31 - ACERTO DE CONTAS

Um conto erótico de Nassau
Categoria: Heterossexual
Contém 6900 palavras
Data: 10/02/2025 18:15:26

CAPÍTULO 31

Margie se levantou assustada. Pela segunda noite seguida ela não tinha conseguido dormir direito e acordava a todo instante assustada, com a impressão de que estava sendo observada. Dessa vez, porém, era mais que uma impressão, pois ouvira nitidamente o barulho de um galho se quebrando e era isso que mais a assustava.

A convivência de tantos anos com felinos a ensinara que esses animais nunca fazem barulhos ao se deslocarem, o que indicava que não era Chantal ou algum de seus filhotes. Sua amiga pantera a seguira durante todo o primeiro dia de viagem e depois simplesmente desaparecera. Lobos também têm a fama de serem silenciosos, principalmente quando estão se preparando para atacar e isso era bom, pois indicava que ela ainda desempenhava o papel de caçadora e não o de caça.

Olhando para todos os lados, ela ouviu novamente um barulho. Desta vez conseguiu identificar aquele ruído como sendo a de um galho que foi empurrado para um lado e, ao ser solto, chocou em outros. Assustada, segurou firmemente a lança da qual não se separava e deu alguns passos para trás até sentir o contato de um tronco áspero em suas costas. Ficou imóvel e atenta à mata fechada a sua frente sem se preocupar com o que poderia aparecer atrás, pois na posição em que estava sabia que sua retaguarda estava protegida pela árvore.

Em posição de defesa, segurando firmemente a lança com as duas mãos, ouviu um zunido e o som de algo se chocando no tronco a uns vinte centímetros acima de sua cabeça. Quando ela olhou, viu que havia uma flecha incrustada ali. Ela só conhecia duas pessoas que se arriscariam a fazer isso por confiar na própria pontaria. Uma era Na-Hi. Mas a coreana jamais faria uma brincadeira como aquela. Então tinha que ser a outra e, sabendo de quem se tratava, gritou:

– MILENA, SUA MALUCA! VOCÊ ESTÁ QUERENDO ME MATAR?

Uma gargalhada soou entre a folhagem da mata à sua frente, e Margie, que não tinha achado graça naquela brincadeira, ficou possessa e passou a ofender à loira:

– SUA PIRANHA. VAI TOMAR NO CU. O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI, SUA VADIA?

– Calma aí, ruivinha. Estou aqui para cuidar de você.

– Pois pode voltar. Não quero ninguém me acompanhando. Eu falei que serei eu a enfrentar aquele lobo filho da puta e não adianta vir com conversinhas que eu não vou desistir.

– E quem é que falou em desistir? Eu não vim aqui para te convencer a voltar, Estou aqui para te ajudar.

Desconfiada, Margie desviou os olhos de Milena e olhou a sua volta. Era difícil para ela aceitar que Milena estava sozinha. Percebendo isso, a loira falou:

– Não tem mais ninguém, Margie. Eu juro.

Como se fosse para desmentir à Milena, o barulho de patas e galhos sendo quebrados chegou até ela. Margie segurou a lança e se preparou enquanto a loira não esboçou nenhuma reação. Nesse exato momento, Tornado apareceu à direita de Milena e, sem vê-la, correu até Margie que agradou ao cavalo:

– Bom garoto. Você é um bom garoto Tornado. Ah! Desculpe. Você também é lindo. – E depois, se dirigindo à Milena: – E você, sua intrometida, pode montar nesse cavalo e voltar para a Enseada.

– Eu vou montar nele sim. Mas não vou para a Enseada.

Sem dar tempo para que Margie reclamasse, Milena assoviou e o barulho de patas se repetiu. Alguns segundo depois Raio entrou no raio de visão das duas garotas e correu para junto de Milena que fez festa para ele antes de continuar a falar com Margie:

– Eu vou com você, sua maluca. Você não vai sobreviver dois dias se aventurando sozinha por essas matas. Principalmente se considerarmos que tem alguns lobos doidos para te matar.

– Caso você não saiba, eu já sobrevivi dois dias nessas matas.

– Ah! Você entendeu o que eu quis dizer.

Margie já sabia que Milena não ia desistir. Além disso, ter um cavalo como meio de transporte não era nada mal. Não que ela precisasse dele para vencer a distância que a separava dos lobos, pois ela sabia que eles não estavam longe. Como se Milena ouvisse seus pensamentos, perguntou enquanto se aproximava dela:

– Você tem ideia de onde os lobos estão? Sabe a distância que eles vão à frente?

– Eles estão por aí, em todos os lugares. Desde ontem eu notei que não sou eu que estou seguindo o Sétan. É ele que está me conduzindo. Ontem, durante os dias, eu estava indo em uma direção quando ouvi seu uivo em outra, fazendo com que me desviasse na direção dele. E isso aconteceu duas vezes.

– Por que você acha que ele está fazendo isso? – Perguntou Milena sem disfarçar a surpresa ao ouvir a explicação da amiga.

– Não sei. Ele sabe que eu estou indo atrás dele e talvez já tenha escolhido o local de nosso encontro.

– Muito bem. Então vamos deixar que ele faça isso.

– Vamos. Mas olha aqui Milena. Você pode ficar ao meu lado e até deixo você matar alguns daqueles lobos, mas não se atreva a tentar matar Sétan. Eu já te disse que ele é meu. Você entendeu? Agora vamos embora.

– Calma aí mocinha. Você precisa se alimentar. Eu roubei alguma coisa da Cahya. Eu sei, ela vai ficar puta da vida, mas depois vai entender que é por uma boa causa.

O estômago de Margie emitiu um ronco quando ela ficou sabendo que havia alguma coisa para comer, pois nos últimos dois dias ela teve que se contentar apenas com frutas. Milena tinha se encarregado de trazer provisões suficientes para duas pessoas e por vários dias.

Depois de se alimentarem, se preparam para seguir viagem. Margie recusou o cipó que Milena queria lhe entregar para ela usar como rédea para cavalgar Raio e disse:

– Se você pode montar Tornado sem isso, eu também posso.

Tornado resfolegou e Margie falou para ele:

– Não fique se achando seu quadrúpede metido. O Raio é muito mais educado que você e não vai me derrubar. – Depois se virou para Raio e pediu confirmação: – Não é mesmo meu lindo?

Como se para confirmar o que a ruivinha dissera, Raio se aproximou dela e encostou sua enorme cabeça no rosto dela que não só aceitou aquele gesto de carinho, como segurou a cabeça dele com as duas mãos e lhe deu um beijo entre os olhos. Milena, vendo isso, reclamou:

– Deixe de ser traíra, Raio. Desde quando você e a Margie são melhores amigos?

Raio virou a cabeça para Milena e a encarou por alguns segundos. Depois voltou a aproximar sua cara de Margie, agindo como se estivesse pedindo outro beijo, no que foi atendido:

– Mas é muito fingimento mesmo! Parem com essa frescura, os dois, vocês sabem que temos que seguir viagem.

Dizendo isso, Milena deu um impulso para cima de Tornado, pedindo para que Margie lhe passasse as provisões, assim como os arcos e a aljava contendo as flechas. Depois disso, ficou parada esperando que Margie montasse Raio, enquanto dizia:

– Isso sim vai ser divertido.

– O que é que vai ser divertido? – Perguntou Margie sem entender o que a outra dizia.

– Quero ver como você vai fazer para montar o Raio.

Milena estava certa. A baixa estatura de Margie ia tornar aquela tarefa muito difícil. Depois de tentar duas vezes, a ruiva olhou em volta e decidiu o que fazer. Afastou-se do cavalo e subiu em uma árvore, se deslocando através de um galho, quando então chamou o cavalo que foi se posicionar abaixo de onde ela estava. Bastou Margie deixar seu corpo cair sobre o cavalo, onde se manteve firme. Depois disse:

– Para tudo existe um jeito. O negócio é usar a cabeça.

– Deixe de ser convencida e vamos embora logo. – Falou Milena fingindo estar zangada, porém, o tom de sua voz denunciava o quanto ela estava se divertindo com aquilo.

Ainda era cedo quando as duas garotas atravessaram o rio. Assim que chegaram à outra margem, Milena perguntou:

– E agora? Pra que lado vamos?

Margie olhou para todos os lados. Parecia até que farejava o ar tentando encontrar nele o cheiro dos lobos e assim descobrir a direção que eles tomaram. Por fim, falou:

– Os lobos ainda não atravessaram o rio. Vamos em frente até o horário do almoço que, antes do final do dia, Sétan vai dar um jeito de nos dizer para onde devemos seguir.

Dizendo isso, as duas seguiram na direção sul. Como não viram nenhum sinal do lobo durante todo aquele dia, pararam quando o sol se pôs e se prepararam para passar a noite sob a proteção de uma árvore frondosa.

Enquanto Margie preparava os alimentos em uma fogueira improvisada, Milena cortava capim para servir como cama. Por sorte, ela encontrou algumas bananeiras por perto e cobriu o capim com folhas das mesmas. Quando ficou pronta, perguntou para Margie?

– E aí baixinha? Que tal?

– Baixinha é seu cu. – Respondeu Margie mais por estar acostumada a reagir assim quando alguém se referia à sua altura do que por se sentir ofendida. Depois falou: – Por que você preparou apenas uma cama? Por acaso você está com más intenções comigo?

– Euzinha? Imagine! Na verdade, estou cheia de boas intenções.

– Você é mesmo muito safada, Milena. A gente está em uma missão importante e você pensando nessas coisas.

– Ah! Isso não muda nada. Você não disse que o Sétan é quem está nos guiando para algum lugar? Então. A gente não precisa se preocupar com nada por enquanto.

– Hum! Sei não. Acho que não estou com o espírito para essas coisas.

– Não se preocupe, Margie. Estava só brincando. Não vai acontecer nada que você não queira, pode ficar sossegada.

– Ainda bem. – Respondeu Margie tentando esconder o calor que seu corpo irradiava diante das promessas contidas nas frases de Milena, pois sabia que a loira estava sim armando alguma coisa.

As duas garotas, depois de cuidarem dos cavalos, se certificaram que havia pasto suficiente e estavam seguros, se alimentaram e em seguida foram se sentar sobre a cama improvisada conversando. Milena estava curiosa a respeito de sua nova descoberta a respeito da ligação que existia entre Margie e Sétan, porém, a ruivinha não tinha muitas informações a respeito disso, pois ela mesma não entendia como as coisas evoluíram para chegarem ao ponto em que se encontrava. Depois falaram sobre elas mesmas e Milena, ao ser interrogada sobre como era sua vida antes de chegarem naquela ilha, explicou em poucas palavras:

– Não tenho muito para falar a respeito disso. Na verdade, eu nem sei se tinha uma vida. Fui levada para uma ilha, longe de meus amigos e de toda a agitação de antes e minha única preocupação era a de aborrecer meu pai. Eu agia como se quisesse me vingar por ele ter me arrancado de forma tão brusca da vida que eu tinha antes, sem perceber que aquilo também não era vida, pois eu convivia com pessoas fúteis como eu. Minha preocupação era fazer compras e seduzir os carinhas da escola. Minhas amigas e eu até estabelecemos uma competição para ver quem transava mais, você acredita? Em suma, sempre tive tudo o que quis, nunca precisei lutar por nada e tudo o que tinha a fazer era ficar assistindo o tempo passar. Foi só depois de chegar aqui que aprendi a importância de fazer parte de alguma coisa e de não se sentir inútil.

– Quando foi que você percebeu que tinha adquirido essa consciência? – Perguntou Milena.

– Não sei ao certo. Mas eu acho que foi depois que encontrei o Tornado porque, embora ele seja um cavalo excepcional que sabe se cuidar, além de cuidar dos outros cavalos, eu sentia que em alguns aspectos ele precisava de mim. Essa ligação despertou essa sensação de ser responsável por alguém. Daí a começar a me preocupar com o bem estar de todos foi um passo. Aconteceu sem que eu percebesse e quando vi já estava envolvida com tudo o que fazia parte da nossa existência nessa ilha.

– Engraçado isso. Eu também me senti assim depois que a Chantal apareceu na minha vida. Só que comigo é diferente até hoje.

– Diferente por quê?

– Ah! Sei lá! Acho que é porque ninguém me leva a sério. Todos parecem ter como preocupação principal ficarem me zoando. – Disse Margie com uma ponta de mágoa na voz.

Milena riu alto do comentário de Margie que, olhando feio para ela falou:

– Está vendo só? Até você fica me zoando.

– Deixe de ser boba, Margie. As pessoas brincam com você porque gostam da sua reação. É muito divertido ver você brava e xingando todo mundo. Se você não agisse assim, essas brincadeiras já tinham parado porque não ia ter graça.

– Você quer dizer que, se eu não reagir e deixar que falem, eles vão parar?

– Lógico que vão! Qual é a graça em zoar alguém que não reage?

– Bem pensado. Vou começar a agir assim. Não vou mais ligar quando me chamarem de baixinha ou pimentinha, ou fizer comentários sobre a minha altura.

– Ah não! Por favor, Margie. Não faça isso.

– Por que não? Foi você que disse que se eu parar de agir assim, todos vão parar de me zoar.

– Então. Só que aí a vida vai ficar sem graça. É tão gostoso ver você toda irritada enquanto reage às provocações.

– Você está me zoando, não está?

– Eu? Nunca! Imagine que vou zoar você! – Apesar da pretensão de parecer séria, Milena não resistiu e começou a rir.

Margie teve a mesma reação de sempre. Seu rosto começou a ficar vermelho enquanto ela tentava fuzilar a loirinha com seus olhos verdes. Então ela se lembrou do que Milena tinha acabado de dizer e resolveu se controlar, porém, queria fazer isso de uma forma que ficasse gravado na memória da outra, então ela se ajoelhou na frente de Milena, segurou em seus ombros e balançou seu corpo enquanto falava:

– Sua vadia. Para de rir de mim. Eu já estava acreditando que você era minha melhor amiga e agora você fica me zoando!

– Desculpe princesa. Longe de mim querer ofender Vossa Alteza.

– Pare com isso Milena. A princesa aqui é você.

– É tudo o que eu não quero ser. Mas vamos deixar de bobagem e vamos nos deitar.

Nesse momento, seus olhos se encontraram. O que Margie viu nos olhos azuis de Milena era uma confirmação do que ela mesma dissera, pois o que aquele olhar lhe transmitia era ternura, amizade e amor. Muito amor. Com o coração aquecido ao se sentir tão querida, Margie parou de balançar o corpo de Milena que, ao mesmo tempo, parou de rir.

De repente, a impressão é que o tempo havia congelado. Não existia Sétan e o problema que ele causava, assim como não se lembravam de Tornado, Chantal ou de qualquer um dos outros humanos. Era apenas Margie e Milena. O desejo de Margie era flutuar no céu que aquele olhar azul representava. Enquanto isso, Milena tinha a mesma reação e se via mergulhando no mar daqueles olhos verdes.

Palavras não foram pronunciadas. Elas não eram mais necessárias, pois a comunicação entre as duas era mais sensorial, Seus corações batiam no mesmo compasso e era como se uma ouvisse o da outra e sentisse que o próprio sangue circulava, não por força de seus batimentos, mas ao compasso da outra. Seus rostos foram se aproximando e de suas bocas entreabertas saia um ar quente que atingia em cheio o olfato da outra, subia até o cérebro e dali era enviado em forma de impulsos elétricos para todo o corpo. Ali não havia céu, mar, terra e ar. Os quatro elementos tinham se reunido em apenas um, que era o sentimento que as transformava em um ser único e indivisível e a força que as mantinham sobre a terra não provinha da gravidade. Era como se elas orbitassem uma à outra.

Seus lábios se colaram. Primeiro de uma forma suave como se a única coisa que quisessem demonstrar era ternura. Lentamente, sem que elas combinassem, começaram a explorar os lábios uma da outra com suas línguas macias e esse gesto perdurou por muito tempo, enquanto para elas parecia ser por toda a eternidade.

Não havia ali duas garotas. A simbiose entre elas era tão completa que elas agiam como se fossem uma única pessoa. Tanto é que, depois de sentirem com suas línguas cada detalhe dos lábios da outra, suas línguas se tocaram e nenhuma forçou para invadir a boca da outra. Ficaram apenas se tocando, experimentando a textura e sentindo o prazer que o contato transferia aos seus sentidos.

O tempo passava e suas bocas continuavam grudadas enquanto suas mãos não faziam qualquer movimento e apenas se abraçavam com tanta força que era como se quisessem que seus corpos imitassem o que acontecia com suas almas e se fundissem em m só. A sensação que sentiam era idêntica e se manifestavam da mesma forma, com seus corpos aquecidos ficando arrepiados e seus corações batiam no mesmo compasso. Também não havia o cheiro de uma ou de outra e o perfume que seus corpos exalavam se misturavam em um único.

– Eu amo você! – Disse Milena no único momento em que suas bocas se afastaram.

– Eu te amo mais! – Respondeu Margie como se isso importasse.

Suas bocas voltaram a se encontrar e dessa vez a língua elétrica de Margie foi mais rápida e invadiu a boca de Milena que a acolheu com um gemido excitante. Mas não durou muito tempo, pois logo a ruivinha cedeu passagem para que a loirinha tivesse a sua vez de sentir a mesma sensação que ela sentia.

A lua já ia alta quando Margie permitiu que seu corpo se inclinasse para trás e ela foi, pouco a pouco se deitando sobre a folhagem que lhes servia de cama, puxando o corpo de Milena para que ficasse sobre o seu. Deitadas, finalmente suas mãos decidiram gozar do direito que tinham em participar daquele momento de pura magia e começaram a se tocar. Não toques profanos, mas de carinhos. Era como se cada uma delas precisasse sentir as formas de seus rostos. Primeiro suas faces, depois as orelhas e depois passando para os narizes, terminando nos olhos que se fecharam para receber o toque eletrizante daquele contato.

Satisfeita a necessidade de enxergar com o tato a beleza de seus rostos, passaram ao pescoço e dali para os braços. Milena, que estava por cima, segurou com ternura a mão direita de Margie, levou até seus lábios e começou a dar beijinhos em cada um de seus dedos enquanto dizia:

– Essa mão é a verdadeira prova de que milagres existem. Tão pequena e ao mesmo tempo capaz de realizar grandes feitos. – Ao dizer isso, Milena não conseguiu controlar que a emoção que sentia fizesse sua voz soar trêmula e insegura.

Sendo mais direta que a parceira, Margie respondeu sem notar que sua voz também tremia:

– O grande feito que essas mãos querem neste momento é sentir seu corpo. Eu quero tocar cada centímetro de sua pele. Quero sentir a maciez e conhecer cada detalhe sublime que existe em cada centímetro dele e confirmar com meu toque que seu corpo é pura perfeição.

– O seu também é, querida. Mas isso não é nada se comparado com essa alma linda que você tem. Eu acho que você é a minha alma gêmea.

– Sou é? Desde quando? – Perguntou Margie em uma clara intenção de fazer com que Milena continuasse com os elogios que não só inflamavam seu ego, como também faziam com que seu corpo reagisse ficando todo arrepiado.

– Desde sempre, eu acho. As almas gêmeas são ligadas para sempre. Não se trata de um encontro ou um olhar para se descobrirem. Elas existem mesmo antes de se conhecerem.

A frase de Milena fez com que Margie ficasse pensativa e, quando ela falou, sua voz soou séria, deixando claro que desejava uma resposta séria por parte da loira:

– E por que então só agora? Por que você nunca me disse isso antes?

– Porque eu sempre fui uma idiota. Eu vivia na ilusão de que ter o amor de meu pai bastava e depois que consegui fazer amor com ele, descobri que não era mais importante. Então me voltei para o Henrique, mas isso para mim faz parte da magia dessa ilha, pois não fui apenas eu que me interessei por ele.

– Isso é verdade. Teve um tempo em que eu era fissurada nele.

– Então. Entre magias e conquistas, eu fui vivendo, só que, durante todo esse tempo, eu prestava atenção em você e assistia ao seu amadurecimento. Passei a prestar atenção em tudo o que você fazia. Cada gesto, cada travessura ou discussão que você arrumava chamava minha atenção e percebi que você estava apenas fazendo um jogo e se escondendo atrás de uma máscara para não revelar o que você realmente é.

– E o que eu sou?

– Não sei definir ao certo. Mas eu tenho a nítida impressão que você tem uma missão muito importante para cumprir ainda. Acho até que, no futuro, a sobrevivência dos humanos nessa ilha vai depender de você.

– Puxa vida! Olha só, eu sou importante e não sabia.

– Mas você é. Muito importante. Tão importante que não resisti quando soube que você tinha sumido. Eu sabia que era a única que tinha sido informada do que você pretende fazer e vi que não é fácil viver sem você. Então decidi que eu tinha que vir te ajudar. – Depois de uma pausa em que Milena ficou pensativa, perguntou para Margie: – Por que você escolheu a mim? Seria normal você informar à Na-Hi ou ao Henrique que agora vão ter que assumir a liderança de nosso grupo. Em vez disso, você me escolheu. Qual o motivo disso?

– O motivo é muito simples. Eu apenas queria que você soubesse que, em algum momento durante aquela batalha, eu ia sumir. Tinha que existir alguém que soubesse disso para o caso de eu não voltar. Alguém que pudesse dizer aos outros o que aconteceu comigo, mas também que eu sabia que ia se preocupar com meu destino e torcer por mim.

– Todo mundo está preocupado com você, Margie. E nem é preciso que todos estão torcendo por você. Mesmo eles não tendo conhecimento de suas intenções, torcem para que você tenha sucesso. Então, essa resposta não satisfaz a minha curiosidade. Por que eu?

– Porque, por mais que eu ame a todos eles por ser a única família que eu tenho, você é especial. Sempre foi.

– Se eu era especial para você, por que nunca me contou?

– Porque eu tinha medo de você zombar de mim. Eu sempre te achei muito patricinha e sabia que tinha que aproveitar ao máximo os momentos em que estávamos juntas.

– Você ainda acha que eu sou uma patricinha?

– Não mais. No momento eu só acho que você fala demais.

Milena ficou calada encarando Margie com uma interrogação em seus olhos azuis. Ela não entendera o significado das palavras da ruiva. Como não houve nenhuma resposta para a sua pergunta muda, ela sentiu a necessidade de verbalizar o que lhe ia à mente:

– Por que você acha que eu falo demais?

– Milena, pelo amor de Deus. Cale sua boca e me beije de novo.

Quando ouviu isso, Milena não resistiu e se rendeu ao desejo que sentia por Margie, Sem pensar duas vezes, ela começou a beijar a boca da ruiva enquanto sua mão fazia carinhos em seu belo corpo e sentiu um desejo enorme a consumindo quando ouviu os gemidos da garota e a resposta que ela dava a cada toque ou gesto seu.

A partir daí, não houve mais conversa. Palavras se tornaram desnecessárias e foram substituídas por gemidos de prazer. Cada centímetro de suas peles foi explorado com beijos e carinhos suaves e o desejo era apenas um sentimento secundário, pois naquela entrega o amor é que dominava cada um de seus gestos.

Depois de vários orgasmos, Margie se rendeu ao cansaço e dormiu como um bebê quanto Milena, extasiada e feliz, velava por seu sono.

Depois daquela noite, passaram a seguir os lobos. Na verdade, não era uma perseguição, pois na verdade elas estavam sendo conduzidas para algum lugar. Sempre que elas não sabiam qual a direção a seguir, ficavam paradas em um lugar até que ouvissem uivos do lobo negro e seguiam na direção que ele indicava. Outras vezes, ele apenas aparecia ao longe e aguardava até que elas se pusessem em movimento indo na direção que ele estava, antes que ele sumisse novamente.

Os dias foram se passando e as noites eram usadas para viverem aquele amor com a mesma intensidade da primeira. Dez dias já tinham se passado sem que elas se dessem conta disso. Só se preocupavam em seguir na direção indicada por Sétan e se amarem durante as noites, enquanto visitavam paisagens que elas jamais imaginavam que existiam naquela ilha. Elas andavam por lugares que nenhum dos humanos ali residentes tinha visitado. Mas nem tudo era um mar de rosas, pois se elas passavam por paisagens idílicas, outras vezes se defrontavam com verdadeiros desafios que se apresentavam em forma de pântanos onde o perigo espreitava a cada passo. Areias movediças, lagoas profundas, rios com corredeiras traiçoeiras e répteis de todas as espécies. Outras vezes eram montanhas íngremes que tinham que contornar por não permitirem que os cavalos subissem por elas e Milena se recusava terminantemente a abandoná-los.

No décimo segundo dia, logo depois do amanhecer, quando retomaram aquela jornada sem um destino determinado, não foram muito longe, pois depois de um pouco mais de uma hora de marcha, se viram diante de uma ravina. Era um vale coberto por um capim verdejante. Mas não foi a beleza do lugar que chamou a atenção das duas garotas e sim o que elas viram do outro lado desse vale.

Sobre uma colina, quando o capim dava lugar a uma manta fechada, uma alcateia formada por um número considerável de lobos estava parados, como se estivessem esperando por elas.

Margie olhou para os lobos e falou:

– Chegamos ao final de nossa jornada. É aqui que tudo vai ficar decidido.

Dizendo isso, Margie apeou de Raio e foi imitada por Milena que segurava um arco na mão e tinha ouro preso em seu ombro. Quando viu que a ruiva tinha deixado o arco junto com as coisas que ainda permaneciam sobre Raio e ordenou:

– Não se esqueça de seu arco, Margie.

– Não. Deixe aí. Eu não vou precisar dele.

Então as duas começaram a caminhar em direção aos lobos que, vendo os movimentos das garotas, fizeram o mesmo do outro lado. Andando naquele ritmo, o encontro se daria bem no centro do vale. Margie, quando conseguiu ver com nitidez os lobos que se aproximavam, falou:

– Exceto os lobos que se salvaram do ataque, todos os outros são jovens ou velhos demais. Isso é o que restou da alcateia de Sétan.

– No que me diz respeito, sobraram muitos. Não sei como vamos fazer para sairmos vivas dessa.

– Não se preocupe. Vai dar tudo certo.

Quando estavam a uma distância de trinta metros dos lobos, eles pararam. Margie olhou para trás e ficou assombrada ao ver que atrás dela, além de Milena e os dois cavalos, Chantal e Neve corriam para se emparelhar a ela. Voltou a olhar para frente e viu que apenas Sétan avançava, enquanto os demais lobos estavam todos sentados sobre suas pernas traseiras com os olhos fixos nela que começou a caminhar ao encontro do lobo negro.

Quando estavam a cerca de dez metros dela, Sétan parou, arreganhou os dentes mostrando seus caninos e fez um movimento com a cabeça na direção de Chantal, de Neve e por último de Milena. Então ela falou alto para ser ouvida por todos:

– Fique aí Chantal. Você também Neve.

As duas panteras rosnaram ferozmente o que fez com que Margie se virasse para elas, ignorando o fato que seu arqui-inimigo tinha ficado às suas costas e gritou para que parassem. Quando foi obedecida, não se deu por satisfeita e ordenou:

– Aí não. Vão para junto da Milena fiquem lá.

Com um gemido que mais parecia um miado, os felinos deram meia volta e foram se juntar à Milena. Satisfeita ao ver que sua ordem estava sendo cumprida, voltou a encarar o lobo que voltou a rosnar, dessa vez movendo a cabeça em direção à Milena. Dessa vez, sem se virar, Margie falou:

– Você também, Milena. Coloque os arcos no chão.

– Você está doida se pensa que vou…

– Apenas obedeça. Nenhum lobo vai te atacar. Isso eu garanto.

– Não seja boba, Margie. O que te faz pensar…

– OBEDEÇA MILENA. LARGUE ESSES DOIS ARCOS E FIQUE LADO DO TORNADO.

Milena ficou desorientada ao sentir a autoridade existente na voz de Margie recuou sem dizer nada.

Quando isso aconteceu, os lobos começaram a se movimentar até pararem a uma distância equivalente da que separava Margie das panteras, dos cavalos e da Milena e se sentaram sobre as pernas. Um círculo se fechou, tendo no centro apenas Margie e Sétan. Milena olhou desconfiada para o lobo mais próximo dela enquanto avaliava se, no caso de ser atacada, teria tempo de correr até Raio e pegar o arco que Margie deixara sobre ele, pois os outros dois estavam no chão, à meia distância entre ela e Margie. Sentiu seu coração gelar quando viu Chantal e Neve se moveram para o lado para fechar a lacuna que ainda existia no círculo. Ela se perguntava se a fidelidade das duas onças ainda pertencia à Margie.

Logo se convenceu que sua parceira estava certa. Aqueles lobos não iam atacar. Pelo menos não enquanto a luta não se encerrasse. Olhou então para o centro do círculo e notou que Margie e Sétan andavam em círculo, um de frente para o outro. A luta já tinha começado e os contendores se estudavam procurando por uma brecha na defesa do outro para atacar. Não havia pressa entre eles e essa situação perdurou muito tempo até que Margie tropeçou em uma moita do caminho e perdeu o equilíbrio. Imediatamente o lobo atacou.

O salto de Sétan foi bem calculado, porém, quando ele atingiu o chão, Margie não estava mais lá. Com uma agilidade muito acima do normal ela rolara para o lado e com um simples movimento de corpo se colocou em pé, brandiu a lança e atingiu a lateral do corpo do lobo que ganiu de dor enquanto o vermelho de seu sangue manchava seu pelo negro.

Entretanto, Sétan recuou e os movimentos circulares voltaram a acontecer. O ataque seguinte aconteceu logo a seguir quando Margie, em um movimento inesperado, saltou segurando a lança com as duas mãos e desferiu um golpe que seria fatal, entretanto, o aço da ponta de sua lança atingiu o chão e ficou momentaneamente presa e o tempo gasto para recuperar sua arma quase lhe foi fatal, pois o lobo atacou, dessa vez sem saltar, e prendeu sua perna direita com suas mandíbulas poderosas. A ruivinha foi a chão já segurando a lança, porém, a parte de metal estava virada para o lado oposto daquele em que o lobo fazia pressão sobre sua perna.

