Descansei bastante aquela tarde, mas não dormi como planejei. Até tentei e dei pequenos cochilos, mas dormir mesmo, eu não dormi. No final da tarde, eu resolvi dar uma volta aos arredores da pousada. Eu sabia que tinha muitos lugares bonitos para eu ir, mas meus planos era descansar um pouco meu corpo e minha mente na primeira semana. Eu iria ficar mais por perto da pousada e ali ao redor pelo que vi na chegada, tinha lugares bonitos também.
Peguei um dos pedaços de doce de leite e sai do quarto. Quando passei pela saída da pousada, eu vi Simone sentada em umas das mesas do pequeno restaurante da entrada. Ela me viu e acenou para mim. Quando me aproximei, ela perguntou se eu tinha gostado dos doces, eu disse que eram realmente uma delícia e a agradeci. Ela disse que foi Naomi que insistiu em levar para mim, já que eu não esperei pela sobremesa. Eu disse que depois eu agradeceria a ela e eu realmente tinha gostado muito. Simone perguntou se eu iria sair. Eu disse que só iria dar uma volta ao redor da pousada mesmo e logo voltava. Ela disse que tinha uma trilha até a beirada da represa e um deck logo ao lado. Que o deck era do rancho vizinho, mas podia usar sem problemas. Eu agradeci pela informação e me despedi dela.
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Eu já tinha planejado ir até a beirada da represa e saber que tinha um deck próximo, me animou mais ainda. Segui em direção a represa e de longe eu vi a trilha, na verdade, era mais um caminho mesmo. Segui por ele e assim que alcancei a beirada da represa, eu vi o deck que Simone falou. Ele me pareceu muito seguro e se estendia a uns 15 metros para dentro das águas da represa. Segui por ele até a ponta. Apesar de já ser quase dezessete horas, o sol ainda estava quente. Tirei meus chinelos, me sentei na beirada do deck e coloquei meus pés dentro d'água. Era uma sensação muito boa. Peguei meu celular e coloquei para tocar algumas músicas bem baixinho.
Eu estava já a algum tempo ali, estava calor, mas era suportável e o sol já se encaminhava para se esconder atrás das serras. Eu tinha uma vista bem bonita de onde eu estava. Como era bom respirar aquele ar puro e curtir aquela paisagem que estava à minha frente.
Fui tirada dos meus pensamentos, quando notei que o deck tremeu debaixo do meu bumbum. Olhei pro lado e vi Naomi se aproximando com um sorriso bem tímido. Ela era realmente muito bonita. Ela trazia um frasco nas mãos e eu não fazia ideia do que podia ser. Quando ela se aproximou, estendeu a mão com o frasco e disse que veio me trazer um repelente. Porque logo os mosquitos iriam me incomodar. Eu já tinha passado um antes de sair. Era minha primeira vez ali naquele local, mas não era minha primeira vez em lugares daquele tipo e eu nunca saia de férias sem um bom repelente. Eu peguei e a agradeci. Até borrifei um pouco nos braços e nas minhas pernas para não fazer desfeita com ela. Depois devolvi o frasco a ela. Vi que ela não sabia o que fazer, ela parecia não querer ir embora, mas provavelmente estava com vergonha de ficar sem ter um motivo.
Achei melhor ajudá-la. Eu falei para ela sentar um pouco comigo para a gente conversar, se ela não tivesse nada para fazer. Ela disse que não tinha, mas não queria atrapalhar. Eu disse que ela não atrapalha e insisti para ela me fazer companhia e ela resolveu se sentar ao meu lado. Ela tirou suas rasteirinhas e colocou os pés dentro da água. Eu perguntei a ela sua idade e ela disse que tinha acabado de completar 19 anos no início do ano. Dei os parabéns atrasados para ela e vi que ela ficou toda vermelhinha de vergonha. Eu achava fofo a timidez dela, porém fiquei curiosa.
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Greta: Porque você fica toda tímida perto de mim? Notei que com os rapazes na mesa na hora do almoço, você não ficava assim.
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Naomi: Eu não sei direito. Eu sou mesmo tímida, mas quando chego perto de você, parece que minha timidez aumenta. Os rapazes já estão aqui há uma semana e já me acostumei com eles. Mas você chegou a pouco. Acho que é isso.
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Greta: Entendi. Então temos que nos conhecer melhor, para essa sua timidez passar um pouco. Me fala um pouco de você.
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Naomi: Bom, não tem muito o que dizer. Eu sou nascida e criada aqui. Meus pais se divorciaram a uns quatro anos. Meu pai foi morar em Passos e eu fiquei aqui com minha mãe. Ela vendeu nossa casa na cidade e comprou essa pousada a três anos atrás. Terminei o colegial ano passado e queria poder fazer faculdade, mas minha mãe não tem condições de pagar meus estudos por enquanto. Ela reformou a pousada ano passado e só agora vai começar a lucrar novamente. Vou ajudá-la esse ano e talvez ano que vem eu consiga ir para uma faculdade.
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Greta: E seu pai não te ajuda? Ele não tem condições de pagar para você estudar? É uma obrigação dele.
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Naomi: Meu pai além de não ter muitas condições, não gosta de mim. Também não quero nada vindo dele e nem minha mãe quer.
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Greta: Deixa eu adivinhar. Seu pai não aceita sua sexualidade?
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Naomi: É sim. Ele não aceitou e foi um dos motivos do divórcio dos dois. Ele não queria eu dentro de casa e minha mãe falou que se ele não quisesse era só ele sair. Ele saiu e os dois se divorciaram logo depois. Eu me culpei muito na época, mas minha mãe tirou isso logo da minha cabeça. Ela disse que o casamento deles já tinha acabado há algum tempo. Meu pai bebia muito e ficava meio agressivo com minha mãe. Ela só aproveitou a oportunidade para por ele para fora de casa. Mas como você sabe sobre minha sexualidade? Dei bandeira na porta do seu quarto, não é?
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Greta: Sim, eu entendi a frase que você não terminou. Mas se não fosse isso e sua timidez exagerada perto de mim, acho que eu iria demorar um pouco para perceber.
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Naomi: É que você é muito bonita, eu fico sem saber como agir na sua frente. Mas te juro que não sou boba assim.
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Greta: Obrigada pelo elogio. Você também é uma garota muito bonita, Naomi. Não te acho boba, na verdade eu acho muito fofo esse seu jeito tímido.
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Naomi: Obrigada!
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Greta: Mas é sua mãe? Ela aceitou de boa? Foi você que contou ou eles descobriram?
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Naomi: Minha mãe foi perfeita comigo, não me julgou e nunca me tratou diferente, graças a Deus! Eles descobriram, na verdade a cidade toda descobriu. Alguém filmou um beijo meu com minha ex namorada e espalhou o vídeo. A cidade é muito pequena, logo todo mundo viu o vídeo ou ficou sabendo. Logo caiu no ouvido dos meus pais e dos pais da minha ex. Ela era assumida e não deu problema algum. Mas meu pai ficou com muita raiva e me xingou muito. Ele só não me bateu e colocou para fora de casa por causa da minha mãe. Depois do divórcio ele foi até embora da cidade por "vergonha" de mim.
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Greta: Poxa que barra em. Mas que bom que sua mãe te aceitou de boa e te protegeu. Mas e o namoro não deu certo?
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Naomi: Acho que ela nunca gostou realmente de mim e nem eu dela. Ficamos juntas dois anos, mas foi mais por conveniência eu acho. Não que fosse ruim, mas não tinha amor de verdade. Ela foi morar em outra cidade para estudar e terminamos, mas ainda nos falamos às vezes. Ela é uma boa amiga agora.
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Greta: Entendi. Você nunca mais namorou?
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Naomi: Não. Até fiquei com outras duas meninas, mas não rendeu nada além de algumas noites juntas. Elas não são assumidas e não quero namorar alguém assim. Aqui na cidade a maioria das meninas se afastaram de mim. As que não se afastaram, se mantêm a uma distância segura para não levar nome de sapatão. Tenho mais amigos homens, mas mesmo assim são poucos. Na verdade, a única pessoa que realmente é minha amiga aqui e não tem vergonha de mim é minha mãe. Acho que porque ela passou por algo parecido.
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Greta: Como assim? Sua mãe é BI?
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Naomi: Não. Ela é hétero. Mas ela tem fama de maconheira e muita gente se afastou dela. Fora os que olham torto para ela na rua.
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Greta: Acho que entendi. Me conta essa história.
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Naomi: Minha mãe sofre de enxaqueca. Ela sente uma dor muito forte quando ataca. Já vi ela chorar de dor algumas vezes. Ela foi em vários médicos, tentou vários tipos de tratamento e remédios, mas nada resolveu. Até que ela leu uma matéria sobre o tratamento de doenças usando o canabidiol. Ela resolveu tentar e deu certo. Ela sempre fuma maconha quando a dor começa e logo para. Só que para isso ela ia na casa de traficantes comprar maconha. Não demorou muito para alguém ver e a notícia se espalhar. Mesmo ela explicando para várias pessoas o motivo, a fama pegou. Hoje o meu tio trás para ela, ele é policial. Quando ele pega pequenas quantidades com alguém, ele apreende a maconha e solta a pessoa. Tem outros policiais amigos dele que fazem o mesmo para ajudar minha mãe. Mas ela só fuma umas duas ou três vezes ao mês.
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Greta: Ela tinha fumado no dia que cheguei. Eu senti o cheiro e depois ela mesmo me contou que fumou e o motivo de ter fumado. Mas não me deu tantos detalhes assim não.
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Naomi: Ela me disse. Ela disse que notou que você era policial e ficou com medo de arrumar problema com você por isso.
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Greta: Eu sou mesmo policial, mas estou de férias. A última coisa que quero é arrumar problemas com sua mãe por causa de um baseado. kkkk
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Nem vi a hora passar ali conversando com ela e no fim aquela timidez dela parecia ter diminuído muito. Ela já falava bastante e sorria fácil. O problema era justamente aquele sorriso. Acho que eu já tinha me encantado com aquele sorriso dela e seu jeito humilde de ser.
Antes de ir contei um pouco da minha vida para ela também. Que eu era assumida desde a adolescência, que meus pais me aceitaram de boa e minha mãe disse que já até desconfiava. Que entrei para polícia porque era algo que sempre quis fazer. Que eu morava sozinha e tinha me formado em direito. Que eu tive três relacionamentos sérios, mas nenhum deles foi longo o suficiente para eu ter ficado muito mal com o fim. Contei o básico para ela, que prestou atenção a cada detalhe. Quando notei já estava escurecendo e chamei ela para a gente voltar para a pousada. Nós levantamos, eu peguei meu celular e saímos. Ela passou o braço dela no meu e sorriu. Eu sorri de volta e retornamos à pousada como um casal de namoradas.
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Ela tinha um cheiro bom e sentir a pele dela na minha foi uma sensação muito gostosa. Eu sabia o que estava acontecendo ali. Mas eu iria embora logo e provavelmente não a veria mais. Eu não iria tentar nada com ela, mas não iria impedir se ela tentasse. Ela já tinha idade o suficiente para tomar suas decisões e não era nenhuma garota inexperiente. Eu não iria cometer nenhum crime se ficasse com ela e também eu não iria iludir ela. Então se ela estivesse a fim de uma aventura, ela iria achar. Até porque, ela era muito linda.
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Assim que chegamos na pousada a Simone nos olhou e abriu um sorriso. Naomi soltou meu braço rápido, acho que ela ficou com vergonha. Eu cumprimentei Simone e fui para meu quarto. Fui tomar um banho e esperar o jantar ficar pronto. Eu mal podia esperar para comer aquela comida deliciosa de novo.
Depois do banho, eu fiquei deitada na minha cama e fui mexer um pouco no meu celular. Mas não deu muito certo. O sinal da minha operadora estava péssimo e a internet nem conectava direto. Fui procurar um sinal de Wi-Fi para ver se na pousada tinha. Apareceu dois sinais, um com o nome da pousada e um só escrito, "casa". O da pousada estava aberto. Conectei e comecei a usar. Ele era meio lento mas já servia para dar uma olhada no meu face. Caiu algumas mensagens no meu whats. Eram da minha mãe e a outra da minha amiga de trabalho Diana. As duas queriam saber notícias minhas. As respondi e ouvi alguém bater na porta.
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Quando abri a porta, vi que era Naomi. Provavelmente tinha ido me chamar para jantar. Quando ela me olhou ela meio que paralisou olhando nos meus olhos. Eu sorri e ela voltou ao planeta terra.
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Naomi: Desculpe, é que você é muito bonita. O jantar está pronto.
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Greta: Você também está muito linda, Naomi.
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Ela me agradeceu e eu disse que eu já iria jantar. Ela disse que tudo bem, mas não saiu. Eu perguntei se ela queria entrar e ela disse que queria, mas estava com medo de fazer algo que não devia se entrasse no meu quarto. Eu sorri e disse que não tinha problema algum e dei caminho a ela. Ela entrou e eu fechei a porta. Quando me virei, ela estava parada na minha frente.
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Naomi: Me desculpe, mas eu preciso muito fazer isso.
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Ela veio para cima de mim e me beijou. Seu beijo era gostoso, mas ela parecia muito nervosa e apressada. Eu inverti as posições dos nossos corpos e fui empurrando ela até ela encostar na porta. Segurei seus braços e os prendi com minhas mãos acima da sua cabeça. Olhei bem fundo dos olhos dela e a beijei com mais calma. Se ela queria aquilo, eu iria dar, até porque eu também queria e muito!
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Continua..
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper