Os machos da família do meu padrasto 7 – A dor de uma perda irreparável
Depois do ocorrido, o Betão, que já tinha fama de irresponsável, virou a ovelha negra da família. Vigiavam-no de perto, especialmente o Papi que me deu um trabalhão para permitir que ele e eu voltássemos a nos ver. Eu sentia saudades dele quando ficava ausente uns dias e, mais ainda, porque ele nunca mais tocou em mim ou fez menção de querer transar comigo. A tal da Carol devia estar mantendo-o ocupado e satisfeito, eu precisava me acostumar, afinal ele era heterossexual e nunca ia querer nada com um veadinho como eu; a não ser que fosse para me aporrinhar a vida, como faziam os outros primos. Eu sempre soube que não passava de uma foda fácil e sem consequências ou riscos para eles; era foder, gozar no meu cuzinho e saber que disso não surgiria uma gravidez com todas as suas consequências indesejáveis como podia acontecer com as garotas. Eu me dava por satisfeito com essa situação, tinha machos lindos e sarados a minha disposição para satisfazer meus desejos mais íntimos e inconfessáveis, embora ainda acalentasse aquele sonho de encontrar aquele macho único e só meu. Eu era novo, não precisava ter pressa, bastava ficar atento para quando ele aparecesse, sem precisar levar uma vida celibatária.
- Viajo para Seattle na semana que vem, meu chefe do estágio me indicou para uma vaga na sede da empresa. – o Betão me deu a notícia como se estivesse comunicando que ia dar um pulinho ali na esquina. Porém, ele assimilou o choque que a notícia provocou em mim, me deixando momentaneamente calado e com uma enorme vontade de chorar.
- Semana que vem? Só agora me avisou?
- Não está contente de se livrar de mim, um a menos para encher seu saco? Foi o que você sempre quis! – continuou insensível.
- Besta!
- Está vendo, isso não vai mais acontecer, não vamos mais brigar!
- Imbecil!
- Vai me dizer que está chorando, seu veadinho puto?
- Claro que não! Eu ia lá chorar por um cretino feito você? Ainda bem que vou me livrar de você! – despejei, contendo as lágrimas com as costas das mãos.
Ele me abraçou, apertou-me com tanta força contra o corpo que quase me esmaga. Foi o que bastou para o choro escapulir sem controle me fazendo soluçar.
- Veadinho bobo! Larga mão de ser tão abichanado! Quem vê até pode pensar que você gosta de mim. – sentenciou, me mantendo em seus braços como se não quisesse me perder. Eu enfiava os dedos nos músculos dele e não conseguia mais dizer nada. – Dá um jeito de inventar uma desculpa para o seu querido e idolatrado Papi porque vou te levar até a casa de praia este fim de semana. Seremos só você e eu! – emendou.
- Não minto para ele, nunca menti e não vou começar agora! – retruquei com firmeza.
- Ele não vai te deixar ir se souber que é comigo, sabe que ele não confia em mim!
- Por culpa sua! E a Carol?
- Que seja! Mas trate de estar livre e pronto no final da tarde da sexta-feira, passo na sua casa para te pegar. Vê se não faz bobagem para melar o final de semana! – o safado continuava com essa mania de determinar tudo, de dar ordens a torto e a direito como se fosse um rei absoluto. – A Carol já era! – eu só podia ser uma pessoa má, pois senti uma alegria perversa com essa informação.
Não menti para o Papi, jamais faria isso, mas não detalhei muito sobre essa viagem repentina. Como ele e minha mãe tinham planos para o final de semana, acabaram não pedindo muitas explicações. Quando o Betão apareceu, eles já tinham saído. Ter sido indicado para o emprego nos EUA aliviou a barra do Betão com o pai que acreditou que o filho estava finalmente tomando um rumo na vida. Enquanto ele dirigia, aquelas pernas musculosas e peludas saindo do short que estava usando, faziam meu cuzinho piscar. Coloquei a mão sobre uma delas e fiquei brincando com aqueles pelos grossos e duros.
- Vai me deixar de pau duro, depois não reclame se eu parar no meio da estrada e enrabar seu cu! – sentenciou quando uma ereção se formou entre suas pernas.
- Tarado!
- Veadinho!
- Grosseirão!
- Putinho safado! Chupa a minha rola e me deixe dirigir!
- Vai sonhando! – devolvi, embora estivesse louco de vontade de colocar aquele caralhão suculento na boca e mamá-lo até ele despejar seu leite viril na minha boca.
Chegados na praia fizemos um lanche, havia anoitecido e, dado que o verão já era um passado longínquo, o silêncio predominava nos arredores, apenas cortado pelo som trazido pelo vento das ondas quebrando em frente à casa, e do coaxar de alguns sapos perdidos entre os arbustos do jardim. Já eu, talvez por estar apreensivo na companhia solitária com o Betão ainda sem compreender o motivo de ele querer se isolar ali comigo, falava pelos quatro cantos da boca, cada vez mais nervoso ao observar aquele olhar que me examinava e aquele safado que não dizia uma única palavra e respondia às minhas perguntas ou com um grunhido ou acenando com a cabeça. Quando resolveu abrir a boca e falar, não era exatamente o que eu esperava.
- Estou com uma vontade danada de meter no seu cuzinho! Desde a adolescência não penso noutra coisa que não transar com você e entrar nessa bunda carnuda. O que você acha que explica isso? – perguntou, sem parar de me encarar.
- Que você simplesmente não passa de um tarado! Foi para isso que me trouxe para cá, para me comer e nunca me dizer o porquê de fazer isso comigo? – questionei exasperado.
- Por que é tão difícil passar uma cantada ou paquerar você?
- Porque se fosse fácil você não me paquerava mais! – respondi, e na mesma hora percebi que tinha falado besteira. Agora ele sabia que eu gostava de levar as cantadas dele e ia se achar o gostosão.
Ele me encarou e começou a andar na minha direção
- O que está fazendo?
- Estou indo na sua direção!
- Por quê?
- Está com medo que eu me aproxime de você, de não resistir ao meu charme sexy e se atirar nos meus braços?
- Você se acha, não é seu presunçoso! Desde pequeno eu gosto de pisar nos teus calos, de encher o seu saco! E não pense que eu não sei que você gosta disso.
Ele me agarrou e me puxou contra si grudando sua boca na minha num beijo voluptuoso e carnal.
- Você é um chato, moleque pentelho! Você me deixa muito irritado, sabia? Muito, muito irritado! – retrucou, me erguendo pelas nádegas que ele amassava despudoradamente enquanto me fazia sentar sobre o espaldar do sofá e arriava meu short e cueca, e liberava o caralhão duro para enfiá-lo no meu cuzinho onde seu dedo atrevido rodopiava sobre as preguinhas.
O prazer de me subjugar reluzia em seu olhar, fixo nas expressões do meu rosto. A primeira estocada impulsiva fez o cacetão atravessar meus esfíncteres e eu gritei, me agarrando aos braços dele. Eu nunca sabia se ele estava me punindo ou apenas procurando uma cumplicidade amorosa quando transava comigo. Ele era carinhoso ao seu jeito abrutalhado, como se tivesse receio de expressar o que sentia por mim. Por algum motivo eu não resistia, me entregava por inteiro a ele, deixava-o entrar em mim, se alojar nas minhas entranhas, exercer seus instintos de macho até se saciar; inegavelmente isso me dava muito tesão e prazer. Cada minuto que permanecíamos atados era como se eu fizesse parte do corpo dele e ele do meu, tão intenso e recíproco era esse sentimento. Fomos para a cama cedo depois da transa, ele relaxado como se o coito lhe tivesse tirado todo estresse, e eu fagueiro com todo aquele sêmen viscoso preenchendo minha ampola retal dando a impressão de que ele ainda estava dentro de mim.
Na manhã seguinte, fizemos uma caminhada pela praia sob um sol que despontava lerdo e preguiçoso. Alguns atletas da terceira idade corriam sobre o areião úmido com uma disposição de fazer inveja, enquanto outros apenas caminhavam acompanhados de esposas ou maridos e, eventualmente, algum cão espevitado com toda aquela liberdade que a vastidão a sua frente prometia. O Betão estava outra vez mais calado que de costume, o que era um forte indício de que algo se passava em seu íntimo e, que ele se recusava a compartilhar comigo apesar da minha insistência. Nossos ombros e mãos se resvalavam durante a caminhada, até eu pegar na mão dele e entrelaçar meus dedos nela.
- Por que não me conta o que se passa com você? – perguntei
- Porque não há nada para contar, seu bisbilhoteiro!
- Você mente muito mal! Esquece que te conheço desde a infância e acha que sou burro. – retruquei.
- Não dá para você só ficar de boca fechada e aproveitar esses nossos momentos juntos, quem sabe quando teremos a oportunidade de fazer isso de novo? – devolveu
- Eu me preocupo com você, sei que está escondendo alguma coisa de todos e não é de hoje. Apesar de você ser um entojo, eu te amo! Eu nunca disse isso antes, pois sei que você já sabe disso. – confessei, pela primeira vez expondo meus sentimentos abertamente, na esperança que ele fizesse o mesmo.
- Não sei de nada! Só sei que você é um veadinho muito do pentelho que enche o meu saco o tempo todo. – sentenciou
- Pela umidade que ainda está no meio das minhas coxas eu achei que tinha esvaziado o seu saco e não enchido! – exclamei jocoso e provocativo. Ele disfarçou o riso.
- Putinho safado! Você merece uma surra de pica por falar essas coisas sem nem ao menos ficar corado.
- Falar o quê, que te amo ou que sinto teu esperma no cuzinho?
- Ah moleque, vamos mudar de assunto ou vou acabar te fodendo aqui mesmo! – eu ri, pulei no pescoço dele e o beijei, enquanto ele continuava caminhando e me carregando pendurado nele.
Naquele mesmo dia, mais tarde, ele confessou que também me amava e me propôs que escrevêssemos uma carta um para o outro enumerando os motivos pelos quais queríamos e deveríamos ficar juntos, como um casal.
- Uma carta? Para que isso? Podemos falar tudo que queremos diretamente um para o outro. – argumentei
- Porque eu preciso pensar sobre o assunto, preciso de um tempo. O fato de eu te amar não significa que queira te assumir como meu parceiro de vida. Não é fácil tomar uma decisão dessas. Por isso, as cartas. Cada um vai colocar a sua dentro de uma garrafa selada e amanhã vamos enfiar as garrafas num lugar bem seguro e protegido das ondas lá nas pedras do final da enseada. Exatamente daqui a dois anos, quando eu puder tirar as minhas férias na empresa, volto ao Brasil, voltamos para cá e lemos a carta que o outro nos escreveu, se ainda tivermos os mesmos sentimentos tomamos a decisão, de acordo? – propôs
Enfiamos as garrafas com as cartas numa fenda entre as rochas que ficava acessível durante a maré baixa e as camuflamos com outras pedras realocadas do entorno garantindo que não seriam deslocadas pelas ondas. Dali a exatamente dois anos fizemos a promessa de estar ali juntos.
- Não sei para que tanta frescura e tanto tempo distantes, dois anos é muito! Será que você não percebe o quanto eu te amo, Betão? Eu não tenho dúvida nenhuma de que quero ficar com você! – exclamei chorando, pois aquilo estava me parecendo uma maneira de ele se livrar de mim e do que sentia por um gay.
- Pare com essa choradeira! Ô cacete de moleque veado e sentimentalóide! – censurou
- Não consigo! Não quero ficar longe de você! Não quero te perder!
- Você já sabia que íamos ficar distantes quando falei que consegui o emprego em Seattle! Não comece a fazer drama agora! – exclamou
- É que agora o dia de você partir está chegando e eu não posso fazer nada, tenho que deixar você ir embora sem saber se vai voltar algum dia, se não vai acabar me esquecendo e se enrabichando por alguém por lá, uma vez que você não consegue manter esse pintão por muito tempo dentro das calças. – retruquei. Ele caçoou da minha aflição, mas me trouxe para junto de seu peito quando notou meus olhos marejados.
- Não acabamos de fazer um trato? Daqui a dois anos estarei de volta, exatamente aqui, sobre essas rochas e diante de todo esse mar para te levar comigo quando regressar aos Estados Unidos, como seu marido. Está satisfeito agora? Era essa baboseira de promessa melosa que você queria ouvir, pois aí está! – exclamou para me tranquilizar. Ele nunca conseguiu me ver chorando, ficava perturbado, compungido e aflito e sempre dava um jeito de me consolar.
- Seria muito melhor se esse trato fosse por escrito, registrado em cartório e sacramentado diante um altar, pois confiar em você é o mesmo que assinar um cheque em branco para um estelionatário.
- Melodramático! Onde eu assino? – indagou zombando
- Aqui! – respondi, levando o dedo indicador sobre os meus lábios. Ele riu e os cobriu com sua boca.
- Você também vai precisar rubricar.
- Onde? – ele repetiu o meu gesto apontando sua boca. Eu a beijei com carinho e ternura, encarei-o e comecei a colocar beijos sobre seu peito enumerando um local seguido do outro, descendo em direção ao umbigo. Ele me observava excitado, vendo-me aproximar sedutoramente de sua virilha. Logo ele arfava e grunhia sentindo minha boca chupar provocantemente a cabeçorra da pica, em minutos eu a lambia e chupava toda até que ela se encher de porra que ele ejaculava me agarrando pelos cabelos e ronronando meu nome.
Dali voltamos para casa, ele me conduziu diretamente para o quarto e entrou em mim com um ímpeto desenfreado. Eu gemia debaixo do peso dele, levando estocadas profundas no cuzinho até ele também estar todo melado de porra. Acariciei o rosto dele tomando-o entre as minhas mãos, apertava-o com a mesma gana que contraía meu ânus apertando sua rola dentro dele. Se tivéssemos a capacidade de prever o futuro eu não o teria deixado sair de dentro de mim, teria o aninhado em meu cuzinho para todo o sempre.
Até perdi a conta de quantas vezes transamos naquele final de semana, fiquei com o cuzinho tão assado e sensível que mal conseguia me sentar.
A distância é cruel com os relacionamentos, particularmente os amorosos. Nos primeiros meses após a ida dele para os Estados Unidos nos falávamos quase diariamente pelo Whatsapp. Porém, os compromissos, as reuniões e mais um tanto de outras justificativas começaram a escassear essas ligações, e a tristeza se abateu sobre mim. Intuitivamente eu sabia que o tinha perdido, mas continuava a alimentar aquele fio de esperança sem o qual a vida se torna insuportável.
- Você precisa se desvincular do seu primo, Rafinha! – sugeriu o Papi quando me via com o pensamento distante e o olhar tristonho. – Em parte foi providencial esse emprego dele longe de você, afinal vocês sempre viveram às turras por qualquer motivo. Ademais, eu sempre tive restrições à maneira como ele te tratava. – emendou.
- Antes de ele partir ele confessou que me ama, até fizemos um pacto durante o final de semana que passamos sozinhos na casa de praia. – eu nunca tinha contado isso ao Papi.
- Pacto? Que pacto?
- Ele vem me buscar quando completar dois anos no emprego. Vem me buscar para ficarmos juntos, como um casal, garantiu ele.
- E você acreditou no maluco do seu primo? Ele muda de ideia, de paqueras, de garotas como muda de cuecas, você não foi tão ingênuo de cair na lábia dele, foi Rafinha?
- Dessa vez foi diferente, Papi! Ele estava falando sério, ele me ama de verdade, nós nos amamos!
