08 - O PESADELO DE HENRIQUE

Um conto erótico de Nassau
Categoria: Heterossexual
Contém 5434 palavras
Data: 13/11/2024 19:10:48

CAPÍTULO 08

Depois das tórridas cenas de sexo que assistiu, mesmo sem ter assistido nenhuma delas até o final, Henrique achou que isso seria uma constante no navio. Em sua mente a certeza de que teria chances de foder aquelas duas putas sem nenhum problema, mas sabia que, se lhe fosse dada a chance de escolher ele não pensaria duas vezes em optar por Pâmela.

Aquela mulher madura, mas com um corpo exuberante e bem cuidado tinha uma expressão de safada que, só de se lembrar, ele ficava de pau duro. Não que Milena ficasse devendo alguma coisa a ela no que se refere à beleza e safadeza. A loirinha ganhava dela em vários quesitos, como a beleza do rosto, um bumbum um pouco maior e empinado enquanto os seios eram parecidos. Ambos eram de tamanho médio e cheios.

Talvez essa preferência do jovem marinheiro se devia ao fato de que Pam percebeu que ele estava olhando e, em vez de o denunciar, apenas adotou a tática de provocá-lo fazendo caras e bocas e, quando gozou, ele ficou com a impressão de que ela estava gozando para ele. O que ele não sabia é que, embora estivesse certo no que se refere às provocações que a Pâmela fez foram dirigidas a ele, aquela mulher não gozava para ninguém, apenas para ela mesma. Era como se ela quisesse sugar de seus parceiros todo o prazer que podia tirar deles e eles que se virassem para sentirem prazer com ela. Isso seria quase verdade se não fosse por um pequeno detalhe. A forma como Pâmela fodia, o jeito como agia para deixar seus parceiros com tesão, era impossível um homem, por mais frio que fosse, não sentir prazer fodendo aquela máquina de fazer sexo.

Henrique ficou ciente de que escolheria sim a Pâmela se tivesse a oportunidade ou fosse preciso fazer uma opção entre ela e sua enteada, no entanto, ele não dispensaria foder nenhuma das duas, pois a Milena, se ainda não era uma máquina de sexo, demonstrou ser muito safada e certamente, com o correr do tempo, estaria no mesmo patamar que a esposa de seu pai, ou talvez até melhor.

Tudo isso ficava martelando na cabeça de Henrique e quem arcava com as consequências era Cahya que, durante a noite, a cada lembrança das cenas presenciadas por ele seu pau se manifestava e partia para cima dela, fodendo sua buceta como se não houvesse amanhã. E seu tesão permaneceu durante o dia e ele teve a oportunidade de arrastá-la para um lugar fora da visão das demais pessoas que estavam naquele iate e a fodeu com gosto. Isso fez com que, por mais de uma vez, transasse em locais e situações onde ser surpreendido em pleno ato sexual era uma possibilidade bastante real.

E foi essa situação que abriu os olhos do afoito rapaz para uma realidade que ele jamais imaginaria que fosse possível sequer imaginar. O Henrique fodeu Cahya mais de uma vez durante o dia e durante a noite quando ficaram fechados na cabine que ocupavam, não lhe de sossego. Mas ele notou que, das vezes que havia o risco de serem surpreendidos houve uma diferença no comportamento dela que ficou muito mais ativa, exigindo mais, inclusive, pedindo para ser fodida no cuzinho, coisa que depois da primeira tentativa mal sucedida no hotel, nunca mais foi mais tentada porque no dia seguinte o casal passou a ter problemas com os homens que procuravam por eles para assassinar aos dois. Lógico que ele não se arriscou a fazer isso fora da cabine deles, mas naquela noite ele teve a chance de finalmente tirar a virgindade daquele cu apertado e quente como um forno.

Quanto à diferença de desempenho dela entre transar na cabine ou em locais arriscados, ele resolveu falar com ela sobre isso. Estava muito curioso com aquela diferença. Então ele aproveitou enquanto descansavam depois de fazer anal com ela, perguntou:

– Cahya, tem alguma coisa em você que está me deixando curioso?

– O que ser curioso?

– Curioso é quando você está querendo saber de alguma coisa.

– Ah. Entendi. O que você curioso então?

– Eu notei que você parece que ficou mais tesuda, quero dizer, com mais tesão quando a gente transou fora de nossa cabine.

Cahya, surpreendida pela pergunta, olhou fixamente nos olhos dele e sentiu sua pele queimar, pois mesmo já tendo muita intimidade com ele, aquilo era algo sobre o qual nunca conversaram. Mesmo assim, ela resolveu falar a verdade e, com muita timidez, comentou:

– Não saber direito. Saber só que ficar louca quando você pegar Cahya sem esperar.

– Louca como?

– Louca. Não saber por que ficar assim.

– Não enrola Cahya. Tem que ter algum motivo para você ficar assim.

– O que ser enrola. – Perguntou Cahya mais calma, o que para Henrique soou como se ela tivesse visto nessa pergunta uma forma de mudar de assunto.

– Enrolar é um jeito de falar que a pessoa está mentindo, enganando, mudando de assunto.

– Você ser terrível. Parece que olho dentro de mim. – Disse ela com um sorriso ainda mais tímido.

– Não é olho, é olha. Agora, fale a verdade.

Fazendo voz de deboche, como se estivesse imitando o jeito de falar do Henrique, ela reclamou:

– Não ser olho, ser olha. Então não ser amo, ser ama. Idioma seu muito esquisito.

– Para de tentar fugir do assunto, responda logo a pergunta que eu fiz. – Henrique, ao falar isso, subiu em meia oitava a voz, demonstrando que estava ficando realmente irritado.

– O que ser fugir do assunto?

– PORRA CAHYA. FALA LOGO CACETE.

A alteração de Henrique assustou a garota. Não que ela tivesse medo dele, mas ficou sim receosa que alguém o ouvisse gritar e com isso passasse a ideia de que estavam brigando. Então ela se sentou sobre o colchão onde estavam, cobriu a boca dele com a sua mão enquanto falava:

– Não gritar. Cahya falar.

Henrique apenas se sentou decidindo que era melhor não corrigir o jeito dela falar. Ela já estava demonstrando irritação com suas constantes críticas. Ele apenas se sentou sobre o colchão ficando na mesma posição que ela, mas à sua frente.

Cahya apenas olhava para ele ainda demonstrando estar receosa em confessar os motivos que faziam com que ela ficasse tão acesa nas transas arriscadas, mas logo ele, tentando tranquilizá-la, prometeu que ela podia falar que, seja lá o que fosse, não ficaria zangado com ela.

– No começo eu ficar medo fazer sexo assim. Depois gostar.

– Não entendi. Fica com medo e do nada começa a gostar! Foi só isso mesmo?

O rubor na face de Cahya e o fato dela baixar a cabeça era uma confissão de que existia algo a mais. Henrique insistiu até que ela confessou:

– Você de costa e não ver. Homem olhar a gente. Homem tirar pau pra fora e ficar. Não sei como você falar isso.

– Ficou batendo punheta. É isso?

Cahya, cada vez mais vermelha, assentiu com um movimento de cabeça e Henrique, sem esconder que estava admirado por isso ter acontecido, voltou a falar:

– Isso é uma brincadeira sua! Só pode!

– Não ser brincadeira. Eu jurar.

– E por que você não falou nada?

– Ficar com medo de você brigar.

– E quem foi essa pessoa?

– Não saber. Não ver direito. – Ao responder, a voz de Cahya tremeu fazendo com que Henrique ficasse desconfiado.

– Assim não Cahya. Eu já prometi que não vou brigar com você. Então conte tudo.

– Você jurar? – Ao fazer essa pergunta, Cahya estendeu a mão fechada para ele, mas com o dedo mindinho estendido no tradicional gesto que as crianças brasileiras usam quando estão brigadas e resolvem fazer a paz. Ou seja, em termos populares, estão de mal e resolvem ficar de bem.

– Eu juro. Pode falar. – Respondeu Henrique reagindo ao gesto dela. Eles enroscaram seus dedos mindinhos.

