Marta, 35 anos, sentia-se perdida. Casada, mãe de dois filhos, e com uma rotina exaustiva entre trabalho e o papel de mãe e esposa, e depois de enfrentar uma doença, o espelho só refletia algo que ela evitava encarar: um corpo que não reconhecia mais e uma mulher que parecia ter desaparecido. A vida havia se transformado numa sequência de tarefas sem cor, e a chama entre ela e Ricardo, seu marido, era apenas uma lembrança distante, por que, por mais que ele seja um marido maravilhoso e sempre estivesse ao lado dela, ela sentia falta de algo mais.
Uma noite, enquanto todos dormiam, Marta postou nos stories uma foto de um livro antigo. "Velhos amores que nos fazem sentir vivos," escreveu na legenda, acompanhada de uma frase de Dostoiévski. Não esperava nada. Mas, minutos depois, uma mensagem direta surgiu:
- "Adoro esse livro! Já leste algo mais dele? Aliás, sou Adrian. Escrevo histórias... às vezes um pouco picantes."
Adrian era britânico, escritor e, pelo que parecia, especialista em narrativas que exploravam o desejo. A troca de mensagens começou casual, falando sobre livros e inspirações, mas logo o tema deslizou para algo mais profundo. Ele contou sobre o que o motivava a escrever e perguntou:
- "O que inspira você, Marta?"
Ela hesitou, mas respondeu. Falou sobre como se sentia esquecida, de como a rotina a sufocava, de noites em que não se reconhecia mais.
- "Marta, às vezes basta lembrar que somos muito mais do que vemos no espelho. Aposto que há algo em você que nem tu mesma percebe."
As palavras dele a deixaram inquieta. Não era só o que dizia, mas como dizia. Havia algo magnético na forma como Adrian a fazia sentir... viva.
Os dois começaram a conversar todos os dias. Ele enviava trechos dos contos que escrevia, cheios de desejo, mistério e entrega. Marta lia, sentindo o coração acelerar. Adrian parecia escrever sobre ela, mesmo que fosse impossível.
Uma noite, ele perguntou:
- "Posso escrever algo inspirado em você?"
Ela demorou para responder. Parte dela queria ignorar, bloquear, esquecer. Mas outra parte... sentia-se curiosa, quase desafiada.
- "Escreve," digitou com dedos trêmulos.
O conto chegou pouco depois. Era uma história sobre uma mulher que redescobria sua própria sensualidade através de palavras, e com desejos que muitas vezes não é entendido pela pessoa, mas que Adrian parecia entender perfeitamente, deixando de lado as inseguranças que a prendiam. Marta sentiu-se exposta, mas também empoderada.
Ele então perguntou:
- "Gostou? Diz-me o que mudaria."
Marta, pela primeira vez em anos, sentiu vontade de explorar aquele lado esquecido. As respostas tornaram-se cada vez mais ousadas. Adrian a incentivava, elogiava cada observação que ela fazia, e Marta começou a acreditar que era capaz de muito mais do que imaginava.
Entre mensagens, emojis, fotos, vídeos e histórias trocadas, chegaram às chamadas de vídeo. Adrian lia partes dos contos em voz alta, com seu sotaque britânico cativante, enquanto Marta o ouvia no escuro do quarto. Uma noite, ele sugeriu algo mais íntimo.
Adrian: "E se, esta noite, não falarmos de histórias, mas de ti?" Ela estremeceu.
Marta: "O que queres saber?"
Adrian: "O que te faz estremecer, Marta? O que te faz arder por dentro?"
Ela mordeu o lábio, sentindo a pele se arrepiar. Pela primeira vez, disse em voz alta seus desejos. E ele ouviu.
Adrian: "Agora, fecha os olhos. Deixa-me guiar-te."
A respiração dela acelerou. Ele descreveu, num tom baixo e rouco, como a tocaria, como seus dedos deslizariam pela sua pele, como sua boca exploraria cada centímetro do seu corpo. Marta sentiu-se tomada por um calor intenso, uma necessidade urgente.
As mãos dela se moveram pelo próprio corpo, seguindo a voz dele. Adrian não apenas falava, ele a comandava, a fazia render-se a sensações que julgava esquecidas.
O prazer veio como uma onda avassaladora, arrancando-lhe um gemido abafado. Do outro lado da tela, Adrian sorriu.
Adrian: "Agora, diz-me... lembras-te de quem és?"
Marta fechou os olhos. Sim. Ela lembrava.
Mas foi quando ele começou a dar ordens que Marta sentiu algo que nunca havia sentido antes: um prazer profundo em obedecer.
Adrian: "Hoje, quero que vás ao banheiro da empresa agora. Estou de pau duro, e tu és a minha puta."
O coração dela acelerou.
Marta: "Estás louco!"
Adrian: "Sim. E tu vais fazer o que eu mando. Agora."
O corpo dela ardeu. Contra toda a lógica, levantou-se da cadeira e foi. Entrou no banheiro, trancou a porta e pegou o celular.
Marta: "Estou aqui."
A chamada de vídeo começou. Adrian estava deitado na cama, a mão acariciando seu pau já duro, babando. O olhar dele queimava na tela.
Adrian: "Mostra-me."
As mãos dela tremiam. Mas a excitação superava o medo. Levantou a saia, afastou a renda da calcinha.
Adrian: "Boa menina. Agora toca-te."
Os dedos deslizaram, e um gemido escapou. Adrian segurava o próprio pau, masturbando-se enquanto a observava obedecê-lo.
Adrian: "És tão minha. Toca-te como a puta que és para mim."
O clímax veio rápido, intenso. Marta mordeu os lábios para não gritar, o corpo tremendo contra a parede fria do banheiro.
Adrian: "Perfeita."
A chamada terminou.
Marta voltou à sua mesa como se nada tivesse acontecido. O coração ainda acelerado. As coxas ainda trêmulas.
Mas agora ela sabia. Ela era dele.
A relação com Adrian tornou-se um jogo viciante. Mensagens durante o dia. Ordens que ela obedecia sem hesitar.
Adrian: "Sai sem calcinha hoje."
Adrian: "Quero uma foto no espelho do elevador. Quero ver o que é meu."
Cada comando era um teste aos seus limites. E ela adorava ultrapassá-los.
Mas as noites... as noites eram um inferno delicioso.
Enquanto Ricardo dormia ao lado dela, Marta punha fones de ouvido e atendia a chamada de vídeo. Adrian estava sempre à sua espera, com aquele olhar dominador que a desmontava.
Adrian: "Abre as pernas para mim."
Ela obedecia, o corpo em chamas.
Adrian: "Olha para mim enquanto te tocas. Quero ver cada reação tua."
Os dois se masturbavam juntos, gemendo baixinho para não serem descobertos. Adrian dizia-lhe coisas que a faziam perder o controlo, suja, obscena, deliciosa.
Adrian: "És a minha cadela. A minha puta submissa. Só eu sei como fazes esses sons, não é?"
E Marta apenas gemia baixinho, rendida, completamente entregue a ele.
O mais irónico? O casamento dela nunca esteve tão bem.
Ricardo percebia a diferença. Sentia a mudança. O desejo renovado. Mas ele nunca soube a verdade.
Ele nunca soube que, todas as noites, Marta pertencia a outro homem.
E que ela adorava cada segundo disso.
Não era sobre Adrian. Era sobre o que ela tinha reencontrado em si mesma.
Porque, no fim, Adrian foi apenas o espelho onde Marta viu o reflexo de quem queria voltar a ser.