Acordo com o cheirinho do café da minha mãe, isso me faz até esquecer que estou chateado — ou quase esquecer — ela está na cozinha passando um café, a piriguete Isabel continua em casa, já vi que meu dia não começou bem, demoro um pouco mais no banho na esperança dela já ter ido, mas quando chego na cozinha ainda me deparo com ela.
— Bom dia, bença, mãe.
— Deus te abençoe, filho — ela fala me servindo café.
— Daniel, o pai vai ter que me levar para o trabalho hoje, meu patrão não pode mais vir me buscar, mas você já está indo com Cícero mesmo, né? — Ela fala com deboche que tanto odeio.
Não sei se ela fez de caso pensado, mas Isabel deixou que passasse a hora de pegar o ônibus para me avisar que meu pai não vai me deixar hoje, agora nem adianta correr. Após tomar meu café com calma — já estou atrasado mesmo — lavo toda a louça e sigo para a parada de ônibus, aproveito para avisar ao Ciço que vou me atrasar para que ele faça as anotações.
Ciço quer vir me buscar, mas estou tentando convencê-lo de que não é uma boa ideia, mesmo assim, ele diz que vem e que devo esperar por ele, porém a situação do bairro está muito tensa ainda, a única maneira que encontro para convencê-lo a não vir é prometer que vou de Uber, daí começamos um novo embate sobre quem vai pagar a corrida — tenho para mim que ele curte me irritar.
— Ciço, não faz sentido você pagar meu Uber — tentei argumentar.
— Por que não? — Ele insiste.
— Eu ainda tenho dinheiro.
— E daí também tenho, não vou ficar pobre por pagar uma corrida por meu namorado Dan — reli sua mensagem umas três vezes.
— Somos namorados agora? — Perguntei desviando o foco enquanto peço o carro.
— Ué, não somos?
— Não lembro de ter me feito o pedido — respondi.
— Não seja por isso — meu corpo está ficando gelado, não acredito que ele vai me pedir em namoro.
— Está pedindo agora? — Pergunto só para confirmar.
— Não por mensagem, no momento certo vou pedir.
— E se eu pedir primeiro e estragar seus planos? — Ele demora um pouco para responder.
— Não faz isso.
— Tá vou pensar no seu caso — estou rindo.
— Você é mau — ele manda uma figurinha de um chihuahua com fones de ouvido ouvindo Salva-me do RBD.
— Que vença o melhor — o desafio a me fazer o melhor pedido de namoro primeiro.
Acho que estamos indo um pouco rápido demais, só que quando se trata do Ciço não consigo raciocinar direito, ele me tira do meu normal, mas até que gosto de como ele me deixa assim na lua ocasionalmente. Bem quando pensei ter vencido a disputa de quem pagaria meu Uber, ele me surpreendeu com um Pix no valor exato da corrida, me pergunto como ele soube.
Graças ao Uber, consigo chegar antes do professor na sala, Ciço está sentando com seus amigos no fundo da sala, mas assim que me ver, ele se saí do grupo e vem sentar próximo a mim na frente. Não escapamos dos olhos afiados de Raylan, mesmo conversando com Giovanna, nos observa com olhos desconfiados, não gosto da forma como ele nos encara, porém, fico na minha, não quero problemas na faculdade, já me basta lidar com Isabel em casa, para não focar nele aproveito para perguntar como Ciço sabia o valor exato da corrida.
— Como você sabia o valor do Uber — perguntei.
— Sou bom — ele me responde todo convencido.
— Fala sério, Ciço.
— Coloquei no aplicativo para ver o preço — ele é esperto, isso tenho que admitir.
— E o que te faz pensar que não vou devolver o valor para sua conta? — O desafio.
— Você não vai fazer isso — Diz Ciço em um tom provocador.
— A não vou?
— Não vai.
— Posso saber por que não vou? — Não aguento segurar a seriedade e caio na gargalhada junto dele.
— Se você não se comportar, não vai ganhar o que te prometi ontem — filha da mãe, ele falou sobre ontem, agora estou morrendo de vergonha, não acredito que falei aquelas coisas para ele.
Sou salvo pela professora que adentra a sala e já inicia a aula. Depois de uma manhã que me pareceu durar mil anos, chega finalmente a hora de almoçar e Ciço me chama para comer em sua casa, assim podemos estudar também, aceito afinal, a comida da Claudia não é de se dispensar e também posso economizar no RU, percebo que ele está mais feliz, Ciço gosta quando aceito seus convites sem reclamar, por isso resolvi que só vou me opor quando ele me fizer propostas muito fora da minha realidade.
— Essa noite dormi muito mal — ele fala no caminho para o estacionamento.
— Também, acho que já me acostumei a dormir ouvindo seu ronco — brinquei e ele riu.
— E eu senti falta de alguém roubando meu lençol no meio da noite — ele rebate rindo.
— Não precisaria roubar se você não dormisse no ártico, fora que você poderia me dar um lençol a mais.
— Nem pensar, que assim você ficaria afastado de mim na cama — ele me quebra com seu sorriso malicioso, estou vermelho de vergonha de novo.
— Para com isso — acertei um tapinha no braço.
— Gosto de te ver assim, todo vermelhinho e inocente — sua voz rouca me deixa fora do eixo.
— Você está muito safado — falei sem ter coragem de olhar para ele diretamente.
— Você quem me deixa assim — ele fala, me dando um rápido selinho no estacionamento.
— Você é maluco, alguém pode nos ver — estou feliz e tímido ao mesmo tempo.
— Sou maluco por você — diz Ciço subindo em sua moto.
Vamos direto para sua casa, lá Claudia nos recebe na porta, nos mandando tomar banho para que ela sirva o almoço, o cheiro da sua comida por ser sentido da sala, o tempero dessa mulher é de outro mundo mesmo. Assim que entramos no quarto, Ciço me ataca, parece que não nos vemos há anos, cada beijo mais quente que o outro, ele tira minha blusa e faço o mesmo com a dele, ele me deita em sua cama e tira minha calça, me deixando de cueca.
— Eu te quero tanto, Dan.
— Sou seu Ciço — minha frase parece o deixar sem controle por um breve momento.
Ciço beija meu pescoço, depois coloca sua boca em meus mamilos, porra, isso me excita de mais, ele tem fome e sou sua presa, Ciço se desfaz de sua bermuda com a cueca, seu pau está tão duro que posso ver suas veias, ele é muito gostoso, mas percebendo que estou preste a perder minha virgindade tenho um certo receio, estou tremendo, tenho medo de fazer algo errado, ele percebe na hora e para.
— Aconteceu algo, fiz algo errado? — Ele me pergunta, todo preocupado.
— Não é você, acho que ainda não estou pronto — ele sorri, mas sei o decepcionei — me desculpa, a gente pode fazer.
— Daniel, olha para mim, jamais vou te forçar a nada, eu quero você quando você estiver pronto — me sinto um pouco mais aliviado.
— Sei o quanto você quer isso — falei.
— Também estou nervoso, Dan, eu quero bem mais que isso com você — ele diz, me tranquilizando.
— Desculpe.
— Somos um casal, eu quero quando você quiser, entendeu? — Diz Ciço para me acalmar.
Ele ficou comigo me beijando até me convencer de que estava tudo bem, quando me acalmo, ele me chama para tomarmos banho, no chuveiro ele me dá banho, lava meu cabelo e me ensaboa, inteiro com o sabonete, não tem malícia em seu toque agora, só gentileza e contemplação do meu corpo, Ciço é um príncipe estou cada vez mais convencido que ele é um sonho.
— No que está pensando? — Me pergunta quando começa a secar meu cabelo com a toalha.
— Não quero que isso acabe — falei.
— O banho?
–- A gente, seu bobo — falei rindo.
— Entendi, mas olha, não tem com o que se preocupar, estou feliz com você.
Desde que comecei a andar com ele, passei a andar com uma muda de roupa na mochila, nunca se sabe, depois do banho, visto um calção de futebol e minha camisa oficial do Leão, seus olhos brilham só de me ver usando a camisa que ele me deu.
— Você fica lindo com essa camisa.
— Fico é? – Pergunto só para provocá-lo.
— Fica — Ciço me beija, mas somos interrompidos pelo chamado da Claudia para almoçarmos.
Vamos para a cozinha, ela nos preparou uma lasanha e um arroz branco, tem um suco de maracujá que é um dos meus favoritos, não tem como esse almoço ficar melhor, Ciço me serve mesmo dizendo para ele que não precisa, Claudia apenas fica rindo no canto dela, nossa está uma delícia, na primeira colherada que coloco na boca o sabor do tempero divino dela me invade.
— Claudia, eu te amo — falei.
— Como Daniel, pode repetir se quiser — ela diz me dando um beijo na testa, meu coração fica muito aquecido com o instinto de mãe que ela tem, Claudia beija Ciço e nos deixa terminar de comer.
— Obrigado, Claudia — falamos quase juntos.
— Dan, você pode dormir aqui hoje? — Sou pego de surpresa com a pergunta — é que fica melhor se a gente pegar a estrada logo cedo.
— A estrada?
— Eita, que homem esquecido, amanhã é quarta, dia da viagem.
— Mas ainda temos aula amanhã — falei.
— Não, a professora liberou no dia que a gente faltou, ela deu o recado para a turma, você precisa começar a socializar na sala macho.
— Já tenho você pra fazer isso por mim — um sorriso enorme se abriu no rosto dele — eu não trouxe nada, vou ter que ir em casa e outra, Ciço não conversou com minha mãe ainda sobre a viagem.
— Pensei que você já tinha falado com ela — Diz Ciço.
— Não, quer dizer, falei por cima, mas agora vou confirmar com ela.
— Por favor, não vem depois dizer que não vai, eu não vou sem você — ele diz, me parecendo mais uma súplica.
— Vou, sim moço, não já falei?
— Vou com você buscar suas coisas — ele está mesmo com medo de eu não ir.
— Vamos entrar nessa de novo? — Tento parecer sério.
— Tudo bem, mas pelo menos me deixa pagar seu Uber — ele insistiu.
— Certo, você paga o Uber — achei melhor ceder logo e não prolongar uma briga sem motivo.
Terminamos de comer, lavo a louça tanto a dele quanto a minha, Ciço não desgruda de mim um minuto, ele me abraçando e beijando meu pescoço enquanto lavo a louça, sinto seu membro meia bomba me cutucando, mas ele já tinha me avisado que não consegue não ficar duro perto de mim, somos tarados um no outro é a única forma de explicar essa excitação toda, nem posso reclamar dele está duro atrás de mim, já que fiquei igualmente duro no primeiro beijo que ele me deu no cangote.
No quarto, ele escolhe algo para assistirmos enquanto escovo meus dentes, depois ele vai para o banheiro escovar os dele, fico deitado na cama enquanto o espero, mas o suco de maracujá com a lasanha que comi atuam como um poderoso sonífero e no ar condicionado do seu quarto somado a sua cama que mais parece uma nuvem de tão confortável é impossível me manter acordado, pego no sono antes que ele volte, até senti quando ele deitou junto comigo, mas estou com tanto sono que não demoro a dormir de novo, ele me abraça passando sua perna e seu braço por cima de mim.
Acordo com seus beijos no meu pescoço, estou tão lesado de sono, não faço ideia de que horas são, seu quarto é todo fechado, perco a noção do tempo completamente aqui dentro, sua cortina não deixa um pingo de luz entrar nesse quarto, ele me beija e chama meu nome, só aí vejo que ele está segurando meu celular.
— O que foi?
— Sua mãe ligou três vezes já, dessa última vez acabei acordando — ele fala com uma voz rouca de quem acabou de acordar.
— Que horas são?
— Cinco e meia — caralho, desperto do susto, dormimos a tarde inteira.
Ele me entrega o celular e volta a cabeça para o travesseiro, Ciço está numa preguiça maior que a minha, acho até que ele nem acordou direito para me entregar o telefone, tanto que pega no sono de novo sem demora, para não incomodar mando uma mensagem pra minha mãe falando que estava estudando por isso não vi suas chamadas, pergunto o que ela quer, demora um pouco, mas ela me responde perguntando que horas vou para casa, digo que já estou indo, ela já está em casa, bom que posso falar com ela antes que a piriguete Isabel chegue. Agora sou eu quem está acordando ele, só que Ciço demora um pouco mais para despertar.
— Tenho que ir em casa.
— Certo — ele diz, coçando os olhos, pega seu celular e chama um carro para mim.
— Vai ter um jogo do Vozão hoje, o pai me chamou para ver lá no restaurante, você quer ir? — Ele me pergunta.
— Tudo bem, vou tentar não demorar em casa, qualquer coisa, você vai indo para o restaurante que te encontro lá — respondo, mas ele continua desconfiado de que vou dar uma desculpa para não viajar.
— Você me avisa — ele me beija com um selinho.
Não moramos tão longe um do outro, mas o cenário muda bastante do meu bairro para o dele, meu bairro é chamado de favela, mas não vejo dessa fora, é perigoso sim claro, mas moro a vinte minutos de ônibus do Centro da cidade, fora que não é tão distante da minha faculdade, na real é quase uma reta da minha casa para a faculdade e o principal moro uma quadra da praia.
Chego em casa e vejo que Isabel ainda não chegou, dou graças a Jeová por isso, minha mãe está na cozinha preparando nosso jantar, preciso falar com ela sobre a viagem, não é que precise de sua permissão, porém as coisas não andam muito bem entre a gente desde que Isabel resolveu implicar com Ciço e sinceramente detesto a ideia dela está chateada comigo, minha vida inteira lutei para não lhe dar nenhum tipo de desgosto e ser o filho perfeito, mas, por outro lado, não consigo ficar calado vendo Isabel implicando comigo e com Ciço.
— Bença, mãe.
— Deus te abençoe, meu filho — pelo seu tom, parece estar de bom humor.
— Cadê a Isabel? — Pergunto, pois não quero surpresas.
— Sua irmã vai dormir no trabalho hoje.
— Que bom, assim posso dormir fora sem ser perturbado — falei sem pensar.
— Onde você vai dormir, posso saber? — Seu humor está ameaçando mudar.
— Vou dormir na casa do Ciço — respiro fundo para criar coragem e continuo — ele me convidou para ver um jogo e amanhã iremos sair cedo.
— Você ainda vai ter aula amanhã? — Minha mãe pergunta.
— Não, amanhã vamos viajar, falei com a senhora sobre isso, a turma toda vai — me sinto um adolescente de novo com essa conversa.
— Daniel, não sei se é uma boa ideia você viajar — começou.
— Por que não, mãe? — tento manter a calma.
— Seu pai não quer que a sua irmã fique sozinha em casa à noite, ainda mais com o bairro do jeito que está, no carnaval vai ser ainda pior, você sabe —não consigo acreditar que minha vida tenha que girar em torno da Isabel agora.
— Por que minha vida tem que parar enquanto minha irmã continua fazendo tudo que quer?
— Não é verdade, Daniel, seu pai e eu sempre fazemos de tudo por vocês dois — tenho vontade de rir quando ela fala isso.
— Mãe, eu vou viajar, se meu pai está preocupado com minha irmã dormindo só, que ele venha dormir com ela, ou ela vá dormir na casa dele, quando a senhora não estiver em casa — uma adrenalina toma meu corpo, nunca falei assim com ela.
— Desde que você começou essa amizade com esse rapaz, você está assim.
— Assim como mãe? — Faço o possível para manter meu tom.
— Você não se governa Daniel, se eu disse que você não vai viajar, você não vai e pronto — minha voz até falha, não esperava que ela fosse fazer todo esse show devido à viagem — eu não vou deixar você usar o cartão para pular carnaval, quando você tiver seu dinheiro, você faz o que quiser.
— Não vou viajar com seu dinheiro, eu estou dando aula particular na faculdade — passei tanto tempo aturando tudo, agora que abri minha boca, não quero mais me calar.
— Por que você quer ir tanto nessa viagem, você nunca foi nem de sair de casa?
— Mãe, eu não quero brigar, mas não faz sentido passar meu carnaval inteiro trancado nessa casa, até porque da última vez que a senhora me fez vir para casa, nem em casa ela dormiu — minha mãe ergue as sobrancelhas.
— Que história é essa, Daniel? — Eu sabia, ela não falou para minha mãe que não dormiu em casa coisa nenhuma.
— Ué, sua filha perfeita não te contou? — Uma confusão mista de raiva está se formando em seu rosto agora — ela contou que perdeu a hora e dormiu na casa de uma amiga.
— Que amiga? — Agora, Isabel arrumou um problema para ela.
— E eu que sei, ela não me conta nada, mãe eu não vou ficar em casa no carnaval, eu nunca saio, não é justo ter que desistir da primeira viagem que faço na vida por causa dela — enfim, minhas palavras fizeram algum sentido para minha mãe.
— Certo, mas não estou gostando dessa sua rebeldia, Daniel, vou deixar você ir, mas que seja a última vez que você me desafia dessa forma.
— Só quero ter a mesma liberdade que minha irmã tem — não estou disposto a aceitar tudo calado, não mais.
— Vai jantar em casa? — Ela me pergunta mais calma.
— Não, a gente vai comer no restaurante do pai do Ciço.
— Certo — ela ainda está chateada comigo, mas meu consolo é que a chateação dela no momento é maior com Isabel.
Vou para o meu quarto arrumar minhas coisas, aproveito para mandar uma mensagem para Ciço avisando que deu tudo certo, ele responde dizendo que vai me esperar em sua casa para irmos juntos para o restaurante, aproveito para perguntar a ele quantos dias passaremos fora, para ter uma noção do que levar, ele me responde informando que ficaremos até a quarta-feira de cinzas.
Nunca viajei para fora da minha cidade, ainda mais uma viagem só com amigos — amigos do Ciço nesse caso — estou ansioso, mas não vou admitir isso em voz alta jamais, depois de arrumar tudo, aviso que estou pronto e ele pede um carro para mim, quando estou saindo de casa dou de cara com Isabel, ela também veio de Uber, seus olhos afiados vão direto para minha mochila.
— Para onde você pensa que vai com essa mochila? — Ela fala como se fosse minha mãe.
— Não é da sua conta e, se eu fosse você, me preocuparia muito mais com minha própria vida — nossa mãe interrompe nossa conversa antes que ela possa me responder.
— Entra Isabel, quero conversar com você — Isabel me encara com muita raiva em seu olhar.
— Bença, mãe, tchau, Isabel — admito, fui irônico na despedida com minha irmã.
Ciço me recebe com muitos beijos, parece até que passamos muito tempo afastados, ele está todo lindo com uma calça moletom preta e uma blusa manga longa do Vozão. Está um pouco frio essa noite e o tempo está muito nublado, é bem provável que chova essa noite, se acontecer de chover, será ótimo dormir agarradinho.
Vamos juntos para o restaurante, ele está todo empolgado com o jogo, estou feliz por vê-lo feliz, vou até torcer para o time dele para mostrar o quanto me importa com sua felicidade, para minha sorte César tem outro compromisso e ele não é torcedor do Vozão então não serei obrigado a vê-lo antes da viagem — ainda bem.
— Dan, o Raylan falou comigo hoje depois que você saiu.
— O que ele queria? — Pergunto já com um certo receio da resposta.
— Comentei que vamos de carro, então ele pediu uma carona.
Não me agrada nem um pouco ter que ir com ele, porém não posso fazer muita coisa a respeito, apenas me resta torcer que não seja uma viagem muito longa, desde que ele voltou a mexer comigo, tenho ficado cada vez menos disposto a estar no mesmo ambiente que ele, só por que contei umas verdades sobre ele na escola o cara fica puto comigo, esse maldito me atormentou por anos na escola e na primeira vez que revido ele quer me fazer pagar, realmente não sei porque ele me odeia tanto.
— Disse a ele que tudo bem, mas que teria uma condição — diz Ciço depois de perceber meu desconforto.
— Falei que ele tem que parar de mexer com você, ele é meu amigo, mas você é bem mais que isso, quero que ele pare com as brincadeiras — entre os amigos e eu, ele me escolheu.
— E que ele falou? — Pergunto curioso.
— Ele concordou — ainda sim gostaria de um pedido de desculpas, mas se ele me deixar em paz, vai ser bom.
No fim da noite, o Vozão saiu vencedor de um a zero, o que animou bastante meu sogro e meu futuro namorado, a comida estava ótima, a carne daqui é de primeira qualidade, não dá para esticar muito a noite porque viajamos cedo amanhã, também só deu tempo de chegarmos em casa para o céu desabar em chuva, logo o tempo ficou ainda mais frio, Ciço está arrumando sua mochila enquanto estou deitado todo enrolado no edredom.
Depois que ele termina de arrumar suas coisas, tira a roupa, ficando apenas de cueca, ele definitivamente não sente frio como as pessoas normais, mas não posso reclamar, afinal ele peladinho assim é uma delícia, me agarro nele sentindo o calor de seu corpo me aquecer, seus beijos me esquentam ainda mais, assim encerro minha noite da melhor forma possível.
No meio da noite, os trovões me acordam, parece mesmo que o céu está caindo, Ciço dormi tranquilo, completamente alheio a tempestade de raios lá fora, sinto um pouco de inveja dele, porque eu mesmo sinto muito medo de trovões, quando era mais novo Isabel colocou várias ideias erradas na minha cabeça a respeito deste tema, mesmo crescido ainda tenho um certo medo irracional desse fenômeno natural, agora estou tremendo e nem é de frio.
— Dan, você tá bem? — A voz sonolenta de Ciço me acalma um pouco.
— Estou, só que tenho um pouco de medo de chuvas assim — falei, me sentindo muito envergonhado.
— Vai ficar tudo bem, estou aqui com você — Ciço me abraça ainda mais forte, me deixando mais seguro.
Ele fica acordado comigo até que eu consiga pegar no sono, me sinto seguro com ele, o calor do seu corpo, sua voz rouca me falando que estou em segurança, no fim ele finalmente consegue me acalmar e com isso pego no sono, só de saber que estou com ele, fico mais aliviado, pensei que ele fosse rir do meu medo bobo, não o culparia por isso, mas sua reação foi muito melhor do que eu poderia imaginar, Ciço é tão cuidadoso comigo, ele se preocupa e quer está comigo assim como também quero está com ele, nosso relacionamento está ficando sério muito rápido e isso é assustador, mas não consigo negar que estou apaixonado, já passei dessa fase, só que sei que quando mais gosto dele, maior será a minha dor quando acabar.