Mas Cahya não se limitou ao gesto, enquanto seus dedos estavam enroscados, ela falava:

– “Anjeun sumpah. Anjeun moal tiasa ngalanggar sumpah anjeun atanapi anjeun bakal maot”.

Sem entender nenhuma palavra do que ela disse, ele a encarou sério e isso para ela foi o suficiente. Ele mal sabia que, segundo as crenças dela, acabara de assumir um compromisso que, se quebrado, provocaria sua morte. A tradução da frase é: “Você jurou. Não pode quebrar seu juramento senão morre.” Depois, ele sorriu para ela e esse sorriso a encorajou fazendo com que ela revelasse:

– Ser o homem do motor.

– Edward. Edward Porter.

– Ser ele.

“Nossa. Se ela viu o tamanho do pau daquele cara e ainda sentiu tesão, ela é safada. Tem cara de santa, age como se fosse uma, mas é sim muito safada”.

Então resolveu comentar isso apenas para confirmar se era apenas a situação de serem visto transando ou se o tamanho do pau do cara também tinha influenciado nisso:

– Nossa! Justo aquele cara com o seu enorme pau!

– Esse mes… Esperar. Como você saber que pau ser grande?

– Eu não disse que é grande.

– Dizer sim. Eu não ser ‘pireu’.

– O que significa pireu?

– É quando pessoa não… Não…

Quando não se lembrou de nenhuma palavra que tivesse o significado que queria, Cahya adotou a tática do gesto e apontou seu ouvido com o indicador da mão esquerda.

– Ah! Sei. Surda. Você não é surda.

Depois disso os dois ficaram em silêncio por pouco tempo, silêncio esse que foi quebrado por Cahya:

– Agora ser você que está… Como ser mesmo? Engrolando.

– Enrolando. – Corrigiu o Henrique.

– Isso. Estar enrolando. Falar logo.

Durante aquele curto período de silêncio, Henrique não saberia dizer sobre o que a garota pensava, mas ele pensava sobre se deveria ou não contar para ela sobre as cenas que assistira. Diante da honestidade dela em ter revelado o que aconteceu enquanto eles transaram, ele resolveu falar.

Ele falou sobre o que viu na sala de reunião e, como já estava no assunto, estendeu sua narrativa para a cena que assistiu na popa do iate, quando viu a Pâmela transando com o Capitão Marck. Quando acabou, ele esperou que ela reclamasse por ele não ter contado isso antes, mas não foi o que aconteceu. Em vez disso, Cahya falou ainda demonstrando calma:

– Conta coisa para mim. Todo tesão que ter hoje ser por causa de ver a Pâmela e a Milena transando?

– Foi sim. A imagem delas dando para os caras não me sai da cabeça.

– E você fica pau duro e desconta aqui? – Ela disse isso apontando o dedo indicador para a própria buceta.

Henrique concordou com um movimento de cabeça. Até aí estava tudo correndo bem, mas depois de confirmar, ele viu que o rosto de Cahya foi ficando vermelho e com uma voz típica de quem está se controlando, ela fez nova pergunta:

– Você ter tesão nas duas? Querer transar com duas?

Sentindo que estava entrando em terreno perigoso, Henrique mediu bem as palavras e disse:

– Não sei. Mas acho que elas não vão querer nunca transar comigo. Por que iriam fazer isso?

A raiva de Cahya subiu alguns graus e ela falou:

– Porque duas ser safadas. Duas safadas. Você ser inocente e não ver Milena provocar pai na piscina. Aquela ser muito safada. Pâmela ser mais, porque parecer até que ela querer ver filha marido dela foder pai. Elas foder você sim e Cahya já saber verdade. Você, safado igual, vai sim foder as duas. Não Henrique?

Na pressa de se livrar logo daquela discussão e também porque não mediu da forma correta as consequências que sua decisão poderia provocar, ele mais uma vez concordou com gesto, sem abrir a boca.

E de repente, o que era uma conversa até certo ponto amistosa, descambou. Henrique já sentiu que estava na berlinda quando ela, encarando seus olhos de uma forma que mais parecia que a qualquer momento iria disparar raios com seus olhos negros, falou:

– Você ser mais safado que duas. Muito safado ser você. Querer foder mulheres todas do barco. Se brincar, foder homens também. Safado, safado e safado.