Sabendo que não havia tempo para corrigir esse erro, ela brandiu a lança acertando um golpe entre os olhos de seu atacante. Dois estalos foram ouvidos por toda a silenciosa plateia. O primeiro quando o osso da perna de Margie se rompeu. Sétan, com suas mandíbulas poderosas, tinha fraturado a tíbia da garota e a segunda se originou do golpe desfechado por Margie com sua lança que atingiu a cabeça do lobo, obrigando-o a abandonar sua presa e recuar.

Com o rosto lívido de dor, Margie se levantou e se apoiou na perna boa, enquanto a ferida, com o sangue escorrendo, permanecia dobrada e mal tocava o solo. Ela resolveu então ficar parada, mesmo sabendo que isso dava ao seu inimigo alguma vantagem. Por uma dessas coisas para a qual não encontramos explicação, ele não atacou, o que lhe deu tempo para pensar em uma nova estratégia.

Margie sabia que a luta não poderia se estender por muito tempo. Ela estava perdendo sangue e isso a enfraqueceria caso a luta continuasse por muito tempo e a dor seria um aliado do lobo. Sabendo que tinha que decidir a luta o mais breve possível, ergueu a perna ferida se apoiando apenas na perna boa, segurou firmemente a lança com as duas mãos e gritou:

– ATAQUE SÉTAN. VENHA AGORA QUE ESSA É A SUA ÚLTIMA OPORTUNIDADE.

Como se entendesse o que a garota queria dizer, o lobo atacou. Margie continuou imóvel enquanto o corpo negro voava sobre ela. Sétan calculara o salto um pouco para o lado direito, pois sabia que Margie teria que se deslocar para o mesmo lado, já que essa era a sua perna boa. A impressão é que o lobo executava um voo rasante, tirando a chance dela de se livrar dele caso se abaixasse. Caso estivesse errado, não faria diferença, pois com o impacto de seu peso, a garota cairia e ele estaria sobre ela, pronto para acabar com sua vida.

Milena, que mal conseguira respirar, sentiu que a luta estava perdida e gritou:

– Nããããoooooooooo.

Antes que o grito de Milena chegasse aos ouvidos de Margie, no exato momento em que ela ia ser atingida, ela surpreendeu a todos. Mesmo com a perna quebrada e contra todas as probabilidades, ela se deslocou para o lado contrário se apoiando sobre a perna ferida. Com sua agilidade, girou o corpo no momento exato e brandiu sua lança acertando o peito do lobo.

De onde estava, Milena não viu o golpe e achou que Margie tinha apenas se livrado do ataque, mas quando viu que o lobo caído na grama, ficou pregada no chão. O corpo de Sétan se agitava enquanto a vida se esvaia dele. Margie, mesmo com a dificuldade que tinha em andar, caminhou até ele, levantou a lança e desfechou o golpe de misericórdia. Ali terminava a vida do lobo que, durante mais de três anos, fez de tudo para exterminar a vida humana daquela ilha.

Um uivo cheio de agonia preencheu todo o vale e, como se aquilo fosse um comando, todos os lobos se colocaram de pé. Milena correu até o Raio, segurou o arco e, num piscar de olhos já estava pronta para disparar a primeira flecha, mas quando viu que os lobos que estavam mais próximos dela permaneciam imóveis, não disparou. Em vez disso, voltou seus olhos para Margie que, agachada, parecia estar trabalhando no corpo sem vida de Sétan. Correu até ela, mas quando viu o que ela fazia, ficou paralisada.

Com sua faca na mão, Margie cortava a região do peito de Sétan. Quando se deu por satisfeita, enfiou a mão pelo corte e, quando a retirou, segurava um coração sangrento. Diante de uma paralisada Milena, levou o órgão até sua boca e abocanhou um pedaço enorme.

Quando fez isso, todos os lobos ficaram em pé e começaram a uivar. Milena, achando que eles iam atacar, voltou armar seu arco e ficou pronta para disparar, só o não fazendo porque ouviu a ordem de Margie:

– Não faça isso, Milena. Eu já te disse que eles não vão atacar.

Ao ouvir o comando de Margie, Milena vacilou, mas obedeceu e nem mesmo quando viu uma loba cinzenta enorme se aproximando, disparou a flecha.

A loba se aproximou e encarou Milena. Ao mirar aqueles olhos límpidos a encarando, sentiu-se mais segura e desarmou o arco. Só então a loba olhou para Margie e as duas ficaram mais de um minuto se encarando, ambas totalmente imóveis como se no mundo só existissem as duas. Aquela troca de olhar perdurou por vários minutos até que a loba uivou. Como se seu uivo fosse uma ordem, imediatamente um filhote de lobo que era idêntico a ela saiu da mata e correu até ela. Quando chegou ao seu lado, ela caminhou em direção a Margie com o filhote ao seu lado, andou até Margie e depois a loba se afastou enquanto o filhote permaneceu arado diante dela.

Margie, apesar da dor que sentia em sua perna ferida, abaixou-se e fez carinho no filhote que aceitou o afago apenas movendo suas orelhas. Depois, ela falou para a loba mãe que tinha parado ao lado de outros lobos e olhava para ela:

– Você tem certeza? É isso mesmo que você quer?

A loba ganiu baixinho e depois recuou alguns passos antes de se virar e se afastar lentamente dali com toda a alcateia a acompanhando. O filhote apenas olhou para ela, mas não se moveu, ficando parado ao lado de Margie.

Milena, que assistiu a cena e não entendeu nada, falou angustiada:

– Ai meu Deus! O que é isso?

– Um refém, Milena. A loba ofereceu um refém como garantia de que não vamos mais ser atacados.

– Que coisa mais estranha. Nunca ouvi falar de algo assim.

– Isso porque você não fez o dever de casa quando estudava história. Isso foi uma prática muito usada na idade média. O derrotado oferecia um de seus filhos para viver ao lado do vencedor para garantir que não iria mais atacá-lo,

– Como eu disse. Nunca ouvi falar. Você sabe de algum exemplo?

– No momento só me lembro de um. – Ao ver que Milena aguardava por uma explicação, continuou: – O pai de Maomé II venceu uma guerra contra o pai do Vlad Drácula e ele foi levado para viver com o sultão na qualidade de refém. Ele e seu irmão mais novo.

– E quem é esse Maomé II? O que ele fez de importante para você citar ele e não ao pai dele?

– Ah! Só um sultão que conseguiu a façanha de conquistar Constantinopla.

– Aquele? E o que o vampiro tem a ver com isso?

– Que vampiro, Milena? Você está louca?

– O tal do Drácula. Não era esse o nome do vampiro?

– Sim. É verdade. Mas esse aí que você está falando é ficção e o outro faz parte da história. Ele era filho do rei de Valáquia, um país que ficava incrustado no território romeno. Também era conhecido como Vlad, o Empalador.

– E o que quer dizer isso. Porque esse apelido. É alguma homenagem?

– Muito pelo contrário. Ele recebeu esse apelido porque tinha a mania de empalar seus inimigos.

– E o que é empalar?

– É a forma mais cruel para matar alguém. Uma estaca de pau é enfiada no anus da vítima e seu corpo era atravessado até sair na altura do pescoço. O Vlad e seus seguidores conseguiram desenvolver uma técnica para não atingir nenhum órgão vital e assim garantir que as vítimas ficassem mais tempo agonizando antes de morrer.

– Credo Margie. Que coisa mais tétrica!

– Pois é. Não foi à toa que Bram Stoker escolheu esse nome para seu personagem vampiro. Muito tétrico mesmo.

– Tudo bem. Agora que a aula de história acabou, vamos embora. Temos doze dias de viagem pela frente e você com essa perna.

– Não são doze dias. Apenas seis. A gente deu muitas voltas até chegar aqui.

– Isso não muda nada. Vamos embora logo.

Com a ajuda de Milena, Margie foi colocada sobre o Raio. Quando Milena se preparava para montar Tornado, ouviu o choro do lobinho e perguntou:

– E o que nós vamos fazer com esse aí?

– Temos que levá-lo conosco. Se recusarmos a oferta e não o levarmos como refém, a alcateia não vai aceitar e ele pode até ser morto.

Milena pegou o lobo no chão e o entregou a Margie. Quando já estava montada e caminhando a passo lento fazendo o caminho inverso que usaram para chegar ali, Milena olhou para o lobo que permanecia tranquilo no colo de Margie e brincou:

– Quer dizer que você agora não é mais a garota pantera. Agora vai ser a garota lobo.

– Nem uma coisa nem outra. Esse lobinho vai crescer e ser apenas um lobo domesticado. Nada mais que isso. Ah! E quanto às panteras, eu acho que o relacionamento chegou ao fim. Espere e verá.

A viagem de volta foi tranquila. Na primeira parada que fizeram, Milena improvisou umas talas usando sua faca e colocou o osso da perna de Margie no lugar, o que lhe custou ouvir palavrões que já tinha se esquecido de que existiam. Depois imobilizou a perna dela usando as talas, deixando-a deitada sobre a relva e só voltou depois de meia hora, trazendo consigo algumas ervas com poderes de entorpecentes. Isso fez com que, durante toda a viagem de volta, Margie estivesse empenhada em duas viagens. Uma para voltar à Enseada e a outra por estar totalmente dopada.

Quando se aproximaram da Enseada, viu todos os seus amigos correndo ao encontro delas. Margie foi carregada por Nestor que a carregava como se fosse uma pena e foi tratada por Na-Hi que elogiou o trabalho de Milena.

Parece que ninguém percebeu que, ao contrário do que era de se esperar, o ferimento de Margie não estava se curando na mesma velocidade de antes. Parecia até que a mágica da Enseada já não funcionava mais para ela.

Entretanto, os humanos estavam animados demais para notarem isso. Eles foram informados por Milena sobre cada detalhe da jornada delas e concluiu com uma frase que deixou a todos ainda mais feliz:

– Agora a vitória está completa. Meu pai Ernesto, o filhote da Chantal, o Furacão e a Tempestade, todos mortos por Sétan ou por seu bando, foram vingados. E o melhor de tudo isso é que os lobos jamais voltarão a nos atacar.


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