: era a ânsia de chegar. Sabia que estava a caminho do encontro do amor e do carinho que fora prometido nas cartas que recebera. Ela corria ao encontro do seu homem, ardendo de desejo: queria ser abraçada, acariciada e saciada. Sonhava às vezes, que ele a carregava nos braços, e com ela segura de encontro a si, atravessava a selva africana por intermináveis carreiros que eram emaranhados por longas lianas que pendiam de enormes árvores. Ele a ia desnudando pelo caminho e acariciando-lhe o corpo colado ao seu. Sem abrir os olhos, ela tentava visioná-lo a escolher o lugar certo que lhe serviria de ninho. Aí, só eles os dois, na sombra dos embondeiros e rodeados de orquídeas, se beijariam, se abraçariam e ele penetraria em seu corpo puro, e no auge do delírio carnal, ela sentiria o gozo que vinha dele e fruía também de seu corpo. Deu por si descendendo as escadas de acesso ao corredor dos camarotes.

Já o dia invadia a penumbra da alcova pela vigia de bombordo, quando Maria da Luz chegou. Ao vê-la acordada perguntou se se encontrava bem. Mariana sorriu, já não sentia o zonzear na cabeça, sentou-se no beliche e perguntou:

--Já é dia ? – Maria da Luz sorriu e respondeu:

--Está a nascer neste momento e parece que vem alegre e risonho para nos proporcionar mais uma noite de farra como a de ontem. Não queiras saber minha querida como foi divertido e gostoso, acho que tenho um oficial militar pelo beicinho, se já estás boa, quero apresentar-te a eles, pois são dois. Verás como são lindos e cavalheiros!...

Era o seu segundo dia a bordo, enquanto Maria da Luz descansava no seu beliche, dos excessos da noite, Mariana tomava um lauto pequeno-almoço e fazia tempo para a abertura da piscina. Foi aí que deu por um par de olhos que a miravam fascinados, eram lindos: eram uns olhos grises num rosto simpático e agradável. Fez de conta que não tinha reparado naquele olhar varonil e insistente e mergulhou na água salgada do tanque. Como não estava habituada à água marinha engoliu um “pirolito” e engasgou-se. Ao vê-la tossir, o homem dos grises olhos, foi até ela para a ajudar e disse:

--Menina, segure-se nos varões dos degraus, incline a cabeça e respire fundo, verá que ficará com a garganta livre. Ela olhou o jovem simpático e sorrindo-lhe, disse:

--Vê-se que é um homem prático nestas coisas, muito obrigada pelo conselho.

--Para mim já é um prazer poder olhá-la nos olhos, quanto mais ainda ouvir o seu agradecimento, permita que me apresente: sou José Ferreira e vou para o interior do leste angolano, onde estou a iniciar o meu negócio de secos e molhados. Se tivesse a ventura de arranjar uma esposa tão bonita como você, tenho a certeza que seria o homem mais feliz à face da terra e lutaria para que ela fosse uma rainha. Desculpe-me o excesso mas a menina é tão linda que não mais me sairá do pensamento. Terei o prazer de a ver logo no salão de baile? – Mariana sorriu e murmurou:

--Não prometo Sr. Ferreira, depende da disposição. – Ele sorriu também e ao acenar uma despedida ainda disse:

--Sou um homem de fé menina...

--Mariana. – Respondeu ela com um sorriso simpático.

Foi para o seu alojamento e já lá não encontrou Maria da Luz. Tomou um duche para vestir-se para o jantar e depois de friccionar bem o corpo para tirar os vestígios da salinidade da água, mirou-se no espelho. Tinha orgulho no seu corpo, era perfeito no seu todo. Olhou os seios empinados e de cetinosa pele, com as rosetas castanhas rodeando os mamilos pronunciados, o ventre liso que se abria numa curva bem modelada no esbater da cintura bem vincada, o monte-de-vénus todo coberto de negros e riçados cabelos. Teve pudor de expor a sua intimidade e enrolou nas esbeltas ancas, uma toalha. A nudez era para seu marido, só ele a veria ao natural e seria ele quem usufruiria a sua virgindade. Uma das criadas lá de casa dissera-lhe que era dolorosa a desfloração, que importava, se isso satisfaria seu esposo?