- Não quero ver você sofrendo pelo Betão, Rafinha, ele já te magoou e machucou bastante. Esqueça dele e vá viver a sua vida, pois pode ter certeza de que é isso que ele está fazendo por lá. – o Papi nunca se deixaria convencer desse amor que o Betão dizia sentir por mim. – Há tantos outros rapazes de olho em você, por que não lhes dá uma chance.
- De onde você tirou isso, Papi? Ninguém está interessado em mim! E não vale dizer que é o safado do Paulão ou aqueles dois tarados do Marcelo e Thiago, eles só querem tirar vantagem da minha bunda, nada mais.
- E o Sandro, aquele seu colega da faculdade que você já trouxe aqui algumas vezes? Ele arrasta um trem por você, Rafinha. – ponderou
- O Sandro! Imagine, Papi! O Sandro é um cara legal, mas é só. Ele nem se liga em mim, somos apenas colegas de turma. – afirmei, pois nunca me imaginei tendo um caso com o Sandro. Bonitão e um tremendo de um macho ele era, mas certamente não tinha nenhum interesse em gays.
- Às vezes o amor está tão próximo, debaixo dos nossos narizes e não conseguimos enxergá-lo; e que esse rapaz está interessado em você está mais do que na cara, só você não percebe e não dá uma abertura para ele se aproximar. – devolveu o Papi.
- Ele tem uma vida sofisticada, a família dele é muito rica e um pouco esnobe para o meu gosto. Fui umas duas ou três vezes à casa dele para estudarmos e me senti super desconfortável, até um mordomo eles têm. Pode haver coisa mais brega e fora de moda? O pai dele até que se faz de simpático, mas a mãe tem um nariz empinado como se fosse uma rainha. O Sandro jamais ia se interessar por alguém como eu, Papi, pode ter certeza. – afirmei, pois nunca cogitei ter nada com o Sandro além daquele coleguismo moderado.
- Você está tão obcecado por seu primo que não consegue ver as qualidades de rapaz, embora ele esteja fazendo de um todo para que você o note. Abra seus olhos, Rafinha e, principalmente, abra o seu coração. Não deposite suas esperanças no Betão, ou vai sofrer muito ainda. – o Papi sempre me deu conselhos úteis e certeiros, mas dessa vez eu achei que ele estava errado.
A ausência do Betão deixou o caminho livre para o Paulão, Marcelo e Thiago que andavam atrás do meu cuzinho feito garanhões no cio. Eu estava me preservando, controlava meus impulsos sexuais e já não dava mais o cuzinho com tanta facilidade. O Papi era praticamente o único com quem eu transava quando os hormônios não me davam sossego e deixavam meu cu sedento por uma rola. Minhas brigas agora eram com o Paulão, ele me provocava, ele ficava exigindo que eu liberasse o cuzinho para o cacetão sempre insaciado dele e se achava no direito de controlar meus passos como o Betão fazia.
- Teu macho agora sou eu, seu veadinho! Não pense que vou te deixar solto para qualquer outro galalau chegar junto de você e tomar o que é meu. – cobrava ele
- Ficou maluco! Que história de que é meu macho, é essa? Para início de conversa eu não tenho e nunca tive um macho, e você nem entraria no páreo se eu tivesse que escolher algum! – devolvia eu, furioso por ele me dizer essas baixarias.
- Está avisado! Se te pego arrastando as asinhas para outro cara, vou te dar umas porradas para você saber quem é o teu macho. – rosnava ele inconformado
- O tio Jorjão precisa ficar sabendo dessas suas ameaças! Aposto que ele vai te colocar na linha rapidinho! – ameaçava eu.
- Você não ousaria!
- Continue agindo assim, e você verá!
- Veadinho safado do caralho! Espera eu te pegar de jeito, vou deixar esse cuzinho bem mais estraçalhado do que o Betão. – intimidou-me, o que fez meu cuzinho ser perpassado por espasmo brusco, pois ainda me lembrava do pós-operatório traumático da cirurgia para reconstruir meu ânus dilacerado.
O Thiago andava com as mesmas ideias estapafúrdias, fazia um tempo que estava sem uma namorada e queria soltar sua tara no meu rabo. Nos encontros familiares eu não podia dar mole que ele já estava me agarrando, encoxando e querendo me arrastar para um lugar ermo onde pudesse me foder. Já o Marcelo andava um pouco mais comedido depois de se enrabichar pela atual namorada, mas ainda assim não deixou de me perseguir, especialmente quando ela regulava a boceta depois de ele ter pisado na bola com ela. Nunca mais transei com o tio Jorjão e o tio Xandão depois que o Betão partiu. Eu ainda era extremamente carinhoso com os dois, e eles comigo. Uns beijos libidinosos e umas amassadas nas minhas nádegas ainda aconteciam quando o tesão os deixava com aqueles caralhões duros, e eles me apertavam em seus braços saudosos das vezes em que satisfiz seus desejos sexuais.
- Ah moleque, você é nossa perdição! – diziam eles quando das reuniões familiares numa rodinha de machos e longe dos ouvidos das esposas. Eu lhes sorria tímido, o que só exacerbava o tesão deles e fazia as ereções se consumarem dentro de suas calças.
Eu já andava contando os dias para o prometido regresso do Betão. Quase dois anos distante e meu amor por ele parecia ter dobrado de intensidade. Faltavam cerca de sessenta e poucos dias e eu andava literalmente nas nuvens, minha mente divagava, a todo momento precisavam me chamar para o mundo real quando queriam conversar comigo. Nem os exames finais na faculdade conseguiam me fazer concentrar nos estudos, eu só via os sorrisos do Betão, a maneira como ele franzia a testa quando discutia comigo, seu jeito de ficar me encarando sem dizer uma palavra, à noite me revolvendo na cama até o calor de seu corpo encostado no meu já se fazia sentir ilusoriamente.
A notícia pegou a todos de surpresa quando estávamos reunidos na casa da tia Lu comemorando o aniversário dela, era um sábado quente e o entorno da piscina estava lotado de convidados esperando pela finalização do churrasco que crepitava na grelha ali perto. Para não assanhar o tesão dos meus primos eu estava usando um short e uma camiseta que eles a todo momento me pediam para trocar por uma sunga. Apesar da discrição, não escapei de uma boa encoxada do tio Jorjão, de uma acintosa enfiada de mão do Marcelo para apalpar minhas nádegas e de um convite explícito do Paulão para subirmos ao quarto dele para eu mamar a rola que ele ficava me exibindo baixando sorrateiro a bermuda a fim de me excitar. O tio Xandão atendeu a ligação do celular enquanto se afastava um pouco da conversa alta, mas parou depois de uns poucos passos e precisou se recostar numa das colunas do terraço da churrasqueira, em questão de segundos estava pálido e só murmurava com quem estava do outro lado da ligação.
- Algum problema, Xande? – perguntou o Papi ao notar a transfiguração que seu semblante sofreu durante a ligação.
- O Betão! O Betão morreu esta madrugada num acidente de carro na Interestadual I-5 S. Meu filho morreu, eu ... eu ... – ele se apoiou no ombro do Papi e o encarou como se não acreditasse no que tinha acabado de ouvir. O Papi pegou o celular da mão dele e continuou a falar com o interlocutor, um agente da polícia estadual do Oregon.
Tão logo ouvi mencionarem o nome do Betão minha atenção se voltou para eles, aproximei-me exaltado do Papi e pedi que me passasse o celular por uns instantes pois eu também queria falar um pouco com o Betão, mas o Papi me sinalizou com a mão para que o deixasse terminar a conversa. À medida em que ele ia pedindo informações ao agente da polícia eu comecei a deduzir que não era o Betão quem estava na ligação e que havia acontecido algo de ruim com ele; aos poucos, minhas pernas que pareciam ter criado raízes começaram a ficar bambas, agora eu também precisei me apoiar no ombro do Papi e as lágrimas nos olhos do tio Xandão eram a certeza de uma tragédia.
A comemoração terminou ali, a família se uniu e a dor estava estampada nos rostos de todos. Eu nem sei descrever o que aconteceu comigo, aquele buraco enorme no peito, as ideias todas confusas, uma dor que não era física, mas que estava me arrasando, a sensação de que minha vida estava se esvaindo por algum lugar sem que eu pudesse retê-la. Quando a ficha caiu, o choro convulsivo chegava a me dar falta de ar.
O tio Xandão e a esposa, acompanhados pelo Papi, embarcaram para os Estados Unidos naquela mesma noite para resolver todos os trâmites burocráticos necessários. A falta de colo do Papi tornou minha dor ainda mais inconsolável. Eu nunca mais ia ver a cara daquele sacripanta, nunca mais íamos nos aporrinhar um ao outro, nunca mais ele ia me defender dos outros primos, nunca mais ele ia me tomar em seus braços e me fazer sentir aquele tronco enorme como um dos lugares mais seguros desse mundo. E, eu nem tive a chance de me despedir dele, de ver seu rosto viril pela última vez, de colocar um beijo tênue sobre aqueles lábios que devoravam os meus durante os beijos lascivos que ele ousadamente roubava de mim sem o menor pudor. Ele seria cremado ali, num país distante e apenas suas cinzas voltariam para serem depositadas no jazigo da família.
Meses se passaram, primeiro foi aquela dor do luto que parecia nunca ter fim, depois vieram os compromissos com meu primeiro emprego, seguiu-se um período no qual meu coração parecia anestesiado e incapaz de voltar a amar, exceto à minha mãe e o Papi. O sexo tornou-se algo insignificante e parecia até um sacrilégio diante de coisas muito maiores. Aqueles espasmos que faziam minhas preguinhas anais piscarem diante de um macho que me despertava o tesão tinham desaparecido por completo. Tinha perdido a libido.
Nesse clima de reclusão, nem me dei conta do tempo que transcorreu que não ia à casa de praia, e tinha esquecido completamente de que eu tinha marcado um encontro com o Betão há mais de um ano para abrirmos aquelas cartas enfiadas nas garrafas. Fui somente com minha mãe e o Papi num final de semana antes da temporada de verão. Hesitei em me dirigir ao rochedo onde elas estavam e onde firmamos aquele pacto, seria justo eu ir até lá sozinho, ler a carta que ele escreveu para mim, sem que ele pudesse ler a que escrevi para ele, onde jurava todo meu amor e o desejo de passar o resto da minha vida ao lado dele, amando-o e respeitando-o na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até o último dos meus dias? Isso agora parecia tão sem sentido, ele havia partido e me deixado, o que quer que ele tenha escrito agora não se cumpriria mais.
[Não sei se estarei aí ao seu lado, seu veadinho tesudo, lendo a carta que você escreveu para mim. Nosso histórico sempre foi bastante tumultuado, eu demorei a perceber que aquela raiva que eu sentia por sua veadagem era na verdade uma paixão que me deixava todo descontrolado. Para piorar, você não colaborava, não me deixava chegar junto, fingia não se importar com o tesão que eu sentia por você e que me obrigava a ficar de pau duro sem conseguir enfiá-lo no seu rabão gostoso, nessa bundona polpuda. Tudo mudou naquele dia em que tirei o seu cabaço, meio que forçando a barra, pois você continuava um veadinho cheio de não me toques. Quando meu cacete entrou no seu cuzinho macio e este se travou todo amedrontado ao redor da minha rola eu senti que você precisava ser meu, foi naquele instante que eu descobri o quanto eu te amo. Sim, você até deve estar se vangloriando agora que estou admitindo que te amo. Que fique bem claro, eu continuou sendo muito macho, muito hetero, mas não sei o que acontece comigo quando você está por perto, quando fica me olhando com seu olhar desamparado como se estivesse pedindo para eu cuidar e proteger você. Foi o que sempre fiz, ou pelo menos tentei fazer. Ao mesmo tempo em que quero você para mim, eu fico imaginando como seria a vida ao lado de um gay. Como eu explicaria no meu trabalho que tenho um marido e não uma esposa, como seria mostrar, num local público, que o homem que está do meu lado é um gay e que eu fodo o cuzinho dele todas as noites na nossa cama conjugal, como as pessoas me viriam, também como um gay? Eu te pedi esse tempo para pensar pois preciso encontrar as respostas a essas perguntas antes de tomar uma decisão, se vou ou não encarar essa situação, fingir que não me importo com o que os outros pensam e te assumir como seu macho. Não é uma decisão fácil, você há de convir. No entanto, se eu estiver ao seu lado agora, lendo a carta que você escreveu para mim, é porque tomei a minha decisão e eu espero que você fique feliz com ela, seja ela qual for, pois só a direi em voz alta, olhando nos teus olhos cativantes e sendo o mais sincero dos homens. Esperou que eu fosse deixar minha resposta aqui por escrito, mas eu não ia correr o risco de você vir até o rochedo antes do combinado e ler a minha carta, ficando em vantagem em relação a mim. Eu te conheço, sei do que é capaz só para me provar que é mais esperto do que eu, porém não vou te dar este gostinho. Você vai precisar esperar eu te dizer tudo cara-a-cara, seu putinho do rabão gostoso.]
Li a carta dele com as lágrimas rolando pelo rosto, com o coração em frangalhos, com o peito sufocado. Eu jamais saberei qual foi a decisão dele, ficar comigo por toda uma vida ou viver a vida dele como um heterossexual casado e cercado de filhos. Olhando para o horizonte, onde o mar e o céu se juntavam em tons de azul diversos eu preferi acreditar que ele tinha optado por mim, pelo amor que eu lhe havia confessado, pelo amor que sempre nos uniu, mas jamais teria essa resposta.
Até corri atrás dela, ou melhor, de descobrir se encontrava ao menos uma pista de qual seria ela. Fui aos Estados Unidos procurar pela única sobrevivente do acidente que vitimou o Betão e a garota que estava saindo com ele. Pamela ainda tinha movimentos limitados pelas sequelas do acidente. Segundo me contou, ela pouco conhecia o Betão. Fora sua amiga Debra quem os apresentou quando começaram a sair juntos.
- Então eles estavam namorando? – perguntei imediatamente ansioso por saber se ele estava envolvido com a garota.
- Eu não chamaria o relacionamento deles de namoro. Talvez a Debra achasse que sim, mas ele eu tenho certeza que não compartilhava a mesma opinião. Para ele, ela era uma garota legal com quem ele gostava de sair, talvez transar sem compromisso, sei lá. Quando ela lhe perguntava se tinha deixado uma garota para trás no Brasil, ele sempre se esquivava com uma resposta que não esclarecia nada e, se ela insistisse, ele se zangava e eles ficavam uns dias sem se falar. Eu sempre desconfiei que ele estava apaixonado por alguém, mas não imaginava que pudesse ser por um cara. Ele era tão másculo, tão decidido em suas opiniões que era difícil alguém imaginar que ele curtisse um gay. Até houve um episódio numa balada na qual eu também estava presente com outros amigos comuns em que um gay pareceu tê-lo assediado no banheiro ou feito menção ao tamanho do membro dele e ele partiu aos socos para cima do sujeito até os seguranças do local intervirem e salvarem o sujeito dos punhos do Betão. Foi um escândalo, até na delegacia a Debra teve que ir para pagar a fiança dele.
- Para onde vocês estavam indo quando houve o acidente? – perguntei
- Para o casamento de outra amiga nossa em Portland. A Debra tinha confessado que ia forçar o Betão a tomar uma decisão e também oficializar o namoro deles, embora ele já houvesse se mostrado arredio com essa pressão que ela fazia. Ele não a amava, ponho a minha mão no fogo. Ele se distraia com ela, pois era uma garota muito expansiva e alegre, além de muito bonita e gostosa. – respondeu a Pamela. Foi tudo que obtive, se ele ia voltar para ficar comigo continuava sendo um mistério.