Aquele cheiro de pólvora no ar. Aquele som que ainda zunia no meu ouvido. Aquele grito agonizante de desespero. Aquela cena de medo, morte e desespero não era algo que eu queria estar vivendo novamente. Mas de novo eu estava ali com arma na mão e a frente um corpo sem vida caído no chão. Não era a primeira vez que eu tirava a vida de alguém, mas dessa vez era diferente. Eu estava emocionalmente envolvida e o desespero tomou conta de mim quando a adrenalina baixou. Eu vi o corpo dela caindo lentamente e corri em sua direção. Quando peguei no seu corpo eu vi as gotas de sangue que escorriam no seu lindo cabelo loiro e na pele branca do seu rosto. Tinha sangue espalhado por sua roupa, mas mesmo assim eu a peguei nos meus braços.
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? : Me perdoe meu amor.
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Foi as únicas palavras que consegui dizer antes de sair carregando seu corpo daquele local onde efetuei meus último disparos e tirei pela última vez a vida de alguém.
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{{{{{ A SETE ANOS ATRÁS.. }}}}}
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Eu mal podia acreditar que minhas sonhadas férias tinham chegado. Mais uma vez eu estava viajando sozinha para um lugar tranquilo e com belas paisagens. Seria perfeito para relaxar um pouco e esfriar a cabeça. Dessa vez o lugar escolhido foi um pousada na cidade de Capitólio, no interior de Minas. Belas cachoeiras e lagos naturais com águas cristalinas. Sem falar nos famosos passeios de lancha pela represa de Furnas. Era tudo que eu precisava para recarregar as energias depois de um longo ano de trabalho.
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Meu nome é Greta, tenho 26 anos, morena, 1.73alt, corpo malhado. Meu cabelo é preto, liso e curto. Atualmente, mal cobrem as minhas orelhas. Tenho olhos pretos e modéstia parte, sou uma mulher bem bonita. Sou policial militar há seis anos e atualmente sou terceiro sargento. Trabalho na cidade onde nasci e fui criada, Divinópolis. Graças a minha nova patente, meu salário melhorou. Até que enfim consegui quitar as prestações da minha casa e tirar um carro zero. São mais 24 prestações para eu pagar, mas valeu a pena. Viajar no próprio carro é muito bom.
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Cheguei ao meu destino às dez da manhã de um sábado. O sol estava brilhando forte no céu e apesar do vento que soprava forte, o calor ainda castigava. O verão estava a todo vapor, altas temperaturas e chuvas fortes ao fim do dia era algo comum no mês de janeiro. Eu peguei minha mochila menor e fui em direção a porta de entrada da pousada. Antes de entrar, eu parei para admirar a imensidão das águas azuis da represa que ficava a poucos metros de distância. Era lindo o lugar, a pousada era pequena, mas parecia ser tão bonita como nas fotos. Escolhi a dedo o lugar, belas paisagens em um lugar calmo, onde a natureza dava um espetáculo e a tranquilidade reinava.
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Meu ano foi complicado, as provas para eu subir de patente foram difíceis, não muito mais foram. Mudança de setor, novos colegas de trabalho e ainda por cima, pela primeira vez eu tive que efetuar um disparo durante o trabalho. O bandido não morreu, mas assim mesmo não foi algo agradável de fazer. Nunca foi meu objetivo ter que atirar em alguém, mas entrei para polícia militar por querer ajudar as pessoas e poder fazer minha parte para tornar nossas vidas mais seguras. Mas para isso as vezes é preciso tomar decisões que podem levar a tirar a vida de outras pessoas. Graças a Deus sempre tive um psicológico forte e isso não me afetou muito. Mas assim mesmo a cena do corpo do meliante todo sangrando me afetou um pouco. Acho que eu nunca precisei tanto de umas férias como agora e eu iria tentar aproveitar o máximo.
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Assim que entrei na pousada, eu fui recebida por uma mulher de uns 40 anos, loira e de um sorriso fácil. Assim que bati o olho nela eu percebi que seus olhos estavam meio moles. Quando ela abriu a boca para dar bom dia e se apresentar, eu já senti o cheiro de maconha que vinha dela. Não esperava por isso, mas também não era nenhuma surpresa, já que isso tem em todo lugar.
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O nome da mulher era Simone e ela foi muito educada comigo. Simone conferiu minha reserva em um pequeno notebook e me levou até meu quarto. O lugar era pequeno porém muito bonito e organizado. Eu gostei muito do que eu vi, tios parecia como nas fotos que vi. Infelizmente não tinha ar condicionado no quarto, porém tinha duas janelas grandes e as duas com uma tela verde pregada na frente. Eu poderia dormir com elas abertas sem me preocupar com os insetos. E mesmo com as telas a frente, dava para ver bem a represa e algumas árvores que tinha entre a pousada e a represa. Gostei da vista. O banheiro não era grande, mas era de um tamanho satisfatório.
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Simone se ofereceu para me ajudar com a bagagem. Eu disse que não precisava, eu só tinha uma mala grande e outra mochila. Quando eu joguei a que eu estava no chão ela deu uma olhada e perguntou se eu era da polícia. Eu disse que era policial militar e perguntei como ela sabia. Ela disse que o pai foi policial a vida toda e o irmão também era. Ela me contou que se acostumou com policiais e os reconhecia fácil. Quando ela foi sair, ela me desejou boa estadia e disse que se precisasse de qualquer coisa era só chamar. Depois sorriu e disse que só usava maconha para aliviar suas dores de cabeça. Eu disse a ela que eu era policial, mas estava de férias. E mesmo se não estivesse, ela não cometeu nenhum crime grave. Ela sorriu e me agradeceu.
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Busquei o restante das minhas bagagens no carro e arrumei minhas roupas em um guarda roupa no meu quarto. Nele notei que tinha algumas roupas de cama e também toalhas limpas. Resolvi tomar um banho antes de ir almoçar. O banho foi muito bom, a água estava uma delícia. Com aquele calor e depois de quase cinco horas de viagem, era exatamente o que eu precisava. Escolhi uma roupa bem leve, camiseta, bermuda e chinelo. Desci para almoçar e vi que fora eu, tinha mais uns 15 hóspedes no mínimo ali. Isso se estivessem todos no local. Vi que tinha mais três funcionárias ajudando Simone. Uma dessas funcionárias me chamou a atenção.
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Era uma garota bem bonita, pele clara, cabelos loiros compridos e um sorriso lindo. Mesmo a distância eu notei que ela tinha olhos claros, eu não tinha certeza mas pareciam ser azuis. Pela aparência eu imaginei que ela era filha da Simone e logo confirmei isso quando a Simone a chamou de filha. Ela usava um vestido de alças e uma rasteirinha. Ela me pareceu ser uma garota bem simples. Não tinha como ver perfeitamente como era seu corpo, mas deu para ver que ela tinha seios médios, era magra, mas não muito e quando ela se movia o bumbum redondinho chamava a atenção. Simone falou algo com ela, ela deu um daqueles sorrisos lindos e foi falar com a mãe. Depois ela saiu em direção a um cômodo que parecia ser a cozinha e sumiu. Eu olhei o ambiente e segui em direção a uma mesa que era a mais distante das pessoas que estavam ali.
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Fiquei olhando o movimento das pessoas. Notei que tinha dois grupos de amigos e também dois casais. Notei que um rapaz começou olhar para o meu lado. Naquela direção eu não olharia mais, não estava afim de fazer amizades e muito menos ter algum chato me paquerando.
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Não demorou muito e vi as panelas serem colocadas em uma mesa maior que ficava ao centro. Logo após foi colocado algumas travessas e alguns talheres. Eu não sei se era por eu estar com muita fome, mas a comida estava com um cheiro ótimo. Simone e suas ajudantes terminaram de trazer os últimos itens e avisou que o almoço estava na mesa, era só a gente se servir. Eu estava realmente com muita fome, mas esperei todos se servirem e só depois fui fazer o mesmo. A comida além de cheirosa, estava com uma aparência ótima. Fiz um prato caprichado e paguei um copo para me servir um pouco de suco. Só aí percebi que as duas jarras estavam vazias. Deixei o copo na mesa e quando fui sair, mas Simone se aproximou de mim e disse que já tinha pedido para buscar mais suco. Eu disse que não tinha problema algum e fui para minha mesa.