– Calma Cahya. Também não é para tanto. Eu não fiz nada.

– Não ainda. Mas fazer você vai. Não demorar para safado foder safadas.

– Eu juro que…

– Você jurar não ser nada. Não valer nada. Você querer transar comigo dia todo e eu pensar ser porque gosta. Mas não gostar de Cahya. Você quer só foder Cahya e quando foder outra, não olhar mais pra ela.

“Epa! Essa porra está ficando complicado. Eu não esperava por essa reação dela”.

Enquanto pensava isso, começou a pensar também em como acalmar sua parceira. Mas não teve chance, pois ela logo disparou:

– E safado ficar bravo porque eu ver o pinto de homem outro. E se Cahya dizer que também sentir tesão pau dele? Você gostar?

Ao ouvir isso aconteceu algo que Henrique não esperava. Ele se colocou na posição de Ernesto que, não só estava assistindo sua esposa foder com outro, como atuava como o diretor da foda entre ela e o capitão e ficou muito incomodado com a reação do seu pau que, sem que ele conseguisse evitar, iniciou uma ereção. Para piorar ainda mais a situação, a mulher notou isso e voltou ao ataque, agora com um sorriso zombeteiro nos lábios:

– Pau de safado ficar duro. Então gostar. Você querer ver Cahya ser fodida por pau grande? Querer ver gemer e gozar gostoso?

– Mas querida eu?

– Não querer mais ser querida sua. Você ser safado. Muito safado. Eu querer você ir embora daqui. Safado.

– Calma Cahya?

– Eu já calma safado. Eu não esto nervosa. Eu pensar agora em andar lá na cabine dele e pedir para o homem do motor foder Cahya

– Não é esto querida. É estou.

– Não ligar se esto ou estou. Quero que Henrique foda também e quero que português foda. Tudo foda.

– Olha. Fique calma que eu vou te explicar tudo.

– Eu não falar mais você. Sai. Vai embora daqui.

– Mas querida. Aonde eu vou dormir?

– Abdi henteu nyarios sareng anjeun deui.

Tradução: (Não estou mais falando com você)

– Fale comigo em português, por favor.

– Anjeun bade nyandak eta dina burit. Tradução: (Vai tomar no cu) – E depois, apontando para a porta: – Kaluar ti dieu, ayeuna. Tradução: (Vai embora daqui, agora).

A última frase o Henrique entendeu. Não porque conseguia traduzir, mas sim porque o dedo indicador dela apontando para a porta deixava claro o que ela tinha dito.

– Mas eu já te expliquei querida. Aonde eu vou dormir?

– Saré di naraka jeung kuring teu paduli ngeunaan anjeun deui. Sareng kuring moal janten sayang anjeun deui.

Tradução: (Dorme no inferno que eu não ligo mais pra você. E eu não ser mais sua querida).

Percebendo que aquela era a hora de sair de cena. Melhor se ausentar por um tempo, esperar ela se acalmar e depois tentar uma conversa mais racional, o que era impossível naquele momento. Então se levantou e saiu do quarto rapidamente, fechando a porta com suavidade depois de passar por ela.

Henrique andou pelo iate durante mais de duas horas. Primeiro ele tentou ficar na proa, porém, depois de mais de um dia navegando rumo ao sul, o frio começou a incomodar. Mesmo sentindo frio, ele ainda arriscou pelo corredor de bombordo para ver se havia alguma atividade na sala de reunião. Logo viu que não, estava tudo escuro e não havia ninguém lá. O mesmo acontecia na popa. Voltou para baixo e entrou na sala de reunião que nunca era trancada, acomodou-se na poltrona, a mesma que vira a Milena sendo fodida pelo Edward e sentiu seu pau começar a endurecer. Concentrou-se para evitar que isso acontecesse, o que conseguiu ao se lembrar da fúria de Cahya.

Esperou por mais de meia hora e resolveu voltar para sua cabine para tentar a sorte, acreditando que depois desse tempo sua mulher estava mais calma. Descobriu que não, pois mal abriu a porta e foi atingido por um travesseiro enquanto ela falava em seu idioma. Saiu apressado dali e ouviu o baque da porta sendo fechada violentamente e só então notou que carregava o travesseiro que o atingiu os braços. Então notou que não foi apenas o travesseiro que foi atirado nele quando viu que carregava também um lençol e um cobertor, Isso o convenceu de que conseguir a paz naquele momento não era uma opção.

Desanimado, juntou tudo aquilo e voltou para a sala de reunião, porém, não conseguia dormir e o fato de que, cedo ou tarde, teria que dar explicações quanto ao motivo de ter dormido ali, fez com que fosse até a sala de máquinas onde Edward, apesar do adiantando da hora, estava trabalhando em um dos motores e vê-lo chegar, perguntou com bom humor:

– O que foi companheiro? Problemas no paraíso?

– E dos grandes. – Respondeu ele com cara de poucos amigos fazendo com que o Edward entendesse que não era o momento certo de puxar assunto.

Henrique estendeu o lençol em um espaço onde era possível ele se esticar no piso da sala de máquinas, cobriu-se com o cobertor e se virou para o lado. Antes de dormir, ainda pediu:

– Por favor. Não fique comentando isso com as pessoas nesse barco.

Virou para o lado e ficou imóvel como se estivesse dormindo. Mas isso é algo que ele não ia conseguir assim tão fácil. Em sua mente uma ideia maluca se formava. Bem que ele tentou, para se distrair até ser dominado pelo sono, invocar as imagens de Pâmela ou de Milena transando. Mas foi traído pelo subconsciente que, sem que ele quisesse, criou outra imagem. Ele se imaginava vendo a pica enorme de Edward entrando na bucetinha delicada de Milena e, do nada, a imagem foi se transformando e de repente não era mais a Milena ali e sim Cahya que se contorcia de prazer ao receber aquele enorme cacete na buceta. Isso, que por si só, já era algo de fundir a cuca, ficou ainda pior quando ele sentiu que seu corpo reagia àquele pensamento da pior forma e isso ficou claro para ele quando sentiu que seu pau estava completamente duro. Ainda tentou sair da situação pensando:

“Que tipo de homem fica de pau duro ao ver sua mulher sendo fodida por outro?”

E a resposta:

“O Ernesto pelo jeito fica. O Ernesto e… eu!”

E assim foi passando a noite até que, por volta das quatro da madrugada Henrique notou uma movimentação intensa por parte do Edward e não conseguiu ficar sem olhar para ver o que estava acontecendo. A primeira coisa que notou é que um dos motores não estava funcionando e ele não conseguia ver o Edward, mas ouvia movimentos de atividades atrás do motor. Curioso, se levantou, contornou o motor inativo e quando a parte antes oculta entrou em seu raio de visão ele viu uma cena preocupante. O Edward apoiava o eixo propulsor daquele motor (eixo que liga o motor à hélice) em um dos ombros e esticava a perna esquerda na tentativa de arrastar uma ferramenta até o alcance de sua mão.

Antes que Henrique pudesse dizer alguma coisa, um balanço no barco fez com que a enorme peça que estava em seu ombro deslizasse por seu braço. Como estava empenhado em alcançar a ferramenta, o mecânico estava em uma posição perigosa, o que fez com que se desequilibrasse e tombasse para trás e nessa posição a enorme peça metálica cairia sobre seu peito.

Talvez não provocasse no homem um ferimento grave por causa da pequena distância existente entre seu ombro e o peito, mas fatalmente ele ficaria preso debaixo da peça, pois não teria como ele se livrar dela. Henrique percebeu o perigo e num piscar de olhos, se atirou no chão, pegou a ferramenta que o homem tentava alcançar, colocou-a em pé e posicionou a outra extremidade de uma forma que o eixo ficasse sobre ela. Por sorte, o formato da ferramenta era côncavo e o eixo propulsor se encaixou ali, o que evitou um acidente de proporção preocupante. Percebendo que não havia segurança que a ferramenta continuaria na posição vertical permanecesse segurando a peça, se manteve agarrado a ela enquanto o aliviado mecânico rastejava por baixo do eixo para se livrar do perigo. Só depois que o homem se levantou e segurou o eixo com as duas mãos, ele largou a ferramenta e foi ajudá-lo a colocar a peça apoiada no piso do porão.

Depois de controlado o perigo o homem se dirigiu a ele:

– Obrigado companheiro, acho que lhe devo a vida.

– De nada. Mas também não é para tanto.

– Isso é o que você pensa. Se essa barra de ferro atingisse minha cabeça, já era.

Henrique preferiu não dizer mais nada. Ele tinha aversão a esses agradecimentos que nunca terminam e sabia que, qualquer coisa que ele dissesse, provocaria um novo comentário por parte de Edward. Então preferiu perguntar:

– E aí? A gente vai ficar falando ou vamos por esse eixo no lugar?

– Você me ajuda?

– Bom. Eu até estava pensando em dar um mergulho, mas desconfio que a água do mar esteja gelada. Então, como não tenho nada para fazer, vamos lá. O que devo fazer.

Edward olhou à sua volta e depois, sem dizer nada, foi até onde ficavam as ferramentas e retornou de lá com um macaco na mão que, entregando ao Henrique, falou:

– Olha só. Você é um gênio mesmo. Já até conhece algumas regras de segurança como essa que eu deixei de cumprir. Colocar um apoio no eixo quando vi soltá-lo é quase uma lei entre os mecânicos de navios.

– Uma da qual você fez pouco caso.

– Não senhor. Uma que se alguém souber que eu não observei tem gente aqui que vai conquistar o meu ódio eterno.

– Ah sei! Essa regra, não é? Tudo bem então. Mãos às obras.

Com a ajuda de Henrique, não demorou quinze minutos e o eixo já estava preso ao motor número um do barco que logo foi ligado e a diferença de velocidade do mesmo foi notada por Henrique que chegou a se desequilibrar por causa da aceleração.

– A que velocidade esse brinquedinho navega?

– Esse brinquedinho é uma coisa de louco. Foi fabricado pela Empresa Ferretti Group, uma indústria naval italiana. Sua velocidade máxima chega a trinta nós e a de cruzeiro é de vinte. Mas, aqui entre nós, o patrão parece que está com muita pressa, pois estamos desenvolvendo uma velocidade média de vinte e dois nós.

Henrique ficou admirado, pois já estando familiarizado com os termos usados pelos náuticos, fez um cálculo aproximado e comentou:

– Isso são quase quarenta e um quilômetros por hora. – O Edward não entendeu o sentido daquele cálculo e ficou olhando para ele, pois se ele fosse fazer essa comparação, pois ele usaria milhas e não quilómetros. Mas Henrique nem prestava atenção nele e continuou fazendo contas até que deu um assovio antes de falar: – Essa belezinha percorre mais que novecentos e setenta quilômetros em um único dia!

– É isso aí parceiro. Como você disse, é uma belezinha.

– Bom. Isso quer dizer que, como hoje é o segundo dia que estamos navegando para o sul, nós já devemos estar perto da Austrália.

– Provavelmente sim. E ainda hoje chegaremos à cidade de Perth que fica ao sudoeste. – Henrique olhou para ele admirado por ele saber a rota que faziam e ele explicou: Não me olhe assim, só sei por que ouvi uma conversa do Capitão com o patrão.

– E depois? – Perguntou Henrique.

– Não sei. Só sei que, se continuarmos navegando para o sul, logo aquelas gostosas não vão mais poder se exibir na piscina da popa do iate. – Comentou Edward forçando uma expressão de pesar, o que provocou o riso de Henrique.

– Também, com um frio desses, só se fossem pinguins.

– É. Eu bem que gostaria de foder uma daquelas pinguins.

“Quem vê assim pensa que você não já não fodeu, seu esperto!”

Henrique apenas pensou isso, mas não disse nada. Ele não queria entrar em uma discussão sobre as aventuras noturnas do homem do motor. Então, ficou quieto.

Depois mudaram de assunto e ficaram conversando até que o Edward chamou a atenção para a hora. Já tinha passado das cinco horas da manhã e o dia já tinha clareado. Então ele lembrou ao Henrique que ele deveria descansar, alegando que queria ficar de olho no motor.

Henrique bem que podia aproveitar disso para dormir um pouco, pois passara a noite em claro. Desistiu quando se lembrou de que não teria onde dormir, pois fora expulso da cabine por Cahya. Então foi até lá para tomar um banho e trocar de roupa e descobriu que poderia sim dormir. A cabine estava praticamente vazia e ele encontrou apenas suas roupas. Cahya tinha levado tudo que era dela dali.

Com isso o sono foi embora de vez. Ele tomou um banho rápido, vestiu seu uniforme e foi procurar pela primeira refeição do dia com a esperança de que na mesa destinada à tripulação, que ficava ao lado da cozinha, poderia quem sabe ter uma chance de falar com sua esposa.

Não conseguiu. Não porque ela não estivesse lá, mas simplesmente pelo fato que ela agia como se não entendesse uma única palavra do que ela falava e quando ele se dirigia a ela a resposta vinha em sundanês, e a única pessoa que entendia um pouco desse idioma ali era o Nestor. Mas esse seria o último para quem pediria ajuda. Principalmente porque seu ex-amigo estava ocupando a mesma mesa e parecia estar se divertindo muito com os problemas que ele enfrentava.

De repente o Henrique percebeu que estava sendo tolo e sua tentativa de conversar com Cahya só serviu para que todos soubessem que eles estavam passando por problemas. Por causa disso, resolveu ficar quieto e deixar para outra oportunidade, porém, todas as vezes que ele olhava para o Nestor notava que estava sendo encarado por ele.

O fato do seu agora desafeto estar encarando a ele não era problema. O problema mesmo era aquela expressão divertida que o outro fazia deixando claro que estava zombando dele. Irritado, com sono e se sentindo péssimo com a atitude de sua mulher, ele acabou não resistindo e saiu da mesa sem terminar sua refeição. Mas se ele pensava que isso resolveria o problema estava enganado, pois assim que saiu andando o Nestor se levantou e o seguiu.

Henrique e Nestor, durante a viagem, tinham ficado frente a frente sem a presença de outras pessoas em três ocasiões e duas delas na sala de máquina quando da troca de turno e em ambas foram ditas apenas três palavras: Está tudo bem. A terceira foi quando eles se cruzaram no corredor do convés principal e sequer se olharam, cada um seguindo o seu caminho. Ocorreu de estarem no mesmo ambiente junto com outras pessoas, mas em nenhuma dessas vezes chegaram a trocar uma palavra sequer.

Desta vez foi diferente, pois quando o Henrique chegava ao pé da escada para subir e fazer uma ronda no convés principal, Heitor saiu pela porta do refeitório da tripulação e falou para que ele se escutasse:

– E aí galã, se fodeu hem! Achou que estava se dando bem, mas agora vai sentir o quanto dói ser feito de corno.

– Sai fora Nestor. Seu covarde.

– Covarde eu? Covarde é quem se passa por amigo e rouba a mulher dos outros.

– Se você está falando da Cahya, ela nunca foi sua babaca. Ela foi usada para te atrair para aquele antro de marginais. – Henrique não conseguia mais controlar sua raiva e sentia seu corpo tremer e isso fez com que ele fosse além, na tentativa de atingir ao seu desafeto: – Mas isso você não percebeu, pois é muito burro. A primeira coisa que fez foi se entupir de droga.

– Burro é tua mãe, seu filho da puta. Corno safado e traidor de amigos.

– Vai se foder Nestor.

– Vou sim. Vou foder bastante. E você sabe com quem.

Henrique, ao ouvir isso, tirou o pé do degrau da escada em que estava parado desde que ouviu o Nestor se dirigir a ele e desafiou:

– Você não come ninguém, seu viado. Vai passar o resto da vida batendo punheta.

– Ah é? E aonde você acha que a sua mulherzinha foi dormir depois que saiu de sua cabine? – Ao ver que atingira o alvo, pois o Henrique se sentiu tonto ao ouvir o que ele havia dito, Nestor foi além: – E quem é o babaca agora, seu corno?

Foi o suficiente para o Henrique perder de vez as estribeiras. Com um grito de “eu vou te matar”, ele avançou com as mãos estendidas em forma de garra visando o pescoço do seu oponente. Mas Nestor já estava esperando por isso e, no último momento, deu um passo para o lado e quando seu atacante, desequilibrado, passou por ele, aproveitou e lhe desferiu um soco na nuca fazendo com que ele caísse no chão do corredor. Henrique logo se colocou de joelhos para se levantar, mas ainda estava cego de raiva e não conseguiu se desviar do pontapé que o outro lhe desfechou na barriga, fazendo com que ele voltasse a cair.

Enquanto caia, Henrique percebeu que estava realmente sendo um tolo. Nestor podia ser mais musculoso que ele, que tinha como vantagem apenas uma maior envergadura e de possuir um raciocínio mais rápido que o seu oponente e, já que a habilidade dos dois em lutar era equivalente, tudo o que ele precisava era recuperar sua calma e, para ganhar o tempo que precisava. Então ele se deixou cair e rolou pelo corredor para ganhar distância de seu agressor.

Conseguiu rolar para longe, o que lhe deu tempo para colocar com um joelho apoiado no piso e o pé da outra perna já apoiado no chão. Ele poderia até ter se levantado, mas foi nessa hora que se lembrou de que, além de tudo, o Nestor gostava de humilhar seus adversários quando brigava. Então, ficou nessa posição e aguardou enquanto o outro vinha em sua direção dizendo:

– Agora eu vou te ensinar a não roubar a mulher dos outros seu corno.

Nestor vinha com as mãos esticadas e Henrique já sabia o que ele ia fazer. Já tinha visto isso acontecer outras vezes. Pois ele costumava, depois de deixar o inimigo grogue, prender o pescoço do adversário com as duas mãos e o puxar para cima, zombando e fazendo com que ficasse em pé para só então desferir os golpes de misericórdia que eram vários socos dados em rapidez, até que o jogasse no chão.

Henrique aguardou até o último segundo. Quando as mãos estavam quase se fechando em torno de seu pescoço ele pendeu o corpo para o lado e tirou vantagem de sua maior envergadura, desfechando um soco e acertando em cheio na barriga de Nestor. Foi um soco tão forte que seu punho afundou na barriga dele que se dobrou no meio. Mas não caiu, pois Henrique aproveitou o fato de estar abaixado e se ergueu fazendo com que sua cabeça atingisse o queixo dele.

O corpo de Nestor que estava se dobrando para frente, ao receber o golpe, começou a fazer o movimento contrário com sua cabeça sendo jogada para trás e, antes que ele pudesse voltar a se aprumar, outro soco acertou em cheio a sua boca.

Agora quem estava grogue era o Nestor e Henrique não perdoou. Já de pé, começou a desferir sucessivos socos em sua cabeça que, a cada golpe recebido, recuava dois ou três passos, mas ele também avançava para continuar agredindo.

Quando o Henrique ia desferir o quarto ou quinto soco, sentiu seu pulso ser preso e puxado para trás. Alguém se aproximou sem que ele visse e segurou seu punho. Sua reação foi automática. Ele levou o braço para trás em uma clara intenção de atingir a pessoa que viera em socorro de Nestor e, sem que ele soubesse quando e como, no segundo seguinte estava caído mais uma vez no corredor. Desta vez de costas e sentiu uma dor aguda, pois tinha batido também a cabeça no chão. Então ouviu uma voz que parecia vir de muito longe:

– Não faça isso. Fique parado ou vou ter que te derrubar também.

Na mesma hora Henrique reconheceu a voz de Na-Hi que se dirigia ao Nestor que provavelmente aproveitara o fato de ele estar caído para atingi-lo com um pontapé. Como aquela mulher extremamente magra e bem menor que ele conseguiu aquela proeza de jogá-lo no chão sem que ele tivesse tempo para qualquer reação era uma coisa que ele não sabia. Mas a voz autoritária dela ao falar com Nestor fez com que os dois brigões voltassem à lucidez e ficassem imóveis.

Vendo que já controlara a situação, a coreana falou para eles:

– Vem comigo, os dois. Vamos conversar com o senhor Ernesto.


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