Entrou na sala de jantar, avistou Maria da Luz que estava numa mesa com dois oficiais fardados e lhe fez sinal para se aproximar:

--Olá Mariana, você está muito bonita esta noite, deixe que lhe apresente o alferes Aleixo e o tenente Silva. Fizeram as apresentações e os oficiais não mais deixaram de ser admiradores da sua beleza. Convidaram-na para o salão de baile e ela dançou ora com um ora com outro, fazendo dobradinha com Maria da Luz. Já um pouco cansada, sentou-se num tamborete e o alferes Aleixo perguntou-lhe:

--Desculpe-me a falta de tacto, mas ainda não sei se a hei-de tratar por menina ou por senhora? – Mariana sorriu e respondeu-lhe:

--Eu sou casada e vou ao encontro de meu marido que também é oficial do exército; é o major Macedo, que está a comandar a fortaleza de Luanda. – O jovem oficial olhou surpreendido para Mariana e ficou em silêncio, não tardou a falar com o colega, e os dois, sem se despedirem abandonaram o salão. Maria da Luz estupefacta com a falta de educação dos militares, comentou para Mariana:

--Será que todos os oficiais são assim tão grosseiros como estes? Eles estavam a ser tão atenciosos e de repente abandonaram-nos sem uma palavra de despedida? – Mariana notou que o alferes tinha ficado perturbado quando ela falou no nome do marido. Será que havia alguma ligação com a sua indelicadeza? Veio-lhe à memória a mensagem daquela cunhada do marido que lhe dissera:

--Sê forte – nem tudo o que parece, é!...

Já era tarde, tinha sono, resolveu ir deitar-se e elevar o pensamento ao marido. Ao sair para o convés, à entrada para as escadas, deu pela presença de Maria da Luz abraçada a um jovem galante, eles se beijavam e murmuravam palavras ternas. Do sítio onde se encontrava o casal, não a podiam ver; resolveu por isso observar aquele quadro para ganhar experiência.

Deu pela mão do cavalheiro subir e descer no rego das nádegas de Maria da Luz; o tecido do vestido dela se encontrava metido no friso entre os glúteos e quanto mais ele forçava os dedos no seu traseiro mais ela empurrava o ventre para o companheiro como se quisesse fundir nele. Continuaram por mais alguns minutos se beijando com sofreguidão e de repente, Maria da Luz se abaixou na frente do amante, abriu-lhe o fecho da braguilha e acariciou o pénis em plena pujança de rigidez e cuja glande vermelha que ela vislumbrou à claridade da luz suspensa do tecto parecia inchada e romba. Viu a colega de camarote abaixar mais a cabeça e beijar aquela carne tumescente e metê-la entre os lábios que logo a abocanharam e iniciou um movimento de: acima abaixo…. acima que fazia com que os gemidos do homem aumentassem de tom e ritmo:

-- Aiiii! Querida!... Que bom! Continua!... Ooooh! Chupa-me até o fim!... – Reparou que as mãos do cavalheiro seguravam com força a cabeça de Maria da Luz e os dedos estavam enclavinhados nos seus cabelos. De repente, ele gritou:

-- Ooooh! Que me venho! Aiiii! Querida!...

Surpreendida e confusa, Mariana esgueirou-se para o camarote. Ela percebeu que aquele barco à noite, era uma perigosa tentação. Havia ali uma onda de sensualismo, uma embriaguês dos sentidos: eram promessas de amor sobre as ondas borbulhantes. Havia uma coisa que ela tinha dificuldade em compreender: porquê Maria da Luz, sendo casada se deixava envolver em flirts?

Uma vez mais seu pensamento estava com o marido. Como seria o encontro com ele? A tomaria nos braços e a cobriria de beijos? E depois desfrutaria o seu corpo e ambos beberiam um do outro, o orvalho voluptuoso da sexualidade? Ela só uma vez gozara um orgasmo; foi no colégio de freiras onde estudara. Uma noite uma colega 2 anos mais velha, se meteu em sua cama e começara a brincar com a sua intimidade. Foi um gozo tão intenso que ainda hoje, passados 6 anos, o recordava. Não voltou a experimentar; o seu confessor advertiu-a que essas brincadeiras com as colegas eram um pecado grave. Agora que tinha visto, mesmo frente a si, os casais abraçados no escuro, voltou a sentir o acicate do desejo. O sangue aqueceu-lhe nas veias e a sua vontade pendia, como uma frágil haste, exposta ao vento do pecado.

A passagem do Equador aproximava-se, o calor era cada vez mais difícil de suportar. Já se notava entre os passageiros a ansiedade pela festa que seria organizada a bordo. Era a tradição quem comandava, mas mais, muito mais, era a necessidade de um abanão na rotina diária da vida a bordo. Todos pensavam na liberdade concedida nesse dia, os passageiros das três classes podiam misturar-se, confraternizar, folgar e dançar sem restrições. Diziam os mais viajados que nesse dia nem um frade escaparia ao sortilégio do amor.

Os jovens oficiais militares cruzaram várias vezes com Mariana mas faziam de conta que a não viam, ela estranhou o facto mas não comentou com Maria da Luz que levava essa atitude como de falta de educação. Quando pensava no caricato da situação até se congratulava pois não queria ser arrastada para flirts, pois a sedução morava neles, que como homens, eram uns lindos borrachos!...

Como filha do campo, estava habituada a madrugar, foi assim que com surpresa assistiu aos preparativos de um arraial no seu convés. Os marinheiros, carpinteiros e decoradores não paravam no apresto para os festejos. Segundo informações vindas do oficial de serviço, se a velocidade de cruzeiro se mantivesse, cerca das 14 horas desse dia, passariam a linha do paralelo zero, onde ao gosto de cada um, se vestiriam com máscara e usariam gaitas e tambores. Dançariam e se misturariam as classes em total liberdade. Foi a primeira a entrar no salão para tomar o pequeno-almoço, depois desceu ao seu camarote para tomar um duche e preparar a toilette do dia. Ainda Maria da Luz dava mais uma volta no seu beliche quando ela saiu da cabine do chuveiro. Quando se sentou em frente do espelho para tratar do rosto, ouviu a colega perguntar:

--Que horas são Mariana?

--Já são 9 horas e daqui a 1 hora deixam de servir a refeição matinal. – Maria da Luz riu-se e comentou:

--Ora, ora, hoje há excepções para tudo! É dia de festa a bordo. Por falar nisso, sabes quem ontem à noite perguntou por ti? – Perante a estranheza de Mariana ela continuou:

--Creio que se chama Ferreira, é um bom pedaço de homem, pareceu-me simpático também. – Sim, Mariana conhecia-o, era o tal cavalheiro que ela conheceu na piscina e tinha dito que ela era muito bonita.

Vestiu um conjunto estampado que lhe ficava um pouco justo e enaltecia suas formas e aligeirou a roupa interior. Subiu ao deck e começou a admirar a decoração do arraial. Enquanto estava nesta contemplação não deu pela presença de José Ferreira que atrás de si a olhava embevecido.

--Bom dia gentil rainha de bordo, vejo que está disposta a desfrutar este dia como especial. Eu já lhe dei o meu voto para a eleição da senhora mais bonita e simpática deste navio. -- Mariana sorriu encantada com o galanteio, e olhou francamente o jovem cavalheiro que lhe sorria prazenteiro. De facto era um lindo homem; se não fosse casada, era bem capaz de fazer uma loucura. Deixou que a quimera se fizesse magia: ela vivendo no meio da nuvem que era uma alucinação de sonhos e desejo sensual. Sentia-se transportada ao mundo dos suspiros naqueles braços morenos e musculados. Aceitou a taça da volúpia e bebeu dela. Bebeu o acicate em brasa da luxúria: era um delírio. Um desvairamento que provocava um fremir em seu corpo jovem de donzela. O sangue corria-lhe borbulhante nas veias e o coração galopava frenético na corrida do desejo voluptuoso que lhe despertava a sede de carícias e afagos. Ela desfalecia nas asas do sonho, e para voltar à realidade, perguntou a José Ferreira.

--Mas só há eleição para a mulher mais bonita? Não há também para o cavalheiro mais elegante e mais simpático? – Ele riu-se, e gentil, elucidou:

--Ora, já uma vez fizeram essa eleição mas não bateu certo, o gentleman vencedor era casado e a esposa, que o acompanhava, não permitiu que ele festejasse com a rainha eleita... – Ambos riram, e ouvindo o toque para o almoço, encaminharam-se para a sala de jantar. Durante a refeição, José lhe perguntou se ela se mascararia, Mariana disse-lhe que era aquele o vestido que usaria durante todo o dia. Ele sim, se vestiria de marinheiro, tinha trazido uma farda que era do irmão que tinha servido na armada. Às 13 horas foram abertas as urnas para a contagem dos votos. Foi uma jovem de 17 anos que viajava na 2ª classe que foi nomeada a rainha da festa do Equador. Mariana ficou em 3º lugar e foi como dama de honor. Às 14 horas conforme o previsto, começaram os foguetes a subir, a sirene do navio a soar e a música da orquestra a vibrar num ritmo alucinante. Para ganhar coragem, algumas damas mais circunspectas, iam encher o copo às grandes taças de ponche gelado que estavam à disposição dos passageiros; e era de ver, essas damas atirando a ponderação para os arcaicos, e roçagarem de encontro aos mais jovens, as suas carnes entorpecidas pelo rigor celibatário.

Foi José Ferreira quem, trazendo uma taça de champanhe gelado, pediu para fazerem um brinde:

--À Senhora mais bonita de bordo, para que tenha a ventura de concretizar os sonhos felizes que neste momento tem em mente!...

--Ao cavalheiro mais simpático de bordo para que tenha a felicidade de encontrar a dama dos seus sonhos. – Ele deu-lhe o braço e atacaram uma valsa de Straus num movimento lento e acariciante. Ela de início, constringiu-se no contacto físico, mas quando o escurecer lançou arabescos e sombras sobre os pares que dançavam no convés, a inibição inicial deu lugar à euforia dos sentidos. Foi num foxtrot bem mexido que ela sentiu sua coxa roçagar na de José, e num leve encontrão com outro casal, ela sentiu algo duro deslizar em seu púbis.

O rosto de José Ferreira encostado ao seu, despertou-lhe a ânsia de um beijo, só o pejo a retraía de ser ela própria a beijá-lo. Sentiu em seu ouvido a ofegante respiração dele, e a mão que deslizava de sua cintura em direcção às nádegas. Notou que seu pensamento a elevava a outras paragens e à recordação daquela noite, lá no colégio, em que a sua colega brincou com ela. O abraço de José se tornou mais apertado e ao juntar mais seus corpos, lhe despertou o desejo carnal. Deixou-se envolver mais, era gostoso; ouviu-o ciciar em seu ouvido:

--Você é linda Mariana, você é a princesa encantada que mora há muito no meu coração! – Ele levou-a, sempre a rodopiar ao som envolvente da música, até à amurada da proa: era a

zona menos iluminada do navio. Notou que a língua de José passeava meigamente em seu auricular e o rasto de sua saliva parecia a lava de um vulcão deslizando na vertente de seu libido despertado. Quase sem se aperceber, seus lábios engrossaram dentro da boca masculina que os sugavam com sofreguidão, como querendo lamber-lhe o licor da carne em delírio. Era uma cascata de afagos! Eram as carícias em brasa que a mergulhavam no êxtase profundo e na ansiedade da volúpia carnal! Os dedos de José deslizavam em seu corpo como véus leves e transparentes ensinando-lhe as mil lascívias de carícias nunca dantes sentidas. O aguilhão ardente do desejo latia em sua carne estremecida e aberta para a luxúria. Ela fremia, gemia e delirava na febre do erotismo, toda ela era uma fogueira lúbrica! Era toda amor na inconsciência da libido; esmoreceu e deixou-se transportar nas asas do vento acariciante da paixão. A boca dele sugava seus peitos virgens de carícias, enquanto sua dureza roçagava em seu púbis e a fazia estremecer de ansiedade. Aqueles afagos no friso de seus glúteos elevavam ao insuportável, a alucinação dos sentidos já descontrolados pela chama do erotismo venéreo. Os dedos de José, muito delicadamente, baixaram sua cueca e passearam-se no emaranhado dos púbicos cabelos. Deu pela cabeça dele entre sua coxas e sua boca lhe beijava os músculos interiores e subia!... Subia sempre beijando e sugando, e a língua dele lhe lambia o vértice. Eram carícias que a elevavam à inconsciência da razão. Seus dedos trémulos se crisparam em sua cabeça quando sentiu a língua dele abrir as pétalas de sua flor e penetrar a corola. Era um gozo alucinante que retesava suas pernas e dominava sua carne em brasa. A língua que acariciava seu clítoris virgem, dava-lhe um prazer jamais sentido que a obrigava a gemer descontroladamente. No auge do deleite, como uma gata na satisfação do cio, aferrou-se ao corpo masculino e em entrecortados bramidos, desafogou a emoção do voluptuoso orgasmo que a elevou aos páramos do êxtase:

--Aiiii!... Que bom!... Aiiii!... Eu não suporto!... Ooooh!... – Só acordou do delírio da volúpia quando sentiu a dureza do pénis de José tentando penetrar em sua húmida vagina, ela gritou e encolhendo as coxas, pediu:

--Não!... Aí não, meu querido! Ainda sou virgem!... – Então ele pegou-lhe na mão e pediu:

--Ooooh! Querida!... Deixa ficar tua mão em mim!... Acaricia-me!... – Ele continuou beijando, acariciando e suspirando, e ao mesmo tempo que a mão de Mariana ia e vinha na massagem de sua haste. José não perdeu tempo, tinha longa prática com dois dedos acariciava os lábios vaginais de Mariana que quando o sentiu estremecer como açoitado por um grande vendaval, deu por seus dedos peganhentos e sujos por aquele jorro que parecia leite condensado e ela também, no êxtase de mais um orgasmo fincou os dentes no pescoço de José para evitar os gemidos de gozo que estavam pendurados em sua garganta. Enquanto ainda com a cabeça confusa pelo deleite venéreo – por aquele gozo que jamais tinha experimentado; não deu conta que José a tinha virado de borco e aproveitando o fluxo de seu esperma para lubrificar seu ânus, lhe apontava a glande outra vez intumescida, no redondo orifício de sua bunda. Sentiu de facto as mãos dele segurando seus peitos que subiam e desciam no arfar de sua respiração e de repente, aquela dor aguda, como se a trespassassem com um ferro em brasa, que a fazia tremer da cabeça aos pés e quando ela tentou libertar-se daquele intruso que, como um supositório a penetrava; ouviu a voz calma e suave de José que ao mesmo tempo que a segurava pelas ancas, lhe ciciava:

-- Calma querida, vais gostar e manterás intacta tua virgindade! – As mãos de José continuaram firmes a segurá-la, não a deixando libertar-se daquele troço que a sodomizava. Os beijos meigos em seu cachaço e os murmúrios em seu ouvido a acalmaram, e aquele ritmo de vaivém em seu interior lhe proporcionaram tal prazer que não tendo onde fincar os dentes para abafar o gozo que a acometia; expandiu em gemidos entrecortados, a volúpia de mais um orgasmo que sacudiu seu corpo em delirantes espasmos quando sentiu suas águas felizes extravasar para suas coxas que continuavam separadas e retesadas, enquanto continuava cada vez em ritmo mais rápido, a fricção do pénis de José em suas carnes tenras e cálidas. Sentiu os dedos de José se cravarem sem dó em sua carne e as bruscas investidas de sua púbis de encontro ao seu traseiro, acompanhadas de um grito desgarrado quando sentiu as contracções do corpo dele se fundindo no seu. Sim, uma vez mais deu por aquele líquido peganhento e escorregadio agora correndo dentro dela. Dando conta da tentação em que esteve quase a perder a virgindade, libertou-se das mãos de José e correu para o seu camarote onde acalmou as emoções que tinha saboreado.

Limpou dos lábios ainda frementes, o sabor dos beijos pecaminosos e tomou um duche para arrefecer o calor de seu corpo saciado e depois de purificada das marcas do pecado venéreo, agradeceu a protecção divina contra a tentação da carne que esteve prestes a trair sua virtude.

Passou todo o dia seguinte no compartimento. Foi Maria da Luz quem lhe trouxe algumas sandes para comer. Esta ria-se do seu pudor e disse-lhe com ar brejeiro:

--Minha querida, se não aproveitou estes dias de amor, vai arrepender-se. A vida marital é demasiado insossa e rotineira, eles são egoístas e só pensam no prazer deles!... Não se arrependa de gozar o prazer da carne, depois de lavada fica como nova, não receie que ele descubra.

Não, Mariana não concordava com a companheira, ela seria sempre uma senhora virtuosa e dedicada ao marido. Olhou o medalhão esmaltado com a imagem do seu amado esposo. Ele era belo e garboso, ainda se lembrava da segunda carta que recebera dele:

--Cara senhorita, para que fique assente o quanto as minhas intenções a seu respeito são honestas, queira tirar informações acerca de mim: sou António Cavaleiro de Macedo, nascido a 31 de Maio em Lisboa. Sou oficial do Exército Português com o grau de major.

Por: A. Alves, em Dezembro de 2006

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