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A comida estava realmente ótima, eu amo comida caseira e aquela com certeza era feita em fogão de lenha. O tempero era muito bom, provavelmente meio forte para quem gosta de comidas mais suaves, mas para mim, estava tudo perfeito. Eu estava distraída cortando um belo pedaço de carne quando senti alguém se aproximar. Quando levantei os olhos vi a filha da Simone com uma jarra de suco e um copo. Quando olhei nos seus olhos ela sorriu timidamente e vi que seu rosto ficou corado. A garota era muito tímida ou estava com vergonha de mim por algum motivo. Ela se aproximou e perguntou se eu ainda queria suco. Eu disse que sim e dei um sorriso. Ela parecia estar com dificuldade de manter contato visual comigo. Ela colocou o copo perto do meu prato e me serviu o suco. Eu notei que suas mãos tremiam um pouco. Quando ela terminou eu perguntei a ela qual era o nome dela. Ela disse que era Naomi. Eu a agradeci pelo suco e ela se foi. Ela era realmente uma garota linda, devia estar na faixa de 18 a 20 anos, mais ou menos.
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Eu terminei meu prato de comida e não foi o suficiente. Voltei as panelas, servi mais um pouco e voltei para minha mesa. Notei que os rapazes que estavam em uma das mesas, sempre pedia algo a Naomi e ela os atendia com um sorriso no rosto. Sempre que ela levava algo na mesa, eles puxavam papo com ela e ela parecia interagir com eles de boa. Mas logo ela se afastava e retornava para perto de sua mãe. Em uma das vezes vi que o rapaz que tinha me olhado falou algo para ela e ela me olhou. Logo após vi ela fazendo sinal de negativo com a cabeça, enquanto falava algo com o rapaz. Terminei meu segundo prato de comida, tomei o último gole de suco e me levantei. Fui até Simone e a agradeci pelo delicioso almoço. Eu disse que ia descansar um pouco, mas depois voltaria para conhecer o lugar. Simone perguntou se eu não iria esperar a sobremesa. Eu disse que não, que eu realmente queria descansar. Me despedi dela e fui para meu quarto.
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Já no meu quarto eu escovei meus dentes e fui para minha cama. Assim que fui me deitar, ouvi alguém chamando na porta. Quando abri, era Naomi com um pequeno prato, com algo dentro e coberto por um pano de prato. Ela disse que sua mãe tinha pedido para entregar alguns pedaços de doce de leite. Que se eu não quisesse comer naquele momento, eu poderia guardar o prato e devolver depois. Eu a agradeci e disse que eu iria guardar o prato sim. Porque eu iria tentar dormir um pouco, mas com certeza eu iria comer depois. Mas antes de me entregar o prato, ela me perguntou algo que eu não esperava.
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Naomi: Desculpe, mas por acaso você é solteira?
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Greta: A resposta depende muito de quem está perguntando.
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Naomi: Meu amigo se interessou por você, desculpe se estou sendo intrometida.
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Greta: Tudo bem. Olha, eu sou solteira sim, mas seu amigo está perdendo tempo. Eu não tenho nenhum tipo de interesse nele e nem em homem algum.
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Naomi: Você é lésbica?
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Greta: Sou sim, algum problema nisso?
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Naomi: Não!!! Eu gostei de sab.. Olha eu tenho que ir. Desculpe qualquer coisa.
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Ela se virou e saiu dali quase correndo. Eu fiquei na porta do quarto esperando ela perceber o erro e voltar. Quando ela estava no fim do corredor ela parou, depois deu meia volta e voltou em minha direção. Ela estava muito envergonhada. A pele clara do seu rosto estava vermelhinha. Ela me entregou o prato de doces, se desculpou e saiu. Eu a agradeci e fiquei ali com um sorriso no rosto esperando ela se distanciar.
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Voltei para dentro e fiquei pensando no que tinha acabado de acontecer. Pela reação que ele teve, com certeza era lésbica ou BI. Ela não terminou a frase durante nosso diálogo, mas eu entendi bem o que ela ia dizer. O problema é que ela era realmente muito gata. Porém era novinha e eu não queria problemas para minha cabeça e nem com a mãe dela. Era melhor parar de pensar besteira. Ou pelo menos tentar, ela realmente tinha chamado minha atenção.
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Continua..
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Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper